Passos Arcanos - Capítulo 147
— Hoje, dia 21 de Setembro, do ano 1020RM, damos início ao julgamento do Mago de primeiro Núcleo, Orion Baker, das Caldeiras. — Sanduc estava no topo do salão, ao lado esquerdo de Magnus. A direita do diretor, Tauros. — Antes de começarmos, essa sentença remete a diversos fatores que ligam um homem a outro, humilhação a famílias nobres e camuflagem de informações.
Orion pensou que haveria umas cinquenta pessoas, no mínimo, mas os Magos de todas as classes, os professores, zeladores e até mesmo convidados marcaram presença. Nenhum assento ficou vago. Reconheceu Fineza e Richard na ala dos Magos de primeiro Núcleo, e Martin Crons com um olhar irritado.
Devem ter falado muitas coisas pra ter deixado ele assim.
Quando procurou por Lafel, ficou impressionado que ele tinha se instalado ao lado do Selector Driek, no alto do salão, onde os outros Selectores também assistiam. Era uma ótima chance de gravar o rosto de cada pessoa que viva na Academia.
Foi virando o rosto que achou os membros da família Lila e Dalila, os Godoy e também os ReinHert. Alocados em uma parte mais afastada e acima do restante, uma posição nobre para se distinguirem dos demais.
Até aqui eles são tratados como superiores.
E dava para ver a irritação estampado neles.
— O primeiro assunto será dado pelo nome de Professor. — Sanduc puxou um papel e pôs em cima do outro. — Orion Baker, sua relação com o Professor pode ser considerada ‘Próxima’ ou alega que não possui nenhum tipo de conexão?
— Sou próximo dele.
— Próximo quanto?
— Bastante.
O Selector fez uma pausa.
— Acha que estamos brincando aqui?
— Essa é uma pergunta do julgamento ou é pessoal? Porque se for pessoal, você está indo contra a regra de número 14 do julgamento, colocando sua pessoa acima do estatuto, o que levará o senhor a ser descartado para que outro possa assumir o lugar.
O único que deu uma risada foi Magnus, mesmo que discreto. Sanduc apenas olhou para o papel.
— Explique para o juri…
— Não existe juri aqui, senhor. O que existe são pessoas que estudaram sua vida toda se baseando em história e experiência para escolherem meu destino. — Olhou ao redor. — Seu juri seria uma família derrotada por mim no treinamento? Ou seus Selectores que estão tentando me espionar a cada passo dado dentro da Academia? Ou Magos de Quinto Núcleo que deveriam fazer minha escolta num dia como esse enquanto tomo café no refeitório?
— O juri é baseado em pessoas que nunca entraram em contato com você.
— Mas, eles entraram com você, Selector. A imparcialidade de um julgamento deve ser notado dentro todas coisas como o fator principal, sendo que eu deveria ter pelo menos uma defesa constante. — Olhou ao redor. — Sou acusado e não possuo um defensor.
— As muitas conclusões da sua pessoa tornaram esse julgamento sem defesa. Por que deveria se defender se ainda nem acusado foi?
— Se não fui acusado, por que tenho que responder suas perguntas? E se não sou acusado, isso aqui não é um julgamento. — Orion esticou os dois braços, ambos presos por uma marca mágica. — E se não sou acusado, por que tenho que usar isso?
— Medidas de precaução, Orion Baker.
Deu de ombros, seu primeiro golpe já tinha sido feito.
— Quer a explicação sobre o Professor e eu, não é? Te darei isso. Nasci nas Caldeiras, cerca de dezoito anos atrás e nasci sem honra…
Um jovem guiado pelo desejo de aprender. Seu pai o aprontou para estudar Arcanismo Comum, e seus professores de esgrima ensinaram como segurar uma espada. Nasceu com o dom em ambos os casos, chegando ao máximo dentro das Caldeiras, até o início do último ano.
— Professor se apresentou a mim como uma figura indiscutível, no qual aprendi a falar, ouvir e debater. Ele é meu mestre desde que me considero gente, e por isso, minha conexão com ele é essa.
Sanduc não parecia esperar uma resposta tão longa, tanto que fez uma pausa e puxou outro papel para si. Até Poulius que sabia mais do que os outros parecia inquieto. O nome do Professor tinha muita força por causa dos projetos.
— E os projetos preparados, a quem pertence?
— Eu sou aprendiz dele, senhor. Se meu mestre não estiver presente, eu respondo por ele.
— Como poderia responder se seu nível está abaixo do dele?
— Como poderia saber meu nível se nem Escolástico o senhor é? — Orion não disse por maldade, mas era a verdade. — O único que teria capacidade de me avaliar seria o Selector Drieck, não o senhor.
Qualquer um no salão soltou um suspiro. Claro, as palavras de Orion Baker desprezavam o título de Sanduc de uma forma que colocava Drieck acima dele. E um ensinava nobres, o outro ensinava Escolásticos.
