Os Contos de Anima - Capítulo 1
Afastada da civilização, após dezenas de colinas, no fundo de um vale verdejante, cujo formato do declive era um tanto peculiar por ser semelhante a uma cratera, onde os conflitos de nobres, soldados, monstros e suas cruéis guerras nem sequer imaginariam chegar, existia uma vila.
Uma vila de pessoas simples, que viviam um dia após o outro sem grandes aspirações ou expectativas. Um lugar amável onde se podia tranquilamente nascer e viver toda uma vida sem jamais entrar em contato com o cruel mundo de fora do vale. Afinal, para que sair de lá? Tudo o que precisavam para viver estava bem ali.
O lugar era cercado por grandes árvores, muitas das quais produziam deliciosos frutos de tantas cores e sabores que era difícil de enjoar, com copas formando um “telhado” por sobre as casas que deixava apenas a quantia exata de luz necessária entrar, fazendo com que a maioria dos dias tivesse uma temperatura agradável que tornava o local um verdadeiro paraíso, com temperaturas nem frias ou quentes em excesso quase que cem por cento do tempo.
Por entre as árvores era fácil encontrar veias de água que fluíam por todo o local. Tendo sua origem em um lago situado numa grande clareira a oeste da vila que era conectada com uma cachoeira ligada a um rio que existia fora do vale. Porém, estas, apesar de numerosas, não podiam se comparar com a imensa quantidade de veias subterraneas que irrigavam e carregavam nutrientes para a rede de raízes que davam vida a fauna do vale.
Neste lago de águas quase perfeitamente transparentes, que continha em si apenas um leve tom de esmeralda, existiam peixes reluzentes de todas as cores. Estes viviam por lá em tal quantia que, quando a luz do sol brilhava em suas escamas, parecia uma nuvem de tons arco-íris estava submersa na água.
Os animais que viviam lá eram muitos. Por todos os cantos era possível encontrar pássaros de todas as cores e tamanhos ou insetos dos mais diversos formatos emitindo inúmeros sons. Também presente se encontravam diversidade de espécies mamíferas, e toda esta fauna possuía sua própria variação.
Se de um lado existiam os animais comuns, do outro, havia as feras mágicas. Diferente de seus semelhantes que apenas possuíam as habilidades em acordo com sua espécie, estes eram armados com corpos fantásticos, abençoados pela natureza com habilidades e poderes sobrenaturais muito acima de seus parentes desprovidos de tal poder.
Porém, ao contrário do que se imaginaria de um lugar tão cheio de variedades, e ainda mais considerando as espécies mágicas, todos viviam em perfeita harmonia.
Os moradores da vila se alimentavam dos frutos das grandes árvores e da colheita de seu cultivo, jamais caçando animais. Já estes não atacavam a vila, apesar de perambular por ela com certa frequência.
Qualquer produto feito a partir de material animal era criado usando partes daqueles que morriam de causas naturais ou do resultado de conflitos entre eles,qualquer outro meio de produção envolvendo as criaturas, tais como caça ou criação em cativeiro, eram terminantemente proibidos.
Os habitantes da vila não eram diferentes, eles também tinham sua própria diversidade. Ao passear pelas ruas da vila, por entre suas lojas, tavernas, casas e estalagens, era possível ver gente de todo tipo e espécie.
Existiam seres altos de feições afinadas, orelhas pontiagudas que era as vezes longas ou curtas, peles pálidas, olhos azuis, ou violetas, que brilhavam até mesmo na sombra da noite e cabelos prateados reluzentes que realmente pareciam ser feitos do metal precioso.
Outros semelhantes a eles eram uns que, ao invés de pálidos e de cabelos prateados, tinham cabelos negros como a noite, com a pele de um tom cobreado e olhos de um brilhante tom de verde esmeralda ou de cor âmbar avermelhado.
Todas as variantes destes seres altivos frequentemente eram vistos trajados de vestes longas com cores usualmente azuis, brancas, verdes ou carmesim. O ar ao redor deles distorcendo um tanto enquanto caminhavam, os dando um ar de poder e mistério.
Com a mesma facilidade que estes seres eram reconhecíveis, existiam também aqueles que se destacavam na vila justamente por sua aparência expressivamente diferente das pessoas comuns do vilarejo. Seus corpos eram de certa forma humanoides, mas as similaridades acabavam aí.
