Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 11
Converso com o pessoal por horas e eles estavam muito preocupados comigo, estavam com receio já que fiz tudo muito rápido, achavam que morreria de cansaço ou por causa das feridas da luta contra o dragão, que aliás não tinham se curado ainda, quando percebemos já estávamos no meio da noite conversando, o pessoal se cansa e todos vão dormir e acaba só ficando eu e Isao na mesa.
— Isao sei que não podemos mais ficar aqui, estamos em um grupo maior e é melhor pensar oque devo fazer daqui em diante — mordo uma maçã.
— Sabia que não demoraria para você perguntar — ele bebe um gole d’água — pensei em algumas possibilidades e acho que a melhor para situação de vocês é sair do reino de mists.
— Sim, pensei nessa possibilidade também — mordo a maçã mais uma vez — qual reino seria melhor para adaptação do pessoal?
— Acredito que o reino das três coroas seria a melhor das opções, lá eles venceram o preconceito com algumas raças como as dos semi-humanos, a fronteira fica a alguns dias de viagem, mas com Daisuke creio que demore menos — Isao me fala.
— Sim, com certeza para Kitsu e Nozomi será perfeito eles irem para lá, aqui e em todos os lugares os dois são encarados por serem semi-humanos, aposto que este reino ajudaria os dois de um jeito muito positivo — eu termino a maçã — pretendo partir manhã, já que cada segundo nesse reino é uma ameaça para o senhor.
— Entendo perfeitamente vocês, apesar que Clara está adorando a casa cheia — ele ri
Converso com ele até umas três horas da manhã, ele me fala que tem três cidades até a fronteira, ele mandará uma pássaro mensageiro para algumas instalações para providenciar mantimentos até que cheguemos à fronteira, me disse que a viagem é longa e tranquila, mas sempre com as normais inspeções e possíveis lugares em que a guarda poderá fazer algumas emboscadas, e que a guarda vai ficar cada vez mais rígida quando chegarmos cada vez mais perto da fronteira.
— E sempre tome cuidado em não chamar atenção — ele se levanta
— Sim, tomaremos muito cuidado — me levanto também — é melhor eu ir dormir também, já que pretendo acordar bem cedo amanhã.
— Também irei dormir — nós saímos cada um para cada quarto
Apesar do estresse que aconteceu hoje, finalmente em meses durmo tranquilamente sem nenhum pesadelo ou preocupação com Emi, só demoro um pouco pensando em alguma estratégia para poder passar pela fronteira, mas nada de útil surge e finalmente consigo dormir.
Na sala escura…
— Então, o que aprenderei nesta noite Mjonir? — pergunto.
— Quero que lute comigo como arma para se acostumar com a habilidade “come back home” — Mjonir se materializa em minhas mãos e uma quantia considerável de esqueletos aparecem.
Luto a noite inteira, quando finalmente acordo Kitsu e Nozomi já sabem que partiremos e estão colocando alguns mantimentos na carroça enquanto preparam Daisuke para viajem.
— Então já sabem para onde iremos? — pergunto lá fora
— Ainda não, Isao nos disse que falaria conosco quando acordasse e mandou guardarmos alguns mantimentos — Kitsu levanta um barril para dentro
— Decidi ontem que a melhor opção era o reino das três coroas, mas queria confirmar com vocês para ver se não teria nenhum problema — o ajudo a colocar o barril na carroça
— Para mim é uma opção muito boa, afinal Kitsu ainda não aprontou naquela região — Nozomi escova Daisuke e o alimente
— Ai ai, sempre sobra pra mim — eu e Nozomi rimos
— Emi ainda não acordou? — pergunto
— Clara a arrastou para dar algumas peças de roupas — Kitsu me responde
— Certo — olho e vejo Isao mandando uma mensagem por um pássaro — vou falar com Isao já volto
— Ok — ele coloca mais um barril dentro na carroça
— Vou até Isao — Acabou de mandar a mensagem? — pergunto perto de Isao
— Sim — ele retira uma luva que usa para segurar o pássaro
— No meu mundo paramos de usar pássaros a mais de centenas de anos, atualmente usamos aparelhos que as mensagens chegam em segundos nas mãos das pessoas — mostro com um pedaço de madeira fingindo ser um celular
— É muito interessante como sua mundo funciona, e lá não existe magia certo? — ele se senta e num banco encostado na casa
— Sim, no meu mundo somos até milhares de anos mais evoluídos que este mundo, mas o preço disso é raramente poder ver esta vista que está bem à minha frente — olho para a planície.
