O Som da Guerra: A Origem - Capítulo 35
Capítulo 35
Após avançarem um pouco mais na floresta, Ezrael e Natalia se depararam com um acampamento de demônios. As criaturas conversavam e riam alegremente enquanto bebiam e se divertiam, envolvidas em combates simulados que, para elas, eram apenas uma forma de entretenimento. Ezrael observou com nojo enquanto os demônios se feriam, suas feridas se fechando rapidamente devido à energia mágica demoníaca que possuíam. O poder inato da raça entrava em ação a cada golpe, tornando a cena ainda mais repulsiva para ele.
Natalia notou a expressão de desgosto em seu rosto. — Eles são ainda mais desprezíveis do que eu imaginava — disse ela em um sussurro. A tensão no ar aumentava enquanto Ezrael ponderava seu próximo passo. Ele não podia se permitir agir impulsivamente, especialmente em uma situação como aquela.
Foi então que seu olhar foi atraído por algo mais. No centro do acampamento, um homem acorrentado com cabelos prateados se destacou. A aparência dele despertou a curiosidade de Ezrael, e, ao se aproximar um pouco mais, os olhos verdes esmeralda de Ezrael se encheram de sangue ao reconhecer um detalhe crucial: apenas um lado das asas nas costas do prisioneiro era visível. A imagem o atingiu como um golpe direto no coração. Era um membro de seu exterminado clã celestial.
— Não pode ser… — sussurrou Ezrael, seu coração acelerando. Ele ficou paralisado por um momento, as memórias de sua vida passada retornando com força total. O prisioneiro parecia em péssimas condições, mas a determinação em seus olhos ainda era visível, um sinal de que ele não havia perdido completamente a esperança.
— O que fazemos? — perguntou Natalia, percebendo a mudança na expressão de Ezrael. Ela sentiu que a situação tinha se tornado muito mais pessoal para ele. A presença de um membro de seu clã naquele acampamento demoníaco não era algo a ser ignorado.
Ezrael respirou fundo, tentando afastar as emoções que ameaçavam dominá-lo. — Precisamos resgatá-lo — declarou, sua voz firme. — Se ele está aqui, significa que há uma chance de outros também estarem. Não posso deixá-lo nas mãos desses monstros.
Natalia assentiu, percebendo a determinação que irradiava de Ezrael. — Então vamos traçar um plano. Precisamos agir com inteligência se quisermos ter alguma chance contra eles.
Ezrael começou a observar o acampamento com mais atenção, analisando os demônios ao redor. O grupo estava despreocupado, e isso poderia ser uma vantagem. Ele e Natalia precisavam usar essa distração a seu favor.
— Vamos aproveitar a confusão — sugeriu Ezrael, os olhos brilhando com uma nova estratégia. — Se conseguirmos atacar em um momento crítico, poderemos desabilitar os guardas e libertar o prisioneiro.
— Concordo — respondeu Natalia, seu espírito combativo começando a brilhar. — E eu posso usar um feitiço de ilusão para desorientá-los, dando-nos uma vantagem no ataque.
Os dois se prepararam, sabendo que a batalha que se aproximava seria intensa. Ezrael sentiu a adrenalina correr por suas veias enquanto traçavam a estratégia para resgatar não só o membro de seu clã, mas também a possibilidade de libertar outros prisioneiros que estivessem sob a tirania dos demônios. Com cada passo, a determinação em seu coração crescia. Eles não apenas lutariam pela sobrevivência, mas também pela honra de seu passado.
O líder dos demônios, um ser imponente no terceiro estágio do Domínio Divindade Maior, estava dentro de uma cabana, completamente alheio à presença de Ezrael e Natalia. Ele bebia despreocupadamente enquanto mantinha relações sexuais com uma demoníaca fêmea, uma cena tão nojenta e repulsiva que fez Ezrael sentir um ódio fervente. O desprezo que sentia por aqueles seres tomava conta de seu ser, e a imagem do membro de seu clã acorrentado não saía de sua mente.
— Agora é a hora — murmurou Ezrael, olhando para Natalia, que se preparava para lançar seu feitiço de ilusão. A cabana, localizada um pouco afastada do acampamento, era a chave para o plano que eles haviam elaborado. Com a atenção do líder voltada para suas próprias indulgências, eles tinham uma oportunidade de ouro para atacar.
Natalia respirou fundo e começou a entoar as palavras do encantamento. O ar ao redor deles pareceu mudar, e uma névoa sutil começou a se formar, distorcendo a realidade na área ao redor da cabana. Assim que a ilusão se solidificou, os demônios ao redor começaram a se sentir desorientados, alguns olhando ao redor em confusão, incapazes de discernir o que era real e o que era apenas uma miragem.
Ezrael, percebendo a confusão crescente, avançou em direção à cabana, determinado a cumprir seu objetivo. Ele se esgueirou, fazendo o menor barulho possível, enquanto a névoa cobria seus movimentos. A adrenalina pulsava em suas veias, e a sensação de que cada segundo contava o impulsionava para frente. Ele não podia falhar.
Com um último olhar para Natalia, que o seguia de perto, Ezrael se preparou para o confronto. Ele invocou sua Barreira de Mana, uma defesa mágica que o protegeria de qualquer ataque repentino. Ao se aproximar da cabana, ele espreitou pela abertura da porta, avistando o líder dos demônios em seu momento de satisfação, despreocupado com o mundo ao seu redor.
