Os Contos de Anima - Capítulo 16
Na arena, a tensão no ar era quase palpável. De um lado, Lucet, que estava desgastado e perceptivelmente exaurido de derrotar doze oponentes e do outro, a garota Faeram e seus lobos de ossos que tinham preservado perfeitamente suas forças, e que, apesar de saber dessa vantagem, não tinham coragem de atacar justamente por terem visto doze competidores serem derrubados em questão de minutos. Apesar de cansado, certamente o meio-sangue ainda tinha de ter alguns truques na manga, por isso, não atacaram ainda.
“Droga…Se eu tivesse lutado com mais calma, talvez tivesse mais energia sobrando” Lucet pensou, “Mas também teria demorado mais…Ah bem! Fazer oque?…Agora… como é que eu vou derrotar ela?” ele se perguntou. O garoto sabia que sua oponente já tinha visto suas cartas mais fortes, e que provavelmente não iria conseguir usá-las muito mais, portanto, ela estaria com a guarda alta até que tivesse gastado todas as suas forças para depois lhe atacar.
Além disso, ainda tinha que considerar os seis lobos que o atacariam no instante que fizesse seu movimento. Sua mana estava baixa, na melhor das hipóteses conseguiria usar os reforços do seu equipamento encantado por mais cinco minutos. “Ugh… mesmo com minha armadura mágica, ainda não vou dar conta de destruir todos os seis lobos e derrotar ela, o que é que eu faço?”
A barreira erguida por Maximilian era, apesar de capaz de isolar o som, incapaz de isolar as imagens devido a sua transparência. Se a proteção fosse alterada para isolar imagens também, os espectadores não seriam capazes de ver a competição, e isso tornaria até mesmo Maximilian, que era o juiz do torneio, incapaz de realizar suas funções.
A respiração de Lucet se estabilizava e sua energia lentamente se recuperava enquanto a garota não tinha coragem de atacá-lo.
— Fuuuuuu — ele expirou lentamente.
Seu coração já não batia disparado pelo esforço. Sua mente agora estava mais leve e seu corpo já não mais doía tanto, e, quando notou a dor em sua cintura, viu que o sangramento já havia parado e que apenas o arder da ferida restava. Lucet ergueu sua lâmina negra e a olhou cuidadosamente, ele então olhou os dedos que seguravam o osso que servia de cabo e viu que seus nós estavam brancos e finalmente notou a força que estava fazendo para segurar a arma.
Ele relaxou a mão e começou a jogar a lâmina de uma mão para outra enquanto dava alguns pulos para relaxar os músculos tensionados. Sua raiva já tinha diminuído consideravelmente e agora que pensava com mais clareza, sabia que Kaella não teria escondido isso dele sem ter uma boa razão. Sua própria existência era algo detestado pelo mundo, como bem viu com os mestres e os vários alunos que acabou de derrotar, e mesmo assim, Kaella em nenhum momento, seja na dureza do treinamento ou todos os ensinamentos que lhe deu, demonstrou qualquer tipo de coisa que não fosse genuíno carinho por ele.
Ela lhe deu uma nova morada, lhe treinou, lhe ensinou, lhe alimentou e sempre deu seu melhor para aprimorar suas habilidades. Isso não era uma mentira maliciosa para o enganar, mas uma simples ocultação para que ele pudesse crescer despreocupado.
Seu peito aqueceu e um sorriso brotou em seu rosto, uma curiosa sensação crescendo cada vez mais em sua mente. Quando morava com Albus no orfanato, apesar de ser bem cuidado, nunca sentiu que o homem fizera mais que sua obrigação, afinal, ele tinha de cuidar de outros dezenove órfãos.
Mas, nos quatro anos que viveu com a elfa, que por um acaso foram os melhores da sua vida, sempre sentiu algo diferente. O constante cuidado e atenção da mulher com ele, eram… estranhos para Lucet. Ele continuava brincando com a adaga cabisbaixo enquanto refletia, vários minutos se passando.
— Maldito… — a garota disse indignada, apontando para ele — Sou tão insignificante assim que você pode ficar despreocupado?