Mesmo não sendo discutido, Orion abaixou o nível de Sanduc em um nível surreal.
— Eu poderia avaliar qualquer uma das suas capacidades, Baker. Sou um Arche-Mago de Terceiro Núcleo.
— E o que isso tem a ver com o seu conhecimento em Arcanismo? Sou graduado em Arcanismo Comum, Arcanismo Enferrujado, Arcanismo Médio e Avançado. Especialista em Métodos de Lecionar, Runas e Símbolos. Tenho permissão para discutir com Anciões sobre Matrizes e Ligações Maníacas, além de ser fluente em cinco línguas diferentes, senhor. Incluindo uma que nem mesmo poderia ser dita aqui. Eu gostaria que apontasse o dedo para alguém que tem o mesmo nível de conhecimento que o meu dentro desse salão.
Magnus olhou para Tauros. O Selector de Desenvolvimento de Projetos abaixou a cabeça, quase rindo. Não só ele, mas Drieck e Handley esboçaram divertimento ao ver Sanduc sendo pressionado.
Mas, quando Oblak se levantou, o ar leve se tornou pesado. Aquele era o homem que poucas vezes levantava a voz. Ele caminhou até onde Sanduc estava e nem precisou pedir para tomar o lugar.
Não pegou em papel nem nada, apenas ficou parado ali.
— Suas condecorações são exemplares, Orion Baker. Na sua idade, metade dessas conquistas eu nem pensava em obter. No entanto, está sendo julgado por algo além delas. Os Selectores possuem provas de que você é o Professor.
Esse joga mais sério do que Sanduc.
— Tenho direito de ouvir sobre essas provas, senhor?
— Assim como sua mana foi integrada no nosso banco de dados, o Professor, quando defendeu São Burgo de Azrael Carnage, também entrou. Nós comparamos e achamos cerca de 99% de assimilação.
Foi ai que as vozes se levantaram. Magos de primeiro a Quinto Núcleo, os professores e os convidados de longe. Cada um deles comentando. Orion não tinha noção de que eles tinham um banco de dados.
Seria o banco de dados que eu doei para a Ordem? Como eles teriam?
— Qual a sua defesa sobre isso?
Viu Magnus se levantar, mas antes disso, Orion ergueu a mão.
— Se acalmem. Acham que assimilação tem a ver com identidade, fico desapontado. Antes do Arcanismo Comum, existiram Meios que os humanos nunca pensaram que existiriam se não fosse nos mostrado. BioArcanismo é um dos métodos que os Elfos, muitos anos atrás, aprenderam e usam em suas vidas cotidianos. Vou contar a história de um rapaz, que ao nascer, teve uma doença que desfez seu núcleo mágico. Essa pessoa sou eu.
Comoção, dessa vez, até mesmo em Magnus.
— Você nasceu sem um núcleo? — Oblak perguntou em tom de choque. — Nunca existiu nada parecido ou datado que indique isso.
— O Professor me deu a oportunidade de ser quem eu sou, e por isso, assim como sou grato aos meus antepassados por ser um Baker, não posso deixar que manchem o nome deles. Um Baker, nascido sem núcleo mágico, querem confirmação? Entrem em contato com qualquer Ancião das Caldeiras de Ilhotas.
Oblak olhou para Magnus e Magnus olhou para Kevin. O rapaz saiu em disparada para dentro de um corredor e alguns professores fizeram o mesmo. Eles iriam, mesmo que demorasse um pouco, ter o aval de sua resposta.
— E como isso te ligaria ao Professor?
— ‘Integração de Núcleo’, esse é o nome que foi dado. Depois de muitas pesquisas, os seres vivos que não possuíam Núcleo foram jogadas de lado numa época em que a magia se tornou o pilar do continente. Meu mestre procurou estudar e acertou essa magia, as runas e também os símbolos. Mas, para ser feito uma transição entre os Núcleos, ele precisaria tirar de algo ou doar.
— Quer dizer que ele doou a si mesmo a você?
— Sacrifício? Não. Ele não é alguém tão bondoso. As palavras dele foram “Se você tiver a capacidade de andar com suas próprias pernas, te darei metade do meu núcleo. Se falhar, eu arranco ele de você”. — Orion ergueu a mão e a manga de sua roupa deslizou. O símbolo negro, enrolado ao seu braço pintou a pele em três anéis. — Ele me confinou a ser quem eu sou, senhor. Por isso nós somos similares.
A porta se abriu e Kevin retornou com um documento em mãos. Assim que entregou a Magnus, os Selectores o fitaram. Oblak também esperou.
Dois dias era suficiente para criar a melhor mentira que esse mundo inteiro iria ouvir, e não havia ninguém no continente que seria capaz de dizer o contrário.
