O Rei Pela Vingança - 3
O silêncio era angustiante, a incerteza sobre como os bandidos planejavam atacar, corroía a mente de Aron. Ele segurava firmemente sua espada, mantendo-a oculta, mas pronta para ser usada. A pousada estava próxima, mas não havia garantias de que encontrariam ajuda em meio à situação que se encontravam.
“Eles podem lançar adagas a qualquer momento… não, isso não faria sentido, afinal, já estão nos seguindo há uns dez minutos… Caralho, se ao menos eles fizessem algo, eu saberia como agir.”
Após alguns momentos pensando, uma ideia brilhou na mente de Aron.
“…Já sei!.”
A expressão no rosto de Aron permanecia fixa, mas em sua mente ele já havia formulado um plano. Sussurrou algo próximo a Shalton, e imediatamente, este parou a carroça e desceu.
O velho se posicionou ao lado da roda, simulando estar urinando, pelo menos era essa a impressão que desejava causar. Enquanto isso, Aron permanecia parado, agindo naturalmente.
— Ei! Vá depressa, velho, eu não sou obrigado a ter que ficar ouvindo você mijar.
— Tenha paciência, eu tenho incontinência urinária, isso pode demorar um pouco…
— Tenha dó…
Os sentidos de Aron estavam gritando, era um aviso: “eles estão vindo.”
Três bandidos emergiram das sombras, todos vestindo roupas verdes e com duas adagas presas à cintura, realmente, a arma típica para envenenamento.
— Oi pessoal, boa noite. Peço encarecidamente que não ofereçam resistência e entreguem todos os seus pertences. Se cooperarem, ninguém sairá ferido — falava o do meio.
— P-por favor, não nos machuque, senhor! — dizia Aron com a voz trêmula.
Os homens estavam com panos que cobriam suas bocas, entretanto, era visível o sorriso de satisfação apenas por seus olhos.
— Não se preocupe, garoto. Só queremos as coisas de valor, o que for de inútil deixaremos pra vocês.
Os comparsas riam ao fundo, provavelmente, por adorarem quando uma presa fácil aparecia.
— E você, velho… pode continuar mijando — falava, avançando em direção à carroça.
O homem se aproximava, mas, por algum motivo, ele vinha sozinho; os outros dois estavam olhando os arredores. Era notório o nível de ameaça que eles consideravam Shalton e Aron: Nenhuma.
O homem começava a subir na carroça, dizendo:
— Garoto, no futuro você vai ver que tomou a decisão cert…
SLASH!
Um corte rápido e brutal foi desferido contra a garganta do homem. Aron havia colocado toda a sua força nesse movimento, que cortou o pano que cobria a boca do homem e sua garganta com extrema brutalidade.
Caindo para trás e chocando-se contra o chão, o bandido lutava para conter o sangramento, suas mãos agarrando desesperadamente o pescoço ferido. Aron observava a cena com um rosto frio, embora suas mãos tremessem incontrolavelmente.
Era a primeira vez que ele se via obrigado a tirar a vida de alguém.
O homem que até poucos segundos atrás acreditava ter o total controle da situação, agora se contorcia no chão, seus olhos cheios de desespero, implorando por ajuda, embora sua voz já não saísse mais.
Os olhos de todos estavam fixos no bandido engasgado em sangue. No entanto, ninguém se movia. Todos ainda estavam processando o que havia acabado de acontecer.
Após alguns segundos, Shalton tomava a iniciativa e corria para dentro da floresta, buscando se esconder o mais rápido possível. Os bandidos, no entanto, pareciam não dar a mínima para a fuga do velho, pois o assassino de seu amigo ainda permanecia ali, parado.
— Seu filho da puta! — gritou um dos bandidos com sua voz chorosa.
O outro complementou logo em seguida:
— Você tá morto!
Aron estava em estado de choque, mas as circunstâncias o forçaram a despertar. Ele saltou da carroça e ergueu sua espada ensanguentada com firmeza, embora suas mãos tremessem ligeiramente.
Os bandidos tentaram aproveitar sua vantagem numérica e cercar Aron. O da direita foi o primeiro a atacar, mas Aron defendeu-se facilmente com um movimento fluido de espada.
O bandido à esquerda tentou perfurar a perna e o peito de Aron em um movimento feio, mas letal. Aron recuou a tempo de evitar o ataque.
“Será que eles realmente querem me ferir, mesmo que seja apenas um pouco? Esse veneno é tão letal assim?”
Aron se questionava, mantendo uma distância cautelosa dos agressores.
