Passos Arcanos - Capítulo 163
Os dois foram acordados por Farram. Dali pra frente, as perguntas viraram frequentes. Orion ouviu atentamente o apelo dos dois, duas figuras chorando e pedido perdão, mas que estavam ali por uma única causa.
— Cro caiu para os Feiticeiros — as lágrimas da mulher escorriam pelo queixo. — Por favor, não temos intenções maldosas. Eles estão sendo mantidos como reféns, e não podemos fazer nada para ajudar. Só conseguimos correr para cá, por favor, nos ajude.
Os dois se aproximaram do restante do grupo e ligaram a runa, excluindo os dois da conversa.
— Não temos homens suficientes para nos dividir, senhor — disse Farram. — Mesmo que Lingot tenha sido derrotada, ela era mais forte do que todos nós juntos.
— A mulher tinha bastante força — concordou Randysse. — O Desfiladeiro fica quase na mesma direção, vamos ter que tomar apenas uma rota diferente.
— Eu concordo com Farram — Cliff ergueu a mão. — Mesmo que fossemos todos, os Feiticeiros podem jogar uma maldição e acabar com a gente.
Orion olhou para os dois presos e suas caras de derrota. Eles foram humilhados pelo inimigo, isso era claro. Levou a mão a runa e desligou-a.
— Ei, vocês dois. Como sua chefe foi derrotada?
A mulher respirou fundo duas vezes, mas não conseguiu falar.
— Nós fomos traídos.
O grupo se atentou. Randysse cruzou os braços, ficando ainda mais sério.
— Traição? Nenhum membro da Ordem daria as costas para seus colegas assim.
— Não. Não eram pessoas normais. — Ele tinha medo, algo que assombrava sua mente. — Eles eram nossos colegas, Ash e Craso, e do nada, eram criaturas horrendas, de caras dobradas e corpos estranhos. Mas, eles eram fortes, e abriram as barreiras.
— Foi quando eles chegaram — a mulher disse baixinho. — Eles simplesmente… massacraram todos.
A cara de Farram não era amistosa e Randysse deu as costas, andando para longe.
— Eu falo com eles. — Cliff deu um tapinha no ombro de Orion. — Lingot e Randysse eram grandes amigos antes de serem separados.
Orion os deixou conversando e ele mesmo se aproximou dos dois.
— Por que fugiu? — perguntou ao homem. — Correr de mim não é uma ideia muito inteligente.
— Sua mana. Você mirou em nós com a intenção de nos matar. — Ele não estava errado. Orion realmente os mataria num só golpe. — Procuramos ajuda por todos os lugares, mas nenhum dos Esquadrões deu ideia para nosso pedido. A senhora Lingot está viva, ela foi levada para dentro do castelo na montanha.
— E o que aconteceu com os outros?
— Marcus e Grifender, eles fugiram para o bosque.
Antony, o Arche-Mago, ficou próximo e deu água aos dois. Depois um pedaço de comida e desataram-nos. Ficaram mais uma hora parado, ouvindo o relato do homem, ele era chamado de Cristofer Lis. A mulher era Rebecca Asus.
Os dois eram batedores e fugiram depois de um grupo de Magos os protegerem.
— Faz quase três dias — Farram falou alto. — Se forem os Feiticeiros, eles já prepararam uma emboscada. É por isso que ninguém quer ir. E temos um problema com o Clero, eles ocuparam o que restou da cidade de Porb, que fica quase dois quilômetros dali.
— Lingot tinha tomado Cro quase um mês e foi preciso uma tarde para perder. — Randysse negava mais e mais. — Se os Feiticeiros estão lá, temos que tomar a qualquer custo. Se ela está viva…
— Não trabalhamos com ‘se’, senhor — falou alto. — Se for assim, morremos hoje.
Orion levantou a voz e os Magos o fitaram. Randysse e Farram fizeram o mesmo.
— Deixe eu tomo conta de Cro. Já li o mapa do Campanário quando estava no acampamento, tem uma ponte que separa ele e Porb. Eu vou usar minha magia para tirar os sobreviventes de lá e encontro…
— Não, sem chance — Randysse o cortou com a mão erguida. — Um homem não pode vencer uma batalha sozinho.
— Acho que entendeu errado. — Orion o forçou a encará-lo. — Isso não foi um pedido.
