Perseguidos Pelo Tempo - Capítulo 9
Acordo completamente desorientado, depois de alguns segundos ligando minha cabeça vejo que estou enfaixado em uma cama da vila, já está escurecendo, e está bem no final da tarde, olho para o chão e Daisuke está dormindo com as feridas enfaixadas, a arma sagrada está no sofá, pelo jeito ficaram com medo de examiná-la, parece que o pessoal da vila agora está cuidando muito bem de mim, afinal no lugar onde estava o dragão tem pilhas e pilhas de ouro, não é atoa que o rei fica de olho nas armas sagradas, mas eu não estou nem um pouco interessado em ouro.
— Você consegue me irritar de um jeito surpreendente — o deus do tempo se materializa bem em minha frente
— O que foi? O deus de araque não gosta de perder? — caçou
— Perder? Eu sou o deus do tempo! Estou sempre um passo à frente! — ele desaparece
Eu me arrumo e esqueço o que o deus do tempo diz, deixo Daisuke dormindo porque acho que ele deve descansar bem, ele fez um ótimo trabalho na luta, parece que tenho uma audição com os anciões para comunicar oque aconteceu.
Na sala de reuniões…
— Kazuhiro ou herói se preferir, estamos todos impressionados com sua força, quase não chegamos a acreditar que os três, não, os quatro voltaram inteiros — sinto sinceridade em suas palavras.
— Obrigado, mas prefiro Kazuhiro mesmo — eu agradeço.
Conversamos por meia hora e conto tudo oque aconteceu, todos os anciões escutam atentamente, parece que esta história será contada por muitos anos aqui.
— Kazuhiro, soube que partirá amanhã cedo, certo? — outro me pergunta
— Sim, senhor — responde
— E quando enviará suas carroças para buscar suas propriedades? — me pergunta
— Propriedades? — pergunto
— Kitsu me chama — é sobre o ouro que estava na caverna
— Sim exatamente— um ancião fala
— A sim, não vou buscar o ouro, só pegarei uma pequena quantia para não precisar pedir dinheiro para ninguém — os anciões ficam sem entender.
— Desculpem-nos, mas se não buscar o ouro o que fará com ele? — um pergunta.
— Sobre o ouro não me importo em doar tudo para vila — um ancião que estava bebendo água acaba engasgando.
— Tudo?! Você tem certeza Kazuhiro? — um pergunta completamente desacreditado
— Kitsu salvou minha vida mais de uma vez, minha dívida com ele é maior que todo aquele ouro, o mínimo que posso fazer é isso — respondo com firmeza. — claro que se me faltar não será um problema eu pegar algumas moedas.
— Claro, Então Kazuhiro, se decide doar todo seu ouro quem nós somos para impedi-lo — o chefe bate o martelo — então esta audição está encerrada.
Somos levados para sala cerimonial do banquete, nos quatro incluído Daisuke fomos colocados como se fossemos importantes negociadores, Daisuke está se esbaldando com a caça fresca que trouxeram só para ele, vi os pais de Kitsu e Nozomi brigando com eles por terem ido enfrentar o demônio sem avisar ninguém, enquanto isso tento comer, não consigo colocar muita coisa na barriga por causa de algumas preocupações incluído Emi, agora que finalmente estou com sua única salvação não consigo parar de pensar que quero ir voando para casa de Isao, mas acho que Daisuke precisa desta noite para poder repor suas energias.
Tento ocupar a cabeça com as histórias da vila, na prisão Kitsu me deu uma explicação muito por cima de suas tradições, é tudo tão incrível se tirar todas as lutas doenças e feridas que tenho, alguém como eu que adora pesquisar sobre tudo fico entusiasmado que existem culturas tão distintas neste novo mundo, talvez algum dia eu possa aproveitar de tudo isso em paz sem essas preocupações.
Finalmente tudo acaba, posso descansar para acordar antes do sol nascer, eles nos colocaram em um quarto com duas camas uma para mim e outra para Daisuke, acho que nunca recebemos tanta mordomia na vida.
Deito-me e finalmente durmo, acordo uma ou duas vezes a noite preocupado, mas logo adormeço por causa da exaustão. Acordo antes do sol nascer e vou para os estábulos preparar Daisuke, arrumo alguns mantimentos e vou me despedir de Kitsu e Nozomi e agradecer uma última vez a grande ajuda. Mas nem é necessário ir.
— Já estava indo me despedir de você — eu prendo uma sacola em Daisuke
— Despedir? Você acha que essa mala que eu estou é enfeite? — Kitsu mostra a sacola
— O que? Tem certeza que quer ir embora? Você sabe que eu não tenho casa e sou um procurado né? Ou você bateu a cabeça de tanto apanhar de seus pais — começo a rir
— Você não perde uma — ele ri — mas eu estou falando sério, apesar daqui ser um lugar secreto não quero arriscar que minha família fique no olho do capitão e também estou muito curioso sobre essa Emi que faz você enfrentar até demônios — ele ri de novo
— Eu já disse que ela é uma amiga caramba! — me viro um pouco envergonhado.