Por que ela estava temendo o meio-sangue? Suas forças já estavam praticamente acabadas! Ainda por cima, ele tem a audácia de a ignorar e brincar com sua arma enquanto pensa em outras coisas!? Não! Ela não iria aceitar esse desdém! Desde que nasceu, ela nunca foi ignorada dessa forma.
Sempre uma prodigia, Lupina Werwulf cresceu rodeada de elogios e de admiradores. Seu clã apreciou tanto seu talento que a enviou para Elysium através de muito esforço para desenvolver melhor suas habilidades com o mestre Faeram Griz Wulf que prontamente reconheceu seu talento e investiu tempo, esforço e recursos para esse fim.
Imbatível entre seus iguais, nunca ela encontrara alguém que fosse capaz de subjugá-la. O normal para ela era ver rostos sérios ou até medo explícito em seus desafiantes, mas o meio-sangue diante de si simplesmente a ignorou. O que ele pensava? Que só porque derrotou doze perdedores medíocres sozinho, era capaz de lhe dar uma surra? Não! Ela não iria aceitar isso!
— Vou te ensinar a nunca me subestimar! — Ela declarou furiosa.
— Matilha de ossos! — Ela comandou — Avante! Devorem meu inimigo!
Os “olhos” das feras esqueléticas pulsaram ao comando. Um uivo ecoou pelo campo e os seis disparam na direção de Lucet que estava completamente distraído.
Nas arquibancas, Albus e Iogi discutiam preocupados.
— O que ele está fazendo brincando com a garra desse jeito? — Iogi reclamou.
— Será que ele está enrolando para recuperar sua energia? — Albus propôs.
— Mesmo que fosse isso, a garota ia perceber a estratégia e não o daria a chance de se recuperar — Iogi retrucou.
— Será que ele ficou assim porque sabe que o choque da derrota em massa iria intimidar a garota o bastante , e por isso, a ignorou? — Albus sugeriu.
— Por favor presa-branca — Iogi respondeu rindo — Acha mesmo que Kaella treinaria alguém tão arrogante e descuidado assim?
Kaella apenas observava a luta em silêncio, mas também prestava a atenção nos comentários, afinal, o ponto de vista deles certamente poderia ser uma boa análise. Ao ouvir o comentário do Gnoma, o canto de seus lábios se curvou para cima levemente.
— Senhores — Maximilian comentou — Eu creio que os dois estão errados.
— O que quer dizer líder? — Iogi questionou intrigado.
— O garoto não está usando estratégia alguma — Ele riu — Ele só está pensando.
— Pensando? — Albus perguntou incrédulo — O garoto está perdido em pensamentos no meio de um combate?
— Exatamente — O homem respondeu rindo — Nem sempre podemos controlar cada aspectos de nossas mentes Albus. Ele é só uma criança, é normal.
— Mesmo sendo uma criança, isso não é desculpa para ser burro! — Iogi exclamou espantado enquanto apontava para a arena.
Albus e Maximilian viraram seus olhos para a arena. A qualquer instante os lobos iam alcançar e partir o garoto em pedaços com suas presas, e mesmo assim, ele continuava brincando com sua lâmina como se nada estivesse ocorrendo.
Lucet, que estava distraído em suas contemplações, finalmente despertou de seus devaneios ao ouvir dezenas de passos vindo em sua direção, perigosamente próximos. Ele levantou a cabeça e levou um susto quando viu o lobo mais a frente saltando na direção de seu pescoço, com total intuito de arrancar um pedaço da estrutura.
— Ai merda! — o garoto gritou.
Um borrão negro se ergueu e, no último instante, Lucet se defendeu com a lâmina. Ele alojou a lâmina dentro do crânio da fera e parou seu avanço ao travar suas mandíbulas com o corpo da arma. Suas manoplas reluziram e sua força braçal novamente dobrou. Ele agarrou o lobo pelo seu pescoço ossudo, desalojou a garra de seu crânio e então o arremessou no chão com toda sua força, rachando seu crânio e em seguida pisando no mesmo para tentar quebrá-lo e, mesmo que não conseguisse “matar” a fera, que pelo menos neutralizasse sua maior arma, as fileiras de presas afiadas que acompanhavam suas mandíbulas estranhamente poderosas para uma coisa feita apenas de ossos.