— Não sei como seria minha vida hoje se não pudesse ver com minha mulher esta paisagem — ele olha para planície
— Você foi um grande aventureiro certo? — pergunto
— Tive meus bons anos de aventura, rapaz, mas eu os trocaria por mais trinta anos aqui ao lado de minha esposa — ele coloca sua mão em meu ombro. — aproveite cada segundo com os amigos que fez, porque vai chegar um dia em que você adoraria voltar no tempo.
— Em meu mundo desperdicei boa parte da minha vida com coisas banais dia após dia — olho para o pessoal carregando as coisas — mas agora estou aqui e não cometerei o mesmo erro.
— Está certo garoto, agora vai lá ajudar o pessoal a carregar as coisas — ele se levanta e saímos juntos
— me aproximo — Deixe eu ajudá-lo — ajudo Kitsu a pegar uma caixa
— Olha lá — Kitsu aponta para porta da casa
Olho e vejo Emi pela primeira vez sem aqueles trapos que nos davam lá nas masmorras, ela está com os cabelos arrumados e parece ter colocado um pouquinho de maquiagem, está vestindo uma roupa parecida com a de Nozomi com o agora limpo capuz que usei para cobri-la enquanto fugia há alguns dias, esta parecendo uma autentica aventureira, ela já era bonita com os trapos da masmorra agora está radiante.
— Então oque achou? — ela vem e me pergunta
— E-Esta a-aceitavel— eu tento pensar em algo, mas só acho essas palavras.
— Nozomi me dá um soco — é isso oque você fala quando uma mulher pergunta oque você achou de sua roupa nova?
— Desculpe… você está muito bonita… — eu falo abaixando o tom
— obrigada — Ela abre um sorriso
— V-Vamos arrumar as coisas não é? — eu pego um caixa e todos começam a rir
Arrumamos os mantimentos e Isao me dá alguns mapas da região e uma bússola, me ensina o básico de como usar, não preciso aprender muito, pois Nozomi já sabe como funciona, na verdade todos sabem pelo menos o básico sobre isso, até fico um pouco envergonhado de não saber afinal nunca peguei em uma mapa na minha vida, sempre usei o GPS do celular e nunca achei que precisaria disso no meu dia a dia.
Já nos despedindo…
— Isao sei que nada que eu faça pode demonstrar o tamanho da minha gratidão, se não fosse por você na melhor das hipóteses estaria vagando por aí quase morto. — eu falo
— Rapaz você não tem nenhuma divida comigo, o que pode fazer para me agradecer é sobreviver firmemente neste mundo — Isao me abraça
— Senhor barba branca foi um grande prazer poder conhecê-lo — Kitsu agradece.
— Meu jovem foi um prazer hospedá-los, e soube que você é um imã de confusões de mão cheia hein, tome cuidado e cuide de Kazuhiro por mim — ele dá uns tapinhas na cabeça de Kitsu
— Pode deixar que esse ai eu tenho especialidade em salvar — ele ri
— Clara e Isao muito obrigado por cuidar de mim no tempo que fiquei em coma — Emi segura às mãos de Clara
— Minha querida você é um anjo! Quando a situação de vocês melhorar, por favor, venham nos visitar — Clara sorri para Emi
— Está tudo pronto, pessoal! — Nozomi grita da frente da carroça
— Eles ficaram bem Isao? — Clara pergunta abraçada a Isao vendo a gente sair pela estrada
— Aquele garoto matou um demônio que nem mesmo eu e meu grupo conseguimos, não importa quem o quer morto, ele sobrevivera — Isao abraça Clara.
Acenamos para Isao e Clara até que eles sumam de nossa vista, imagino que em algum futuro eu possa volta aqui sem nenhuma preocupação para poder me divertir com eles, o dia passa tranquilamente não temos nenhuma dor de cabeça, chega a noite sem demora e acampamos dentro de uma caverna que fica a beira da estrada.
— Acho que é a primeira vez que um dia passa tão tranquilamente — arrumo alguns cobertores no chão
— É, a estrada estava bem tranquila hoje — Nozomi arruma um canto para Daisuke. Ela ficou bem apegada a ele desde que saímos da caverna.
— Nem vi nada, acabei dormindo o trajeto inteiro — Kitsu bebe água de um cantil.
