O Velho Novo Mundo - Capítulo 4
Capítulo 4 – Uma Direção
Damiano, com as mãos trêmulas, aproximava-se do buraco feito por Mustafá, tentando observá-lo melhor para entender se não estava ficando louco. O buraco era irregular e exalava uma fumaça cinzenta; era grande e profundo, com um diâmetro de cerca de 1,5 metro
Quando as mãos de Damiano iam tocar a parede, Mustafá o parou. Damiano olhou para ele rapidamente, assustado e de boca aberta.
— Se eu fosse você, não faria isso. Olhe mais atentamente — explicou Mustafá com um sorriso orgulhoso.
Ao olhar de novo, Damiano viu a parede, antes cinza e sólida, tornar-se dourada e derreter na área próxima ao buraco. Ele agradeceu internamente por ter sido impedido de encostar na parede. Sua mente estava um caos, e nela só havia uma certeza: “Esse cara é muito mais perigoso do que imaginei.” Sem pensar, perguntou:
— Como? Como você fez isso?
— Antes de explicar o complexo, vamos começar pelo básico.
— Como nos entendemos? Simples. Seu corpo se adaptou a essa região; uma das mudanças foi que seu cérebro aprendeu a linguagem local.
— E por que eu não te matei? Sem querer ofender, mas você não apresenta perigo algum, e eu preciso de você.
— Adaptou-se? Como assim? E por que eu? — exclamou Damiano, com uma expressão confusa.
— Você é um karaiete, e como todo karaiete, possui uma habilidade única de alma. Pelo que percebi desde o momento em que o encontrei, sua habilidade é a ‘adaptação’. Sua mente se ajusta a situações, às vezes até mesmo lhe dando conhecimentos mais simples, como se ampliasse sua memória.
Damiano, buscando em sua memória, rapidamente entendeu o que Mustafá queria dizer. Lembrou-se da fogueira, do martelo e até mesmo da luta com o lobo. Eram coisas que ele nunca havia feito antes, mas que conseguira com certa facilidade, como se sua mente estivesse acostumada, mas seu corpo, não.
Ele tinha a teoria para a fogueira, mas seu corpo não tinha a prática para fazê-la, por isso demorou; a luta com o lobo fora pensada estrategicamente, mas seu corpo não estava acostumado a matar daquela forma.
“Faz sentido, realmente. Pelo que sei, isso está acontecendo desde o momento em que apareci aqui. Minha aceitação a este mundo talvez também seja essa ‘adaptação’.”
— Entendo. Pelo que vejo, você precisa da minha habilidade para algo. Estou certo? — disse Damiano com uma expressão pensativa.
Erguendo o dedo em desacordo, Mustafá afirmou:
— Errado. Eu preciso de você. Meu sonho é criar um mundo melhor, e para isso preciso de soldados, conselheiros e companheiros. Já tenho alguma força política e militar, mas me faltam generais competentes, pessoas que ainda não caíram na corrupção deste mundo podre. Vocês, de outro mundo, virgens da maldade deste lugar, são perfeitos para isso.
— O que estou fazendo é encontrar estrangeiros com habilidades úteis. Vou nutrir, treinar e conduzir vocês para se tornarem minha força de elite, meus braços e generais nesta revolução — continuou Mustafá, elevando seu tom de voz a cada frase, como em um grande discurso.
Sua voz eloquente parecia conduzir as emoções de Damiano, mas apenas na superfície. No fundo, Damiano analisava o que estava sendo dito com uma mente crítica, buscando falhas e ganhos.
“Esse cara é louco, pirado. Se o que ele diz é verdade, suas chances são mínimas, mas ele está tão confiante… Será que ele é apenas um idiota prepotente? Não parece ser o caso. Eu… vou aceitar. Acredito que seguir este maníaco me trará conhecimento sobre este mundo e tem algo nele que me lembra o Luccio, quero ver até onde ele vai me levar.”
Quando Mustafá terminou sua fala, Damiano já estava decidido.
— Então, Damiano, você irá me seguir? — perguntou Mustafá com confiança.
Damiano concordou sem hesitar, o que surpreendeu um pouco Mustafá e fez com que ele sorrisse de orelha a orelha, mostrando dentes brancos como pérolas, mas com caninos de lobo.
—Mas—disse Damiano.
—Você está cometendo um erro, saiba que eu não sou inocente como você pode pensar, eu matei, roubei, traí e fui traído, se você pensa que eu serei apenas um seguidor cego que vai obedecer qualquer coisa, você está mais que enganado.
Mustafá ri com força, sem saber ou não seu olho dourado parece brilhar ainda mais, como se sua diversão o alimentasse.
—Damiano, você não para de me surpreender, cada vez mais você se torna maior em meus olhos. Não se engane, o seu papel ao meu lado não será algo tão simples quanto um líder, você também vai estar responsável em contribuir com seus próprios ideais nesse meu caminho, não vou ordenar, você que irá concordar com meus atos, pois afinal eles serão justos, isso eu lhe prometo— falou Mustafá, com tanta convicção que Damiano achou difícil contrariá-lo.
—Com isso, Damiano, posso lhe dizer que eu sei um pouco sobre o seu mundo, a Terra. Eu sei que lá existem guerras, mortes, destruição e fome, mas o que há neste mundo, fora deste bosque. São horrores além do que você jamais viu.
Damiano engole seco e percebe seu erro. “Ele acabou de explodir uma parede com magia ou algo do tipo, provavelmente as calamidades deste mundo devem ser piores do que na terra.”
—Se for assim, eu vou te seguir, Mustafá me mostre o mundo do qual você quer tanto criar— falou Damiano de maneira honesta e confiante
— Ótimo, Damiano. Vou responder sua pergunta agora: como fiz aquilo? Simples: apenas projetei minha alma para fora do meu corpo, moldando a alma do mundo para se tornar parte da minha. Em outras palavras, subjuguei a vontade do mundo com a minha própria, e assim posso exercer poderes além do natural. Entendeu?
— Nem uma palavra — perguntou Damiano, com o rosto contorcido de confusão.
—Essa parte é sempre complicada, ainda bem que eu trouxe isso— disse Mustafá antes de fazer pegar de uma pequena bolsa escondida um pergaminho que parecia velho, mas resistente.
Mustafá abre o pergaminho mostrando a Damiano o que estava escrito, que sem surpresa não entendia nada do que estava escrito, mas aos poucos algo começou a mudar. As palavras e letras antes desconhecidas e embaralhadas começaram a se mover e vibrar e então, Damiano podia entender tudo sem desafios.
Mustafá prestou atenção a este processo, afinal era outro teste para ver até onde esta capacidade de adaptação de Damiano se estendia. “Impressionante, mesmo com sua alma tão fraca, sua ‘brand’ tem tal capacidade.”
Conseguindo agora ler o pergaminho, Damiano entendeu rapidamente do que se tratava, parecia uma espécie de manual, algo que poderia ter saído de um livro de fantasia do planeta terra.
—Este é um pergaminho de instrução, ele foi feito por um estrangeiro como você para auxiliar outros a entender este aspecto do nosso mundo, a formação da força da alma e seus estágios, leia e me pergunte se houver dúvidas, mas seja rápido o tempo é curto— exclamou Mustafá em tom de pressa.
Damiano assentiu e começou a ler o pergaminho de letras belas e de palavras novas.
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Estava parado por problemas pessoas, peço desculpas ao meu único fã por isso.