A feição dele suavizou, deu dois passos para perto de Orion e parou.
— Não é o jeito que nós trabalhamos. Os Feiticeiros são muito mais poderosos do que os Sacerdotes de Drax ou os Feiticeiros que enfrentou.
— Eles matam como qualquer outra pessoa — Orion respondeu. — E não sou apenas esses dois confrontos, Randysse. Enfrentei Oblak, um Mestre de Matéria, e Adalain, a Segunda Comandante dos Caçadores de Órgãos. Venci os dois, se haver alguém mais forte que esses dois, eu iria de qualquer maneira.
— E por que faria isso? — Farram ficou ao lado do Comandante. Os Magos todos olhando. — Por que ir até lá sabendo que pode morrer?
— Porque estão fazendo isso por mim a vida inteira. E se eu não posso salvar aquelas pessoas, não sirvo para estar aqui. — Olhou para o Cristofer e Rebecca e depois para eles. — Eles vieram de longe e querem ajuda, então, deixem isso comigo. Se o Clero fizer qualquer movimento, bloqueiem.
Randysse deu as costas e saiu andando de cabeça baixa. Farram ficou e apontou o dedo para Orion.
— É bom que saiba que está correndo perigo a toa.
— Pode ter certeza que sei o que estou fazendo.
Farram deu as costas e seguiu o Comandante. Orion abaixou ao lado de Cristofer.
— Se o mapa está certo, eu sei onde está a Ruína de Cro. Vocês vão ficar e ir com eles. Vão estar mais seguros do que me seguir.
— Louco. — Cristofer quase cuspiu ao falar. — Acha que isso é uma brincadeira? Ir sozinho é maluquice. Você é louco.
— Sim. — Endireitou a postura. — Meu pai também costumava falar isso pra mim.
I
O caminho para Cro foi recheado de silêncio. Diferente das outras partes da floresta, os pios dos pássaros ou a brisa que suavizava entre as folhas e copas morreu. Isso na medida que atravessou a primeira barreira protetora.
Dali pra frente sons de passos por cima das árvores se tornou constante. Orion não os atacou, pela mana era apenas criaturas curiosas, mas a ondulação que criou-se na barreira também daria aos inimigos sua posição.
Essa era a sua intenção.
— Está me ouvindo ainda? — a voz de Randysse soou preocupada.
— Sim, em alto e bom som.
— Ótimo. Depois de passar pela barreira inicial, você vai ter cerca de cinco minutos para chegar a segunda antes que os Feiticeiros enviem um batalhão. Pelo que os dois disseram, eles estão em um nível muito alto, mais de cem.
Orion continuou a caminhada lentamente. Não importava quantos eram, a Ruína de Cro era um lugar onde os humanos demoraram cerca de anos para conquistar, era sagrado pela história, pelo sacrifício e pelas mortes.
Deixar algum deles vivo?
— Não se preocupe — respondeu ao Comandante. — Quanto tempo até chegarem a Porb?
— Vamos tomar a rota mais longe, vai demorar mais duas horas, no mínimo. — Ele estalou a língua e bufou. — Não gosto da proporção dessa luta. Os Feiticeiros não ocupam os lugares assim.
— Cro é um ponto estratégico. Quem ocupa ele tem mobilidade por toda a floresta, e fica só algumas horas do desfiladeiro. Se o Clero tem uma base grande em uma cidade ou ruína mais ao norte, então aqui é onde controlamos a passagem.
Farram pigarreou sozinho e disse:
— Ele tem razão, senhor. A ponte é só um ramo secundário, tivemos muitas batalhas perto do Desfiladeiro que só foram vencidas com o apoio de Cro.
— Eu sei. — Randysse fez uma pausa. — Baker, quero te pedir um favor.
— Não precisa dizer. — Orion passou pela segunda barreira e os sons dos animais sumiu, sendo substituído por passos humanoides. — Vou trazer ela de volta.
Três figuras apareceram por cima dos altos galhos. Vestiam o negro, mantos longos com capuzes, botas bem cerradas na sola e a mana que emergia deles não era diferente de Magos de Quarto Núcleo.
— Um Mago? — ouviu da esquerda. — Ele não usa as roupas comuns de batalha.
Orion olhou para si. Realmente, tinha estado com a roupa nobre que tinha vestido. Ao passar a mão por cima do torso, seu traje de batalha ganhou vida, tão escurecido quanto o deles, com a capa ao lado do ombro direito e a lança em mãos.
