Omega Hero - Interlúdio 1
Me digam vocês humanos, conseguem imaginar o que seria “Um Paraíso Perdido”?
Provavelmente, sim! Não é mesmo?
Certamente pensaram numa era dourada da humanidade como no paraíso bíblico, não? Agora, conseguem descrevê-lo com suas próprias palavras?
Provavelmente, não! Não é mesmo?
Talvez pelo fato do tal “Paraíso Perdido” ser um local ideal, escondido no passado. Ou, por puro azar, esse lugar perfeito e de extrema felicidade seja um estranho desconhecido, para vocês, no presente.
Infelizmente, devo confessar, consigo ver toda a história dessa criatura de rara beleza e extrema mesquinhez que se chama ser humano.
Seu passado, seu presente e o seu futuro!
Pois, há mais de cem anos no futuro, o mundo havia se tornado um lugar assim, um lugar-nenhum para cada ser humano e, ao mesmo tempo, um lugar-estranho para todos eles juntos.
Infelizmente, a bela época em que a tecnologia se fazia presente auxiliando — e dominando — o dia a dia das pessoas: esse mundo não mais existia! Havia se tornado um estranho “Paraíso Perdido” para a “sua” gente do futuro.
Aliás, se porventura fosse recuperado dos escombros da antiga civilização, alguma gravação do dia a dia da magnífica Era dos celulares com tela de toque, tal vídeo pareceria — para seus descendentes no futuro — um filme de ficção científica.
Além do que, reconstruir uma sociedade esquecida seria uma tarefa bastante complicada. Um trabalho mais dificultoso do que contar os grãos de areia de um deserto!
Pois, naquele futuro com gosto de vinagre, inúmeras vidas humanas foram perdidas diante da catástrofe de uma sequência de guerras sem sentido.
O mundo se tornou um lugar ausente de heróis! Apesar de quase toda criança humana sonhar, entre os 7 e os 8 anos de idade, ser um deles como nos quadrinhos.
Exatamente nessa idade, o ser humano entra em contato, pela primeira vez, com o Poder Ômega, e, alguns afortunados dentre aqueles jovens sonhadores recebem o grande prêmio! Ganham um novo nascimento para algo “além do homem!”.
Indivíduos que detêm poderes capazes de subverter a realidade das coisas!
Então, se o futuro de vocês havia se tornado um mundo onde existiam “super humanos”, por que aquele não era um Paraíso Perfeito? Um mundo abarrotado de heróis como nos filmes de ação?
Talvez só o que aquele estranho futuro necessite, seja alguém com a virtude necessária para ser um mensageiro da esperança. Alguém com a bravura de um ideal que inspire seus companheiros. Alguém que manipule o sistema, colocando-o na direção de uma nova era de heróis.
Alguém, enfim, diferente de um humano normal.
Alguém igual um anjo!
Ω
Aquela definitivamente era uma presença não humana.
Apesar de que, ela manteve a forma humanoide durante todo o tempo em que falou para ninguém, todas aquelas palavras brutas e incompreensíveis.
Ela estava sentada sozinha à beira de um riacho, enquanto olhava para a lua pintada de vermelho.
Alva como nenhum ser humano poderia, a “presença” parecia ter sua pele feita de pura luz.
Vestia-se com uma roupa de trevas, cujo formato denso estranhamente não se dissipava em contato com seu corpo luminoso.
Repentinamente, ela parou de fazer ondinhas no riacho cor de sangue, cujo reflexo do luar mostrava o presente, o passado e o futuro.
Enquanto a Presença da Lua cerrava seus olhos com tédio, folhas de sakura caíam de uma árvore ao seu lado.
Cada pétala brilhava como vidro e estourava feito uma gota de chuva, ao cair delicadamente no chão.
Então, completamente desinteressada sobre o que acontecia no mundo, ela fechou os olhos.
— O anjo não voou hoje!
Em face daquela voz que eclipsava até o cântico das sereias, as pétalas pararam de cair.
— O anjo não voou hoje!
O riacho turvou o fluxo das águas.
— O anjo não voou hoje!
A lua apagou-se do seu brilho rubro.
O manto de trevas engolira aquele mundo apenas dela, transformando-o numa escuridão quase completa!
Apenas algumas penas luminosas, como de uma ave gigante, caíram iluminando o riacho. Indicavam que a Presença da Lua havia partido, e o mundo poderia voltar a andar novamente, livre do seu irresistível domínio.
Ω Ω Ω