O Druida Lendário - Capítulo 18
Na escuridão trovejante de um dia nublado, um enorme touro vermelho trotava furiosamente pelo pasto. E enquanto ele se aproximava, Ragnar decidiu se transformar- em urso de ferro para enfrentá-lo de frente.
— Mantenha a calma — ele disse para o amigo.
— Mas ainda precisamos de couro para as vestimentas — respondeu Skiff, puxando uma flecha da aljava. — A gente dá conta desse mostro?
— Sinceramente? Eu não sei dizer.
Ragnar semicerrou os olhos, sua visão aprimorada de druida o fez enxergar com nitidez os três pares de chifres da criatura. Cada par tinha um formato diferente, o de cima era curvado para o alto, o do meio apontava para frente e o de baixo, formava uma espécie de gancho.
Ao lado da criatura apareceu uma janela com suas informações. Chamava-se Megalotauro, um chefão global de nível 14, com pouco mais de 7.000 pontos de vida.
— Ele é forte — alertou Ragnar. — Acho que só nós dois não vamos dar conta.
— Como assim? Agora você é um druida de ferro!
— Sinto lhe informar, mas eu sou lendário, talentoso e mestre estrategista, porém, ainda não sou imortal.
Com o coração na mão eles aguardaram o Megalotauro se aproximar. A figura aumentava de tamanho a cada segundo. E quando ele chegou perto, muito perto, Ragnar foi para cima, jogando todo seu peso de urso de ferro contra o touro vermelho, mas os chifres do animal perfuraram sua lateral esquerda, aplicando sangramento e derrubando-o no chão.
O monstro alcançou Skiff logo em seguida, o derrubando com uma chifrada no peito.
A única flecha disparada ficou alojada na pata frontal direita. Ragnar voltou a forma humana, apontou a lança contra o chão embaixo do Megalotauro, e conjurou sua habilidade. Três raízes brotaram do gramado e se enrolaram nas patas do megalotauro.
Os olhos do monstro reluziram, ele mugiu enfurecido e chacoalhou-se em frenesi, rompendo as raízes sem grande esforço. Ele bateu a pata da frente duas vezes no chão antes de disparar contra seu alvo.
Com a lança em punho, Ragnar esperou o touro entrar em seu alcance para desferir uma estocada no crânio. Um estalo seco acompanhou o impacto da lâmina, o golpe foi certeiro, o dano foi crítico e o bicho foi envenenado com o efeito especial da Perdição das Víboras.
Ragnar se afastou por segurança, então percebeu que o dano infligido não arrancou 1% dos pontos de vida.
Ele mordeu os lábios e praguejou aos ventos, a frustração ferveu seu sangue. Após se acalmar, respirou fundo e anunciou a nova tática a ser adotada:
— Corre! — berrou para Skiff.
O caçador guardou o arco e correu na direção oposta. O touro estava com seus olhos vermelhos e chamejantes fixados no druida.
Ragnar conjurou mais uma vez suas raízes para prender o animal, depois transformou-se em urso e fugiu em direção à cidade.
O mugido do touro ressoou em seus ouvidos, provocando calafrios de aflição que intensificaram quando discerniu o barulho da besta diminuindo a distância.
Não olhou para trás, continuou correndo, logo pôde ouvir o bufar do touro em seu encalço. Ele se concentrou e saiu da forma animal durante a corrida, rolou uma vez no chão para recuperar a postura e derrapou para frear seu avanço.
Com a mente limpa e a lança em mãos, Ragnar saltou contra o oponente, raios percorreram seu corpo, a ponta lança energizada foi cravada na testa do Megalotauro. O estouro subsequente do Raio iluminou a escuridão.
O dano causado foi maior que o anterior, mas ainda desprezível para um oponente com tanta defesa e pontos de vida. O objetivo era atordoar, por isso, não perdeu tempo e, pela terceira vez, o prendeu com o Invocar Raízes.
O megalotauro enfurecido lutou para se desvencilhar do feitiço. Ragnar deu-lhe as costas, virou urso e correu para Salem.
***
Skiff esperava por Ragnar em um trecho da estrada próxima à cidade. Ele estava sentado, atirando pedrinhas contra o tronco de uma árvore. Ao ver o amigo se aproximando, acenou.
Ragnar sentou ao seu lado e olhou para o céu. A escuridão aos poucos dava espaço à luz do sol.
— Não tem jeito, vamos ter que chamar aqueles dois.
— Artic e a assassina? — Skiff quis saber.
— Sim. Mesmo a força de um urso de ferro não é capaz de segurar três pares de chifres.
— E com eles junto a gente consegue vencer?
