O Som da Guerra: A Origem - Capítulo 32
Capítulo 32
Ao retornarem à bancada de missões, Ezrael e seus amigos exibiram os núcleos dos 15 Lobos Gigantes derrotados, concluindo oficialmente sua missão. O Ancião responsável pela missão inspecionou os núcleos e, impressionado, assentiu com respeito. Eles haviam obtido um total de 75 pedras puras, uma soma considerável para novatos na Torre Mágica Amanhecer. Ezrael calculou a divisão com justiça, entregando uma parte equivalente a cada um, ficando com 18 pedras puras para si. Ele sabia que as pedras puras não eram apenas uma moeda, mas uma fonte preciosa para o cultivo de poder mágico, essencial para seu progresso.
Enquanto conversavam com o Ancião, descobriram que poderiam evoluir como Caçadores de Recompensas e aumentar as recompensas conforme subissem de classificação. O Ancião explicou que essa progressão não era simples e exigia que os caçadores mostrassem um desempenho excepcional em missões perigosas e desafiadoras. Mas o benefício era claro: com o título de Caçador Iniciante, ganhariam 5% a mais em pedras puras; o nível Caçador Experiente traria 10%, seguido pelo Caçador Mestre com 15%, o Caçador Ancião com 20% e, no ápice, o Caçador Supremo, que concedia 30% de bonificação.
Ezrael ponderou sobre essas informações e percebeu o potencial de crescimento e riqueza que a classificação de Caçadores oferecia. Além de aprimorar suas habilidades, o progresso nessa hierarquia traria prestígio e influência dentro e fora da Torre Mágica. Seus amigos estavam igualmente empolgados; eles vislumbravam um caminho não só para fortalecerem a si mesmos, mas também para alcançarem um status respeitável entre outros magos e cultivadores.
— Então, o próximo passo é focarmos em missões que desafiem nossos limites, — afirmou Ezrael, com determinação nos olhos. — Vamos subir na classificação e conquistar nosso espaço aqui.
Os amigos concordaram em uníssono. Decididos, saíram do salão, sabendo que, embora ainda fossem novos na Torre Mágica Amanhecer, suas ambições e habilidades os conduziriam a um destino grandioso e repleto de desafios.
Nos dias que se seguiram, Ezrael e seu grupo demonstraram um desempenho surpreendente, completando uma série de missões em ritmo impressionante. A cada missão, subiam rapidamente de classificação até alcançarem o título de Caçadores Mestres — uma honra que poucos discípulos novos conseguiam. Com isso, garantiam uma bonificação constante de 15% em cada recompensa, acumulando um total de pedras puras que fazia inveja aos demais. Logo, suas insígnias de Caçador Mestre tornaram-se icônicas, reluzindo em seus mantos como símbolos de poder e conquista.
Nos corredores do Salão de Ensinamento Público de Mestres, a ascensão meteórica do grupo de Ezrael era o tema de todas as conversas. Os outros discípulos murmuravam, fascinados pela habilidade e pela ousadia daquele grupo. Cada um deles havia rompido para o Primeiro Estágio do Domínio Divindade Menor, enquanto o próprio Ezrael avançava para o Segundo Estágio do mesmo Domínio. A cada nova missão, consolidavam seu status, e os rumores sobre suas conquistas espalhavam-se velozmente, tornando-os figuras de influência entre os novos discípulos.
— Você já ouviu falar do grupo de Ezrael? Dizem que sua habilidade com magia é algo nunca visto antes! — sussurrava um dos discípulos, observando o grupo passar.
— E não é só isso! Estão acumulando pedras puras como se fosse simples… A cada missão, eles parecem se tornar mais poderosos, — outro discípulo murmurava, impressionado.
Essa crescente fama logo chegou aos ouvidos dos mestres e anciões da Torre, que já viam potencial significativo em Ezrael e seus amigos. A equipe estava rapidamente se destacando como um dos grupos de maior potencial da geração, ultrapassando expectativas e se tornando referência para os demais discípulos.
Em uma câmara escura e envolta por uma penumbra densa, Darius Warlock observava friamente os homens sombrios à sua frente. Vestidos em mantos escuros, os assassinos contratados pela poderosa Família Warlock aguardavam as instruções de seu contratante com olhares calculistas, ansiosos pelo momento de ação. A sede de vingança emanava de Darius como uma aura pesada, um veneno amargo que ele alimentava desde o duelo em que Ezrael o derrotou, manchando seu orgulho e abalando seu prestígio.
— Ele não deve viver para ver o próximo amanhecer, — sussurrou Darius com voz contida, os olhos brilhando com um ódio profundo. — Sigam-no sem serem notados, e acabem com ele de forma silenciosa. Nenhum traço, nenhuma testemunha. A honra da Família Warlock exige isso.
Os assassinos trocaram olhares de entendimento, cada um conhecendo bem o peso daquela missão. Darius sabia dos riscos; o assassinato de discípulos era proibido pela Torre Mágica Amanhecer, e as consequências, em tese, poderiam ser severas, até mesmo para alguém de sua posição. Mas, apoiado pela influência ancestral da Família Warlock e convencido de sua intocabilidade, Darius estava preparado para contornar as regras. Sua família exerceria toda a pressão necessária para livrá-lo das possíveis punições, protegendo-o dos Anciões caso algum detalhe do plano viesse à tona.