Sua fisionomia era, por falta de uma melhor descrição, animalesca. Não eram selvagens de forma alguma, afinal, não havia espécie mais sábia que esta em assuntos da natureza e seu poder. A única selvageria que continham, talvez, fosse em seus traços físicos e seu instinto que era indescritivelmente ligado a natureza e extremamente sensível a perigos e maus presságios.
Eles eram dividos em espécimes distintos de acordo com sua descência. Uns eram de parentesco mamífero, possuindo pelos por todo o corpo, cabeças similares as feras da categoria, além de, no lugar de mãos e pés, patas. Outros eram de parentesco reptiliano, tendo seus corpos cobertos por escamas, contendo apenas buracos no lugar de orelhas, caldas longas e linguas bifurcadas. E por ultimo existiam aqueles cujo parentesco era dos passáros, contendo as vezes braços com asas separadas nas costas ou unidas aos braços, com poderosas pernas e longas garras, penas por todo o corpo e bicos no lugar de boca.
Já outros se destacavam não por suas caracteristicas peculiares, mas sim pela simples falta de estatura fisica em comparação ao outros habitantes. Para qualquer trabalho com minérios, estes pequenos senhores eram os melhores no ramo. Inconfundíveis entre os povos, estes seres eram um tanto curiosos pois, com exceção dos mais jovens da sua raça, todos eles tinham traços adultos em seus corpos do tamanho de uma criança.
Se não por seu tamanho distinto, sua pele cor de bronze reluzente, o tinir das imensas quantidades de ferramentas em suas vestes ou o forte cheiro de metal e óleo que exalavam, a maneira mais fácil de descobri-los, especialmente numa multidão, era a algazarra que seus bandos causavam, sempre estando em grupos de no minimo três.
No fim, com todos os seus peculiares habitantes, esta era certamente uma vila reclusa, mas longe de ser parada no tempo. Com as habilidades de seus residentes e seus diversos intelectos, existia ali conforto e inovação que só existiam em pouquíssimos lugares ou, em alguns casos, exclusivamente ali.
Esta era Elysium, um lugar onde se pode, na maioria dos casos, viver do seu primeiro ao último dia sem jamais precisar sair. E nas raras ocasiões de um habitante nascido por lá resolver sair para se aventurar no mundo, inevitavelmente ele sempre acabava voltando. Não era que a vila o forçava a voltar ou algo do genêro, mas sim que o estilo de vida do lugar simplesmente não existia fora dali, e qualquer um nascido nesse ambiente utópico não era capaz de se acostumar facilmente com o ritmo acelerado do mundo exterior.
Ainda assim, por mais que os aldeões prezassem pela abundância natural provida por sua morada, isto não os impediu de aprimorar ainda mais o ambiente que facilmente era classificado como um dos melhores que existiam em todo o mundo.
Com algumas dezenas de casas, tavernas, abrigo para viajantes, comércio dos mais variados tipos de serviços, artefatos, forjas, quartéis, uma igreja e até mesmo um hospital, Elysium tinha de tudo. Mas se havia um lugar que os moradores valorizam, este era Anansi.
Um grande casarão com letras douradas fixadas a única entrada, que era uma grande porta dupla, e consistia em um único salão dentro de si. Com paredes repletas de estantes recheadas de livros das mais diversas cores, tamanhos, idades e conteúdos, contando algumas dezenas de cadeiras e mesas de madeira escura e uma mesa e cadeira maiores feitas para o uso dos instrutores.
Neste lugar, dos oito aos dezesseis anos, a geração mais nova da vila era instruída em matérias fundamentais, com exclusão da línguagem falada e escrita de barda que era responsabilidade dos pais ou guardiões a ensinar, pois ela era a língua oficial de Elysium. Desde conhecimentos básicos para a sobrevivência como estudo de ervas e plantas, técnicas de combate básicas e estudo da vida animal até estudos necessários para a vida em sociedade, como matemática, linguagem e história.
Além disso, caso demonstrassem algum interesse específico ou talento particular, os estudantes eram guiados para estudos paralelos com mestres dedicados a profissões e carreiras cujos estudos não faziam parte da grade comum, tendo o seu ensino restrito pela vontade e critério do instrutor.
