Projeto Karma - Capítulo 1
— Cof… cof. Nossa aqui está uma bagunça — A frente havia pó, a visão era acinzentada, com dificuldade cheguei a janela e a abri. O vento começou a circular pelo local diminuindo a nuvem de poeira.
Essa era a casa do meu avô, algo que ganhei de herança quando tinha dezesseis anos. Eu era a única pessoa que o visitava após a morte da minha avó, ele se tornou recluso desde então.
Ele comprou essa casa no interior, para se afastar das lembranças que a antiga morada trazia. Esse lugar foi construído em uma área florestal no centro da clareira. Um terreno extenso com apenas árvores e vegetação local, tendo apenas essa construção em toda a área.
A casa tinha apenas dois andares, feita de madeira com base de concreto. Na parte superior ficavam os quartos, um escritório e uma sala que nunca fui. No térreo existia a cozinha, sala de estar, um corredor para a escada e a sala de jantar que era raramente usada.
Além disso, havia um porão e um sótão, mas nunca os visitei quando meu avô estava vivo. Mudei para essa região por diversos motivos.
Um deles era por estar longe dos meus pais. Você não gostaria de viver com eles, viviam brigando por qualquer motivo. Muitas das vezes me perguntavam qual dos lados estava certo.
O outro motivo por ser um local quieto, sem uma vizinhança barulhenta e além de ser muito agradável. E o último motivo é que não existe lugar melhor para morar do que um lugar só seu. Apenas suas próprias regras, sem ninguém mandando você fazer algo!
A faculdade que desejo cursar é história, mas isso não tem a ver com desejo de ser historiador ou professor. Mas sim para entender como os fatos históricos se desenvolveram, minha fascinação veio das histórias do meu avô.
Minha principal renda vende de ser enxadrista. Apesar de não ganhar o suficiente para meu sustento, ainda é uma renda aceitável.
Preciso achar um segundo emprego para complementar a renda. Ainda bem que guardei a herança que recebi do meu avô, ela irá me sustentar por um tempo…
Algumas semanas se passaram, foi muito trabalhoso limpar esse lugar. A poeira parecia ter grudado em toda casa, sentia dores em todos meus músculos. Agora entendo porque minha mãe reclamava após terminar a faxina.
Meu corpo estava jogado no sofá, ele era magro, tinha cabelos negros e lisos, olhos da mesma cor. Altura de 1,78 m, camiseta branca com listras vermelhas, calças jeans cinza e sapatos brancos sujos. Pele clara e lábios avermelhados, meus olhos estavam se fechando pelo sono.
O barulho lá fora me acordou do sono. Ajeitei meu corpo no sofá e percebi a chuva torrencial lá fora, os raios e trovões se aproximavam da residência.
Corri por toda a propriedade, fechando as janelas de todos os cômodos. Parei no segundo andar próximo da escada. Olhei para a porta trancada, uma energia estranha parecia rondar o local.
Um estalo abriu a porta, fazendo o som de dobradiça enferrujada seu movimento foi vagaroso. O coração acelerou, corri em direção a escada tentando agarrar o corrimão
Uma energia negra começou a sair da porta e me puxar em sua direção, como um vórtex. Minhas roupas começaram a balançar, os dedos estavam segurando o corrimão começaram a se soltar, depois minhas mãos tocaram o chão ainda tentei me segurar.
— Droga! Por que foi encerar o piso de madeira essa semana? — minhas mãos foram arrastadas pelo chão sem dificuldade, próximo do batente da porta segurei o mais firme que pude.
Depois de alguns estalos e batente de desprendeu da porta. A porta bateu com força, ao entrar no vórtex minha mente começou a se desvanecer…
O som do metrô em movimento me acordou, havia muita luz em direção aos meus olhos. Coloquei a mão sobre meus olhos e ergui meu tronco com ajuda da outra mão. Pisquei várias vezes até me adaptar à luz do local.
— Onde estou? — olhei ao redor até reparar em uma figura à frente.
— Seja bem-vindo Maron Ekintza, neto de Agrippa. — Era um homem de manto cinza com rosto não visível, bastão octogonal e sua voz era forte.
