Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 36
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A mansão estava uma loucura. Em menos de trinta minutos tudo tinha se tornado um caos completo. Eram ajudantes correndo de um lado para o outro com papéis e caixas, ou até homens e mulheres erguendo escudos e lanças.
A primeira coisa que fiz depois de receber as informações foi ativar o alarme mágico. Um som agudo e alto percorria os corredores da casa. E, mesmo com os súbitos passos, não diminua seu enorme barulho.
Com Mjölnir em mãos, andava rapidamente em direção a sala de reuniões. Ao abrir a porta, como esperado, todos já estavam lá.
Os olhares imediatamente se focaram em mim. Todos calmos e sentados em seus devidos lugares. Já sabiam que a qualquer momento esse dia chegaria, então fazer uma bagunça não era uma opção.
— Três dias… — Minha voz ecoou na única sala que estava em total silêncio. — As tropas do lorde estão a pouco menos de 100 quilômetros a nordeste daqui. Nós temos apenas três dias para nos preparar para o ataque dele.
— A cidade já foi informada do que está acontecendo, os preparativos estão sendo realizados o mais rápido possível. — Castle, com sua bengala, permaneceu imbatível e totalmente focado. — Senhor Kazuhiro, como obteve essas informações?
Já sentado em minha cadeira com Mjölnir ainda em mãos, falei: — Resumidamente, eu contratei um espião para me dar informações sobre o lorde.
— Um espião? Por que não nos falou nada? — Emi perguntou.
Com a minha outra mão, comecei a massagear minha têmpora e respondi:
— O homem que eu contratei. Eu vi o nome dele nos arquivos, só que não era nada de excepcional, sinceramente, eu não achei que ele fosse conseguir algo decente. E depois de três meses, realmente achei que ele tinha abandonado nosso acordo.
— Entendo — comentou Castle. — Acha que precisamos nos preocupar com a integridade das informações?
— Não, na verdade, já estavam ocorrendo especulações sobre as tropas do lorde há um certo tempo. Emi e Nozomi também estavam investigando isso faz um tempo.
Kitsu, que recusava-se a sentar à mesa, estava deitado no sofá da sala olhando para o teto. Então ouvindo minha resposta, perguntou: — E o que faremos? Ok, eu sei que temos um plano básico para lutar contra alguns homens, mas precisamos de algo mais concreto. Eu aposto minha cauda que aqueles bastardos vão estar armados até os dentes.
— Isso é um ponto importante. Mesmo que estejamos em uma boa quantidade, nossos homens não são treinados a ponto de enfrentar o exército de um lorde, mesmo com os treinos da Nozomi — disse Grimm, o homem que tentou bater de frente comigo na luta contra os monstros.
— Nozomi. — Virei meu olhar para ela. — O que acha? Você de todos aqui é a que mais tem experiência em campo de batalha. Tem alguma estratégia em mente?
A semi-humana parecia um tanto em dúvida. Sabia que com suas habilidades certamente sabia de alguma coisa que poderia nos ajudar. Mesmo que as estatísticas estivessem contra nós.
— Antes de tudo, acha que temos alguma chance? — perguntei e todos na sala ficaram tensos. Meu grupo era forte e todas as pessoas da vila estavam muito motivadas a lutar pelas suas famílias e seus entes queridos. Mas se colocarmos tudo que temos na balança junto com tudo que sabemos sobre o lorde, o nosso lado não está vencendo.
— Eu acredito em todos aqui e tenho certeza que vamos vencer de alguma forma, mas temos um problema muito grande. Resumindo, informação. Sabemos que são milhares, entretanto não sabemos que armas estão usando, se são magos, guerreiros, arqueiros ou cavalarias. Tudo isso nos deixa em uma puta desvantagem.
O clima tenso persistiu com todos em silêncio pensando em uma forma de vencermos. Me senti na obrigação de tomar a linha de frente para guiar o pessoal, só que antes que pudesse falar qualquer coisa, Kitsu levantou-se.
— Então vamos fazer aquilo Nozomi. Já que estamos na desvantagem, nossa única saída é usar o método…
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Os três dias passaram em um piscar de olhos. É impressionante como o tempo passa rápido quando a vida de muitos está em jogo.
Só que o foco agora não era na luta contra o lorde, muito menos no Reino das Três Coroas. A vida que estava em risco agora era de Eduardo, vulgo, capitão da espada de fogo.
O salão era gigantesco e muito familiar. Era o lugar onde fui julgado por um crime que não cometi e esse lugar agora, era o lugar onde o meu caçador estava sendo repreendido por falhar.