Após terminar, Magnus deixou a carta a Oblak.
— O que ele diz é verdade. — As palavras do diretor causaram tumulto. Martin e Lafel também tiveram reações de choque. — Silêncio, por favor. Silêncio!
As vozes foram morrendo lentamente.
— Orion mostrou veracidade em cada palavra dita, em cada diálogo e nos mostrou a sua competência e coragem. Nenhum de nós diria que veio de uma família desonrada ou que não possuí núcleo mágico de forma orgulhosa como a dele. — Se levantando, olhou para cada Mago e aprendiz daquele salão. — Esse rapaz lutou até aqui e não tenho dúvidas que continuará fazendo o mesmo. Odeiem, desprezem e humilhem, a vida dos mais fracos se baseia nisso até os tempos de hoje e quando vemos que somos nós os errados, viramos o rosto. Esse julgamento reteve muito mais do que a história, tirou a integridade desse jovem que tanto nos ajudou até agora. A mana dele pode ser a mesma que o Professor e que fosse a mesma do Papa, quem teria direito de julgar ao outro com essa decisão? Orion Baker é um aluno da Academia de Magnus, como eu fui um dia, e hoje foi a primeira vez que vi alguém ser taxado de forma tão indecente.
O cansaço evidente no diretor tirou Tauros de sua cadeira e o ajudou a se sentar. Ele está atuando tão bem.
Sanduc e Oblak foram os únicos que não mantiveram-se calados.
— Senhor, ainda existe duas acusações. Tenho permissão para continuar?
— Fique a vontade se ainda duvida desse jovem.
Era óbvio que o próprio diretor estava contra. A Academia tinha uma imensa hierarquia dada pelos os últimos diretores, Magnus nada faria para ir contra. Sendo que os Selectores carregavam boa história e prestígio da atualidade.
A função de um diretor era coordenar, e os Selectores obedeciam.
— Agora, a segunda acusação sobre você, Orion Baker, vem do fato de sua presença no Treinamento Infernal, que a Academia normalmente produzi, teve um impacto negativo entre as famílias nobres. Eles te acusam de humilhação, insubordinação e também tentativa de assassinato.
— A última é ridícula, senhor. Como alguém poderia morrer sendo que está em um lugar que está em observação constante pelos Selectores?
Oblak pareceu concordar.
— E as outras duas?
— Dentro da Academia de Magnus, quem dá o aval para ser forte ou fraco? Vocês ou o diretor? Desculpe, mas não vejo veracidade em me considerar culpado por ter humilhado alguém. Eles nem mesmo conhecem o significado dessa maldita palavra. — Orion virou o rosto para os Lila e Dalila. — Humilhação é ser arremessado num lixão e não ter o que comer durante a infância, tentando que pedir esmola de porta em porta para sobreviver. Humilhação é não ter direito a tomar um banho porque seu nome é manchado na história. Humilhação é ter a sua família desligada de todas as honrarias que teve batalhando década por década para um homem determinar se ela pode ou não usar magia por medo do que podemos fazer.
— Medo?
O homem que se levantou era representante dos Lila, e tinha um bigode extremamente longo, ligando-os a barba. Careca, de olhos fundos, transpassava mais soberba do que arrogância, entretanto, na voz havia irritação.
— Medo — respondeu Orion. — O que fiz aos seus preciosos herdeiros eu faria de novo porque não infinge regra alguma. Sim, eu bati nos seus adoráveis herdeiros, e faria de novo se me estivessem no meu caminho. Entendam, senhores, minha vida inteira foi uma luta constante, e não vou recuar porque um ou dois lordes de uma cidade distante de uma família nobre acha que eu deveria pagar condolência.
Resklo Lila, esse era o indivíduo com maior autoridade de representação fora de sua família. No entanto, dentro da Academia de Magnus, ele apenas poderia lançar um olhar em suplica para os Selectores.
Oblak reagiu.
— Então, condiz a verdade de que se eles entrarem no seu caminho fora da Academia, os mataria?
— Acho que não está entendo, senhor. — Orion deixou bem claro sua insatisfação. — Não tenho rixas com essas pessoas, se fossem os Godoy, se fossem os ReinHert, se fossem os Selectores da Academia Magnus, eu não pensaria duas vezes.
As vozes acumularam-se novamente em um descuido. Os xingamentos recebidos não eram nada comparados ao que passou nas Caldeiras de Ilhotas. Essa plateia era simplesmente inofensiva quando posta ao lado dos Vidian e dos Robert.
Esse caminho trilhado até ali, qualquer pedra deveria ser retirada a força. Mestre Cassiano sempre dizia que se não fossem os fortes a dominar, os fracos fariam isso também.
Ofender Selectores? Orion apenas se colocou no mesmo patamar que eles. Igualar o nível dos seus adversários ao seu, respeitando suas honrarias.
