O Som da Guerra: A Origem - Capítulo 34
Capítulo 34
Ezrael observou com atenção a árvore singular à sua frente, suas folhas verdes brilhando de maneira quase hipnotizante. Ele sentiu uma energia pulsante emanando do solo ao redor, como se a própria natureza estivesse viva e o chamando. “Esse deve ser o lugar”, pensou, enquanto se aproximava com cautela. O Sistema Nova dentro dele pulsava suavemente, como um aviso de que algo extraordinário estava prestes a acontecer.
Ao investigar mais de perto, Ezrael notou um brilho tênue que emanava do solo sob a árvore. Curioso, ele se agachou e percebeu a presença de um pequeno portal. Não era grande, mas a energia que irradiava dele era palpável, como se prometesse uma nova aventura. Com uma mistura de receio e excitação, Ezrael se lembrou da jovem maga desaparecida. “Se houver uma chance de encontrá-la, eu preciso tentar”, decidiu.
Sem hesitar, ele pisou no portal, e, para sua surpresa, uma onda de energia o envolveu. O mundo ao seu redor começou a distorcer e girar. Ele sentiu como se estivesse sendo puxado para dentro de um vórtice, seu corpo flutuando e girando em uma dança estranha. Ele fechou os olhos, resistindo ao impulso de entrar em pânico, confiando em seu treinamento e na força que agora possuía.
Quando finalmente abriu os olhos, Ezrael se viu em um lugar completamente diferente. A atmosfera era carregada de mistério, com cores vibrantes e sons etéreos que pareciam sussurrar segredos ao vento. Ele estava em uma dimensão nova, cercado por uma paisagem que desafiava a lógica. Árvores de formas estranhas se erguiam, com troncos torcidos e folhas que brilhavam como se estivessem cobertas de estrelas. O ar estava cheio de uma névoa suave, e a luz parecia dançar ao seu redor, criando sombras que se moviam de forma quase consciente.
“Onde estou?” pensou, com a sensação de que este lugar não era apenas um novo ambiente, mas uma parte do vasto tecido mágico que conectava as dimensões. O Sistema Nova pulsava em seu interior, indicando que havia algo mais ali, algo que ele precisava descobrir.
Determinando-se a encontrar respostas, Ezrael começou a explorar o novo ambiente. Cada passo era acompanhado por uma sensação de estar sendo observado, como se as árvores e as sombras ao seu redor estivessem avaliando suas intenções. Ele se lembrou da jovem maga e da razão pela qual havia atravessado o portal. “Ela pode estar aqui, em algum lugar”, pensou, enquanto avançava com cautela.
O som de água corrente chamou sua atenção, e ele se dirigiu em direção à fonte. Ao se aproximar, avistou um pequeno riacho que serpenteava entre as rochas, e, para sua surpresa, no meio do leito do rio, havia uma figura encurvada sobre a água. Era uma jovem, com cabelos longos e ondulados, cujas feições eram familiares. “Ela é a maga desaparecida”, reconheceu Ezrael, o coração acelerando.
Mas antes que pudesse se aproximar, uma presença ameaçadora apareceu ao seu redor. Criaturas estranhas, semelhantes a sombras, emergiram da névoa, cercando-o com olhares penetrantes. Ezrael percebeu que não estava sozinho nessa dimensão. “Parece que não vai ser fácil”, murmurou para si mesmo, preparando-se para o que estava por vir.
A jovem na água não parecia perceber o perigo, e isso só aumentou a determinação de Ezrael. Ele sabia que precisava agir rápido. Com um movimento ágil, ele invocou a Barreira de Mana, cercando-se com uma proteção mágica enquanto se preparava para enfrentar as criaturas. A batalha pela vida da maga e pela sua própria sobrevivência estava apenas começando.
