O Som da Guerra: A Origem - Capítulo 26

Capítulo 26 

Com sua recente vitória, Ezrael havia garantido um lugar no top 3, uma posição que era cobiçada por todos os participantes da seleção. Agora, apenas dois adversários permaneciam acima dele: os gênios supremos das famílias Warlock e Blackblade. Enquanto ele aguardava os desdobramentos do torneio, uma tensão envolvia o campo de batalha. Todos os olhos estavam voltados para a arena, onde a tão esperada batalha entre Darius Warlock e Liliana Blackblade estava prestes a começar. 

Os espectadores ao redor se aglomeravam, em expectativa quase reverente. Darius Warlock, conhecido por seu domínio sombrio e feitiços de magia negra, enfrentaria a formidável Liliana Blackblade, cuja Lâmina Espiritual era famosa por seu poder devastador. Ao entrar na arena, Darius exalava uma confiança tranquila e fria. Seus olhos percorriam a multidão, mas ele não demonstrava qualquer sinal de ansiedade ou dúvida; estava certo de sua superioridade, um gênio inquestionável entre os candidatos. 

Por outro lado, Liliana avançou com um olhar focado e determinado. Sua Lâmina Espiritual, amarrada nas costas, parecia pulsar, como se estivesse viva, ressoando com a própria essência dela. Aquela arma lendária, um artefato transmitido por gerações de sua família, era capaz de rivalizar com o poder dos cultivadores mais avançados do Domínio Divindade Menor. No entanto, o verdadeiro limite dessa lâmina estava ainda fora do alcance dela. Liliana, em um misto de concentração e intensidade, sabia que enfrentaria um inimigo poderoso, e a multidão podia sentir a tensão entre os dois prodígios. 

Ezrael observava atentamente cada movimento, atento ao menor detalhe que pudesse revelar as estratégias de ambos os combatentes. Embora soubesse que, individualmente, esses dois gênios eram formidáveis, era a combinação de habilidades e experiências que tornava essa luta tão lendária. 

Darius Warlock lançou um olhar desdenhoso para Liliana, um leve sorriso cínico curvando seus lábios enquanto seus olhos brilham com a confiança típica de alguém que acredita na própria invencibilidade. 

— Você realmente acha que essa sua lâmina encantada fará diferença aqui, Blackblade? — ele disse, sua voz carregada de sarcasmo. — Espadas são armas do passado, limitadas e frágeis. Este duelo terminará antes mesmo que você tenha a chance de usá-la. 

Liliana manteve-se impassível, seus olhos verdes fixos em Darius, avaliando-o com uma calma impenetrável. Havia um brilho silencioso de determinação no seu olhar, algo que desafiava a arrogância do oponente. Com a mesma serenidade de sempre, ela respondeu: 

— Palavras não moldam destinos, Darius. Quem se apoia nelas já está meio derrotado. — Ela repousou a mão delicadamente sobre a empunhadura da lâmina espiritual em suas costas. — Veremos quem permanece de pé quando o silêncio finalmente tomar o campo. 

A resposta fria e confiante de Liliana fez com que Darius estreitasse os olhos, irritado por não conseguir abalar a compostura dela. O silêncio se instalou, e por um breve instante, apenas o som do vento cortando a arena podia ser ouvido. 

Darius, com os olhos faiscando de impaciência, cerrou os punhos ao ver que sua provocação não abalara Liliana. Ele avançou um passo, apontando para ela com um gesto de desdém. 

— Liliana Blackblade, estou lhe dando uma última chance de desistir, — disse ele com voz carregada de ameaça. — Mesmo entre os gênios supremos, ninguém se iguala a mim. Não importa a linhagem ou a fama, você será apenas mais um obstáculo a ser esmagado. 

Liliana permaneceu imóvel, a mão repousando com calma sobre a empunhadura de sua lâmina espiritual. Seu olhar era de pedra, imperturbável. 

— Acha mesmo que eu recuaria diante de palavras vazias? — ela respondeu suavemente. — Prove seu poder, Darius, e deixemos que o campo de batalha decida. 

Com um rosnado baixo, Darius ergueu as mãos, invocando sua magia com um movimento rápido. Em instantes, surgiram à sua volta várias lâminas de sombra, escuras e afiadas, reluzindo com uma energia sinistra. Ele lançou as lâminas em uma saraivada poderosa, cortando o ar em direção a Liliana. 

Liliana, ágil e precisa, ergueu sua lâmina espiritual em resposta. Cada lâmina de sombra que se aproximava era aparada ou desviada com um golpe habilidoso de sua espada. Com um movimento fluido, Liliana bloqueou uma a uma, a espada dançando em suas mãos, um borrão de aço e precisão. 

A plateia observava em silêncio absoluto, incrédula com a facilidade e a maestria com que ela neutralizava o ataque de Darius. 

Darius intensificava seus ataques, liberando sua energia mágica até o auge do Primeiro Estágio do Domínio da Divindade Menor. Suas Lâminas das Sombras tornaram-se mais rápidas e cruéis, as bordas afiadas como a noite, cada uma carregada com um poder sombrio, quase palpável, enquanto varriam o ar com intenção mortal. Ele investia em Liliana com tudo o que tinha, buscando um golpe definitivo que a pusesse de joelhos. 