Os constantes impactos contra seu crânio deixaram a fera imobilizada, mas infelizmente, ainda “viva”. Lucet só conseguiu pisotear quatro vezes antes de ser forçado a evadir o ataque dos outros lobos que haviam chegado. Ele saltou para trás algumas vezes e colocou uma distância entre ele e seus atacantes.
Suas botas brilharam e ele acelerou na direção das feras. Ficar fugindo das feras iria apenas gastar sua mana desnecessariamente, então era melhor que desse um jeito neles, e rápido! Não iria conseguir manter os encantamentos funcionando por muito tempo, e sem eles, seria facilmente pego pelas feras.
— Se eu não posso vencer os soldados para ganhar a batalha — Ele recitou um ensinamento da sua memória — Então eu tenho que derrubar o general!
Suas mãos brilharam com mana e ele se abaixou, batendo-as no chão. A terra tremeu por um breve momento e então a pedra se mexeu. Uma grande parede de rocha que não conseguiam saltar se ergueu na frente das feras e impediu seu avanço, quando tentaram circundar a parede, mais duas se ergueram e bloquearam seus lados, quando tentaram retroceder, mais uma se ergueu e os aprisionou em uma estrutura parecida com uma pirâmide.
— Fiquem quietos ai um pouco — Lucet riu e avançou.
Ele deu a volta na estrutura e encontrou o lobo de crânio rachado se levantando. Lucet não perdeu a chance e prontamente pisou na sua cabeça, o empurrando de volta ao chão.
— Deita lobinho — Ele disse pisoteando várias vezes — Deita, deita, deita, deita, DEITA!
Na sua décima pisada, o crânio finalmente se partiu e o resto dos ossos pararam de se mover. Lucet suspirou aliviado e então virou sua atenção para a Faeram. Ele apontou para ela e disse, um sorriso maligno em seus lábios.
— Sua vez — ele desafiou — Vamos ver o que é mais forte, minha garra ou sua presa, garota lobo.
Suas botas brilharam e ele se moveu. Em instantes estava frente a frente com a garota, sua lâmina negra cortando o ar diagonalmente. Lupina reagiu com um rugido e cerrou uma de suas mão em volta de um objeto branco. Um flash de luz violeta cegou Lucet que foi forçado a recuar.
Ele esfregou seus olhos por alguns instantes e quando finalmente conseguiu enxergar, se deparou com a figura da Faeram saltando em sua direção, balançando um grande sabre branco que era estranhamente similar a uma presa. Lucet por instinto ergueu seu braço que carregava a adaga negra e usou para bloquear o ataque enquanto virava seu corpo.
Seus ossos estalaram e seus músculos em conjunto com suas articulações arderam ao resistir não apenas o peso do sabre branco, mas também a força por trás da arma. Ele tinha de reconhecer, mesmo quando Kaella lhe falava da superioridade física dos Faeram, ele nunca imaginou que fosse tanta! A garota era pelo menos três vezes mais forte que ele sem o uso de suas manoplas encantadas, e mesmo usando elas, ele ainda não tinha força o suficiente para derrotá-la.
Ele girou todo seu corpo e inclinou sua adaga fazendo o sabre deslizar e acertar o chão, que rachou com o impacto do sabre que se alojou no solo. Sem dar tempo dela reagir, Lucet disparou um chute lateral nas costelas da garota que não conseguiu bloquear e grunhiu com o impacto. Agora que estava num combate em distância corpo-a-corpo, Lucet optou por desativar os encantamentos para conservar sua mana.
Ela caiu e conseguiu tirar o sabre do chão, então, rolou para o lado e assim que conseguiu colocar seus pés no chão, ergueu seu sabre e avançou contra Lucet, tentando o atravessar com sua arma. Ele saltou para trás e usou sua adaga para desviar o ataque para cima, girou seu corpo, agarrou o cabo do sabre, puxou para trás e usou a garra para tentar apunhalar a Faeram.
