Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 14
Depois de uma noite aconchegante na casa de uma família muito acolhedora, chegamos à terceira cidade, a última até a fronteira, estamos tentando encontrar alguma maneira de entrar na cidade, já que é o último ponto em que podemos adquirir suprimentos, depois da fronteira vamos demorar alguns dias até a próxima vila, e também não sabemos se vamos conseguir suprimentos lá.
— Temos um problemão — Kitsu fala. Estamos em volta de uma mesa portátil redonda embaixo de uma árvore escondidos, o mapa está sobre a mesa e estamos procurando uma entrada
— Acesso subterrâneo? — Nozomi pergunta
— Impossível, desde Edward sempre existem patrulhas lá em baixo — Fixo meus olhos no mapa
— Não podemos usar a entrada principal? — Emi pergunta
— Não, agora estão verificando até dentro das mercadorias — me apoio na mesa.
— Além de que o medidor de magia é melhor e detecta tudo, então usar magia de camuflagem não vai rolar — Kitsu sobe em cima da árvore.
Appu vem correndo e esbarra em um copo de suco derrubando em cima do mapa bem na parte oeste da cidade, ela fica em choque com medo de brigarmos com ela.
— Isso! — Pego Appu no colo e a rodo no ar e todos se assustam
— O que foi?! — Nozomi pergunta
— Distração! Vamos fazer uma grande distração na parte oeste para dar acesso a vocês — Falo animado e todos continuam me olhando
— Seria um ótimo plano, mas como chegaremos na parte oeste? Pelo que sei nós não temos asas — Nozomi fala e eu abro um sorriso
— Bom… — Ergo meu braço e Mjonir voa até ele, no instante em que ele encosta em minha mão um enorme par de asas brancas se materializam em minhas costas — vocês não tem!
Imediatamente todos menos Kitsu se assustam, Nozomi cai no chão enquanto Emi segura Appu — Ahh, então foi isso que você usou na luta contra o dragão? — Kitsu me rodeia
— Uau isso é incrível! — Nozomi ainda chocada se levanta
— Você sente elas? — Emi pergunta e Appu se balança nela
— Sim, posso usa-la por pouco tempo, mas deve ser suficiente para uma distração que mobilizem os guardas por um tempo — As asas desaparecem e Appu cai no chão
— Você sabe controlá-las? — Emi pergunta
— Não sei direito, durante a luta elas funcionaram muito bem, mas vou tomar cuidado — me sento em uma raiz ao lado da arvore — agora é melhor nos prepararmos para uma possível luta, o capitão não é burro, se ele me descobrir no lado oeste mandara fechar a cidade inteira.
— Você acha que ele sabe que está recebendo ajuda? — Kitsu pergunta
— Sem dúvidas, ele sabe como funciona este reino, ninguém sem ajuda sobreviveria sozinho no meu estado — digo.
— O que faremos se ele nos descobrir? — Nozomi pergunta.
— Ele sabe que estou recebendo ajuda, mas não sabe de quem, ele conhece Kitsu e Emi então a prioridade é escondê-los, você é Appu podem andar normalmente, recolhendo informações necessárias sobre a fronteira — falo.
— Informações necessárias? — Emi pergunta
— Sim, a fronteira com certeza está sendo bem guardada, se soubermos o movimento de algumas tropas poderemos passar com mais facilidade — falo. Discutimos por algumas horas algumas possibilidades, erros que poderiam acontecer e outras possíveis rotas de fugas que infelizmente são muito pequenas.
Já faltando duas horas para execução do plano… — Kazuhiro preciso falar com você? — Kitsu me interrompe quando estou guardando algumas caixas
— Ah, sim, sobre o que quer falar? — pergunto
— Na última cidade consegui enviar algumas mensagens secretas para o pessoal da cela — ele olha em volta
— E então? Alguém respondeu? — pergunto ansioso pela resposta
— Chieko! Aquela ranzinza me disse que está escondida nesta cidade, tenho certeza que ela tem algumas informações que nos serão úteis — ele fala animado
suspiro — Que bom que ela conseguiu fugir, então poderemos mandar Nozomi até ela — me apoio na carroça.
