Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 23
“E-ele disse… noiva?”
— Qual é dessa cara agora?! Ficou mexido de saber que o namorado da mulher que você matou está na sua frente?!
— A filha do general era…
— Exatamente! A mulher que você matou há três meses, minha futura esposa. Kazuhiro, você tirou de mim a única pessoa que eu amava!
Lágrimas escorriam dos olhos de Eduardo. Eu não sabia o que fazer, tudo que sabia dele foi esmagado pela informação que tinha recebido.
“Então esse era o motivo…”
Desde o início foi pessoal e eu não podia fazer nada. Ele achava que eu tinha matado ela e estava totalmente cegado pelo ódio.
Mas o que eu deveria fazer agora? Minha motivação para essa luta era a raiva que sentia do capitão e do general, só que agora tudo mudou.
Achava que era um homem do exército que simplesmente queria brincar comigo e me matar no final.
Pensava que era mais um que fazia parte de todo esse lixo que chamam de reino. Entretanto, ele só é um homem desesperado, de coração partido, quase se afogando no desespero e para ele, eu sou o culpado.
❃❃❃
O capitão tinha abaixado sua cabeça, deixando as lágrimas caírem em uma poça d’água no chão. Essa poça refletia o passado que o atormentava com suas lembranças.
Voltamos para a capital do reino de Mists. Um enorme exército estava entrando ao coro do povo cantando a vitória.
Os guerreiros marchavam sorrindo. A felicidade em seus rostos era esplêndida. A batalha contra o reino de Dihoba foi um sucesso.
E no meio de tantos soldados um se destacava. Um rapaz era carregado por dois soldados enquanto acenava ao público.
Nomeado como herói durante a batalha. Eduardo foi o guerreiro mais nobre entre mais de dez mil homens.
O general ficou tão orgulhoso do trabalho de seu aprendiz que até mesmo o rei se interessou pelo rapaz.
O rei o chamou para uma reunião. Eduardo não sabia o que dizer, estar na presença do rei é algo fantástico.
Já estava poucas vezes, mas somente de longe ou ao lado do general. Nem mesmo dirigia a palavra para ele, aquilo era emocionante.
— Eduardo Freitas, soube o que fez em nome do reino de Mists.
O jovem estava prostrado olhando para baixo, então falou: — Meu senhor, não existe honra maior para mim do que servir a ti.
— Sua devoção é magnífica jovem e, por isso, devo recompensá-lo. O título de herói é pouco para um homem assim.
— Muito obrigado, senhor. Não importa o que me der, eu vou usar para profetizar em seu nome.
— Pois bem, Eduardo, se aproxime. — Ele fica perante ao rei que estava de pé segurando sua espada. — Com o poder que me foi concedido, eu nomeio Eduardo Freitas como cavaleiro de Mists e agora capitão real. No seu próximo treino eu lhe darei uma arma sagrada.
O coração do rapaz acelerou. Ser um cavaleiro! Nunca imaginaria que receberia um título com tamanha honra.
O dia passa e uma grande festa de comemoração é dada em nome da vitória e da nomeação de Eduardo.
A felicidade estava transbordando no reino inteiro, mas aquele que deveria estar feliz e alegre, não conseguia se divertir.
Agora que o sangue tinha esfriado. Percebeu algo que estava negando a muito tempo.
Um vazio que o perfurava. Não sabia o porquê, mas algo faltava. Podia estar no topo, entretanto sentia estar no fundo do poço.
Pensamentos reflexivos ecoavam em sua cabeça na varanda do salão real. Até que o general chega acompanhado de alguém.
— Meu jovem, gostaria de te apresentar a minha filha.
Os fogos de artifício da grande comemoração estouraram. O brilho colorido se refletia no lindo rosto da jovem.
Cabelos azuis brilhantes, uma pele branca e delicada como a neve, olhos brancos charmosos e uma boca com lábios rosados e sedutores.
O rapaz ficou totalmente encantado, hipnotizado pela garota. O vazio em seu peito se desfez em um instante.
O resto da noite passou-se e os dois não saíram de perto um do outro. A garota também se encantou pelo rapaz.
O general vendo isso ficou alegre. Não existia outra pessoa que ele gostaria mais para ser seu genro.
Então dois anos se passaram. O capitão, em uma noite igual a que se conheceram, a pediu em casamento.
Ela aceitou sem repudiar e logo contaram para suas famílias. O general propôs uma grande festa de comemoração.
A noite estava linda, a festa estava tranquila e organizada como um casamento. O próprio rei tinha mandado vários presentes.
O casal apaixonado andava pela rua. A festa acabou e todos já tinham ido embora. E agora o casal queria ficar um pouco sozinho.
— E então? O que achou da festa?
— Estava adorando, querido! Não poderia ser melhor!
— Poderia sim e vai ser, em nosso casamento. Não vejo a hora de poder chamá-la de esposa.
— Ah! Acabei esquecendo algo lá no salão! Pode esperar um segundo?
— Claro, mas não quer que eu busque?
— Não precisa, é só uma coisinha.
