Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 15
— Exagerado — fala Nozomi com tanto de ironia
— Necessário — a retruco — Kitsu ainda não chegou?
— Ele disse que não vai demorar — fala Emi
— Certo… — ando mancando até a carroça
— Você se machucou não é? — pergunta Emi se abaixando perto da minha ferida
— Um imprevisto…
— Sua vida é um imprevisto — fala Nozomi me dando um tapa na cabeça — você não é indestrutível idiota.
— Ai! Eu se… — sou interrompido por um grito
— Capitão! Eles estão aqui! — Um guarda com a farda real grita e em seguida um grupo aparece com o capitão da espada de fogo
— Não não não! Entrem agora na carroça! — Eu pulo na carroça e dou o sinal para Daisuke correr o mais rápido possível. Atropelamos tudo que está na nossa frente em direção ao portão da saída, pego uma bomba de magia preparada e a lanço para cima dando sinal para Kitsu que fomos descobertos — Nozomi assuma o controle e saia da cidade! Vou buscar Kitsu!
Pulo no chão e rolo capotando por alguns metros, olho para trás e uma centena de guardas estão vindo em minha direção, olho para cima e vejo o sinal de Kitsu, corro em direção a ele tentando desviar de todos os civis, com dificuldade me lanço para cima dos telhados e consigo ver Kitsu saindo por uma janela de uma oficina.
— Mjonir por quanto tempo eu posso usar minhas asas!?
— Por apenas 15 segundos!
— Vai ter que funcionar então! — Eu abro as asas e pulo em direção a Kitsu o pegando, magos reais começam a jogar bolas de fogo em nossa direção, faltando 5 segundo para minhas asas sumirem e quase saindo da cidade um dos magos consegue acertar minhas asas.
— Kitsu!
— Eu já sei! — Com seu cajado em mãos fala algumas palavras estranhas e uma bolha de ar cobre nossos corpos, acertamos o chão e rolamos até o lado de fora, a bolha se desfaz e corremos enquanto os guardas gritam para pararmos, consigo ver o pessoal bem na frente ainda em movimento, pego Kitsu pela roupa e o lanço, Emi consegue segura-lo, eu com os últimos vestígios da minha força me lanço para carroça, quase não consigo, mas Emi e Kitsu fazem uma corrente humana e me pegam.
— Boa sorte na próxima vez, capitão! — debocho dele enquanto dou risada. Consigo ver ele batendo em seu escudeiro de raiva.
— Da próxima avisa antes de pular de um carro em movimento! — fala me Emi batendo na cabeça
— Eu só não vou ai te bater porque tô dirigindo, mas só espera a gente parar! — grita Nozomi da frente
— Ta certo ai ai… — penso um pouco — então kitsu… o que Chieko disse?
— Ela me deu duas cartas… — ele mexe na bolsa e tira dois envelopes — um ela disse que para somente você ler, o outro é sobre algumas informações de possíveis emboscadas — ele me dá a minha carta
— Certo… de a outra para Emi verificar as rotas… — Eu engulo em seco e abro a carta devagar e leio calmamente.
“Kazuhiro, primeiramente obrigada pelas chaves, graças a você todos nós conseguimos fugir. Soube que estão querendo ir para o reino das três coroas, na outra carta deixei algumas possíveis rotas de confronto, um antigo amigo meu do exército de mists me deu essas informações então são confiáveis, sobre o restante da cela soube que Akuma e Hiroíto já estão nas três coroas, provavelmente Akuma está na capital atrás de sua magia, Hiroíto é bem reservado só me disse que estava lá, mas preferiu não dar mais detalhes.
Soube que vocês enfrentaram um demônio dos deuses não é mesmo? Quando Kitsu me disse eu não acreditei, mas quando os boatos chegaram aqui, talvez uma parte de mim tenha acreditado, não consigo imaginar você que estava todo acabado enfrentar um demônio hahaha. Também soube que anda de paparico com uma tal de Emi hahaha quem diria!
Kitsu me disse algo que me deixou um tanto perturbada, é sobre o deus do tempo, eu como uma ex-fada consigo ter um contato com os deuses um pouco maior que os humanos comuns, e sei que o tempo não é flor que se cheire, recomendo que vá até a igreja das coroas na capital, lá talvez você saiba o que está enfrentando melhor.
Acho que isso é tudo, mais uma vez obrigada pela ajuda, se precisar de qualquer coisa no futuro não hesite em pedir para mim, até a próxima…
Chieko…”
Termino de ler a carta com um sorriso no rosto, estou feliz que todos tenham escapado, acho que depois da fronteira nosso próximo destino é a capital, preciso saber ao máximo sobre o deus do tempo, já sei que ele não se importa com inocentes nem nada do tipo, então seus métodos podem ser os piores dos piores. Agora estamos a alguns quilômetros da fronteira, subimos uma montanha há algumas horas e agora paramos para revisar as rotas e nos preparar para uma emboscada.
— Temos alguma chance? — pergunto a Emi
— Talvez… por algum motivo esta rota não está sendo cobria e nem está marcada como ponto de emboscada — ela aponta para o mapa em uma passagem entre duas montanhas
— Um ponto sego? — pergunta Nozomi
— Impossível, eles teriam uma ótima visão dali — ela se encosta em uma árvore.
— Bom não importa, Chieko disse que o informante dela é confiável — fecho o mapa e o guardo
— Eu não confiaria cegamente assim em uma bandida — Nozomi fala e eu e Kitsu a encaramos
— Como assim em uma bandida? — Vejo que Kitsu está um pouco bravo.