— Infelizmente não, ela está muito cautelosa, ela disse que só atendera eu ou você
— Isso é um problema… você consegue chegar no esconderijo dela sem ser notado? — pergunto
Ele pensa um pouco — talvez… se eu me esforçar talvez ninguém me note
— Se for muito arriscado é melhor nem tentar, apesar de eu querer vê-la e receber essas informações não vale a pena o risco — falo
— Não, eu tenho que ir, se isso nos ajudar a passar pela fronteira mais facilmente não tenho outra escolha — vejo em seus olhos que não desistirá da ideia de ir ao encontro.
— Certo…mas qualquer indício que foi descoberto volte sem pensar duas vezes — coloco minha mão em seu ombro
— Pode deixar — Ele acena com a cabeça
Criamos alguns pacotes de magia preparada, magia prepara são basicamente iguais fogos de artifício, concentramos magia em um pacote com um pano personalizado e com um simples toque de magia ele explode com uma cor forte, nada que faça estrago, são bem populares no reino pelas crianças, e são bem comuns em festivais.
Estamos prontos, fizemos um plano bem detalhado de carregamento dos suprimentos, marcamos sinais de magia preparada para cada situação, levamos em conta várias situações em caso de batalhas e combinamos que se qualquer um for capturado não existe a mínima possibilidade de deixarmos alguém para trás.
— Estão prontos? — Pergunto e todos acenam com as cabeças. Estamos perto da cidade e o pessoal está na carroça só esperando eu voar até a cidade.
Com Mjonir em mãos abro minhas asas, com uma força surpreendentemente me lanço para cima, por alguns segundos elas não reagem, mas sem muito esforço consigo manter um ritmo que me deixa parado no céu. O lugar que decidimos atacar é à base dos guardas, toda cidade tem sua base no caso de transferência de tropas, ou somente um lugar para guardas dormirem entre os turnos, vou fazer o maior estrago que eu puder eu fugir rapidamente para não ser apanhado.
Fico por alguns minutos sobrevoando a base, a observo atentamente procurando algo que faça com que os guardas fiquem cem por cento focados naquele lugar ignorando qualquer outra ameaça. Depois de alguns minutos esperando vejo um depósito de pólvora e dinamite, se eu conseguir acender uma chama lá dentro com certeza fará uma explosão catastrófica.
Procuro em minha bolsa algo que possa fazer fogo e encontro uma bomba improvisada que Kitsu me deu, normalmente ela só machucaria um pouco e faria um pequeno estrago, mas com certeza agora ela não vai fazer um pequeno estrago ou pelo menos assim espero.
Entro discretamente no armazém, centenas de barris de pólvora empilhados, várias e várias caixas de dinamites prontas para explodir com uma simples faísca. Um pouco de culpa me afeta, mas ela some rapidamente, não preciso ter dó do povo desta cidade, não devo nada a este reino, as únicas pessoas que devo alguma coisa são meus amigos, com eles sim eu tenho um divida que eu pagaria com a minha vida… e eu paguei.
Acendo a bomba e a jogo em um barril de pólvora, me lanço para cima quebrando o telhado e a pressão da explosão me faz ir muito mais alto, fico totalmente desnorteado, a explosão me fez rodar no ar, me enrolo nas minhas asas para queda, sinto o impacto no chão com tudo, por alguns segundos meu ouvido ficou totalmente surdo, olho para o céu esfumaçado e vejo um sinal roxo. É o sinal do pessoal que está tudo nos conformes, me levanto com dificuldade e lanço meu saco de magia preparada da cor verde.