— Talvez. Nós temos a sorte de Artic ser um cavaleiro de escudo, algo ótimo para absorver ataques fortes como chifradas, porém, ainda mais importante é conseguir tomar a chifrada sem ser jogado no chão como nós fomos.
— Depois de te derrubar ele veio pra cima de mim. Por que ele não continuou te atacando?
— É um Teste de Tank. Para conseguirmos ter uma chance contra ele, é necessário termos um tanker com uma certa quantidade de defesa e constituição para não ser jogado para trás com as chifradas, do contrário, vai se repetir o que aconteceu comigo, o tanker cairá no chão e o megalotauro vai correr na direção do próximo alvo.
— Entendi. Espero que nosso amigo cavaleiro passe nesse teste.
Uma risada ecoou vinda de trás, Ragnar virou as costas para ver quem chegava.
— Falando no diabo…
Artic caminhava ao lado de Niki, ambos estavam no nível 15, enquanto Ragnar, no 14.
— Olá, rapazes — Niki os cumprimentou com um sorriso no rosto.
Artic foi direito ao assunto:
— Fiquei sabendo que o senhor precisa de ajuda.
O druida soltou um longo suspiro antes de responder:
— Infelizmente nos deparamos com um chefe global poderoso. É um megalotauro, tem perto de 7.000 pontos de vida e uma defesa acima do normal, ele também é rápido, porém previsível. O grande problema é o teste de tank dele, a chifrada conseguiu me derrubar no chão.
Skiff falou para Artic:
— Teste de Tank é…
Mas foi interrompido pelo cavaleiro:
— Eu sei o que é esse teste. — Artic voltou-se para Ragnar: — Também sei o quão ferido seu orgulho deve estar por ter que apelar a mim por ajuda, considerando a situação da nossa aposta. Mas fique tranquilo, eu não perderia a chance de derrotar um chefão global por nada no mundo. Estou dentro. — Então virou-se para Niki.
— Eu é que não vou ficar sozinha… — ela falou, dando de ombros.
Ragnar adicionou os recém-chegados ao grupo. Esteve prestes a caminhar de volta ao local onde enfrentou o megalotauro, mas teve uma ideia antes.
— Eu preciso ir à cidade, vocês poderiam aguardar uns vinte minutinhos?
— Você está brincando, né? — Artic disse. — A gente acabou de chegar.
Ragnar revidou com uma expressão séria:
— Eu prometo que valerá a pena, é algo que vai nos ajudar em batalha.
O cavaleiro estalou a língua antes de responder:
— Está bem, vinte minutos, mais do que isso eu vou embora.
Niki chutou a areia do chão na direção do amigo, e o repreendeu:
— Deixe de ser idiota. Se for algo que pode nos ajudar, a gente espera.
— Prometo não demorar — Ragnar falou.
— Eu vou junto — prontificou-se Skiff, empolgado.
— É melhor não, já basta uma pessoa se arriscando lá dentro.
— Se arriscar? Que papo é esse? — Niki perguntou.
— É uma longa história, mas para a sorte de vocês, nosso amigo Skiff está ansioso em compartilhá-la com vocês.
— E-e-eu? — Skiff se perdeu.
E Ragnar deu no pé.
***
Foi uma aventura arriscada, mas Ragnar conseguiu o que queria. Ele se esgueirou pelas ruas de Salem até chegar ao laboratório de alquimia na Rua dos Artesões. Lá ele combinou as ervas púrpuras e os espectros de orquídeas em um processo complexo de sete etapas distintas.
A combinação dos ingredientes resultou no Elixir do Gato Vesgo, uma mistura perigosa que aumentava a velocidade de movimento em 10% e o dano crítico em 5% durante cinco minutos.
Mas no rodapé da janela com as informações do item havia um aviso: “Esta é uma receita complexa criada por um amador, então pode apresentar efeitos colaterais”.
Ragnar havia cogitado fabricar esse elixir durante a segunda visita ao laboratório, quando acompanhou Skiff no aprendizado da profissão de coureiro, porém, naquela ocasião, preferiu economizar os ingredientes para o próximo lote de filtro solar, mas dadas as circunstâncias, qualquer vantagem contra o Megalotauro seria bem-vinda.
Antes de partir, parou em frente ao encarregado do laboratório para comprar um pacote de cinco bandagens. Elas serviriam para curar o sangramento infligido pela chifrada do megalotauro.
Como prometido, Ragnar retornou ao grupo antes do prazo prometido de vinte minutos. Ao todo fabricou seis Elixires do Gato Vesgo. Ele entregou um frasco para cada membro do grupo e guardou o seu e o sobressalente no inventário. Então se pôs à frente do grupo, colocou as mãos na cintura, olhou para trás, e falou:
— Está na hora, meus amigos… e Artic.