A jovem, ao perceber a presença ameaçadora das formas sombrias, rapidamente vestiu suas roupas que estavam guardadas em seu anel de armazenamento. Com um movimento ágil, ela se preparou para enfrentar o perigo que se aproximava, seus olhos cheios de determinação. No entanto, não teve tempo de hesitar, pois as criaturas malignas atacavam com a intenção de matar.
Ezrael, reconhecendo o poder corrosivo da magia que emanava das sombras, não podia deixar que a jovem enfrentasse o perigo sozinha. Ele invocou a Barreira de Mana, criando um escudo protetor ao seu redor, que absorveu os primeiros ataques que vinham em sua direção. A sensação de repulsa e ódio ardia dentro dele, lembrando-lhe de sua antiga vida, marcada pela traição e pelas atrocidades cometidas pela raça dos demônios. — Nunca mais! — ele gritou para si mesmo, enquanto a fúria tomava conta de seu ser.
Sem hesitar, Ezrael partiu para o ataque, utilizando a Lâmina de Caos Elemental. Com movimentos fluidos e rápidos, ele cortava as sombras que se aproximavam, cada golpe liberando uma explosão de energia mágica. A lâmina brilhava intensamente, misturando luz e escuridão em um espetáculo de poder e raiva. Ele se sentia como se estivesse em uma dança letal, cada movimento se conectando com seu desejo de vingança.
A jovem, agora devidamente vestida, se juntou a ele. Ela não era apenas uma espectadora; com um gesto, invocou sua própria magia. Esferas de luz surgiram em suas mãos, lançando-se em direção às criaturas sombrias. — Vamos acabar com eles! — gritou, sua voz cheia de coragem. Ezrael ficou surpreso ao ver a destreza dela, percebendo que não estava lidando com uma qualquer, mas com uma maga capaz.
Os dois se moviam em perfeita sincronia, atacando e se defendendo mutuamente, suas energias mágicas se entrelaçando. Ezrael sentiu a adrenalina correr em suas veias enquanto cada sombra que caía revelava um pouco mais de sua própria fúria acumulada. Lembrou-se das memórias de dor e perda que os demônios lhe causaram e decidiu que aqueles não sairiam impunes.
— Eles são mais fortes do que parecem! — gritou Ezrael, notando que a energia deles parecia se regenerar rapidamente. Mas não havia tempo para hesitar; eles precisavam ser derrotados antes que mais aparecessem.
— Concentre-se! Se pudermos eliminar o líder, os outros ficarão desorientados! — disse Ezrael, analisando a situação. Ele reconheceu uma criatura que parecia mais poderosa, uma sombra maior que as demais, que se destacava no meio da confusão.
Com determinação renovada, os dois avançaram juntos, atacando a sombra central. A luta se intensificou, com Ezrael utilizando o Foco Total para prever os movimentos dos inimigos e a jovem conjurando feitiços com precisão. O líder das sombras retaliou, atacando com magia corrosiva que queimava o ar ao redor.
Ezrael desviou habilmente, sentindo a energia mágica pulsar dentro dele, sua conexão com o Sistema Nova lhe dando uma vantagem. Ele percebeu que precisava usar tudo o que tinha aprendido em suas batalhas anteriores. Com um golpe poderoso, ele canalizou sua energia e lançou um ataque devastador, a Lâmina do Caos, direcionando-a diretamente para a sombra líder.
A criatura gritou, um som agudo que reverberou pelo ar enquanto Ezrael desferiu o golpe. No instante seguinte, a magia que envolvia a sombra começou a se dissipar, e as criaturas menores, que antes pareciam tão ameaçadoras, foram desestabilizadas, perdendo força.
— Agora! — gritou Ezrael, e juntos, ele e a jovem lançaram um ataque final, combinando suas energias em um único feixe de luz e escuridão que atingiu a sombra líder em cheio. Um clarão iluminou a área, e o impacto foi tão forte que fez o chão tremer. Quando a luz se dissipou, a sombra estava destruída, e os remanescentes das criaturas perderam a vontade de lutar, dispersando-se em fuga.