— Melhorou? — perguntou ao homem. — Podemos começar?
— Baker — Randysse o chamou, atento. — Estamos saindo da área, depois disso, ficaremos distantes.
— Sem problema.
Ele deu um passo e entrou num portal. Saiu direto do lado do primeiro Feiticeiro. Seu punho esquerdo brilhou e a runa de Força foi forjada velozmente. ‘Fike: Redemoinho do Abismo’ girou o inimigo de maneira que ele afundou uma árvore e a partiu ao meio.
Girou por cima da espada do segundo e fez a lança cortar de cima para baixo. Um braço decepado. Correu para cima do terceiro, espectros cinzentos ganharam vida as suas costas e incontáveis fantasmas encheram o ambiente de gritos medonhos.
O terceiro Feiticeiro travou no lugar, havia tentado recuar, mas suas pernas bambearam.
Num corte seco, sua cabeça rolou para o lado.
Menos de dez segundos, os três morreram.
— Tenho que começar a me mover mais rápido agora.
Impulsionou a runa de Velocidade nas pernas e saiu em disparada. A floresta se tornou um borrão a cada vez que acelerava, e notou que várias figuras negras o seguiam por cima. Eles já me acharam, que rápido.
Parou e esticou a mão para baixo.
— ‘Gali…
— Não deixem que ele use magia. – O Feiticeiro pulou na sua direção com a espada cinzenta.
— … Tufão Forte’.
Orion ficou no centro de uma rotação tão forte que as árvores tiveram que afundar ainda mais suas raízes para não serem agarradas. Os Feiticeiros foram puxados e giravam velozmente ao seu redor.
— ‘Lyn: Lança do Rei’.
O raio se partiu em milhares de direções perfurando os corpos deles. Os gritos sufocados e eletrizantes se propagaram por alguns segundos antes de morrerem para sempre. Caíram duros com fumaça liberada de suas peles e cabelos.
Sem parar, Orion seguiu o caminho para Cro. Cruzou o último arbusto e deu de cara com a imensa montanha, as paredes irregulares em picos altos e baixos, marrons e escuras, tirando o verde do musco e das trepadeiras que subiam as ruínas agarradas a ela. O lugar inteiro era uma fortaleza por si só.
Era imensa, com mais de cem metros, e sua estrutura não poderia ser medida apenas pelo olho. Mais da metade da ruína estava para dentro da montanha.
— Chegou bem longe para um Mago.
Havia cerca de trinta pessoas o esperando entre Cro e a floresta. Eram azulados, como Garou e Refoul. As tatuagens enegrecidas nadavam sobre sua pele, e seus cabelos grossos eram amarrados e puxados para trás.
Randysse tinha razão quando disse que eles eram mais fortes do que os que tinha enfrentado antes. Só não me disse que eram idiotas.
— Eu deveria ter morrido com aqueles patetas que enviou? Apenas um aquecimento para o que vou fazer com o restante do seu grupo.
— Ousado, tanto quanto aquela mulher que habitava por aqui. Ela tentou, e no final acabou sendo obrigada a se ajoelhar pelos meus homens. — Ele olhou ao redor, duas maças vermelhas, puramente como sangue. — Não vejo ou sinto ninguém além de você.
— Sou o suficiente. — A runa cresceu no chão. — Pensar que estou sozinho é um pouco deprimente. Vou te mostrar porque me chamam de Cão Imortal. ‘Morke: Lendas do Submundo’.
A mana exalada expandiu-se no ar com tanta força que os Feiticeiros foram arrastados meio metro para trás. Apenas seu líder se manteve intacto, sério e calmo. No entanto, sua expressão aos poucos se tornou surpresa.
De dentro da floresta, um batalhão de criaturas negras. Cavaleiros, Magos, Lanceiros e Arqueiros, mais de cem deles, e mais e mais saíam de dentro.
— Eu tive que aprimorar meus soldados desde a última vez que vim. E por fim, forjei um no qual seria meu líder. — Orion esticou a mão para o lado. O homem se apresentou, grande e forte, com uma capa exatamente como a dele. — Esse é o Oblak, é só uma figura representativa, mas que vai dar trabalho a vocês.