Ele então acenou com um leve gesto, despachando os assassinos que desapareceram rapidamente nas sombras da sala. Assim, iniciou-se uma conspiração mortal: o desejo de vingança de Darius seria cumprido a qualquer custo, enquanto Ezrael, sem suspeitar do perigo iminente, permanecia focado em fortalecer seu próprio caminho.
Dentro de seu aposento simples, adornado apenas com alguns símbolos místicos gravados em madeira e envolto pelo frescor do jardim ao redor, Ezrael permanecia imóvel, focado no processo de absorção de energia. Sentado em posição de lótus sobre a cama, ele era envolvido por uma serenidade incomum. Dez Pedras Puras dispostas ao seu redor emanavam uma leve luz azulada, pulsando como corações místicos enquanto exalavam uma intensa energia mágica. Segurando a décima primeira pedra na mão, ele sentia a energia concentrada fluir por seus canais mágicos, como um rio de poder que preenchia cada célula de seu corpo.
Aos poucos, Ezrael entrou em um estado de profunda harmonia com a energia que o cercava. A magia fluía suavemente, mas era densa e vibrante, se mesclando ao seu próprio núcleo de poder e intensificando cada aspecto de sua força. A cada pedra consumida, sua aura resplandecia um pouco mais, iluminando o aposento com um brilho intenso, enquanto a sensação de poder absoluto crescia dentro dele. Minutos se transformaram em horas, até que o ápice foi alcançado: Ezrael sentiu uma onda avassaladora de energia se expandir de seu núcleo, inundando cada fibra de seu ser. Em um instante, seu poder se elevou a um novo patamar.
Subitamente, uma onda de choque energética reverberou ao seu redor, e sua presença se transformou em algo ainda mais imponente e estabilizado: Ezrael havia rompido para o Terceiro Estágio do Domínio Divindade Menor. Ele abriu os olhos, e uma luz poderosa emanou de seu olhar, refletindo o avanço que acabara de conquistar.
Ezrael permaneceu imóvel, assimilando cada onda de energia condensada que o preenchia como um furacão contido. Sentia-se invencível, mas a realização o atingiu com um misto de euforia e cautela. Ele ergueu a mão, observando os leves tremores que a energia recente ainda causava, e seus pensamentos o conduziram de volta aos anos de esforço exaustivo que passou em sua vida anterior. Era surpreendente o quão mais próximo ele agora se encontrava de seu antigo Auge. “Com Arrebatar, eu pisei em anos de evolução em uma única etapa,” pensou, um toque de tristeza por não ter tido essa oportunidade antes, embora soubesse que seus desafios passados o moldaram no que era agora.
Mesmo assim, ele respirou fundo e decidiu que manteria o segredo de Arrebatar em silêncio. Com a habilidade de purificar e condensar a energia mágica selvagem das feras, ele havia se tornado uma ameaça ambulante para qualquer um que buscasse poder absoluto. “Se isso vazasse, os próprios alicerces da Torre Mágica poderiam estremecer…” pensou, enquanto a ideia de ser linchado pelo público e caçado por aqueles que ansiavam por seu dom tomava forma.
Por agora, ele se concentraria em seguir discretamente, deixando que os rumores de seu avanço fossem considerados normais para um prodígio. Ele sabia que ainda havia um longo caminho a trilhar até que pudesse desafiar os poderes do Domínio da Divindade Soberana, mas a cada passo ele compreendia o que realmente significava ser uma força transformadora no mundo mágico.
***
Ezrael se preparou rapidamente, os sentidos afiados como lâminas enquanto sentia o peso dos passos de seus perseguidores se aproximando. O alerta do Sistema Nova ecoava em sua mente como um toque de tambor de guerra: eles estavam no Sexto Estágio do Domínio da Divindade Menor, mas o líder já era um oponente de outro nível, um cultivador do Primeiro Estágio da Divindade Maior. Era um adversário que ultrapassava o limite de seu poder atual e, mesmo com suas habilidades, enfrentá-los diretamente seria um risco desnecessário – talvez até fatal.
Ele respirou fundo, a indiferença no olhar refletindo uma mistura de resignação e determinação. “Então, finalmente chegou o momento…” murmurou, consciente de que esses eram os mesmos sentimentos de inveja e ambição que o haviam perseguido em sua vida anterior. Os ecos de sua última morte surgiram em sua memória, o sabor amargo da traição por aqueles que o invejavam e temiam seu talento.
O sistema continuava a recomendar que ele fugisse, insistente, mas Ezrael se manteve firme. Ele já não era o mesmo de antes; agora, possuía habilidades e conhecimentos que não estavam ao alcance daqueles assassinos. Ele traçou mentalmente uma rota de saída, seu plano exigindo uma combinação de velocidade e cautela para despistar os inimigos, que certamente se encontravam sob ordens rígidas. Afinal, conhecia o verdadeiro inimigo: Darius Warlock, aquele que havia escondido a lâmina da traição atrás de um sorriso amigável.