Ezrael, ofegante, olhou para a jovem ao seu lado. — Você é forte — elogiou, sentindo uma nova camaradagem entre eles. A jovem sorriu, seus olhos brilhando com gratidão e respeito. — Nós dois somos fortes; juntos podemos enfrentar qualquer um — respondeu, certa de que aquela batalha era apenas o começo de uma nova jornada.
Com os demônios derrotados, um novo desafio os aguardava. Ezrael sentia que a jovem poderia ser uma aliada valiosa, e juntos poderiam descobrir os segredos daquela dimensão estranha, enquanto buscavam respostas para os mistérios que ainda os cercavam.
Após conversar um pouco com a jovem desaparecida, Ezrael descobriu que seu nome era Natalia Bluemoon. Ela era uma discípula veterana de um Ancião da Torre Mágica Amanhecer e estava no auge do Domínio Divindade Menor, considerada uma das mais fortes entre os discípulos veteranos. Ezrael, sendo ainda um novato, sentia um profundo respeito por ela. Conversando, Natalia revelou que já estava naquela dimensão estranha há três meses, tendo desaparecido após pisar no portal enquanto estava em uma missão de coleta de ervas.
Enquanto caminhavam juntos pela floresta densa e misteriosa, Natalia compartilhou suas experiências. — Já encontrei aqueles demônios antes e os eliminei com facilidade — comentou, a confiança evidente em sua voz. Ezrael, no entanto, exalava um desprezo e ódio imenso sempre que o nome dos demônios era mencionado.
— Eles não merecem misericórdia — respondeu, a frustração ecoando em suas palavras. A lembrança de sua vida passada e as atrocidades cometidas pelos demônios queimavam dentro dele, tornando cada palavra de Natalia como combustível para sua raiva.
Natalia notou a mudança na expressão de Ezrael, sua postura tensa enquanto eles avançavam. — Eu entendo a sua aversão — disse ela, suavizando o tom, — mas precisamos manter a calma se quisermos sair daqui.
Ezrael assentiu, mas sua mente estava em um turbilhão. — A única maneira de eles entenderem a dor que causaram é através da derrota — afirmou, sua voz firme.
Conforme se aprofundavam na floresta, a atmosfera se tornava cada vez mais pesada. A vegetação ao redor parecia vibrar com uma energia estranha, como se estivesse viva. Os sons da natureza foram lentamente substituídos por um silêncio inquietante, e os dois sabiam que não estavam sozinhos. Ezrael olhou para Natalia, percebendo que a jovem também estava atenta aos arredores.
— Devemos estar prontos para qualquer coisa — disse Ezrael, o instinto aguçado. Ele havia aprendido a nunca baixar a guarda em situações como essa. Natalia, percebendo a determinação nos olhos dele, se preparou, um brilho de determinação refletido em seu olhar.
Enquanto eles se moviam com cautela, conversaram sobre as diferenças em seus estilos de luta. Ezrael falou sobre suas habilidades, enquanto Natalia mencionou os feitiços que usava. Ambos estavam em um constante aprendizado um com o outro, cada um oferecendo estratégias e táticas que poderiam ser úteis na batalha que certamente viria.
— Eu posso lançar um feitiço de proteção antes de entrarmos em combate — sugeriu Natalia. — Isso pode nos dar uma vantagem.
— Excelente ideia — respondeu Ezrael, sentindo-se mais confiante ao lado dela. Ele percebeu que, juntos, poderiam enfrentar qualquer desafio que essa nova dimensão lhes impusesse.
A floresta continuava a se estreitar à medida que avançavam, e o clima se tornava cada vez mais tenso. A sensação de serem observados os seguia como uma sombra, e Ezrael não podia deixar de se perguntar o que mais aquela dimensão estranha guardava para eles. Mas, uma coisa era certa: a determinação de Ezrael de enfrentar os demônios e proteger sua nova aliada crescia a cada passo que davam em direção ao desconhecido.