Eduardo esperou, esperou e esperou. Ficou um pouco inquieto e foi procurá-la. No salão, os funcionários disseram que ela não tinha voltado.
Continuou procurando e logo soou o alerta para que todos a procurassem. Ninguém a encontrou até a madrugada. Morta com uma facada em seu peito.
O culpado pelo crime foi preso imediatamente. Eduardo não aguentou ver o julgamento. Não queria ver o rosto do homem que fez isso.
Três meses se passaram e o capitão não era mais o mesmo. Piedade não exista em seu vocabulário.
Bebia litros de álcool escondido e não gostava de conversar com ninguém fora do trabalho.
Para ele, a única satisfação era que o culpado por isso estava preso, mas isso foi por água abaixo quando soube de uma confusão na masmorra a oeste.
❃❃❃
Kitsu, Nozomi e Emi não conseguiam tirar os olhos da luta. Quase não respirava com a tensão no ar. Até o exército se calou.
— Que merda, o Kazuhiro ta ferrado. — Kitsu cospe um pouco de sangue.
Emi ajuda Kitsu e fala: — Esse jogo está ficando cada vez mais perigoso.
— Eu consigo me lembrar de quando transmitiram em nossos espelhos sobre o homem que matou a filha do general, mas nunca disseram que era a noiva do capitão. — Nozomi se senta.
Appu acorda escutando a conversa deles.
— K-kazuhiro, mal?
— Não se preocupe Appu, só descanse, ok? Kazu ta resolvendo as coisas.
“Vai cara, eu sei que você vai vencer!”
“Kazu, por favor, nada disso foi em vão!”
“Seu idiota, não morra agora, olha onde chegamos!”
Os pensamentos dos meus amigos chegam a mim. Mas ainda sim, um peso a mais estava em meus ombros.
O capitão levanta sua cabeça e joga um pouco da água da poça em seu rosto. Banhado agora, com suas próprias lágrimas, poderia finalmente se sentir em paz.
Caminha segurando firme em sua espada. Andando na minha direção. Não sabia o que deveria fazer. Reagir? Fugir?
Antes de eu decidir, senti algo em minha barriga. Uma espada a perfurando, com chamas me queimando de dentro para fora.
Caiu de joelhos junto do capitão ao chão. Nenhum dos dois reage, ele me encara e eu o encaro.
Ele queria me chutar, me bater mais e mais, só que não conseguia entender o porquê dos meus olhos expressarem tristeza.
Parecia que estava triste pela morte de sua amada. Eu realmente queria morrer ali.
Mesmo que não tenha sido eu que a matei, pelo menos poderia trazer paz para aquele homem.
— Mestre, a desativação está completa, deseja usar o poder total?
“Não…”
— Tem certeza?
“Sim, lembre-se de ativar o ‘último desejo do portador’, por favor.”
Havia gritos de alegria de um lado e do outro alguém gritando o meu nome, mas eu não ouvia nada.
Uma escuridão estava me engolindo, me puxando para baixo como as correntes que me trouxeram para esse mundo.
Em volta de mim, o frio que fazia meus ossos tremerem. Sentia a água gelada em meus joelhos.
Meus ombros que estavam pesados ficaram leves. Aquilo era acolhedor, confortável e tranquilo, uma escuridão na qual queria continuar.
Tinha aberto meus olhos e não via nada, mas escutei uma voz.
— É sério mesmo? Você vai morrer desse jeito?
— An? Quem é você?
— Acho que sou o motivo de você estar aqui.
— Que merda tá acontecendo…?
— Me desculpe pelos pesadelos. Não queria te atormentar daquele jeito.
— Cara, só me deixe morrer em paz, porra.
— Meu noivo está tão aflito, acha mesmo que ele vai ficar em paz?
— Cala essa boca, fantasma.
— O culpado pela minha morte está por aí. Agora mesmo deve estar dormindo sem preocupação alguma.
— Cala essa maldita boca!
— E seus amigos? Como vão se sentir quando você morrer?
— …
— E a pessoa que está apaixonada por você? Quer que ela fique como meu noivo?
— Emi nunca tentaria matar o capitão, ainda mais do jeito que ele está.
— Emi? Não estou falando da garota híbrida.
— An?
— Kazuhiro, eu sei que o mundo está sobre suas costas.
— Tem muito mais que o mundo sobre minhas costas.
— Eu sei, o deus do tempo também é um problema.
— Um grande problema.
— Consegue imaginar o rosto dele agora? Vendo que seu plano deu certo. Tem certeza que seu machado vai conseguir salvar seus amigos dele?
— Ele vai deixá-los em paz quando eu morrer.
— Será mesmo? Você não acha que ele vai querer cortar qualquer laço que você teve nesse mundo?
— Ah, então a senhorita fantasma sabe que eu vim de outro mundo?
— Eu quero te mostrar.
— Mostrar o que, merda?
— Quero te mostrar tudo que eu vi.
Um clarão me cegou. Quando voltei a enxergar estava no corpo dela. Não conseguia me mexer, mas vejo tudo.