— Vá se ferrar — resmungou o cavaleiro.
Ragnar esboçou um sorriso antes de falar:
— É brincadeira. Conto com você, Artic.
— Conte comigo. Prometo não decepcionar, Ragnar… — A resposta foi acompanhada de um olhar desafiador.
***
Os quatro pararam nas margens do lago. Niki se espreguiçou grunhindo sua preguiça para fora do corpo. Artic parou para contemplar a paisagem enquanto Ragnar e Skiff procuravam por pistas do paradeiro do grande megalotauro.
— Achei — o druida se empolgou ao anunciar. — Perto daquelas duas árvores. Ele está protegendo um pequeno rebanho.
Os três se apressaram e vieram ao seu encontro.
— Isso não é bom — disse Niki. — A gente precisa se livrar desses touros normais, senão eles irão nos incomodar durante a batalha contra o grandão.
— Vamos usar a tática do choque na água — sugeriu Skiff, olhando para Rangar.
— Exatamente o que eu estava pensando.
O druida explanou aos recém-chegados como funcionava a tática de atrair os touros até a margem do lago para serem eletrocutados. Entretanto, Niki expôs sua preocupação:
— Será que nós temos dano suficiente para evitar uma batalha longa?
— Vocês conhecem a estratégia Irmãos de Sangue? — Ragnar perguntou.
— Hein? — Niki estranhou.
— Irmãos de Sangue é o nome de uma combinação de habilidades das classes assassino e caçador. — Ele olhou para o cavaleiro. — Conhece?
Artic sacudiu a cabeça indicando que não, parecia até envergonhando em admitir. Ragnar retomou a explicação:
— Skiff, Niki, as classes de vocês possuem algumas habilidades que infligem o status de sangramento. Eu imagino que ambos devem saber que esse efeito causa uma quantidade moderada de dano ao longo de um tempo.
Ambos confirmaram a suposição, Ragnar prosseguiu:
— Porém, o efeito de sangramento pode acumular até dez vezes, ficando um pouco mais forte a cada acúmulo. O décimo acúmulo, entretanto, substituirá os sangramentos por hemorragia. A hemorragia é uma versão mais forte do sangramento, quem é afetado por ele sofre um dano baseado na vida total ao longo de alguns segundos. Mas, diferente do sangramento, a hemorragia não pode ser removida, apenas enfraquecida.
Niki empunhou suas adagas.
— Certo, acho que já entendi — disse ela. — Você está sugerindo que eu e seu amigo caçador sincronizemos nossas habilidades de sangramento para causar esse efeito de hemorragia.
— Afiada como sempre — Ragnar respondeu, então voltou-se para Skiff: — Posso contar com você?
O caçador empunhou o arco antes de responder:
— Pode sim.
Ao olhar para Artic, o mesmo se adiantou.
— Estou pronto.
Ragnar caminhou devagar até avançar dez passos. Ele brandiu a lança e virou-se para o grupo.
— Faltou mencionar a vocês dois que me tornei um Druida de Ferro desde a última vez que nos vimos.
Ele empunhou a Perdição das Víboras com as duas mãos e sentiu a eletricidade advinda da Ira da Tempestade fluir por seu corpo. Em seguida apontou a lança para o alto, disparando um raio contra os céus, e, na mesma hora ativou a transformação animal.
— Que merda é essa? — Artic berrou para Niki por causa do barulho do raio.
— Eu não sei, mas achei maneiro — ela respondeu, animada.
Quando os dois puseram os olhos no suposto Druida de Ferro, havia em seu lugar um enorme urso negro de olhos vermelhos com patas reforçadas por camadas de ferro.
A voz profunda de Ragnar reverberou em seus ouvidos:
— Como sou mais rápido que vocês nesta forma, vou atrair os touros para dentro do lago. Artic, fique atento e provoque o megalotauro assim que ele entrar em seu alcance. Faça ele ficar virado de frente para o lago, em hipótese algum ele deverá ficar de frente para nós.
— Eu sei tankar, relaxa…
— Ótimo.
Ragnar disparou na direção dos touros próximos de onde o megalotauro estava. Desta vez não foi preciso atacar para chamar a atenção, pois quando ficou a vinte metro deles, o chefão ergueu a cabeça e soltou um mugido grave e demorado.
Os touros saíram em disparada. Ragnar virou para trás, ativou a Ira da Tempestade para aumentar sua velocidade e correu em direção ao lago.
