Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 10
— Garoto… — Isao aparece.
— Ei Isao, porque ela não está reagindo? — caio no chão com os olhos começando a encher de lágrimas.
— Ela parou de respirar ontem — Isao tira o chapéu
— Não Isao, Não… Ela não pode morrer, por favor, faça alguma coisa. — Kitsu e Nozomi chegam — Por favor não… existem nenhuma forma? Nada?
— Kazuhiro… — Kitsu tenta falar
— Acabou? Tudo foi em vão? Não existe mais nada que possa fazer? — eu seguro em sua camisa
— Garoto… — ele não consegue terminar
Estava quebrado, completamente tudo foi em vão, não consegui pensar em nada, uma onda de tristeza e frustração estava correndo em mim, me lembrava de seu sorriso que nunca mais iria ver e quando percebo já estou caído no chão sem conseguir mover um musculo.
— Mestre — escuto — seu corpo esta reagindo estranhamente.
— Silêncio — eu sussurro
— Mas mest… — eu o interrompo
— Eu disse silêncio!… eu preciso de um tempo… — saio tropeçando
Angústia, tristeza, frustração e medo me atacam, eu aparento estar morto, nunca na minha vida perdi alguém, todos os meus familiares estavam por perto e os que eu tenho laços fortes nunca morreram, eu via amigos que perderam os avós, pais ou tios e tias e não conseguia entender o sentimento que sentiam, mas agora entendo perfeitamente o que eles sentiram, uma vontade enorme de ficar com a pessoa, desejar dar tudo que tenho para ficar um minuto com a pessoa perdida.
— O deus do tempo se materializa — dói não é mesmo? Você achou que estava à minha frente? Eu sou o tempo! Não existe nada que eu não saiba, sou o passado, o presente e o futuro!
— Eu não estou a fim de conversar agora! — grito
— Entende agora o tamanho do meu poder? Agora aceita minha proposta? — ele sorri — se fizer sem demora talvez consiga trazer Emi de volta
— Você consegue? — sussurro
— Mestre — escuto
— Agora não arma! — eu grito
— Vamos fazer logo — eu estendo a mão — eu portador desse dom, em plena consciência transfiro o dom dado a mim por Deus ao temp… — não consigo terminar
— Diga logo ou eu não trarei Emi de volta! — ele fica irritado
— Eu não estou conseguindo! — grito
— Desculpe-me mestre, mas não tive outra escolha — a arma fala.
— Me deixe falar agora mesmo! — eu fico furioso
— Não é necessário fazer isso — me fala
— Como assim? — o questiono — não me dê esperanças
— No momento em que descobriu que Emi estavA morta desbloqueou uma habilidade — me responde
— Qual habilidade? — pergunto
— Divisão de almas — me responde
— O que farei com isso? — pergunto novamente
— A divisão de almas permite que você divida vidas ao meio e de para outra pessoa — me responde
— Me acalmo — Obrigado, isso é tudo? — agradeço
— Sim mestre — fica em silêncio
— Bom, meu querido deus do tempo, as coisas mudaram, parece que não preciso mais da sua dádiva, pode ir embora — eu me viro e o tempo volta ao normal.
Eu caminho até dentro de casa, Isao acabou de colocar uma lona em cima do corpo, tento entrar no quarto.
— Kazuhiro é melhor não vela agora — Kitsu tenta me impedir
— Kitsu está tudo bem, só me deixe passar — ele permite.
— Garoto oque vai fazer? — Isao não entende
— Salvá-la — levanto a arma sobre o corpo e palavras surgem na minha boca — Eu um portador abençoado pelos deuses, divido minha vida para presentear uma alma perdida.
Um grande brilho sai de meu peito é voa até Emi, o pessoal que não está entendendo nada ficam assustados quando o lençol volta a se mexer com alguém respirando embaixo, Isao levanta o lençol rapidamente e vê as manchas de Emi desaparecendo pouco a pouco, e em um segundo eu desabo na cama com a exaustão de ter usado a arma.