A vida da noiva passou em um piscar de olhos. O reino que eu tanto odiava tinha seu lado bom. Essa mulher presenciou tudo que tinha de bom nesse lugar.
E também o viu decair a podridão que estava hoje. Ver sua morte novamente me aterrorizou, mas ver meu rosto me deixou enjoado.
— Olha, não é que o capitão realmente amou alguém.
— Não tinha dúvidas do que ele sentia por mim.
— Sinto muito…
— Por que está se desculpando?
— Se eu soubesse de alguma coisa poderia ter salvado você.
— Não, não tinha o que fazer e eu te agradeço.
— Por que…?
— Graças a você eu não morri sozinha. Kazuhiro, você realmente quer morrer aqui?
— É claro que não, mas…
— Então escute! Escute as vozes de seus amigos clamando para que se levante. E quando sair, encontre o homem que me matou, por favor!
Ao abrir meus olhos, sinto o calor da espada. A dor de ser queimado de dentro para fora e os gritos dos meus amigos.
— Kazuhiro!
Ergo minha cabeça e olho nos olhos do capitão. O alívio em seus olhos cessou-se, então afunda mais sua espada que me faz cuspir sangue em sua armadura.
— Capitão… me desculpe, eu juro que vou achá-lo. Mjonir, ative o aumento de atributos!
Quando falo a espada e o capitão são expelidos por uma força. Me levanto e olho para o céu.
O escudo que protegia todos de fora da barreira é quebrado como um copo de vidro caído no chão.
E dos meus olhos, uma mensagem surge.
[Parabéns portador]
[Graças a sua insistência, você alcançou o nível 1 de portador]
[Agora terá acesso à janela de status]
[Habilidade: ‘Último desejo do portador’ foi revogada temporariamente]
[Nova habilidade criada: Misericórdia]
[Nova Habilidade passiva criada: Resistência inicial ao fogo]
[Nova Habilidade passiva criada: Sem medo do escuro]
[Nova habilidade passiva criada: Resistência inicial ao frio]
[Nova habilidade passiva criada: Resistência inicial a lâminas curtas]
[Tempo de uso de “Aumento de atributos” aumentada em 5 minutos]
[Outras habilidades evoluíram para nível 1]
“Nível… um?”
Após as janelas sumirem, consigo olhar em volta. A barreira foi destruída completamente.
O chão tremeu tanto que chegou a rachar. O Exército inimigo não conseguia acreditar na cena.
O juiz não sabia o que fazer. Os assistentes estavam em choque, tremendo e com os olhos assustados.
Os semblantes dos meus amigos eram de admiração. Via em seus olhos lágrimas ainda escorrendo.
E o capitão caído de joelhos tentando entender o que acabou de acontecer. Olho para Mjonir e estava com um brilho diferente.
Andei calmamente em direção ao capitão que se levantava. Mesmo com medo, tentou novamente enfiar sua espada em mim.
A ponta dela faz um furo em meu peito do tamanho de uma agulha. O fogo virou uma leve ardência, como se estivesse ao lado de uma pequena fogueira.
Eduardo percebe e não consegue compreender. Larga sua espada e cai no chão. Enquanto me aproximo ele rasteja para fugir.
— Saía de perto de mim! Saía! Não chegue mais perto!
— Ativar habilidade: Misericórdia.
O seguirei pela armadura e o pressionei contra a parede. Coloco Mjonir em seu pescoço.
Ele olhou bem no fundo dos meus olhos. Ficou aterrorizado, queria correr, mas não conseguia mover meu braço.
Então soprei em seu rosto e ele desmaiou. O solto, fazendo-o cair no chão, me virei e andei até o juiz caído. Aproximo-me e abaixo bem perto.
— Não tem que falar algo?
— V-vitória da equipe do Kazuhiro! Eles agora têm permissão para atravessar a fronteira em paz!
♡│⎯⎯⎯⎯ Perseguidos Pelo Tempo! ⎯⎯⎯⎯│♡
Salve! Aqui é o autor. Vim aqui no final do capítulo para agradecer os leitores que leram até aqui. Graças a vocês que eu ainda continuo escrevendo.
Eu sinceramente quase desisti, mas agora esse pensamento nem passa na minha cabeça e isso devo a vocês.
Esse foi o último capítulo e como viram, parece que a novel vai ganhar uma cara nova.
Um grande romance que eu espero fazer o coração de vocês palpitar de alegria e às vezes bater forte de raiva. kukuku.
Um reino desconhecido cheio de aventuras, mistérios e talvez novos companheiros para o nosso querido grupo.
A busca pelo misterioso assassino da noiva do capitão.
E é claro, o sufoco que o deus do tempo vai fazer Kazuhiro passar com seus planos.
Um grande romance, aventura, uma busca e um deus maligno. Eu não sei vocês, mas eu realmente estou muito empolgado pelo o que está por vir.
Mais uma vez obrigado pelo apoio de vocês e nos vemos logo logo aqui ou no discord.
Falou! ^^
Obs: Vou dar uma pequena pausa de 2 semanas ou menos para corrigir os capítulos anteriores, nada de mais. ^^
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