Não eram necessárias cordas para amarrar seus pulsos, pois seu estado mental já estava totalmente quebrado. Os olhos eram de alguém que não tinha mais nada a perder, vazios e sem vida, mas com uma pequena chama de fúria bem no fundo da alma.
— Três meses Eduardo, TRÊS meses! E você ainda não teve a competência de me trazer a cabeça dele!
Meu nome ainda era desconhecido entre os nobres, só que isso não importava, o general enfurecido não se daria o trabalho de guardá-lo em sua mente.
— Me-me desculpe, eu juro que estou fazendo o meu melho… — O jovem que estava de joelhos, perante ao general, foi interrompido pelo mesmo.
— Só desculpas! É isso que você me dá, somente desculpas! Desde que minha filha foi morta… você… — Os olhos do grande homem ficaram receosos. A raiva que sentia foi trocada por uma tristeza, mesmo que sua aparência não demonstrasse fraqueza alguma.
O general era um homem de aparência ameaçadora, tanto quanto Isao. Em seu rosto estavam expostas inúmeras cicatrizes, além das que estavam debaixo das roupas. Sua altura chegava perto de 1,90 com músculos que cobriam seu corpo inteiro. Sua existência era ameaçadora.
O general já estava cansado de toda essa confusão, suas mãos coçavam para ter o meu pescoço esmagado. Já estava cogitando descarregar sua raiva em Eduardo, mas antes que realizasse tal ato, o rei entrou no salão.
— Não se preocupe, Jason. — Era o nome do general — Eduardo não vai dar mais desculpas, porque estou tirando ele dessa missão.
Quando notaram a presença dele, imediatamente se curvaram ao trono, onde o rei sentou-se em seguida. Diferente da imagem que eu vi durante meu julgamento, o poderoso homem estava indeciso, como se estivesse com alguma questão importante para resolver.
— Meu rei, eu juro que vou encontrá-lo, só me dê mais uma semana e…
— Eu já encontrei o escravo fugitivo, ele está em uma das cidades no Reino das Três Coroas. A antiga Vila de Adão.
— Por favor, dessa vez permita que eu mesmo vá, meu senhor — falou o general.
— Não… dessa vez não, Jason. — Vossa majestade colocou umas das mãos na cabeça e com a outra batia os dedos em seu trono. — Faz alguns dias que eu dei a ordem para que 2.500 homens se dirigissem até lá. Dessa vez ele não vai escapar, aquele escravo estará morto em algumas horas.
— Majestade, por que não me informou sobre a situação? Por que não podemos ir até lá?
O suspiro do rei foi ouvido até dos corredores. — Jason, Eduardo. Tem algo acontecendo além das nossas fronteiras e isso está me preocupando muito. Preciso que os dois estejam comigo para lidar com essa situação importuna. Sigam-me, agora.
Ao ver a expressão que o poderoso homem demonstrou, ambos não fizeram mais perguntas, apenas aceitaram a ordem que lhes foi dada. Tinha coisas importantes acontecendo por toda parte, entretanto não se limitavam apenas em Mists, até mesmo nas Três Coroas as coisas estavam tensas.
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— Meu lorde, eles chegaram. — Bárbara estava em pé na porta. Mesmo que não demonstrasse cansaço, suas pernas estavam bambas, como as de alguém que precisava descansar urgentemente e Christian percebeu isto.
— Sente-se Bárbara e antes que recuse, é uma ordem. — A mulher, sabendo que não tinha opções, sentou-se em uma poltrona que estava ao lado da porta, mas permaneceu elegante. — Eu juro pelos deuses que não aguento mais. Nosso trabalho triplicou, não, quadruplicou! O que está acontecendo? O mundo está uma loucura!
— Não sente medo que seus funcionários vejam esse seu lado mais fraco, senhor?
— Me poupe, você é praticamente da família. Só falta aceitar o anel no dedo para oficializar. — A brincadeira não parecia ter tido efeito, mas Cristian sabia como provocá-la. — Como você está? Aposto que não vai para casa à dias igual a mim. Não é?
— Não precisa se preocupar com isso, eu estou bem e irei descansar quando for possível.
— Uaah! Quando tudo isso acabar, nós vamos até a cidade encher a cara até o amanhecer em alguma taverna aleatória. Ok?
— Nem mesmo cansado seus convites e brincadeira se cessam. Quando tudo isso acabar, ainda vamos ter trabalho, então não teremos tempo, meu lorde.
— Bom, valeu a tentativa.
Ambos se levantam. O lorde tirou os óculos e foi acompanhado de sua secretária até o salão de reuniões, onde lá, todos os outros lordes estavam. Sentados e com aparências semelhantes. Cansaço e medo.