Durmo em um sono tão pesado que não tenho sonhos, aliás eu não tive mais sonhos em todas as vezes que eu dormi desde que peguei a arma, toda noite eu volto para sala onde enfrentei o minotauro e converso com ele até meu corpo acordar, no começo achei que era só sonhos esquisitos, mas percebo quando acordo que me lembro de todo diálogo, no começo foram só perguntas sobre mim minha família e outras coisas, mas agora ele me ensina táticas de batalha e me conta cada vez mais sobre o novo mundo.
Acordo bem devagar, sinto que meu cabelo está sendo movimentado, acho que é Daisuke que por um milagre parece ter acordado primeiro que eu, isso me lembra minha mãe que quando eu era criança me colocava para dormir em seu colo e mexia em meu cabelo até eu dormir, claro que com o tempo acabei me desacostumando, mas sentir essa sensação de novo é acolhedor. Não quero me levantar até que percebo que são mãos humanas que estão mexendo em meu cabelo.
— Ei ei ei quem é que esta mexendo no meu cabelo? — pulo da cama
— Poxa você estava dormindo tão tranquilo — É Emi que me acorda com um sorriso no rosto
— A é você Emi, achei que era a Nozomi me provoc… — paro para pensar por um instante — Emi!
— A própria — ela está para se levantar
— Ei calma ae, você acabou de sair de um coma de doença negra — eu a seguro para não se levantar
— Eu estou bem, sou meia elfa, minha cura é mais avançada que a dos humanos — ela se levanta para mostrar — viu só?
— Ok já entendi — eu olho pela janela já está quase no final da tarde — nossa acabei dormindo demais e não conversei com Isao
— Isao? — ela pergunta
— Você ainda não o conheceu? — a respondo com uma pergunta
— Não, veio só uma senhora simpática e me deu uma bandeja com um pouco de comida — ela se senta novamente.
— Clara é muito simpática mesmo, Isao é o dono desta casa, marido de Clara e também um aventureiro famoso — abro a janela.
— Com licença, desculpa interromper, mas podemos conversar um minuto Kazuhiro — Kitsu aparece na porta.
— Claro, só um minuto Emi — vou até Kitsu e vamos lá para fora ao lado da carroça e Isao e Nozomi estão lá também.
— O que aconteceu? — pergunto
— Rapaz, temos que conversar — Isao aponta para janela do quarto de Emi
— Você está louco!? Dividir sua vida ao meio? — Nozomi me segura pela camisa.
— Viro a cabeça — Eu disse que faria qualquer coisa… e Emi está viva não esta? Para mim isso é o suficiente — eu a faço me soltar
— Você sabe que viverá só metade de sua vida, não é? — Kitsu sobe em cima da carroça
— Olha, eu sou o maior procurado deste reino, Deus e o mundo estão atrás de mim, eu não acho que vou envelhecer como alguém comum — eu fico nervoso — é só isso? Porque a vida é minha! E eu decido oque farei com ela, e eu decidi dividi-la com Emi!
— O que? — olho para trás e Emi se aproximou sem eu ver
— Emi, está tudo bem… — eu abaixo a cabeça.
— Não! Não está tudo bem, como assim você dividiu metade da sua vida? Você é louco? Eu não quero tirar metade da sua vida para que eu sobreviva!
— Eu não queria… — eu não consigo terminar
— O que!? — Emi está furiosa
— Eu não queria que mais ninguém morresse em meus braços! — todos ficam em silêncio — a cena da filha do general pedindo ajuda, ensanguentada bem na minha frente, e eu não pude fazer nada, na prisão todos os dias tive inúmeros pesadelos com aquela cena, e eles só pararam quando você chegou! não podia deixar quem me tirou um peso tão grande morrer bem na minha frente.
— Me desculp… — ela tenta se desculpar
— Pare! — eu me calo por alguns segundos — eu preciso pensar um pouco — saio em direção à floresta
— Aonde você vai cara? — Kitsu tenta vir atrás de mim, mas é parado por Isao.
— É melhor o deixar pensar agora — Isao fala
Tentei manter os pensamentos no lugar, mas os sentimentos que estavam acumulados explodiram, aconteceu coisa demais para uma semana, eu lutei contra um dragão, estou sendo caçado pelo rei e senti na pele como é perder alguém diante de seus olhos mais de uma vez, preciso de um tempo para pelo menos pensar o que eu vou fazer daqui em diante.