— Se você está falando, quem sou eu para dizer o contrário — Kitsu ri.
— Esperem! — Nozomi grita — eu vou junto também!
— penso — Acabei de ter um Déjà vu.
— Como assim? — Kitsu pergunta.
— Meu irmão tem a incrível habilidade de atrair problemas, se eu não for junto vocês estarão presos em semanas — Nozomi fala.
— Do jeito que essa conversa está andando a vila inteira vai vir junto e o Daisuke não vai conseguir carregar nos três ao mesmo tempo — olho para ele que está mexendo no feno com o focinho.
— Não se preocupe com isso, pedi para o chefe providenciar um carroça que nos levará — ela mostra alguns servos trazendo uma carroça
— Hesito, mas uma ideia surge em minha cabeça — Isso pode ser muito útil — os dois abaixam as orelhas — Nozomi você é a única que não é procurada, então se eu e Kitsu ficarmos atrás poderemos passar por Edward sem nenhum problema.
— Realmente isso nos pouparia de algumas preocupações — Kitsu concorda
— Eu já agradeci o chefe então podemos partir agora mesmo — vou prender Daisuke na carroça
— Nos também já nos despedimos de nossos pais — kitsu coloca um barril de mantimentos na carroça — nossos pais ficaram preocupados, mas acabaram concordando já que iriamos com você.
— Se eu fosse seu pai também ficaria preocupado — começo a rir
Terminamos de organizar as coisas e finalmente partimos. Na saída somos agradecidos de todos os lados pela doação e por causa do dragão abatido, eles abanam uma folha em formato de coração que é o símbolo da vila e partimos sem demora, no caminho entre a vila e Edward agora tem muitos animais, quando cheguei estava quase deserto, Daisuke parece não se importar com a carroça e anda quase na mesma velocidade que antes, esse tempo de dois dias é simplesmente horrível apesar de estar junto a Kitsu e Nozomi. Esse tempo é uma tortura.
— Kazuhiro — kitsu me chama — aquele papo sobre o deus do tempo é real né?
— Porque agora? — pergunto
— Antes de eu lançar minha última bola de fogo vi o dragão se regenerar, mas o problema é que eu tenho detecção de magia avançada e uma magia de regeneração em uma criatura daquele tamanho não passaria despercebido por mim — ele pega seu cajado
— Você está certo… aquilo não foi magia de regeneração, o deus do tempo fez as feridas do dragão sumirem voltando elas no tempo — ele fica assustado — eu não sei se você consegue vê-lo, mas eu consigo e eu o vi de novo durante a luta.
— E porque ele está te perseguindo? — Kitsu pergunta
— Parece que eu tenho um poder que ele quer, e já que a tentativa de me matar foi um fracasso ele fez Emi adoecer — respondo.
— Como ele não conseguiu te matar? — pergunta.
— Eu não sei, parece haver um bloqueio que não permite ele me matar — respondo.
— Pessoal estamos chegando à entrada de Edward — Nozomi nos avisa
Eu e Kitsu nos escondemos rapidamente dentro de dois barris, escondi a arma sagrada junto com algumas maçãs em outro barril, ficamos na fila de verificação por alguns minutos até chegar nossa vez.
— Qual o motivo da entrada em Edward? — o guarda que faz inspeção pergunta.
— Sou uma mercadora que está a caminho da capital — Nozomi disfarça
— Uma mercadora? Mulher e semi-humana? — Ele parece caçoar de Nozomi, mas Daisuke rosna para ele que o faz se afastar.
— Bom garoto, vou lhe dar umas guloseimas quando chegarmos — Nozomi sussurra
— Mestre — escuto
— Fale — respondo
— Tem uma arma sagrada se aproximando, e a espada do capitão — minha arma fala.
— Kitsu sabe alguma magia de distração? — pergunto sussurrando rapidamente.
— Tenho magia de levitação — ele me responde
Quando o capitão estava a alguns metros, Kitsu derruba algumas caixas em cima dele.
Parem essa carroç… — caixas são derrubas
— Verificação concluída pode avançar — nos entramos
— Nozomi não pare nem por um segundo ok? — falo saindo do barril
— Tudo bem — ela me responde
Passamos por Edward rapidamente, olho por uma fresta algumas partes da cidade. De um lado uma mãe com crianças se divertindo nas feiras comendo, brincando e se divertindo sem preocupações, no outro lado vejo crianças que foram escravizadas e tem preocupações que às vezes nem adultos conseguiriam suportar, não sabem se vão ter uma próxima refeição ou se estarão vivos no outro dia, vejo crianças nas ruas tão desnutridas que parecem os esqueletos que enfrentei, acho que sofrer como eu sofri coloca uma lente em seus olhos permitindo que veja coisas que pessoas comuns cometeram o erro de se acostumar.
Saímos de Edward sem nenhum problema, a verificação não é rígida na saída, finalmente o caminho para casa de Isao é livre, pretendo parar só quando ficar de noite e nas horas mais quentes do dia para não cansar Daisuke. Escurece e paramos debaixo de algumas árvores para descansar.