Mais de cento e cinquenta soldados saíram de dentro da floresta, bloqueando o caminho completo que a Ruína de Cro possuía.
— Essa magia é incrível, humano — o líder dos Feiticeiros disse, mantendo-se calmo. — Eles são fortes, mas são invocações. Morrem quando sua mana acabar. E você não tem o suficiente para mantê-los por muito tempo.
Orion mirou a lança para frente.
— Não preciso de muito tempo. Avancem.
Os Cavaleiros correram como se fossem criaturas vivas. Suas pernas batiam e saltavam, puxando suas armas e invadindo o espaço. Orion era o único que caminhava tranquilamente, seus soldados atacavam e defendiam.
Os Magos se espalharam as costas dos Cavaleiros e Arqueiros, enviando bombardeiros elementares por todo canto. Orion encarou a fortaleza em ruína, cerca de cinco torres quebradas, duas ameias em níveis diferentes uma porta de entrada no chão e outra na parte mais alta.
Se os Feiticeiros tinham feito um trabalho descente, haviam guardas e assassinos a espreita.
E por mais que Orion quisesse e pudesse ir até lá, tinha que demonstrar a sua superioridade no campo de batalha.
— Sempre que haver possibilidade, esmague seus inimigos uma vez para assustá-los e impressionar seus aliados. — O trecho pertencia a Arte de Destruir, de Call Segan. — E sempre que possível…
—… Mostre o porquê de ser temido em um conflito aberto.
Os Feiticeiros foram divididos em duas áreas, seus ataques eram tenebrosos e suas magias bem destrutivas. Os Cavaleiros sofreram com ácido e fogo, no entanto, assim que caídos, se erguiam novamente.
— Por que eles não morrem?
— Porque não são feitos de carne. — Orion encarou o líder deles sendo açoitado por seu Capitão. Oblak tinha autonomia para usar qualquer uma das magias de Orion. Era como ver se a si próprio fora da caixa aplicando uma surra desumana em uma criatura fraca. — Acho que está na hora de começar um avanço.
Mais de vinte inimigos foram mortos, seus corpos transpassados por espadas, magias e flechas. No tempo de dois minutos, o campo tinha sido limpo. Quando Orion atravessou metade da campina, uma imensa runa amarelada cresceu a frente de Cro, mirando nele.
— Estão querendo usar uma magia criada por um Escolástico contra mim? — Orion achou muito divertido. — Então, eu vou mostrar algo divertido também.
Sua mão se ergueu e uma runa de quase dez metros se estendeu no ar. Das ameias, os Feiticeiros correram para sustentar a magia, doando suas próprias mana. Idiotas, isso não vai ajudar em nada.
— ‘Antiga Somat: Espelho do Século’.
Uma imensa rajada de ar saiu da magia de Cro. Tão forte e poderosa que poderia matar uma cidade pequena. Uma mana tão concentrada que dava realmente medo de se enfrentar. Orion suprimiu esse sentimento.
Não vou deixar que me domine de novo.
A rajada amarelada bateu contra a sua runa, e imensos espelhos se estenderam ao seu redor. Cada um com reflexo único, a torre, as ameias, as paredes, os pilares, a entrada. Tudo virou um alvo para a magia de Orion.
Quando a runa defensiva se esgotou, cerca de cinquenta espelhos flutuavam.
— Falarei apenas uma vez — sua voz ganhando magnitude e chegando aos confins da montanha. — Quero saber quem é o verdadeiro líder e que venha até aqui fora ou destruirei tudo e todos que estão ai dentro.
Cinquenta espelhos e 150 soldados prontos para atacar. Domine com quantidade e mostre a qualidade.
Cinco minutos se passaram.
— Pois bem, que seja.
Os espelhos atacaram. A barreira segurou apenas por algum tempo, explodindo e seguindo guiada na direção da mão de Orion. Não deixaria ela ir embora assim, absorveu praticamente ela inteira. E alimentou ainda mais seus ataques.
A muralha foi destroçada a pó. Os gritos dos Feiticeiros que estavam na torre cresceram enquanto pulavam para as ameias, mas sem sorte, o próximo alvo era lá. O brilho amarelado explodia parte a parte, e seu dono, parado no meio de um exército observava.
Chegou ali por um único motivo — matar quem estivesse controlando Cro.
