Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 13
Passamos pela cidade com dificuldade, a cada esquina tem uma dupla de guardas fazendo ronda pela cidade, ando pensado que uma luta até a barreira vai ser inevitável. Estamos há algumas horas na estrada e estou vendo algumas nuvens se amontoando, por algum motivo ando sentindo algumas coisas antes de tempestades, pareço minha avó que sente dores nas juntas quando vem chuva.
— Ta vindo chuva — Coloco meu rosto para fora
— Como você sabe? — Nozomi pergunta enquanto guia Daisuke
— Sinceramente eu não sei, mas por precaução é melhor acharmos algum lugar — abro o mapa
— Conheço um pouco essa região me deixe ver — Emi se encosta em meu ombro
— Logo chegaremos na ultima cidade certo? Porque não ficamos lá? — Kitsu coloca um dedo em cima na cidade no mapa
— Dificilmente nos deixarão entrar em meio a uma tempestade — bato meu olho em um ponto no mapa — e esse lugar aqui? — todos se assustam — o que foi?
— Nem pensar, essa vila é a pior do reino — Kitsu se senta
— Tudo neste reino é ruim, uma cidadezinha não pode ser pior a tudo que vimos — marco ela com uma agulha
— Esta vila é conhecida como vila dos desejos proibidos — Emi tira a agulha
— Porque desejos proibidos? — a encaro
— Vamos dizer que o rei simplesmente a esqueceu, agora os aldeões fazem oque querem, roubam, matam, prostituição nas ruas em plena luz do dia — Nozomi explica guiando Daisuke — isso é só oque os rumores falam
— Se as nuvens continuarem assim teremos que torcer para que os rumores sejam apenas rumores — marco novamente o papel com a agulha
Passam-se mais algumas horas e o pior acontece, uma tempestade nos atinge em cheio, a velocidade na qual as nuvens se acumularão em cima de nós me deixou um tanto perturbado, não deixei de pensar que o deus do tempo tem um dedo nisso.
— Vamos para vila dos desejos! — Eu grito por causa do barulho
— Nem pensar! — Emi grita abraçada em Appu
— Se não formos para lá provavelmente morreremos! — grito
— Cara, aquela cidade terrível! Se formos pra lá provavelmente não voltaremos! — Kitsu grita
— Temos outra escolha?! — o encaro
— Ali! Tem uma casa em cima do morro com iluminação! — Nozomi grita
— Vamos pra lá agora! E torçam para que não sejam fiéis ao rei — grito
Com dificuldade subimos o morro e chegamos na porta da casa…
Bato na porta — Por favor! Alguém em casa?! — consigo ver movimento lá dentro
— Olá?! — Um homem de óculos, cabelos castanhos e um pouco mais baixo que eu abre a porta
— Nos desculpe, mas precisamos de abrigo! Estamos dispostos a pagar se for necessário — tiro uma sacola de moedas.
— Não será necessário, por favor, entrem! — Entramos — filha pegue o animal e coloque em nosso estábulo — uma garota de uns 14 anos se solta de uma criança de uns 6 anos e pega a corda de Daisuke.
— Essa tempestade nos pegou de surpresa, e não queríamos ir até a vila dos desejos — Coloco Mjonir no canto da parede, e a criança o encara
— Entendo, normalmente não recebemos visitas por causa da vila — ele ajuda Kitsu com as bagagens
— Só vamos ficar até a chuva passar — Kitsu diz
— Fiquem o tempo que for necessário, nunca tivemos uma tempestade tão grande na região, pode ser perigoso viajar agora — ele acaricia a cabeça de Appu
— Muito obrigado, daremos a quantia que for necessária — Emi pega Appu no colo
— Já dissemos que não será necessário, venham garotas irei mostrar um lugar onde podem se secar — Uma mulher loira com um vestido vermelho pega a criança e vai com Emi, Appu e Nozomi a um quarto.
— Sentem vou dar um pouco de chá pra vocês — eu e Kitsu somos levados até a cozinha. A cozinha é bem espaçosa, uma mesa muito chique com quatro cadeiras com um tapete embaixo, uma luminária com uma lâmpada de magia e utensílios de cristais, com certeza oferecer dinheiro foi uma furada.
Nos sentamos — A vida perto da vila é difícil?
— Nem me fale, maioria dos comerciantes evitam passar por aqui, eu e minha família temos que pagar a mais para que cheguem mantimentos — ele pega duas xícaras e sua filha de 14 anos chega
— Pai o lobo já está no estábulo — ela tira um casaco de couro e faz um sinal para seu pai
— certo filha obrigado — ele vem a mesa e dá uma xícara a mim e Kitsu — sem querer me intrometer, mas oque fazem nesta região?