Porém, Lupina conseguiu reagir muito mais rápido do que Lucet esperava. Ela inclinou o corpo levemente para trás, escapando do alcance da garra, e depois ergueu sua perna e disparou um chute frontal no plexo solar de Lucet com tanta força que não só o fez cair no chão, mas também o fez voar por quase um metro antes que caisse.
No momento do impacto, sua armadura brilhou e produziu um escudo translúcido que bloqueou o chute. Porém, o escudo não foi capaz de suportar a força e foi estilhaçado ao conseguir reduzir apenas um terço do choque. A armadura leve de couro não foi capaz de fazer muita coisa em termos de proteção também, mas ainda assim, mais um décimo da força original foi decrescido do golpe.
O mundo escureceu a medida que o ar fugiu dos seus pulmões e uma dor tão intensa quanto enfraquecedora tomou conta de seu corpo. Lucet abria a boca repetidas vezes, desesperadamente buscando recuperar seu folêgo, mas o ar parecia recusá-lo. Ele arfava freneticamente tentando roubar o ar do ambiente para si, pequenas doses por vez, mas cada esforço era seguida de uma tosse que roubava ainda mais suas forças ao passo que seu corpo se contraía em posição fetal, seus abraços abraçando seu abdômen enquanto tentava diminuir a dor.
— Onde está a força que mostrou antes? — Lupina zombou ao olhar sua figura.
Ela lentamente caminhou até ele, seu grande sabre branco apoiado em seu ombro. Lucet não conseguia pensar, a dor e o sufoco enevoaram sua mente, e quando a garota o atacou novamente, ele não conseguiu reagir. Ela o chutou novamente na direção do plexo solar, mas como os braços do garoto estavam na frente ela os acertou, e Lucet, que finalmente estava recuperando seu folêgo, gritou de dor ao sentir seu braço esquerdo, que estava mais por cima do direito e acabou por protegê-lo, quebrar com o impacto.
Ela então agarrou sua cabeça e o ergueu até que seus olhos se encontrassem. Naquela posição, Lucet finalmente pode observá-la direito por um momento. Ela vestia um sobretudo verde-claro com detalhes em forma de folha na cor verde-escuro nas bordas e nas mangas, botas de combate pretas e calças marrom-escuro. Por um instante ele sorriu de leve pensando que ela parecia uma árvore, ainda mais quando considerava seu pêlo castanho e seus olhos cor de âmbar. Lupina, porém, tomou isso como desdém e se enfureceu.
— O que é tão engraçado meio-sangue? — Ela rosnou — Está neste estado e ainda consegue rir?
Ela cravou o sabre branco no chão e usou sua mão agora livre para socar Lucet no estomâgo.
— Vamos meio-sangue! Responda! — Ela gritou enquanto o socava — Onde está sua arrogância? Onde está o poder que demonstrou ao derrotar os outros doze? Será que tudo que consegue fazer são apenas truques medíocres e trapaças para vencer?
Ela o socou mais algumas vezes a ponto de fazê-lo cuspir sangue, porém, ele não respondia, seus olhos turvos e sua consciência falhando, Lucet não conseguia formar palavras. Ela finalmente desistiu de continuar, ele já estava derrotado. Seu ego agora apaziguado e sua fúria já consideravelmente menor, ela agora o olhava com o mesmo desdém que tinha olhado anteriormente no encontro antes da batalha.
— Um lixo fraco como esse ainda tem coragem de se distrair num combate — Ela zombou, suas palavras ácidas — Não é a toa que meu mestre estava tão confiante. Essa tal de guardiã deve ser só isso mesmo, uma verme protetora de livros.
As palavras àcidas da Faeram atingiram Lucet, e sua consciência que estava prestes a colapsar foi revigorada ao passo que seus olhos abriram completamente, uma chama de ódio brilhando neles. Sua mão que estava relaxada e prestes a largar a garra negra contraiu com toda sua força e Lucet finalmente falou.
— Se você tivesse parado por dez segundos de me socar, sua maníaca — Ele falou, tossindo — E me desse tempo tomar folêgo, eu teria lhe respondido o quanto quisesse. Mas, acho que era esperar demais que alguém de uma raça de loucos por combate também tivesse cérebro o bastante para considerar que as pessoas precisam RESPIRAR para poder FALAR!