— É uma incrível declaração de guerra — Oblak respondeu, ainda calmo. — Estamos claros de que os Selectores chegarão a um acordo sobre sua punição por suas palavras imprudentes a nós e aos Lila e Dalila.
— Selector Oblak — Resklo Lila ergueu a voz —, eu gostaria de providenciar a completa prisão desse verme Baker.
— Acho que o senhor deverá fazer uma…
O Meio do salão lançou uma imensa camada de mana para fora, Orion estava em seu centro. Os dois olhos arregalados na direção do homem, e seu ódio banhado ao redor do corpo. Os Magos de Terceiro Núcleo espalhados na plateia simplesmente ergueram uma barreira para proteger os outros, e os professores tiveram que cuidar dos aprendizes com suas próprias mana.
Os Selectores inclinaram-se.
— Ele está usando a mana do seu corpo para pressionar o ambiente — Magnus comentou com curiosidade. — Incrível que a marca mágica tenha suprimido tão pouco dele.
— É um ultraje — Raissan disse pela primeira vez no julgamento. — Orion não pode ameaçar nenhuma casa nobre desse jeito. Está cavando seu patrocínio futuro.
— Mesmo que os Dalila e Lila fazem a contratação de Magos, eu duvido que esse rapaz quer a ajuda deles — Drieck se divertia vendo o susto rodear o salão. — E pior ainda, ele não precisa disso.
Oblak usou sua própria mana para controlar o poder emergido de Orion.
— Pare agora, Orion Baker.
— É melhor que o senhor realmente me pare, senhor Oblak. — A mana se condensou em fogo e ar em algumas pontas, cada vez mais violentas. — Porque se não fizer, vou fazer com que ele engula o xingamento a minha família.
A manca mágica em seus pulsos estava perto de se desintegrar. A quantidade de energia imposta sobre ela era capaz de rachar sua estrutura, e como sua matriz era feita para Magos de primeiro Núcleo, sua rigidez era baixa.
Só mais um pouco e posso me livrar desses ratos.
— Orion. — A voz veio de cima, do homem que ordenava a Academia. — Se acalme, por favor.
A mana travou no ar e se reteve numa sucção espiral de volta para seu mestre. Resklo caiu sentado no Meio dos seus familiares, respirava fundo, ofegante.
— Ouse falar novamente o nome da minha família dessa forma, então depois de um tempo posso ser julgado por assassinato.
Magnus levou a mão ao rosto.
— Gostaria de continuar com esse julgamento até o final, mas parece que teremos que fazer uma longa pausa. Orion, por seus argumentos, eu o declararia inocente, mas seus atos hoje custaram bastante de nosso nome. A Academia não ameaça membros patrocinadores, nem mesmo civis, por esse fato, será sentenciado a um mês na prisão isolada, na Torre de Kristal.
— Apenas um mês? — Sanduc se ergueu, feroz. — O que ele fez mancha nossa história, senhor.
— O que acabou de acontecer remete minha escolha, Selector. — Encarou Sanduc, carrancudo. — Quer ir contra mim, jovem?
— Não, senhor. — A cabeça dele se abaixou.
— Ótimo. Levem Orion para a cela, e o restante de vocês, voltem aos dormitórios. O julgamento terá início quando as partes estiverem equilibradas. Até lá, as famílias nobres serão alocadas nos dormitórios privados e passarão os dias conosco.
Depois daquilo, Orion foi agarrado pelos dois braços e levado por dois Magos de Quarto Núcleo. Subiu escadas e mais escadas, até o último andar da torre feita de pedra branca e jogado dentro de um quarto com cama e janelas.
— O diretor disse que era para entregar isso a você. — Um dos Magos devolveu sua sacola espacial. — E disse que era para olhar dentro dele.
Os dois fecharam a porta, uma barreira desceu instantaneamente pelas paredes.
— ‘Contensão Disciplinar’ — Orion notou. — Parece que foi modificada e ficou muito mais forte.
Enfiou a mão dentro da sacola espacial e puxou.
— Oh, isso não estava aqui.
Eram seis livros, amarrados por uma fivela, largos para se ter mais de mil páginas cada um.
— ‘Boa leitura, jovenzinho’. Esse velho realmente tem culhão. É o segundo volume de ‘Matrizes Antigas’.
Seria um mês de puro estudo. O julgamento não tinha sido ruim, expôs aquilo que achou necessário e também confrontou as partes que se achavam forte. Magnus não queria uma plateia, mas Orion fez questão de deixá-los assistir.
Queria desfazer o mito das famílias nobres e seu poder. Dominá-los com sua mana foi o prato principal, porque mostra que história nada pode fazer contra uma força maior. Esperava que sua decisão levasse aos outros de sua idade e geração a entenderem esse fato.
Se o medo fosse menor do que a coragem, o continente seria virado de cabeça pra baixo.