— Ei, ei, seu viadinho, vai ficar correndo pra sempre!? — gritou o bandido da direita.
Aron não respondia, ele sabia que isso era apenas uma forma de desconcentra-lo da batalha.
O homem percebeu que suas provocações não afetavam Aron e, em um ataque de fúria, avançou desajeitadamente em direção a ele. Embora seus movimentos não fossem refinados, a ameaça do veneno nas adagas ainda pairava na mente de Aron.
Vish! Vish! Vish!
O som dos ataques desviados era levado pelo vento.
Aproveitando a energia de seu companheiro, o outro bandido se uniu aos ataques em sequência, fazendo com que o seu alvo tivesse que se concentrar o dobro para não ser atingido.
Vish! Vish! Vish!
Até que…
Bam!
Aron conseguia atingir o bandido da direita com um chute no estômago. O homem caiu, lutando para recuperar o fôlego.
Seu companheiro, que tinha se empolgado com os ataques anteriores, agora parava, talvez por estar preocupado em proteger seu amigo indefeso, ou quem sabe porque não desejava enfrentar o adversário sozinho.
Aron não deixou escapar a oportunidade e partiu para o ataque com uma velocidade assombrosa, deixando o único bandido de pé aterrorizado. Este, por sua vez, abandonou seu companheiro que ainda se recuperava.
Ao perceber o erro que havia cometido, pensou: “Merda!”
Aron, impulsionado por sua velocidade, desferiu uma estocada precisa com sua espada na cabeça do bandido caído, perfurando-o instantaneamente. O golpe foi tão poderoso que a lâmina atravessou completamente o crânio do malfeitor, resultando em sua morte imediata.
Os olhos do último bandido vivo se arregalaram, transparecendo um misto de pavor e temor diante da velocidade e brutalidade com que Aron agiu. O medo do que presenciou e do que poderia lhe acontecer se tornou palpável em seu olhar atônito.
Aron tentava não pensar no que tinha acabado de fazer, reprimindo todo seu nervosismo no fundo de sua alma. O bandido, desesperado, dizia:
— E-ei, cara, por favor, me poupe, eu estava sendo obrigado por eles — falava enquanto largava as adagas.
Aron se aproximava lentamente, parecendo não se importar com as palavras do homem.
— Olha cara, eles tavam com a minha família! Eu não podia ir contra eles! Você deve ter percebido… eu não sou um bom lutador… — murmurou o bandido enquanto se sentava no chão e abaixava levemente a cabeça.
Os movimentos de Aron cessaram abruptamente. Sua ansiedade vinha toda de uma vez, fazendo seu coração doer. Sua mente estava um turbilhão, ele não sabia mais o que fazer. Olhava em volta, à procura de Shalton, mas não o encontrava.
Diante do homem que, há pouco, tentava tirar sua vida, Aron se viu em um dilema angustiante. As palavras do criminoso rendido eram um enigma, e a dúvida corroía sua mente. Será que aquele que ele matara no início também estava sendo coagido por outro bandido maior?
Vish!
A resposta para as dúvidas de Aron veio à tona, quando o homem, que aparentemente se rendia, arremessou uma adaga envenenada em sua direção.
Plin!
O som metálico ecoou pelo silêncio da noite. Aron desviava a adaga com um balançar de espada.
Sua feição se desfez, retornando à expressão gélida de antes. Toda a empatia que ele estava começando a sentir pelo bandido desapareceu, sem deixar vestígios.
— Sabe… eu realmente tava acreditando, sabia? — dizia, aproximando-se do “rato” traidor à sua frente. — Juro que quase vomitei ao pensar que tinha matado um inocente, mas, nossa… ainda bem que você me livrou desse fardo, seu canalha desgraçado — murmurava suavemente enquanto se dirigia ao homem.
— Sai de perto de mim, seu maldito! — gritou o bandido, desabando no chão, suas pernas falhando devido ao medo do jovem de cabelos negros à sua frente.
Fruh!
Aron, utilizando o mesmo movimento de estocada anterior, empurrou a ponta de sua espada diretamente na cabeça do bandido. A lâmina penetrou a testa do homem, rasgando sua carne e cravando-se fundo até emergir na nuca. Sangue jorrou da ferida aberta, enquanto o olhar de terror nos olhos do bandido permanecia congelado em seu rosto.
Às onze horas de um dia de setembro, Aron não apenas tinha tirado a vida de um, mas sim de três homens. Seu corpo, antes sujo de lama, agora estava encharcado de sangue. Ele sabia que não tinha outra escolha, no entanto, não imaginava que tirar uma vida seria tão difícil.