— Seu maldito! vou acabar com você! — ela gritou e socou.
Porém, Lucet sorriu e respondeu.
— Lição de combate mágico número três — ele recitou — O momento mais fácil de sofrer uma derrota é quando você ataca para dar o golpe final.
Lucet reagiu e ergueu seu joelho no último instante e o usou para redirecionar o soco para o lado, que acertou nada além de ar. Um borrão negro passou perto da mão que segurava a cabeça dele, instantes depois um grito de dor foi emitido pela garota.
— Minha mão! Eu vou te matar!
Lucet usou a garra para decepar a mão que segurava seu crânio. Seu corpo caiu e sua mana, que estava perigosamente baixa, finalmente se esgotou quando ele realizou o seu próximo, e último, ataque. A sombra abaixo de si alargou e ele mergulhou no plano sombrio, já Lupina, que já tinha visto essa técnica agarrou seu sabre, ergueu-o à frente de seu peito, e virou seu corpo para onde suas costas antes estavam.
— Isso não vai funcionar em mim! Eu já conheço esse truque! — Ela declarou confiante.
Porém, diferente do que ela esperava, Lucet, ao invés de surgir atrás dela, ele saiu da sombra exatamente no mesmo lugar onde estava, e como sua mana já estava no limite quando entrou o plano sombrio, foi quase automaticamente expelido com força total.
Na arquibancada Griz Wulf já gritava em pé furioso.
— Maximilian! Pare o combate! Desfaça a barreira e me deixe entrar! — ele demandou.
— E porquê eu deveria fazer isso? — ele perguntou desinteressado.
— Ele decepou a mão da minha aluna! Ele tem que ser desclassificado! Me deixe entrar lá! Eu preciso recolocar a mão dela antes que eu perca o curto tempo que tenho para evitar sequelas! — Ele exigiu.
Os mestres, que a essa altura estavam desesperados, viram a oportunidade de se livrar da expulsão e concordaram.
— Sim! Aquele monstro mestiço tem que ser parado e desclassificado! Deixe-o entrar líder! — Eles disseram em uníssono.
Uma aura esmeralda explodiu do corpo de Maximilian, e quando sua voz soou, parecia mais um rugido de uma fera colossal do que a voz de um homem de sua idade.
— SILÊNCIO! — Ele ordenou — Quando sua aluna estava o castigando a ponto de ameaçar a vida do garoto, Kaella não exigiu nada e eu não teria parado o combate mesmo se ela o tivesse feito, agora, só porque sua protegida teve uma mera mão decepada, que está longe de se comparar com os danos sofridos pelos órgãos internos do garoto, você quer que eu pare a luta? De forma alguma! Em combates reais, não existem guardiões que irão salvar a vida deles toda vez que estiverem em perigo. Eles devem enfrentar a vida e o mundo com sua própria força, do contrário, nunca serão verdadeiramente grandes.
Diante da lógica, e especialmente do poder, de Maximilian, Griz não conseguiu retrucar e se sentou.
Todos seguravam o folêgo assistindo ao combate. Lucet surgiu das sombras como um raio feito de trevas e em instantes estava a alguns metros no ar. Um uivo de dor ecoou pela arena, seguido dele, uma linha negra reluzente surgiu nas costas de Lupina apenas para sumir e dar lugar às roupas que violentamente foram rasgadas por um horrendo diagonal corte tão profundo que chegava a mostrar as vértebras e costelas da garota.
O silêncio tomou conta de todos enquanto Lupina caiu de cara no chão desmaiada, seu sabre desintegrando e se transformando de volta no objeto branco, que ao verem de perto, descobriram que era uma presa de lobo. E Lucet, que estava no ar, caiu bruscamente no chão e, depois de grunhir de dor por uns instantes, desatou a gargalhar, seu corpo estirado no chão arenoso da arena.
— Nunca mais…hehe… Nunca mais você vai falar merda sobre minha mestra de novo sua vadia! — ele xingou.