— Cesse sua magia, humano — a voz veio de dentro da entrada nos níveis altos. — Nós temos reféns. Seus preciosos soldados. Olhe para eles.
Dez homens e uma mulher foram ajoelhados na frente do abismo. Mais de cem metros do chão, essa era a morte que dariam a eles.
— Se não se entregar, eles serão arremessados. — Era um velho, e sendo seguido por mais uns vinte. Cada um deles tinha uma espada na mão, alguns com cajados juntos. — A cidade na montanha é nossa.
Indiferença reinava nos olhos de Orion Baker.
— Acha que me importo com dez vidas sendo que depois de matar vocês terei salvado mais de uma centena? — Sua mão ergueu-se na direção do topo. — Jogue-os logo. Não tenho tempo para brincadeiras.
— Nãooo — gritaram alguns. — Por favor, nós…
Um pé acertou as costas dos dez, jogando-os do abismo. Orion sorriu.
— Obrigado.
Vinte portais se abriram ao mesmo tempo. Cada um deles foi jogado para dentro e saiu nas costas de Orion, rolando sobre a grama. Ao sentirem a terra, se recobraram de que estavam salvos.
— Estão todos bem? — Orion perguntou sem olhar. — Ainda tem alguém lá dentro do esquadrão?
— A senhora Lingot — a mulher respondeu. Os ferimentos do seu corpo não eram graves, tendo roxos e vermelhões de queimadura espalhadas pelo corpo. — Eles trancafiaram ela dentro de um cofre. Disseram que iam usar a mana dela para conjurar uma maldição.
— Vou buscá-la. Vou deixar Oblak protegendo vocês. Os outros soldados vão fazer o restante do trabalho.
Mais um portal se abriu e esse era bem largo. Os sobreviventes assistiram um batalhão inteiro de guerreiros entrarem e saírem no topo, onde os Feiticeiros estavam. E viram o massacre que se estendeu depois dali.
Orion praticamente caminhou pelo mármore frio, vendo seus adoráveis guerreiros trucidarem qualquer um que se apresentava. Atravessou o imenso corredor que dava para a Sala do Trono, e explodiu a porta com uma magia de vento.
Lá dentro, a luz provinha do teto, num candelabro ardentes de velas brancas. O espaço em círculo era maior do que a própria campina do lado de fora, com um trono bem distante, feito de ferro e ouro, ocupado por uma criatura esquelética.
— Você matou todos? — a voz veio mentalmente. A boca dele não se mexia. — Parece que subestimei os humanos que vieram para cá. De onde veio, Archaboom ou VilaVelha?
— Vim das Caldeiras.
Um rosto magro, de olhos fechados e boca colada. Uma vestimenta rasgada, podre que emanava um poder estranhamente misterioso. O homem não se mexia, mas sua presença era perturbadora.
— Das Caldeiras? Que inusitado. — Uma risada mental. — Eu sempre quis saber como era viver em uma ilha pacífica, mas meu povo não teve esse privilégio.
— Aposto que não. Onde está Lingot?
— Ah, você pergunta coisas óbvias, sabendo a resposta. Já a achou, não é? Está ganhando tempo. — Ele fez uma pausa, rindo de novo. — Está tirando ela agora do cofre, levando-a para um lugar seguro. E ficando, quer me matar.
— Está lendo minha mente.
— Óbvio que estou, essa é a minha habilidade mais preciosa. Na verdade, eu não posso ler, eu prevejo. — A mana do cadáver se fundiu ao lugar. Ele parecia estar em todos os cantos. — Eu ia usá-la para algo pequeno, mas seu corpo é ideal para transferência.
— Feiticeiros tem uma tara bem grande em querer o corpo dos outros. Green Shay já tentou, e não deu muito certo.
Rá, ouviu do homem. — Você encontrou meu aprendiz? Aquele moleque simplesmente tinha um dom estranho de controlar as pessoas, mas não era perfeito. Sobreviveu por causa dos corações.
— Eu matei todos eles. — Orion apertou o punho. — Todos os dez, de uma só vez.
— Devo te agradecer por isso. Ele era um alvo meu fazia anos, mas nunca o encontrei.
— Pare de espalhar sua consciência em todos os lugares, você não pode me controlar. Eu já me adaptei ao seu poder. — Orion ergueu a mão e a tatuagem negra apareceu. — E agora, vou te fazer entender o motivo de eu odiar controle mental.