Ele explode perfeitamente, já estou me preparando para levantar voo quando escuto uma voz…
— Então você é o demônio? — Um rapaz de armadura dourada com uma lança em mãos me pergunta
— Talvez, e quem é você? — Sinto uma presença estranha da lança — Mjonir, aquela lança é uma arma sagrada?
— Não, mas tem algo estranho com ela, não recomendo um combate mestre — Ele me aconselha
— Sou Nick! Da casa de Sebastian, e hoje irei mata-lo demônio! — Nick grita apontando a lança em minha direção
— Nick não é? Escuta, eu realmente não estou a fim de lutar e estou com pressa, talvez outro dia lutemos — Me ponho em posição de lançamento e quando vou dar o impulso sua lança atinge minha asa esquerda e ela se desfaz me deixando com uma enorme dor — aaaa! Que merda foi essa!?
— Hoje demônio, eu irei purificá-lo! — ele tira duas facas da cintura com a mesma áurea da lança e corre em minha direção.
Com Mjonir me defendo de inúmeras tentativas de facadas, sua velocidade é incrível, tenho que ativar a melhorias senão ele vai me acertar, com um só impulso ele se joga para cima pegando a lança e jogando as duas facas em mim, consigo me defender de uma enquanto a outra me acerta na perna direita, a pele em volta da faca parece queimar me fazendo contorcer no chão, olho para cima e o rapaz está caindo em cima de mim, lanço Mjonir nele oque o faz voar para longe fora da minha visão.
— Quem era aquele maluco? — Me levanto tirando a faca da minha perna — Mjonir volte! — ergo a mão e ele volta
— Mestre, uma nova habilidade foi desbloqueada — Mjonir fala
— Certo… — ainda estou sem fôlego — me diga oque ela faz
— Você desbloqueou a habilidade “análise”, ela deveria ter sido desbloqueada junto com as habilidades primárias, mas por algum motivo não foi liberada — Mjonir fala
— Você me disse o motivo para eu não tela desbloqueada antes, mas não me disse o porquê de agora ou oque ela faz — Caminho mancando até um beco
— Me desculpe. A habilidade análise foi desbloqueada por causa da luta contra Nick, ela pode analisar cerca de 90% das armas do mundo, dizendo do que são feitas, onde foram forjadas, feitiços ou maldições implantadas nelas. — eu o ergo
— Isso sim é uma habilidade boa e oportuna — dou risada — ok, então vamos testá-la — coloco a faca em cima de Mjonir — Análise!
Quando ativo a habilidade a faca começa a flutuar e um círculo transparente da cor vermelha cobre completamente, depois de alguns minutos a cor muda para verde e Mjonir me avisa que a análise está completa.
— A lâmina desta faca é feita de um material da categoria proibida, cristal branco de escama de dragão que somente a igreja tem acesso, o cabo foi feito de uma madeira de categoria proibida, uma madeira abençoada que somente a igreja tem acesso, o feitiço imposto na arma é da categoria proibido, este feitiço foi feito pela igreja, mas só é ativado quando um alvo em específico esta no alcance de 15 metros da arma, essa arma foi forjada na oficina da igreja de mists com propósito de matá-lo mestre. — Mjonir me explica detalhadamente.
— Certo… — pareço ter ouvido somente o final — estão à igreja está contratando caçadores para irem atrás de mim? Tenho que tomar mais cuidado…
— Mestre, me dei a liberdade de criar um contra feitiço para esta arma, mas somente por 1 minuto — fala
— Ótimo, bom trabalho, se continuar desse jeito talvez eu precise logo logo — falo. Ando mancando escondido pelas sombras da cidade, mas sem necessidade, a cidade está mergulhada completamente em desespero, milhares de pessoas correndo, percebo que nem preciso me esconder, ninguém vai me perceber enquanto uma casa estiver pegando fogo ao meu lado, chego ao lugar combinado e todos já estão prontos para sairmos mas Kitsu ainda não chegou.