Olho para Kitsu que está esperando eu falar para seguir com a encenação. Na hora que vou falar penso que a mulher do homem pode perguntar a mesma coisa para Emi e Nozomi e se as histórias não baterem teremos problemas — Bom… somos mercadores novatos, ouvimos falar que esta rota era mais curta para chegar a fronteira e logo percebemos que estávamos perto da vila dos desejos, a gente queria voltar mas a tempestade nos pegou de surpresa — bebo um gole de chá
— Nossa carga tem uma data de entrega muito apertada, e por algumas razões tivemos que ir pelo caminho mais rápido — Kitsu bebe um gole de chá
— Entendo perfeitamente, fiquem à-vontade — ele se levanta e sai para sala
sussurro — Essa foi por pouco, quando as garota saírem vamos avisá-las — ele concorda com a cabeça
As garota saem do banheiro e as avisamos, a mulher do homem não perguntou nada a elas, passam se algumas horas e acaba escurecendo, a casa do homem é gigantesca e tem vários quartos, ele insiste que cada um fiquem em um quarto separado, a não ser é claro caso eu e Emi quiséssemos ficar juntos, e bom… é claro que negamos.
Já no meu quarto no meio da noite — mestre
levo um susto — Caramba, diga o que quer
— Eu tomei liberdade de apagar um veneno que estava adormecido em seu corpo — levanto assustado
— Veneno? Como assim? Eu não bebi veneno — olho em volta e Mjonir não está ao meu lado — e onde você está?
— A algumas horas eu fui movido por alguém, não consegui entrar em contato por causa do veneno, é provável que foi quando você tomou o chá na mesa — ele fala
— O chá? Mas todos tomaram o chá — alguém bate na porta e eu arranco um pé da cama para me defender. Abro a porta devagar já indo em direção para atacar.
— Kazu? — Paro imediatamente. É Emi com Appu no colo que aparentemente está suando muito
— Entrem rápido — eu fecho a porta — oque aconteceu com ela?
— No meio da noite ela começou a reclamar de dor de cabeça e agora pouco desmaiou, estou tentando curá-la, mas não faz efeito algum. — ela a coloca no chão — fui até os quartos de Nozomi e Kitsu e não estavam lá.
— Eles nos envenenaram, provavelmente sua cura lhe-salvou, e eu Mjonir consegui-o apagá-la. — escuto um barulho no andar de baixo — temos que achar Kitsu e Nozomi, me lembro que Kitsu disse que tem alguns antídotos em sua bolsa. Coloque tudo que estiver no quarto na porta e fique aqui tentando curá-la, vou tentar encontrá-los, — vou para o corredor — irei bater três vezes para você abrir ok? — Ela acena com cabeça e fecha a porta
Vou descendo bem devagar as escadas, a casa está muito escura, vou seguindo o que Mjonir fala em meu ouvido para encontrá-lo, a casa está em um silêncio assustador, consigo acreditar perfeitamente que o casal nos envenenou para nos roubar, deste reino eu não duvido mais nada. Procuro pelos cômodos da casa e não encontro ninguém, vou até o lado de fora e encontro uma porta no chão que leva provavelmente até o porão, coloco meu ouvido na porta e consigo escutar alguns sussurros que não dá pra identificar, quando estou prestes a abrir a porta…
— Mestre! Estou atrás de você!
Me viro na hora e pulo para o lado, Mjonir simplesmente voa para cima de mim a atinge a casa ficando preso entre as madeiras da porta — Que merda é essa Mjolnir!
— aaaa eu errei irmã! — a garotinha de 6 anos segura a saia da garota de 14 anos
— Não tem problema Lara, quando sua irmã matar ele você vai poder usá-lo como alvo para suas facas, ok? — Ela diz essas palavras assombrosas e a criança dá pulos de felicidades — agora vamos começar a verdadeira festa! — ele abre um sorriso de alegria, retira dois facões das costas e correm em minha direção
Eu ergo a minha mão direita e Mjonir voa até ela, fico só parado esperando ela chegar — O seu maior erro foi entregar esta arma para mim — ela para imediatamente — vocês envenenaram meus amigos, provavelmente não somos os primeiros certo? Famílias como a sua que deixam esse reino mais podre do que ele já é. Não terei piedade com vocês…
Ela hesita um pouco — Ha ha há! Até parece que consegue me derrotar! Eu sou conhecida como mestra das facas na região! Ninguém nunca conseguiu nem mesmo tirar uma gota de sangue minha! — ela avança para cima de mim
— suspiro — Eu avisei… — Estando a exatamente 1 metro de distância de mim eu avanço, e quando percebe já estou atrás dela.
— Você não pode escapar de mi… — Ela é interrompida por algumas coisas caindo diante dos seus olhos. E são seus dois braços. — aaaaaaaaa! Miserável! E vou te matar! — Ela vem em minha direção e eu a acerto na nuca de sua cabeça, ela cai no chão e desmaia
Viro meu olhar para criança, ela cai no chão assustada e me aproximo devagar — Venha… — tampo sua boca com uma corda e a arrasto pelo cabelo até a porta do porão
Abro a porta que range bem alto, passo a passo vou descendo um corredor escuro e frio, o silêncio que pairava foi interrompido por uma voz feminina. A mulher do homem. Me escondo atrás de uma parede e observo em silêncio, consigo ver Kitsu e Nozomi presos amarrados na parede, a mulher está com duas katanas em mãos…
— Sabe, eu sempre odiei meus cabelos loiros, na minha vila todas as mulheres tinham cabelos vermelhos e por isso acharam que eu era uma bastarda — ela coloca a língua na lâmina da espada a esquerda — talvez eu pinte meus cabelos com o sangue de vocês dois! — Kitsu e Nozomi se contorcem ao ouvir as palavras.