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Neste momento, uma inquietude predominava dentro de Anansi. Trinta pares de olhos brilhavam com curiosidade enquanto seus donos cochichavam animados enquanto aguardavam em suas carteiras. A sua frente, uma mulher sentada sobre uma grande mesa de madeira escura com um grosso livro de páginas amareladas em sua mão, ocasionalmente folheando enquanto murmurava algumas palavras soltas.
O livro era antigo, sua capa feita de um couro duro na cor verde-floresta com um par de pontas mais grossas feitas de prata na lateral da capa. Na capa frontal havia bordado em fios de ouro, os dizeres escritos “Anima Mundus História”.
Altiva até mesmo sentada, sua presença era formidável. Seu cabelo brilhante e avermelhado como um rubi e seus olhos de cor violeta, com a pele pálida e curtas orelhas pontiagudas partes de um rosto um tanto afinado, com um nariz um tanto arrebitado e lábios levemente mais finos. Ela trajava uma longa veste carmesim com uma barra que chegava até seus calcanhares deixando apenas seus pés, que calçavam botas negras, a mostra.
Ela se levantou da mesa, mostrando agora sua altura total de dois metros, deixando o livro de folhas amareladas aberto sobre a mesa e começou a andar. As vozes sussurrantes dos trinta a sua frente fora abaixando ainda mais, até que, alguns instantes depois, quedaram silenciosas. O silêncio permaneceu por vários momentos enquanto a mulher andava entre as carteiras, seus olhos observando os estudantes com tal intensidade que ela parecia tentar enxergar através deles. Após algum tempo ela parou de andar e voltou a sentar sobre a mesa com suas pernas cruzadas uma sobre a outra revelando mais de suas botas escuras, finalmente se pronunciando, um leve sorrido decorando seu semblante:
— Sejam bem-vindos a Anansi — ela disse, sua voz suave — Aqui será o lugar onde, pelos próximos oito anos, terão encontros diários com os melhores e mais brilhantes mestres de Elysium. Aqui aprenderão todo o básico necessário para não parecerem completos parvos em qualquer lugar que desejarem viver, e, caso tenham o talento ou o desejo e o esforço, poderão aprender outras matérias.
Ela então apontou para seu peito e disse:
— Serei sua instrutora de história e costumes e me chamo Kaella Rubrum.
Os estudantes tentaram então se apresentar, disparando suas pequenas mãos ansiosas ao ar na tentativa de chamar a atenção, porém, foram rapidamente impedidos quando Kaella levantou um dedo a seus lábios e disse, sua voz agora mais firme:
— Teremos tempo para nos conhecer melhor nos próximos anos, portanto, por hora, dispenso apresentações. Como todo tempo é precioso, pretendo focar o máximo do mesmo ao nosso conteúdo, portanto, iniciaremos os estudos imediatamente.
Ela pegou o livro aberto em sua mesa e começou a ler em voz alta, fazendo com que qualquer protesto dos alunos rapidamente desaparecesse enquanto prestavam a atenção nas próximas palavras.
— Através da história de Anima, diversos poderes surgiram e sumiram com as areias do tempo — Ela disse — Muitos destes possuíam força para governar o mundo, mas nenhum jamais realmente conseguiu, apesar de alguns chegarem muito perto. Quando existiram, marcaram as eras com sua influência além de, obviamente, deixarem marcas de sua existência através de diversos artefatos e construções que perduram até o presente.
Kaella então tocou uma figura numa página do grosso livro, emitindo por um breve momento um brilho azulado, antes de projetar uma miniatura etérea de um punhado de pequenas rochas flutuantes repletas de plantas sobre si e decoradas com arcos brancos de pedra.
— Exemplos destas marcas históricas podem ser vistas nos jardins flutuantes do antigo Reino de Byblos, hoje aos cuidados dos Alfae, ou caso precisem de um exemplo mais próximo…
Folheou o livro, e nisso a projeção etérea se desfez, apenas para instantes depois uma nova projeção tomar seu lugar. Esta era de uma torre com escadas espirais ao seu redor que subiam até uma plataforma circular posta ao topo da estrutura.
— A plataforma celeste do extinto Império Solem — nesse momento sua voz se tornou fria e desdenhosa — hoje aos cuidados da sociedade histórica de Barda e seus incompetentes que têm a coragem de se nomearem “Historiadores”.