— Me ajeito no pelo de Daisuke para dormir. — Sabe, no meu mundo é muito difícil ver estrelas como as que têm aqui.
— Serio? Como isso é possível? — Kitsu se aconchega em uma das árvores.
— Em meu mundo as cidades são muito iluminadas, isso deixa as estrelas quase invisíveis e também a muita poluição. — dou carinho em Daisuke.
— Poluição? O que é isto? — Kitsu pergunta.
— Imagina que todo dia fosse nublado e sem sol, isso é por causa da poluição de queimas de oxigênio que trás o gás carbônico e daí por diante. — respondo.
— Gás carbônico? — Nozomi pergunta se ajeitando na carroça.
— Se eu continuar nós vamos passar a noite em claro, acho melhor dormimos, um dia explico isso para vocês — todos concordam e vamos dormir.
Acordamos antes do sol nascer como de costume e logo partimos, o dia é tranquilo e sem nenhuma novidade até chegar o anoitecer, algumas nuvens começam a se amontoar que viram um chuvisco e logo uma tempestade.
— O que faremos!? — Nozomi pergunta gritando por causa do vento.
— Tem como pararmos!? — pergunto segurando algumas cordas para a lona da carroça não se soltar
— Não é seguro! Não conseguiríamos ficar nem um segundo — ela grita de volta
— Em meio a escuridão um pequeno brilho me chama atenção, quando chegamos mais perto é o totem da vila do garoto que ajudei — ali vai para lá!
— É seguro!? — Kitsu pergunta.
— Tenho um conhecido meu que mora lá! — respondo.
Chegamos com dificuldade na pequena vila da ravina, Daisuke precisa descansar urgentemente ou vai pegar uma gripe e adoecer, e para mim basta Emi estar doente.
— Bato na porta — alguém em casa!?
— A porta se abre em quem me atende é o pai da criança — Rapaz?! Entre logo!
— Estou com alguns amigos e Daisuke, eles podem entrar? — ele acena com a cabeça — desculpe vir a sua casa a essa hora, mas a chuva lá fora esta terrível e não temos onde ficar — coloco Daisuke para se deitar em um canto afastado.
— Está tudo bem, estávamos te devendo um favor, não é? — o garoto aparece correndo e pula em meu pescoço.
— Ei garoto! Está tomando cuidado na floresta? — eu o coloco nos ombros.
— Estou sim! — ele abre um sorriso
— Vocês devem estar com fome certo? — A mãe do garoto aparece vindo da cozinha
— Não precisam se preocupar, nós vamos comer o que trouxemos para viajem — eu mostro uma sacola com frutas.
— Nossa vocês tem frutas! — o garoto parece estar babando em mim.
— Quer uma? — eu pego uma maçã
— Não moço são caras, vocês devem ter trabalhado vários dias para conseguir comprá-las — o garoto recusa
— Não tem problema garoto, uma não vai fazer falta — eu a coloco na frente de seu rosto e ele acaba não resistindo.
Kitsu de Nozomi se deitam em um quarto separado e dormem rapidamente, eu fico acordado e converso com o pai do garoto.
— Um silêncio assustador paira sobre a mesa — Rapaz, você não é um mercador certo? — nos sentamos numa mesa
— Sim, vocês devem ter descobridor né? — olho para o Daisuke
— E tinha como não descobrir? A guarda real esteve aqui furiosa achando que encobrimos você — ele bebe um gole d’água.
— Me desculpe mesmo, tudo oque eu não queria é causar problemas para vocês — bebo um gole d’água.
— Não, está tudo bem você ajudou meu filho e só tenho que te agradecer, mas não sei se na próxima vez poderei ser tão receptivo — ele me encara.
— Está tudo bem, eu sei que minha presença já é um motivo para sua família ficar em perigo — falo.
— Rapaz, você não é um homem ruim, se fosse meu filho não estaria aqui conosco, então por isso estou lhe ajudando — me fala.
— E eu a única coisa que posso fazer é te agradecer — me despeço e vou dormir
Não consigo pregar os olhos, quase acordo todo mundo para sairmos mais cedo, mas isso só seria desgastante para todos. Finalmente podemos ir, o sol esta para subir e em alguns minutos me despeço da criança e seus pais, antes da vila começar a comentar que voltamos já estamos na estrada, cada segundo que se passa é uma tortura, os minutos parecem horas e as horas parecem dias, meus pensamentos estão todos desorganizados não consigo me manter em pé nem por um segundo.
— Calma ela vai estar bem — Kitsu tenta me acalmar
— Não tem como eu não estar nervoso, ela está por um fio — olho para a estrada.
Kitsu e Nozomi tentam me acalmar o tempo todo, mas meu coração parece estar saindo pela boca tento ficar em silenciou ou parado, mas em instantes já estou repetindo tudo, quando olho e vejo finalmente a casa de Isao pego à arma e pulo da carroça, a força misteriosa que me ajuda de vez em quando aparece e em segundos voo até a casa mais rápido que Daisuke, abro a porta tão rápido que chego a quebrar a tranca, corro até o quarto, e a pele de Emi está quase completamente preta, me aproximo sem pensar e corto a coleira.