— Agora! — sussurrou Ezrael, e a porta se abriu de uma só vez.
Surpreendido, o líder dos demônios virou-se, mas era tarde demais. Ezrael lançou sua Lâmina do Caos, uma arma poderosa que misturava luz e escuridão, criando uma força devastadora. O golpe atingiu o líder com precisão, derrubando-o enquanto a cabana se tornava um campo de batalha.
A demoníaca fêmea, em estado de choque, recuou, mas Natalia já havia se colocado entre ela e Ezrael. Com um movimento ágil, ela ativou seu próprio feitiço, envolto em energia mágica, para incapacitar a demoníaca antes que ela pudesse reagir.
Ezrael não perdeu tempo. Ele se virou rapidamente, direcionando seu foco para o prisioneiro acorrentado. Com um movimento rápido, ele utilizou a habilidade de Arrebatar para destruir as correntes que prendiam o membro de seu clã celestial.
— Venha! — ordenou Ezrael, sua voz firme e cheia de determinação. — Precisamos sair daqui antes que eles se recuperem!
O prisioneiro, ainda atordoado, olhou para Ezrael com olhos cheios de gratidão e confusão. Ele estava fraco, mas a presença de Ezrael parecia reenergizá-lo. Assim que se levantou, Ezrael ajudou-o a se manter em pé, guiando-o para fora da cabana.
Enquanto os demônios começavam a se reorganizar e perceber o que havia acontecido, Ezrael e Natalia tomaram a dianteira, prontos para enfrentar qualquer desafio que surgisse. O líder dos demônios se levantou, furioso, mas a determinação de Ezrael era mais forte. Ele não iria permitir que a raiva e a vingança o dominassem; ele lutaria pela honra de seu clã e pela liberdade dos que ainda estavam aprisionados.
— Precisamos nos mover agora! — gritou Natalia, enquanto lançava feitiços para retardar a aproximação dos demônios. O som do caos se espalhou rapidamente pelo acampamento, mas Ezrael estava focado em escapar e em trazer seu clã de volta ao que restava de sua honra.
Após escaparem do acampamento demoníaco, o homem de cabelos prateados, Ariel, agradeceu profundamente a Ezrael, fazendo uma reverência. Ezrael sorriu e o incentivou a não ser tão formal.
— Não precisa se curvar assim, Ariel. Estamos juntos nessa — disse Ezrael, tentando aliviar a tensão do momento.
Ariel, que estava visivelmente emocionado, ergueu-se e respondeu: — Fui prisioneiro por meses. Agradeço a você por me salvar. Meu poder só chegava ao Auge do Domínio Divindade Menor, e não consegui resistir às correntes do líder demoníaco. Agora, sinto como se uma nova vida estivesse me dando uma segunda chance.
Enquanto caminhavam apressadamente pela floresta, Ezrael pediu que Ariel compartilhasse sua história.
— Eu faço parte do Esconderijo da Resistência — começou Ariel, sua voz cheia de pesar. — Poucos membros do meu clã conseguiram escapar do extermínio que os Demônios Originais causaram. Eles são uma raça muito mais poderosa que esses demônios menores que enfrentamos.
Ezrael sentiu um peso no peito ao ouvir o relato. Ele sabia bem o que significava perder um clã.
— Quando saí para procurar mantimentos para o nosso grupo, fui capturado em uma armadilha que os demônios haviam montado na floresta. Eles estavam caçando aqueles que ainda ousavam desafiar sua presença. A esperança de escapar se esvaiu, e eu pensei que nunca veria meu clã novamente.
— Mas você conseguiu escapar agora — disse Ezrael, encorajando Ariel a continuar. — A luta ainda não acabou, e precisamos unir forças.
Ariel assentiu, sentindo-se revigorado pela determinação de Ezrael.
— Sim. O Esconderijo da Resistência precisa de todos nós. Juntos, podemos combater essa ameaça. Se conseguirmos reunir mais aliados, talvez possamos planejar uma contraofensiva.
Enquanto avançavam pela floresta, Ezrael começou a formular um plano em sua mente. Se Ariel era um membro de um clã celestial, isso poderia abrir portas para recrutar mais aliados. Eles precisavam agir rápido antes que os demônios descobrissem sua fuga.
— Precisamos voltar para a Torre Mágica Amanhecer — disse Ezrael, a determinação em sua voz. — Com suas informações e a conexão que você tem com o Esconderijo, podemos planejar uma estratégia. Precisamos reunir forças e agir com cautela.
Ariel concordou, agora com uma nova luz em seus olhos. Ele estava determinado a não apenas sobreviver, mas a lutar por seu clã e por todos que haviam sido perseguidos pelos demônios.
— Estou pronto, Ezrael. Vamos lutar juntos — afirmou ele, sentindo que agora fazia parte de algo maior do que ele mesmo.
Com essa nova aliança formada, Ezrael e Ariel continuaram sua jornada pela floresta, conscientes dos desafios que ainda estavam por vir, mas determinados a não deixar que o medo os dominasse novamente. Eles estavam prontos para enfrentar o que viesse, juntos.