— Porém, não existe maior marca na história do que o texto que melhor descreve a divisão dos cinco poderes — Ela disse ao folhear o livro novamente e projetar um punhado de linhas — Não se sabe ao certo quem compôs esses versos, ou os espalhou por todos os povos de Anima, porém, após o surgir destes, pareceu mais que eram um decreto divino, e não mera poesia.
A projeção dizia:
“Para cinco sobre a terra, ar e mar é dado o poder de governar,
Para estes a grandeza há de chegar,
Seus filhos o mundo irão dividir por seu número,
E seus talentos prosperarão inigualáveis entre os outros.
Para os filhos eternos, a arcana excelência.
Para os filhos da floresta, a vibrância das feras é sua proeminência.
Para os filhos da rocha, a sabedoria da terra é sua fluência.
Para os negados a morte, a treva que os criou.
E para os filhos do pó, o poder do sangue lhes abençoou.”
Kaella viu que estavam confusos, então prosseguiu, explicando:
— Para cada uma das cinco grandes raças do mundo, um talento lhes foi concedido pela natureza para prosperar. Para os Alfae, cuja juventude é eterna, a magia é seu domínio. Para os Faeram, cuja proeza descende das feras antigas, a misteriosa arte druida é sua especialidade. Para os Gnoma, mestres vindos da própria terra, a sabedoria ancestral das rochas lhe asseguram. Aos Durza, seres corrompidos que morreram mas recusam o descanso final, o poder que lhes compõem e aos Humanos, cujos corpos de osso e carne não demonstram excepcionalidade alguma, sua inextinguível linhagem é sua arma.
“Acho que era esperar demais que entendessem, são apenas filhotes afinal” pensou e suspirou ao notar a contínua expressão vaga de confusão nos rostos das crianças, continuando sua explicação com uma tinge de desânimo invadindo sua voz.
— Centenas de anos se passaram desde a ascensão dos cinco grandes. Estes povos partiram o mundo em cinco regiões, com a exceção da desolada região de Inanis que, graças ao seu ambiente tóxico que repele toda e qualquer forma de vida, permanece intocada pelas cinco grandes raças.
Neste instante, porém, uma criança sentada na cadeira logo em frente a de Kaella ergueu sua mão acima da cabeça. Seus olhos vibravam com interesse, porém, seu corpo tremia levemente ao perceber que recebia toda a atenção da classe, e inclusive, da própria Kaella.
Era um garoto de cabelo castanho curto acompanhado de um rosto com um formato bem comum. Seus olhos eram um pouco pequenos e de cores diferentes. Enquanto seu olho direito era da cor castanho-esverdeado, o seu olho esquerdo era da cor lilás e a pele das pálpebras dele era pálida.
Kaella o observou com interesse por alguns instantes, e focou principalmente em seu olho esquerdo antes de acenar com a cabeça, indicando que podia prosseguir. A criança abaixou seu braço e perguntou, sua voz um pouco baixa:
— Instrutora Kaella… Você disse que cada raça tem seu talento, mas quais são essas raças? — Ele disse, e continuou, parecendo mais que estava pensando em voz alta do que realmente perguntando — Se os Alfae são mestres da magia, eles são os tios elfos altões de orelha pontuda que fazem coisas mágicas na vila né? E os Faeram, com proeza das feras… eles são os tios que parecem bichos da guarda da vila? Ainda tem a maioria da vila que não é especial em nada, que nem eu… então somos Humanos? E os Durza morreram, mas recusam a morte… mas todo mundo da vila tá vivão… então ninguém da vila é Durza né? Ah! Também tem os tios anões barbudos… eles são o que? Gnoma?
Kaella se viu surpresa por um momento ao notar que os palpites da criança estavam absolutamente corretos! Mesmo que não tivesse conhecimento completo das especificidades de cada espécie ou até mesmo a noção do quanto se essas espécies estivessem presentes, ele teria as ofendido com as grosserias que disse, ele extrapolou corretamente cada uma das espécies com o pouco que ela dissera.
