Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 28
A cena era horripilante, centenas, não, milhares de monstros emergindo da floresta escura, vindo em nossa direção. As pessoas começaram a se desesperar, queriam se dividir e correr para dentro da floresta em busca de abrigo. Pareciam um rebanho de ovelhas e nós éramos os pastores que às estavam protegendo de lobos perigosos e sanguinários.
Olhei para o resto do grupo com um olhar desesperado, obviamente não esperava tantos monstros, achava que eram no máximo 5 hordas, só que ali tinham até 20. Quando o grupo começou a se dissipar e nós não sabíamos o que fazer, Appu inesperadamente tomou as rédeas de Daisuke e rodeou o grupo de pessoas às reunindo em um círculo.
Ficamos primeiramente surpresos, mas sua atitude foi a faísca que precisávamos para formar um plano que ajudasse a todos. Ficamos posicionados protegendo as ovelhas dos enormes lobos correndo em nossa direção.
O mesmo homem que deu início à confusão na praça se pôs a frente em minha direção, estava encharcado pelo ódio e medo, com os punhos cheios tentou me socar, entretanto desviei com facilidade.
— Seu estrangeiro de merda! Porquê nos arrastou para o meio da floresta! Para morrermos?! — gritou, me segurando pela camisa já pronto para me dar outro soco.
— Se acalme! Se você espalhar pânico agora, todos vocês vão morrer! — O afastei com um dos braços. — Nós temos força para ajudá-los, só mantenha todos calmos!
— Calmos?! Uma criança está nos guiando! Você colocou uma criança para nos guiar, acha que aquela menina tem força pra nos proteger?! — Ele estava ficando cada vez menos irracional e os monstros estavam chegando cada vez mais perto.
O homem gritava mais e mais, enquanto as pessoas ficavam inquietas e com mais medo. Tudo que falava me estressava até que não aguentei e usei uma das minhas habilidades.
Com um sopro, o homem caiu no chão, respirei fundo e percebi que todos ficaram em silêncio. Olhei e pareciam horrorizados, achei que minha ação tinha os assustado, mas quando a luz da lua em minhas costas desapareceu, sabia o que temiam.
Por puro reflexo, meu corpo se mexeu sozinho pulando para o lado e onde estava, um enorme ogro desferiu um golpe com um porrete de madeira. Olhei para os lados e os monstros já estavam a metros de nós. Então gritei:
— Pessoal! Eles podem ser muitos, mas são totalmente desorganizados! Vamos mostrar como ficarmos fortes!
Por alguns minutos me fiz esquecer de todos, menos as pessoas da vila e foquei apenas nos monstros à minha frente. Sabia muito bem que poderia contar com todos os meus parceiros para proteger o rebanho.
Derrubei rapidamente o ogro que tentou me atacar e fiz uma rápida análise dos próximos que vinham. Os mais rápidos e leves ficaram à frente, lobos e goblins, enquanto os mais pesados como ogros e orcs estavam atrás. Minha pele era resistente, entretanto as garras de um lobo eram fortes o suficiente para me ferir.
Goblins podem ser fracos individualmente, mas como formigas, juntos podem derrubar até elefantes, ou no caso, um portador. Então avancei, tinha que ter espaço o suficiente para um confronto com tantos inimigos.
A grama estava alta e a lua estava iluminando tudo, era o habitat deles, o terreno que conheciam há anos, a vantagem os pertencia. Os lobos conseguiram me cercar rapidamente, sempre em movimento sem me dar espaço para pensar em uma estratégia.
Por ter derrubado o primeiro ogro, os monstros conseguiram sentir minha força, sabiam que tinha um poder maior que outros humanos, então me eliminar seria a melhor opção. Atacavam separadamente, não sabia o porquê deles não irem todos de uma vez, não morreria, mas ficaria um pouco mais lento.
Aqueles eram lobos brancos, de um pelo que brilhava em um tom azul em lua cheia, naquele tempo não sabia, mas se fortaleciam em noites como essa. Suas garras eram escuras e negras, diziam que continha um veneno mortal, que matava suas presas em instantes.
Seus olhos azuis brilhavam insanamente, sempre noturnos, conseguiam enxergar como se estivesse à luz do dia. Podiam seguir suas presas por quilômetros, sua visão se comparava a de uma águia, ou até mais.
Um animal especialista em caçar, um assassino que parecia ter sido criado em laboratório de tão perfeito que era. E apesar de ser uma espécie que vivia sozinho, era improvável viajarem juntos, mas por algum motivo, ou invés de seguir seus instintos, estavam ali, combatendo um inimigo em comum.
Lançava Mjolnir e desviavam facilmente, saltava, rolava e corria para que não me atingissem com suas enormes garras. Queriam me cansar, era assim que caçavam, mas não seria uma presa fácil, tanto que percebi sua estratégia e decidi jogar o jogo deles, quem cansaria mais rápido?
Enquanto rodopiava de um lado para o outro, meu sangue fervia como uma panela quente. Meu coração estava a mil, já tinha ficado um pouco fatigado, entretanto continuei sem parar, até que finalmente encontrei uma abertura em meio a tantos ataques, um único lobo, pulou um segundo atrasado, só que foi o suficiente para toda a organização desmoronar.
Me lançando com o peso de Mjolnir, consegui fazer um grande corte em sua barriga, o derrubando no chão. Os outros lobos instantaneamente reagiram para defender um dos seus, só que, como não estavam acostumados em atacar em bandos, acertaram o lobo ferido sem querer quando desviei dos ataques.
Depois de meu movimento tudo foi de mal a pior para eles, derrubei um por um, derramando seus sangues nos lindos pelos brancos e brilhantes. E a batalha entre os lobos tinha cessado, foi cansativa, mas não exaustiva, porque não poderia ser, haviam outras hordas chegando, incluindo uma de goblins.
Goblins sempre foram subestimados em jogos ou até histórias antigas, mas seu poder era perigoso. A quantidade que existia desses monstros verdes eram assustadores, além de que não eram fracos, em grandes grupos poderiam devastar uma pequena vila em instantes.
A diferença deles para outros monstros era sua inteligência, pareciam burros, mas dominavam as florestas sempre esperando para saquear o ouro de aventureiros desavisados. Não era loucura dizer que eram uma nação escondida, ataques de goblins se tornaram mais constantes do que nunca e sua periculosidade subiu de E para C em apenas algumas semanas.
Conseguia ver ao longe a horda vindo, pareciam um exército muito mal organizado, só que a quantidade era assustadora. Cada unidade parecia ter até cem goblins com lanças e espadas. Olhos vermelhos sangue, unhas e dentes podres e pretas, suas bocas expelindo um odor de podridão e carniça por toda região.
Não haviam apenas goblins pequenos, tinham até alguns com tamanhos de ogros, revestidos por placas de metal com martelos pesados em suas mãos. Chamá-los de monstros poderia até ser um absurdo, porque se alguém visse aquela cena, me garantiria que era um exército grande e devastador, pronto para por minha cabeça e de todos na ponta de uma lança.
Finalmente decidi olhar para o resto do grupo e para o rebanho, todos sentados no chão, cercados por pilhas de monstros mortos, cansados e com a respiração alta, mas valeu a pena, nenhuma pessoa se feriu, entretanto, ainda não tinha acabado, os próximos ataques poderiam devastar a todos nós. Não era algo que pudesse fazer sozinho, então reuni todos, nós seis, contra um exército de monstros.