— Parada ai! — saio de trás da parede com Mjonir no pescoço da garota — se encostar um dedo nos dois eu corto a cabeça dela!
— Filha? — ela se vira — onde está sua irmã?
Corto a corda de sua boca — Ele cortou os braços da irmã! — tampo sua boca novamente
— Viu só? Eu não vou ter piedade dela se fazer qualquer coisa com os dois — ela abre um sorriso e tira um pacotinho do bolso
— Sabe o que é isso? O antídoto para o veneno que demos a vocês, só que infelizmente exageramos na dose da pequena lá em cima, e se ela não tomar até o sol nascer creio que não sobreviverá — ela finge quase derrubar — e tem mais uma coisinha, se ele entrar em contato com o ar do lado de fora, vai evaporar em segundos, acho que agora podemos fazer uma troca não é?
— Olho para Kitsu e Nozomi e os dois acenam a cabeça para eu fazer a troca, por algum motivo estou com um desejo enorme de fazer a troca, e sem perceber a criança morde minha mão que estava em sua boca e corre em direção a sua mãe, a mulher percebe imediatamente o erro que cometi e solta o vidro que estava em sua mão…
— Mjonir, Aumentar atributos! — falo e o jogo ele em direção à mulher. Minhas pernas me jogam em direção ao vidro, consigo pegar faltando apenas um milésimos de segundo até que toque no chão, Mjonir na mesma velocidade corta a cabeça da mulher e acerta a parede entre Kitsu e Nozomi, e a criança é derrubada pelo corpo de sua mãe agora sem vida. Corto as cordas de Nozomi e Kitsu e lhes dou um pouco do antídoto.
— Que droga de família é essa hein? — ele esfrega os pulsos
— Nem me fale, nesse reino só tem loucos — retiro Mjonir da parede
— Onde estão Emi e Appu? — Nozomi pergunta e me lembro do antídoto
— Droga! Me esqueci de Appu — Saio correndo para fora do porão desesperado, o corpo da garota está imóvel, e já dá para ver uma fenda do brilho do sol, corro o mais rápido que posso para o andar de cima e bato na porta como combinado, Emi abre e eu corro até Appu e lhe dou o antídoto — vai Appu reage reage! — se passa trinta segundos e eu suspiro, quase me levanto dizendo o pior, mas sou cortado com uma tosse engasgada de Appu
— Appu! — Emi pula e abraça Appu se levantando
— Ainda bem… — sussurro. Kitsu e Nozomi aparecem na porta e os dois batem em minha cabeça.
— Não sai correndo que nem louco depois de ter arrancado a cabeça de alguém! — os dois falam ao mesmo tempo
— Ai ai já entendi — uma lâmpada se acende em minha cabeça — espera… vocês se encontraram com o homem desde a hora de dormir?
— Na verdade não, quem nos arrastou foi só a mulher — Nozomi olha o corredor
— Se não o encontrarmos logo ele nos trará muitos problemas — Kitsu vai para fora do quarto
— Sim, vamos procurar ele antes que sejamos pegos pela guarda — Vou até o corredor
— Ka…zu… — escuto Emi e me viro imediatamente. O homem está com uma faca em seu pescoço, a janela está aberta, meu tempo de melhoria das habilidades acabou, todos estão completamente paralisados.
— Vocês mataram minha mulher e minhas filhas e agora vão pagar! — ele ergue a faca para acertar o pescoço de Emi, e sangue começa a escorrer, seu rosto está paralisado, vejo um vulto em suas costas, é Appu, ela pegou o ferro que arranquei da cama e o acertou pelas costas, o homem se desequilibra e cai para fora da janela batendo de cabeça no chão.
— ficamos alguns segundos paralisados e eu me aproximo de Appu — Você não fez nada de errado, ok? Você viu alguém que gosta em perigo e foi ajudar, mesmo que eu quisesse lhe dar uma bronca, não tenho a mínima moral para isso — acaricio sua cabeça
— Emi vai até Appu e a abraça — Muito obrigada Appu
— Você está bem? — pergunto a Emi e ela acena com a cabeça
Todos nós se arrumamos e vamos até o estábulo, Daisuke tomou um pouco do veneno, mas nada significativo então depois do antídoto está em perfeita forma, vou até o porão e a criança ainda está inconsciente, por um segundo penso em levá-la conosco, mas acho melhor deixa-la ai, talvez assim ela pague por seus pecados.
Sem demora saímos daquele lugar doentio, Appu parece estar bem, Kitsu e Nozomi acabaram dormindo porque ainda há um pouco de veneno em sua corrente sanguínea, estou guiando Daisuke há algumas horas e ele parece estar bem, estamos quase chegando na última cidade até a fronteira e já está no final da tarde…