— Só estou dizendo que é melhor tomarmos cuidado, não conheço essa Chieko — ela parece estar um pouco brava também.
— Pois eu conheço, e confio nela plenamente! — ele grita
— Se seus instintos funcionassem bem, a gente não teria de ter te resgatado daquela prisão! — ela grita
— Nozomi se acalme — Emi tenta pedir calmamente
— Emi e você, não consegue enxergar? Se bobear essazinha vai roubar seu namorado de brincadeira! — Nozomi explode completamente
O clima fica tenso, o pessoal que sempre foi bem descontraído não ficariam bravos por algo assim, me sento por algum tempo debaixo de uma árvore e decido falar com Kitsu, talvez toda essa correria os tenha deixado sobrecarregados. Vou até um precipício e Kitsu está na ponta olhando para as nuvens…
— Temos que falar sobre aquilo? — ele me pergunta
— Eu deveria perguntar isso não? — me sento ao seu lado — acho essas últimas semanas foram impossíveis
— Você acha?
— Me desculpe, achava que tudo que aconteceu girou em torno de mim, achei que só eu estava em pânico, preocupado ou ansioso, mas não, todos vocês enfrentaram isso comigo, sentiram medo, preocupação ansiedade e tristeza, e eu não tinha percebido até agora, desde que eu fugi daquela prisão tenho carregado vocês para todas as minhas encrencas, este machado em minhas mãos é a prova disso, e eu sinto muito, sinto por não ter percebido o que estava acontecendo, sinto por não ter sido amigo suficiente para você descarregar essas preocupações em mim e sinto por ter dado a vocês tantas preocupações, somos uma equipe, e a partir de agora ajudarei todos vocês a carregarem suas lutas e problemas, não importa a situação, não os deixarei cair em desespero, isso eu prometo — sem perceber Emi, Nozomi e Appu estavam ali escutando, Nozomi um tanto emocionada pede desculpas para Kitsu e Emi que agora estão se sentindo melhor, Emi e Appu me abraçam, o abraço mais acolhedor que eu recebia minha vida inteira, sem mesmo notar criei a melhor família que eu poderia conseguir.
Depois daquele momento, todos nós ficamos mais calmos, uma tensão que até alguns dias invisível e tensa agora sumiu completamente, um alívio saiu de nossos ombros, sinto que agora podemos prosseguir adiante sem deixar o passado nos atormentando.
Depois de algumas horas chegamos à espreita estrada que nos leva a grande e tão esperada fronteira, o chão ainda está molhado da chuva há vários dias, as enormes e íngremes paredes de pedra estão quase tampando a luz do sol, Daisuke com dificuldade arrasta a carroça em meio às pedras com lama.
— Será que desconsideraram essa rota por causa da dificuldade? — Nozomi pergunta guiando Daisuke
— Impossível, o general não deixaria um ponto de fuga para mim, talvez chegamos na troca de turnos, então melhor nos apressarmos — falo
Dirigimos rápido, mas fazendo o menor barulho possível, sempre verificando em volta para ver se tem tropas a caminho, depois de longos 15 minutos chegamos a 10 metros da grande e majestosa fronteira, saímos da carroça e de cara está uma parede de pedra de pelo menos 20 metros de altura, acabamento perfeito, e sem um único arranhão, sinto uma grande áurea na muralha inteira, provavelmente reforçada com magia, e em seu centro uma grande passagem com um piso de cristal.
— Mjonir, verifique se a magia protegendo a muralha, sinto que tem uma membrana grossa de magia em sua volta — o ergo em direção a ela
— Sim mestre — ele faz alguns barulhos e em segundos fala — a muralha está com um feitiço de proteção, com esse feitiço ela não sofrerá danos de canhões de nível 3 nem de ataque de magias nível 3 nem de dano físico nível 3, e ainda a um bônus de resistência por ser magia real
— Incrível, não sabia que existia um sistema de leveis neste mundo, quero sair logo desse país imundo e descobrir mais sobre esse mundo
— Mestre! — Mjonir grita e automaticamente sinto uma aura assassina vindo da passagem da muralha
— Agrupar! — grito e todos ficam em posição de ataque formando um círculo, Nozomi está com sua lança, Kitsu com seu cajado, Daisuke que se desprendeu da carroça está no meio pronto para atacar, Emi está com duas facas de serra de ferro longo em mãos — Descobri recentemente que ela gosta muito desse tipo de arma — e Appu que está com espada de ferro leve pronta para atacar, montamos essa posição por precaução a ataques surpresas.
— Hora hora hora… — um vulto com a áurea tenebrosa sai da muralha — meu querido e favorito fujão, Kazuhiro! Parece que andou se divertindo por aí não é mesmo? — é o capitão da espada de fogo — fugindo de mim, cidade após cidade, enfrentando demônios, achando que estava me fazendo de trouxa, acha que para ser capitão não precisa de inteligência? Claro que no começo foi difícil, você com toda certeza deu trabalho para gente, mas depois de uma carta bondosa de um tal de “Relógio Do Futuro” as coisas ficaram bem mais fáceis, parece que seus inimigos não são somente o reino e eu não é? Mas finalmente chegou o fim, hoje acabaremos com essa perseguição sem sentido, hoje o seu corpo e dos seus queridos companheiros serão pisoteados até a morte!