Ela redobrou a atenção na criança por alguns instantes e sorriu, era muito bom encontrar um filhote humano que era capaz de um raciocínio tão bom. “Ensinar esse aqui pode ser bem mais produtivo que o resto” pensou, ela então olhou para os rostos embasbacados dos demais e viu as expressões pensativas de alguns filhotes Faeram, a expressão vazia de todo o resto dos filhotes Humanos, a expressão curiosa dos filhotes Gnoma e a expressão de desdém do trio de Alfae sentados logo ao fundo da sala.
“Aiai, se ao menos todos fossem um pouquinho mais como esse aqui…” suspirou e então respondeu:
— Exatamente… éee… Qual o seu nome mesmo filhote humano? — Ela apontou para a criança que fez as perguntas.
— Eu? Ah! Sim! Meu nome é Lucet! — a criança respondeu apressada, rindo nervosa.
— Sim…Lucet, você está absolutamente certo, cada um dos que citou é exatamente o que pensou — ela respondeu.
Apesar de uma serena expressão decorar sua face, ainda assim Kaella não conseguiu disfarçar uma pitada de irritação nas próximas palavras:
—Os “altões” com “orelhas pontudas” que “fazem coisas mágicas” são Alfae, ou como vocês humanos os conhecem, os elfos — então apontou para suas orelhas, um sorriso frio em seus lábios — e como pode ver, eu sou um destes elfos, portanto, sugiro que não se refira a nenhum da minha raça dessa forma, pois, nem todos são tão tolerantes como eu filhote de humano.
A sala caiu em risadas enquanto o rosto de Lucet brilhava com um vermelho subindo desde seu pescoço até suas bochechas. O riso, porém, durou pouco quando Kaella fitou a classe, desprezo e frieza na voz ao falar.
— Então quer dizer que os pequenos idiotas têm coragem de rir do único de vocês que demonstrou o mínimo de cérebro? Entendo… acho então que seria apropriado que os senhores me apresentassem apropriadamente às cinco grandes raças, elucidando minhas questões sobre suas origens, caracteristicas, geografia e outras especificades.
Os olhos violetas de Kaella pareciam cuspir fogo. Por onde seu olhar penetrante passase, o afortunado em seu caminho parecia sentir seu corpo em chamas e não conseguia parar de tremer ao ponto de que alguns chegavam a dar micro saltos em suas cadeiras ao encontrar os olhos da mulher.
— Ah! Os sábios mestres não se sentem dispostos a partilhar seu conhecimento? Entendo… bem, se houver uma próxima vez que isso ocorra, é bom que consigam responder meus questionamentos, do contrário, espero que estejam preparados para a punição que virá — Disse a elfa com um sorriso frio em seus lábios.
Ela então virou seu rosto, que agora continha um olhar gentil, para Lucet.
— Fique tranquilo pequeno humano — ela disse — Aqui em Anansi, dos talentos preciosos, o mais valorizado é uma mente brilhante. Não permitirei que perturbem aqueles que buscam ampliar seu conhecimento.
A mão da elfa começou a reluzir por alguns instantes enquanto o livro folheava sozinho, momentos depois ela colocou sua mão reluzente sobre a página em qual o livro havia parado. O livro brilhou enquanto a projeção anterior se desfez, a mão de Kaella ficou por mais alguns instantes sobre o livro e quando finalmente a retirou, as páginas amareladas projetaram cinco novas imagens.
Eram cinco brasões que representavam as cinco grandes raças e suas nações. O primeiro brasão era uma lua crescente com uma estrela no espaço vazio com “Lumina” escrito em letras azuis reluzentes num pergaminho antigo abaixo da imagem. O segundo brasão era uma árvore com um símbolo que parecia uma chama cravada em seu tronco que pulsava com um brilho dourado, com “Treanna” escrito em letras douradas numa folha verde logo abaixo. O terceiro brasão era uma montanha com uma coroa dourada a frente, com “Magni Aurum” escrito em runas feitas de diamantes cravadas numa tábua de pedra negra. O quarto brasão era um navio negro com uma caveira de olhos escarlates em suas velas, com “Morfell” disposto em letras feitas de ossos amarelados em sua bandeira negra. O Último brasão era um escudo azul contendo uma cruz dourada com uma joia vermelha em cada ponta da cruz e duas espadas atrás, uma placa de aço flutuava abaixo do brasão com “Barda” em letras pretas gravadas no metal.
— Preparem-se pequenos, agora vamos dar uma volta em alguns lugares muito interessantes.