— Tentei estudar os mapas para aprender o trajeto e tentar prever alguns ataques do rei — pego Mjonir e o coloco ao lado da minha cama
— Acabei esquecendo de perguntar, como conseguiram uma arma sagrada? — Emi se senta em alguns cobertores
— Bom é melhor dormirmos não é? — Eu, Kitsu e Nozomi se viramos para tentar acabar com a conversa
— Ei! Não adianta tentar mudar de assunto que eu não vou deixar vocês dormirem até me dizerem! — ela se levanta
— Bom… nós enfrentamos um demônio… — sussurro tão baixo que acaba sendo inaudível
— Enfrentaram o que? — sinto em sua voz que está ficando brava
— Enfrentamos um demônio… — Sussurro inaudível novamente
— Fala direito! — ela grita
— Enfrentamos um demônio! — eu acabo gritando também
— Como assim?! Vocês enfrentaram um demônio com qual exercido? — ela joga um travesseiro e cobertores em mim
— Exército? Só nós três foi o suficiente — Kitsu cospe a água que bebia quando Nozomi bate em seu braço.
— Vocês três estão me dizendo que enfrentaram um demônio sozinhos?! — ela já está jogando cobertores em todo mundo
— Demônio não, era mais um dragão — Kitsu cai no chão com a rasteira que Nozomi da.
— Dragão?! — ela já está jogando laranjas na gente
— Calma, isso já é passado e o que importa é que agora está tudo bem não é? — eu me levanto e seguro Emi pelos ombros e ela parece estar se acalmando
— Bom… é verdade… mas ainda sim foi muita irresponsabilidade de vocês não? — ela se senta de novo.
— Acabamos não pensando direito com um tempo tão curto nos desculpe — falo com uma voz gentil e calma
— Tudo… bem… — ela se vira e parece preocupada
— Vou lá fora para trocar os curativos dos machucados causados na luta contra o dragão — essas feridas não estão cicatrizando direito — acabo escutando um barulho atrás de mim.
— Esses ferimentos são da luta contra o demônio? — Emi aparece atrás de mim
— São… não queria preocupá-los com isso — me sento em uma pedra
— Me deixe vê los então… sou boa com magia de cura — ela se aproxima
— Onde aprendeu magia de cura? — pergunto com ela curando minhas feridas nas costas
— Meus pais… eles me ensinaram na adolescência e acabei pegando o jeito — ela parece triste
— Sente falta deles não é — ela acena com a cabeça — sinto muita falta dos meus também, eles eram alegres e felizes, meu pai deixava nossa casa colorida e alegre, e minha mãe tinha uma voz que era doce como mel, nunca vou me esquecer de sua voz.
— Ela cantava para você dormir? — eu aceno com a cabeça
— Você sabe cantar Emi? — pergunto
— Não sou uma cantora, mas sei cantar algumas canções — ela termina de me curar e olha para cima
— Pode cantar alguma para mim? — me deito no chão e olho para estrelas
— Ela hesita — Tudo bem…
Ela canta tão bem que acabo adormecendo um pouco, me lembro de minha mãe cantando para eu dormir enquanto acariciava minha cabeça, decido ativar meus sonhos esta noite porque sei que não terei nenhum pesadelo, acordo alguns instantes depois dela terminar de cantar e a vejo com lágrimas nos olhos.
— Está tudo bem? — eu levanto
— Sim está tudo bem, acabei me emocionando me lembrando da casa — ela se levanta
— Quer entrar? — pergunto
— Vou ficar aqui um pouco está bem? — aceno com a cabeça e entro
— Eae garanhão como foi o encontro lá fora? — mais uma vez Nozomi dá um soco nele
— Só fui trocar os curativos viu Kitsu — me deito na cama improvisada
— Emi não vai entrar? — Nozomi pergunta
— Ela disse que vai ficar um pouco lá fora, logo ela entra — ajeito o travesseiro
— Vou conversar com ela ok? — Nozomi se levanta
— Está bem, mas não fiquem acordadas até muito tarde que você sabe que saímos bem cedo — ela acena.
Todos dormimos em uma noite tranquila, Mjonir atende a meu pedido de ativar meus sonhos e durmo tranquilidade sem nenhum pesadelo, acordamos cedo e partimos para mais um dia tranquilo, explico para Emi tudo oque aconteceu na luta contra o dragão porque ela insistia muito, e é claro que apanhei um monte dela, chega o fim do dia e estamos chegando à primeira cidade, vemos o brilho e nos aproximamos de acordo com o plano nos escondemos dentro dos barris para passar pela inspeção.