As patas afundaram na grama em cada pisada. Os ouvidos captaram os silvos dos disparos de flechas e o ruído delas perfurando o couro dos bovinos.
Suas patas afundaram na água rasa. Voltou a forma humana, girou no próprio eixo e empunhou a Perdição das Víboras.
Artic fez o que lhe foi pedido com perfeição, com a guarda erguida entrou no lago até atingir o limite da parte rasa onde a água batia em suas canelas.
Ragnar berrou:
— Skiff, chuva de flechas.
O caçador puxou três flechas e as disparou juntas para o alto. Elas estilhaçaram no topo da trajetória e desceram em alta velocidade, atingindo o megalotauro e os cinco touros que o acompanhavam.
Ragnar balançou a lança para o alto, e berrou para o cavaleiro:
— Pra trás!
A face de Artic expressou irritação, mas ele obedeceu. Os bovinos lentos por causa da chuva de flechas não conseguiram acompanhar o recuou do cavaleiro.
Momentos depois, um relâmpago despontou da lança do druida, atingindo o chifre do megalotauro. A descarga elétrica entrou em contato com a água, se dispersando até atingir os touros mais próximos.
Com gotas de suor escorrendo em sua testa, Artic testemunhou uma fagulha vir em sua direção, mas ela dissipou a um metro de distância.
Os touros estavam mortos, restava apenas megalotauro.
— Pra fora d’água, agora! — Ragnar ordenou.
Skiff e Niki deram as costas para recuarem até a pastagem mais próxima. O druida caminhava de costas, pois conjurava sua cura em Artic, que por sua vez acelerou o passo até pôr os pés na grama.
O megalotauro bufou e bateu com a pata da frente no chão.
— É agora — Ragnar falou para Artic, então virou-se para Skiff e Niki. — Preparem suas habilidades de sangramento, hora da hemorragia.
Niki concordou erguendo o polegar, ela avançou até ficar a alguns passos do druida, pronta para atacar quando a hora chegasse.
O megalotauro disparou, no meio do caminho abaixou os chifres na altura do abdômen do cavaleiro que trouxe o escudo para frente e flexionou o joelho para absorver o impacto.
Todos esperaram a hora da verdade.
O megalotauro era uma aberração com seus três metros de altura e seus três pares de chifres, a velocidade que atingiu era assustadora, mas quando os chifres se chocaram contra o escudo o cavaleiro, Artic foi arremessado para trás como um boneco de pano.
— Não… — Ragnar deixou escapar.
A criatura veio em sua direção, porém, Niki estava entre eles. O druida se jogou na frente da assassina, virando urso. Os chifres do megalotauro perfuraram suas costelas, e o choque do impacto o empurrou para a direita.
O chefe dos touros continuo avançando. Niki usou a habilidade Passos das Sombras para virar uma nuvem de fumaça negra e intangível por poucos segundos, o touro passou através dela e rumou na direção de Skiff, que permaneceu parado, sem ter o que fazer.
Diferente de Niki, Skiff ainda não possuía uma habilidade que o permitisse escapar desse tipo de situação. Suas mãos tremeram, a respiração perdeu o compasso. Mas a coragem dos desesperados o fez agir, ele puxou uma flecha da aljava e a encaixou no arco.
O megalotauro estava perto, muito perto. A ponta daquela flecha era diferente das comuns, ela possuía serrilhas nas laterais, para fazer o alvo sangrar até a morte. Skiff soltou a corda, a flecha foi de encontro ao peitoral do touro, um disparo ruim, mas ainda capaz de aplicar sangramento.
Ele se preparou para ser atropelado como Artic foi, mas ao pensar no cavaleiro, ele apareceu cortando a distância que os separava com a habilidade Salto Esmagador, protegendo-o com seu escudo, e desafiando o megalotauro em sua frente.
— Artic, me perdoe — gritou Ragnar.
A postura heroica do cavaleiro foi desfeita ao ouvir aquelas palavras, Artic se perguntou sobre o que o druida queria dizer. Mas então veio a resposta. Raízes brotaram do chão ao seu redor e prenderam-se em seu corpo.
O escudo de Artic caiu no chão. O megalotauro embalado em alta velocidade se chocou contra ele, porém, em vez de ser arremessado para longe como da última vez, as raízes o seguraram no chão.
— Druida de merda — Artic resmungou rangendo os dentes.
— Skiff, Niki. É a vez de vocês — ordenou Ragnar.
Como o touro não conseguiu derrubar o cavaleiro preso às raízes, ele permaneceu parado, confuso. De onde estava, Skiff disparou suas setas serrilhadas enquanto Niki golpeava o touro com suas adagas e habilidades.