Liliana, embora ágil e firme, começou a sentir o peso de enfrentar alguém com uma vantagem tão feroz. Seus movimentos de espada, antes precisos e fluidos, agora precisavam de todo o foco para rebater a velocidade e intensidade dos ataques de Darius. As sombras dançavam ao redor dela, e ela se defendia habilmente, mas os olhos astutos de Darius notaram a fadiga crescente em seu rosto e os golpes em que ela quase fraquejava. 

Com um sorriso vitorioso, Darius lançou uma sequência de golpes de sombra tão poderosos que o chão tremeu sob os pés de ambos. Liliana se esforçou para bloquear o ataque, mas uma das lâminas atravessou sua guarda, abrindo um corte profundo em seu braço esquerdo. Ela arfou ao sentir a dor ardente, o sangue escorrendo, mas, em vez de se render ao ferimento, Liliana fechou os olhos por um breve instante, concentrando-se no fluxo da batalha. 

Como se aquela dor fosse o último estopim que faltava, Liliana sentiu sua energia expandir. De repente, um turbilhão de poder emergiu de seu interior, rompendo suas limitações e elevando-a ao auge do Primeiro Estágio do Domínio da Divindade Menor. Seus olhos faiscaram de determinação ao encarar Darius novamente. Agora estavam em pé de igualdade, suas energias colidindo como ondas em uma tempestade, o campo de batalha pulsando com a intensidade de ambos os poderes. 

Darius estreitou os olhos, percebendo que Liliana não era apenas um obstáculo passageiro. Ambos avançaram ao mesmo tempo, lâminas de sombra encontrando a lâmina espiritual de Liliana com um estrondo. Cada ataque era bloqueado por outro, e as explosões de poder reverberavam pelo campo, como trovões em uma batalha de titãs. No entanto, a esta altura, o combate já não era apenas sobre força — era uma questão de resistência e controle, de quem conseguiria manter o fluxo de energia por mais tempo sem exaurir seu poder. 

Por minutos eternos, os dois se enfrentaram, o suor e as feridas se acumulando em seus corpos. Aos poucos, a respiração de ambos se tornava mais pesada, os ataques diminuindo em velocidade, mas ainda carregados com intenção mortal. 

Liliana ofegava, as mãos trêmulas enquanto apertava a empunhadura de sua lâmina espiritual. Mesmo com o olhar firme, o peso do cansaço era visível, e finalmente, com uma expressão de esforço contido, ela baixou a lâmina e fez uma leve reverência em direção a Darius. “Eu… admito a derrota. Minhas reservas de energia… se esgotaram.” 

Darius soltou um sorriso, cheio de confiança e alívio camuflado, inclinado apenas o suficiente para que ela notasse. “Eu sabia o resultado desde o início, Blackblade. Gênios como você podem até alcançar o topo, mas é preciso bem mais que coragem para vencer alguém como eu.” 

Porém, enquanto exibia um semblante de superioridade, em seus pensamentos a realidade era outra. “Mais um pouco… e quem teria que desistir seria eu.” Darius sentia a batalha ecoando em seu corpo, os músculos ardendo e a energia restante próxima de se esvair. Naquele combate, ele experimentara uma força que não havia previsto. Liliana, com sua tenacidade e habilidade impressionantes, havia quase ultrapassado seus próprios limites, e, se a batalha se prolongasse, ele sabia que não teria como continuar. 

Darius, entretanto, jamais deixaria que essa verdade transparecesse. Ele virou as costas, mantendo o semblante de vitória, enquanto Liliana o observava, com uma expressão de compreensão e respeito mútuo. 

Darius, ainda com uma expressão impenetrável, retirou de sua bolsa uma poção de tom negro, cintilante como a noite. Aquela era uma das poções superiores de sua família, feitas com ingredientes raros e imbuídas com magia avançada, concedendo a capacidade de restaurar grandes quantidades de energia em minutos. Ele ingeriu o conteúdo, sentindo a energia mágica fluir de volta com intensidade. A exaustão se dissipou, e seu poder estava totalmente restaurado, pronto para o próximo desafio. 

Enquanto isso, do outro lado da arena, Ezrael observava com um olhar calculista, os olhos afiados brilhando em expectativa e análise cuidadosa. Ele sabia que Darius era um oponente de alto nível, um mago cujas habilidades em magia sombria e ataques diretos tinham feito todos os outros participantes parecerem frágeis. Mas Ezrael não era como os outros. 

Em sua mente, vários planos começaram a se formar. “Darius provavelmente tentará uma abordagem ofensiva inicial com ataques de longa distância, pressionando-me. Se eu usar minha Barreira de Mana e alternar entre Saquear e Foco Total, talvez consiga desgastá-lo o suficiente antes de ativar minhas habilidades mais poderosas…” Pensava Ezrael, mentalmente ajustando cada possibilidade e considerando cada detalhe que poderia usar a seu favor. 

Após alguns minutos, um veterano juiz da Torre se aproximou do centro da arena, a expressão séria e o olhar atento, ciente de que aquele seria um combate memorável. Ele ergueu a voz com imponência, fazendo ecoar pela arena: “Agora, que o confronto decisivo comece. Darius Warlock, o gênio do topo, enfrentará Ezrael Silver-Wings, o desafiante do top três!” 

As vozes da multidão explodiram em gritos e murmúrios de expectativa. Ezrael deu um passo à frente, o rosto sereno, enquanto Darius mantinha um sorriso satisfeito. Eles se entreolharam, o choque de intenções visível no ar, e ambos estavam prontos para liberar seu poder.