Me sento no pé de uma árvore para descansar um pouco, olho para minhas mãos vejo que ainda não larguei a arma sagrada, acho que é um bom momento para testar as habilidades e mudar o nome da arma, porque não posso só lhe chamar de arma toda vez que eu precisar de seu poder.
— Arma — digo
— Sim mestre? — me responde
— Quais habilidades eu tenho desbloqueadas? — olho para a arma
— Você possui duas habilidades além do aumento de todos os seus atributos durante cinco minutos, sendo eles a divisão de almas e o “come back home”— ela me responde.
— Volte para casa? Para que serve? — pergunto
— Não importa onde estiver eu voltarei para suas mãos — me responde
— Serio? Então vamos testar — eu taco a arma na horizontal em direção a uma árvore, ela se parte em dois com facilidade — volte! — a arma volta em alta velocidade e me empurra para trás — Uau, isso é incrível! Sabe isso me lembra um Deus do meu mundo
— Um Deus? — pergunta
— Sim, Thor, ele é um deus nórdico conhecido por ser o Deus do trovão, ele possui seu martelo conhecido como Mjonir — penso por um instante — você não é um martelo, mas Mjonir é um bom nome não é?
— Sim, mestre— me responde.
— Então está feito, agora você entenderá como Mjonir, agora me fale como posso aumentar meu tempo de uso — pergunto
— O aumento dos atributos atualmente está limitado há cinco minutos, para aumenta-lo depende do senhor, já que eu só aumento sua capacidade até o limite você terá que melhora-las com exercício físico para aumentar seu tempo de uso — me responde.
— Entendo, aliás, porque motivo eu não estou conseguindo ter mais sonhos? — pergunto.
— Eu tenho liberdade total sobre seu corpo, então desativei os sonhos para poder lhe ensinar algumas coisas sobre este mundo, deseja que eu ative os de novo? — pergunta
— Não há necessidade em ter sonhos, até prefiro aprender enquanto meu corpo descansa — respondo — agora vou praticar o ataque a distância.
Prático por uma hora na floresta e descanso um pouco, a floresta é muito calma chego a esquecer por instantes todas as preocupações que estavam tomando conta de meu corpo, vejo um filhote de pássaro caindo da árvore e o observo um pouco, percebo que ele se parece comigo, em minutos ele estava em casa, no conforto e segurança não tinha preocupações grandiosas e em um instantes está em um lugar novo, assustador e tudo pode matá-lo com uma facilidade assustadora, o pego e escalo a árvore para colocá-lo em seu ninho de novo.
— Cuidado para não cair de novo viu? — eu sorrio para o passarinho e desço da árvore — já está escuro, mas estou com receio em voltar.
— Uma hora precisará voltar não é mestre? — pergunta
— Sim terei mesmo — respondo
— Não é melhor enfrentá-los agora do que ficar se remoendo sozinho na floresta enquanto escurece? — pergunta
— Você está engraçadinho hoje hein? — o ergo.
— Desculpe, mestre — ele se desculpa.
— Não precisa se desculpar, você realmente está certo — eu vou saindo da floresta
Caminho bem devagar porque não quero ter que escarra-los de novo, sei que oque fiz foi muito arriscado, mas estava tão desesperado que acabei fazendo sem pensar, quando percebo já estou na porta tentando entrar, formulando alguma coisa para dizer, nem sei se consigo falar com Emi do jeito que estou.
— Mestre — escuto.
— Diga logo — sussurro.
— O senhor está encarando a porta faz mais de cinco minutos, está tudo bem? — me pergunta
— Esta tudo bem, só fique em silencio por um minuto ok? — eu decido abri-la e entro sem fazer muito barulho, chego à cozinha onde todos estão — pessoal, me descup… — sou interrompido com uma figura avançando para cima de mim
— Idiota! Como pode sumir por tanto tempo sem me avisar para onde vai!? — Emi grita em quanto me abraça e seu tom vai diminuindo — Idiota, idiota, idiota…
— Eu a abraço também e falo mais baixo — me desculpe… não farei mais isso…