— Quem é você? Como sabe o meu nome e do meu avô? — me afastei da figura, tocando minhas costas no final do vagão.
— Nós já nos conhecemos o jovem Maron, afinal você já esteve aqui antes. Ah! Isso foi há muito tempo. Quem eu sou? Tenho muitos nomes, alguns me chamam anjo, outros de demônio, alguns de protetor, outros ancestral. Porém, o que mais me define é o Guia. Minha responsabilidade aqui é lhe dar todas as informações necessárias para sobreviver.
— Então que lugar é esse? — me levantei apoiando contra parede.
— Esse lugar? Também tem muitos nomes, antes ele não era assim — ele estalou os dedos e a paisagem local mudou para um barco de madeira, um rio e um lugar nebuloso.
— Como vê esse lugar é apenas um transporte — ele estalou novamente os dedos.
— Nós o chamamos de metrô de missão, seus nomes foram variados. barqueiro para o inferno, valquíria para Valhalla, carruagem de Dullahan e muitos outros mitos são baseados nesse lugar.
— Para onde estamos indo? — fiquei confuso com a situação atual
— Existem muitos nomes para aquele lugar. Os antigos diziam ser onde os deuses nasciam, outro que era Valhalla. Para alguns, inferno, para outros o céu, para muitos um castigo, mas nos últimos tempos foi chamado Projeto Karma — ele riu e deu as costas para mim.
— Porque vamos para esse lugar? — me aproximei dele e ele riu durante um tempo.
— Não há um motivo, você apenas encontrou o portal. Aliás, você é o único que visitou esse lugar na última década. Nos últimos anos, muitos portais foram destruídos ou guardados por interesses escusos — suspirou ele.
— Aliás, como está Agrippa, ele não vem aqui a alguns anos — o guia parecia curioso.
— Ele faleceu a alguns anos — disse triste — Qual é a finalidade desse lugar? — Olhei ao redor.
— Agrippa morreu? Isso… estranho… muito estranho, ele ainda tinha muitos anos quando vi os registros na última vez. Espero que ele tenha desistido daquela ideia idiota no fim. — Ele respirou fundo.
— Finalidade, diria que algo mais próximo de um meio. É algo parecido como um acelerador, você entenderá quando chegar lá. Nós nos vemos na próxima. — Ele riu e uma luz atravessou todo o vagão e minha consciência se esvaiu.
O mundo à minha frente se tornou monocromático, havia um homem carregando uma espada em sua mão. Vestido com uma armadura medieval completa.
Um corpo estava estendido no chão e próximo da porta do local havia um homem. A casa estava toda revirada, as mesas jogadas no chão e a luz estendia-se por todos os cômodos da casa.
Ricard — O devasso — História até o momento…
Ricard nobre franco, segundo na linha de sucessão de sua família. Um homem com histórico devasso na corte, homem orgulhoso e prepotente. Foi designado pela sua família e pelo papado para ir para a segunda leva das cruzadas (Cruzada Nobre).
Como comandante de cem homens, para a linha de frente. Seu exército acabou sendo surpreendido por uma emboscada inimiga.
Ele recuou deixando a linha de ataque exposta, depois da derrota seu grupo foi um dos primeiros a debandar. Porém, foi novamente surpreso, os homens restantes, foram mortos na segunda emboscada. Sobrevivendo apenas Ricard e Olef seu escudeiro e escravo
Ponto Chave — A decisão de Ricard
Ricard é um homem prepotente e egoísta. Ao ser traído pelo seu escudeiro Olef, com um assassino islâmico sobreviveu com algumas perdas.
Matou seu escravo e queimou a casa com os corpos, gritando por perder um de seus braços e blasfemando a deus.
Ao retornar a sua casa nobre na França, passou o resto de sua vida no excesso de álcool e mulheres. Sua casa nobre o casou com uma nobre e o restante da vida foi uma marionete da sua família
Suas ações nesse ponto-chave podem alterar o destino de Ricard
Tempo até a transmigração é de 1 minutos e 30 segundos
— Isso, aquele guia é um sacana! — respirei fundo — Pense Maron, sua decisão aqui pode definir tudo — tentei relaxar — Temos um verdadeiro peão, como transformamos esse cara em algo melhor?