As marcas de sangramento foram aplicadas e convertidas em hemorragia. O megalotauro começou a perder uma quantidade considerável de vida a cada segundo. Ragnar correu até Artic para aplicar uma das bandagens compradas em sua visita à cidade.
— Aposto que você estava achando que eu iria deixá-lo sangrar até a morte.
— Admito que foi um bom plano.
Ragnar deixou duas bandagens com Artic e recuou a uma distância segura. Eles repetiram a estratégia mais uma vez e, mesmo com todo o esforço desprendido, o chefão ainda estava com mais de 3.500 pontos de vida. Eles iriam precisar de mais dano para matá-lo antes de acabar a mana e a energia do grupo.
— O elixir, bebam — Ragnar falou ao grupo.
— Mas parece arriscado — Niki alertou.
— É tudo ou nada — retrucou.
Cada integrante bebeu o elixir, o último foi o cavaleiro, pois no momento ainda estava preso às raízes.
Com o efeito adicional do elixir, o grupo concentrou os ataques em pontos críticos como a cabeça e a barriga do grande touro.
O dano adicional parecia pequeno, mas era perceptível nos registros de dano causado. Entretanto… após o efeito expirar em cinco minutos, a visão do grupo começou a embaçar.
— Eu sabia — Niki praguejou.
— Druida drogado de… — Artic acrescentou, mas quase tombou no chão.
— Eu sou um Druida de Ferro — Ragnar respondeu. — Mantenham o foco. A gente só precisa repetir o que estávamos fazendo até passar este infeliz e totalmente inesperado efeito colateral.
Para sorte do grupo, o efeito começou após o touro ter chifrado o cavaleiro. Niki se concentrou e esfaqueou a barriga do chefão, mas alguns ataques erraram o ponto crítico por causa da visão debilitada.
Skiff conseguiu remediar o efeito se aproximando e disparando suas flechas à queima roupa.
Ragnar estava na forma de urso de ferro, golpeando o inimigo com patadas e mordidas. O efeito passou após trinta segundos, para ele, aquele era um preço baixo pelo efeito do elixir. Sem pensar duas vezes, bebeu mais um frasco, gerando protestos de seus amigos.
Levou trinta minutos para o megalotauro tombar morto no chão. A experiência ganha fez Ragnar e Skiff avançarem para o nível 15. O grupo recebeu dez peças de couro cada, o bastante para Skiff conseguir fabricar as vestimentas para atender o objetivo opcional da missão.
— Yeah, vencemos! — Niki gritou do fundo da garganta, depois se aproximou de Artic, ela levantou o braço e falou: — Nós conseguimos, toca aqui.
Artic esboçou um sorriso e retribuiu gesto entusiasmado da amiga.
— Sim, nós conseguimos.
Skiff arrastou os pés até parar em frente a Ragnar.
— Essa foi difícil.
— Muito difícil, mas você lutou bem.
O caçador esboçou um meio sorriso, então perguntou com um peso sério na voz:
— Você acha que eu jogo bem?
— Ainda é cedo para eu responder uma pergunta dessas — Ragnar respondeu.
— Entendi…
Artic e Niki vieram até eles.
— Obrigado por chamarem a gente, foi bem divertido — disse ela.
— A experiência foi boa — Artic complementou.
— Vocês estão de saída? — Ragnar quis saber.
— Do jogo? Não… — Niki respondeu. — A gente vai fazer uma parada rápida na cidade para reabastecer o estoque de itens de cura. Depois a gente vai evoluir em algum outro lugar. Afinal, a gente precisa chegar ao nível 20 antes de você.
— Entendido — disse Ragnar. — Nós também precisamos ir à cidade, nós podemos acompanhá-los.
— Tanto faz — foi a resposta de Artic.
O corpo do megalotauro desmanchou até virar pó. O cabo de uma arma ganhou forma conforme a poeira era levada embora pelo vento.
Niki correu e jogou-se no chão para contemplar a lâmina cravada no gramado. Ela estendeu a mão e envolveu seus dedos na empunhadura de osso.
Os quatro pararam para analisar a arma.
Punhal Megalomaníaco |
[Categoria: Adaga] [Nível: 14] [Raridade: Rara] [Dano Físico: 44] Arma utilizada pelo infame assassino megalomaníaco. Efeito Especial: marcas de sangramento são 12% mais fortes. |
Niki puxou a adaga do chão e a contemplou-a por um tempo, então olhou para os outros três membros do grupo.
— É uma adaga, então ela é sua — Ragnar anunciou com um meio sorriso no rosto.
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