Tempo até a transmigração é 45 segundos
— Serei traído, por meu escravo. Porque esse idiota, tem um escravo afinal? Temos que libertar ele se possível — suspirei e ouvi a mensagem.
Transmigração em 3… 2… 1
A realidade se alterou, o mundo ganhou cor e os objetos começaram a se mover, mesas caindo no chão e barulho de vidro atrás de mim. O sangue escorria pela espada e meu corpo parecia pesado, devido à armadura.
Uma figura saltou da janela e rolou pelo chão, suas mãos jogaram objetos. O escudo à minha frente se levantou fechando a brecha acima da cabeça.
A maça atingiu o escudo, lançando meu corpo para o canto da parede. Levantei a espada e acertou o braço direito de Olef, um estalo soou de sua armadura e ele recuou com rosto de dor.
O homem de vestes bege claro e uma pequena lâmina curta. Se aproximou da minha garganta, o escudo acertou seu corpo o empurrando para trás.
Meus pés acertaram o centro do corpo do escudeiro, o lançando no chão quebrando as cadeiras de madeira atrás dele.
O escudo levantou na horizontal atingindo o rosto do assassino. Um som de tintilar duas lâminas curtas apareceram em suas mãos e seu corpo se sustentou no solo.
Seu pé atingiu minha cabeça, me deixando um pouco zonzo por instantes. Os pés dele se moveram para trás e as lâminas foram lançadas. Elas passaram pela armadura atingindo minha segunda armadura, feita de malha. O impacto ainda me fez grunhir de dor.
A espada foi em diagonal mirando o seu torço, seus pés fizeram um zig-zag ele escapou da lâmina e seus braços mirarão meu pescoço. O escudo foi em direção ao ombro oposto cobriu toda a lateral do meu corpo, abaixei e aguentei o impacto do golpe.
Meus pés giraram no ângulo oposto e o cotovelo atingiu a boca do assassino. Um passo para trás, a espada desceu em um arco vertical, o assassino rolou rapidamente pelo chão se afastando.
Um som atraiu minha atenção, abaixei o corpo e senti a maça passar por cima da cabeça. Ergui meu corpo lançando o escudo em direção ao seu tronco e o corpo dele recuou.
Ele girou a maça em volta do seu corpo tentando me atingir de todas as formas. Voltei para próximo da parede, corri perto da janela, mirando na direção do assassino que se voltou para mim.
Ele lançou mais lâminas na horizontal, abaixei e levantei o escudo, o tintilar de sons pode ser ouvido. Uma das lâminas atravessou o escudo de maneira superficial.
Passei a espada sobre o escudo tirando a lâmina presa nele, Olef lançou sua maça em minha direção.
Esquivei para o lado e escorei o objeto com o escudo. Um dos meus pés cedeu para trás e o homem de capuz apareceu na brecha mirando suas facas próximas da minha jugular. O punho da espada acertou seu torso com força o afastando para trás.
O escudo mirou sua cabeça, mas ele se abaixou rápido movendo seus pés em uma rasteira. Pisei firmemente no chão não cedendo ao golpe.
Desci a espada na vertical para baixo, ele rolou para o lado desviando do golpe. Dei um chute em sua direção e ele foi atingido contra o chão.
Bati com escudo em suas pernas. Fui atingido por um golpe de ombro que lançou meu corpo contra a parede, fazendo os ossos estalarem. Uma dor atingiu meu ombro, levantei meu corpo apoiando na parede.
Quando vi um punho se aproximando do meu rosto, movi minha espada na horizontal, atingindo a armadura do escravo ele chiou e foi para trás.
A espada levantou para cima o punho dela e acertou sua cabeça o fazendo ele perder a consciência. Olhei para o assassino se arrastando no chão. Seus olhos se voltaram para a porta e o mesmo tentava se arrastar ainda mais rápido.
Me aproximei fincando a espada por cima da sua coluna e afundando com força no chão. Depois de alguns segundos ele parou de se mover e o sangue começou a se espalhar em volta do seu corpo.
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