Projeto Karma - Capítulo 12
Estava surpreso com a visão, apesar de ser uma pequena sala. Havia bastantes sacos de couro, abri apenas alguns deles que revelaram moedas de ouro e cristais bem lapidados.
Fiz um sinal com uma das tochas para fora da porta, meu outro companheiro se aproximou e me ajudou a pegar outras bolsas de couro. Deixamos um pequeno sinal codificado na porta e deixamos o local.
Afinal era melhor que não fossem notados pelo restante dos guardas, demorou alguns minutos até atravessarmos os portões de metal, sem chamar atenção dos guardas.
À noite havia sido longa, finalmente chegamos no local combinado para deixar a mercadoria. Era uma pequena casa bastante desgastada, batemos duas vezes rápido e depois uma vez lenta.
— Muito obrigada! — ela estendeu as mãos para pegar os sacos de couro.
— Desculpe o horário, nós atrasamos — estava envergonhado, fingindo ser o personagem.
— Coisas desse tipo ocorrem. Se desejarem podem entrar — ela abriu mais a porta, mostrando a sala da casa.
— Não, temos outras coisas a fazer — deixamos o local lentamente até nos separamos de uma parte da cidade.
Retirei minha roupa preta, olhei para ferida no meu braço que parou de sangrar.
Na manhã seguinte estiquei meu corpo ao sair da cama, a cidade parecia a mesma de sempre.
Os comércios pareciam bastante movimentados como sempre, olhei mais um tempo às janelas, antes de alguém bater em minha porta.
— Olá — abri a porta ainda bocejando.
— Essa carta é para você — a criança com roupas surradas se virou e correu em direção a cidade.
Fechei a porta e abri a carta, ela estava escrita em códigos próprios como números. Mas, Gaspar parecia estar acostumado e traduzia rapidamente o que estava escrito.
“A noite anterior foi bem sucedida, ainda estávamos avaliando o preço das pedras preciosas. Com relação à quantidade de ouro, já separamos a parte do informante e custo da logística. Os homens de Dario começaram a se mover para áreas oeste da cidade, eles parecem estar desconfiando dos nossos movimentos ultimamente. Devemos adiar a implementação do segundo plano, além disso, devemos ter cuidado com nossos próximos movimentos.
Escrito por você sabe quem”
— Parece que o bispo, finalmente, se moveu — sorri e movi o bispo para uma posição de defesa da torre.
— Espero que não se arrependa de sua escolha Aramis.
Deixei o local e fui para a tecelagem Noite Oculta, continuei até o final do local passando pela porta no final.
Encontrei o homem responsável pela inteligência e lhe entreguei a carta de resposta. Olhei para o quadro de missões e nada pareceu me animar, até encontrar uma informação interessante.
Recentemente os gregos e persas estavam em conflito, era o início do que seria chamada Guerra Médicas.
Se isso estivesse correto, a cidade encararia um grande aumento na pobreza, pelo aumento de imposto gerando mais escravos. Sejam eles estrangeiros ou locais, isso só deixaria um homem mais rico nessa cidade, Aramis!
O lado oeste da cidade se conectava com as cidades portuárias facilitando seu objetivo. Minha mão tocou a missão e o mundo parou. Tudo à minha volta perdeu a cor, minha mente demorou alguns segundos para entender o que estava ocorrendo.
O destino do personagem Gaspar foi alterado…
História Oculta — Defendendo um ideal
Após seu encontro com o oráculo, Gaspar deixou sua perspectiva de vítimas e se tornou autor de sua história. Seu objetivo era que cada vez menos pessoas pudessem passar pela situação que ele. Mas para isso é necessário a erradicação dos negócios no submundo
Deseja continuar a participar desse evento? Caso não, outro evento ocorrerá!
Sim Não
— Me parece que essa tarefa, não será tão fácil — suspirei.
— Dessa vez mal consegui fazer preparações, dependo das ações dele — olhei a tela. — Só saberemos se tentar.
— Toquei sim.
Tudo ao meu redor parecia um filme acelerado, dias, meses e anos se passaram. O local mudou várias vezes, as pessoas envelheceram, meu corpo se tornou mais forte, minha aparência se modificou.
A cidade se tornou mais pobre, as barracas de comerciantes se tornaram menos aparentes, não havia mais tanta vivacidade na cidade.
Casas estavam se desgastando, outras foram destruídas. A cidade foi incendiada, pessoas foram mortas e agredidas nas ruas.
Os olhos vívidos da população se tornaram vazios e frios. Suas roupas bem cuidadas se tornaram trapos e então o mundo finalmente parou de acelerar. Haviam tochas levantadas ao meu redor, homens pareciam estar ao meu redor, todos eles de mantos negros.
— Hoje meus irmãos, o dia finalmente chegou! — a voz se estendeu pela praça.
— Durante longos anos, nós nos preparamos para esse momento, durante tanto tempo aguentamos a opressão, o medo, fomos escravizados e utilizados. Mas hoje, tudo isso vai mudar. Minha guerra não será lembrada, nossos nomes serão esquecidos, nossas lâminas se tornarão enferrujadas. Porém, a todos aqui posso garantir uma coisa. — respirei fundo e o som do silêncio permaneceu.
— Vocês serão a marca que mudou a história desse povo, vocês serão aqueles que jamais serão esquecidos pelos seus sucessores. Vocês e eu, somos aquilo que esse reinado teme, que inspira as mudanças que virão. Posso lhe garantir, que quando um de seus filhos ou netos pensarem em desistir, vocês serão aqueles que o empurraram para frente — observei todos na praça.
— Todo homem nessa terra que terá liberdade, lembrará de nosso sacrifício. Então hoje, em troca de nossas vidas, em troca de nosso sangue, derrubaremos esses homens gananciosos. Para que seres como esse jamais possam se erguer novamente!!!
As tochas tremulavam com vento, os rostos de todos os homens se ergueram em direção ao homem, no centro da praça.
As tochas caíram no solo e todos os homens se espalharam em diferentes direções, a reunião final da Noite Oculta aconteceu.
Talvez aquela fosse a última vez que seus irmãos de armas poderiam se ver, mas não foi uma reunião triste.
Seu líder havia relembrado o motivo de seus sacrifícios, não era pelo povo, não era pelo dinheiro, era pela liberdade de seus sucessores.
Meus olhos varreram o horizonte, um singelo sorriso surgiu em minha face. Os pés tocaram o chão e avançaram, se esquivando das pessoas na noite noturna, girando os pés evitando as paredes das casas, pulando as mercadorias no mercado negro.
Lâminas se revelaram em mãos, lançadas em alvos em movimento, cada movimento das adagas executava, homens morriam. Seria uma noite sangrenta, mas necessária.
— Ora, ora… o que temos aqui!— palmas foram ouvidas e alguns homens se revelaram da escuridão.
— Quem diria que aquele garoto fraco, um dia viria se vingar — Aramis sorriu.
— Venha, será um prazer tirar sua cabeça do seu corpo — suas mãos estavam ocupadas com longas pulwar, uma modelo mais longo, arredondado e pesado de cimitarra.
Ele avançou em minha direção, suas espadas causavam grandes ventos, em cada corte.
Se fosse atingido por aquilo, mesmo que o fio não me cortasse, os ossos seriam trincados.
Defendi com minhas duas adagas sendo empurrado para trás, pisei para frente, girei meu corpo evitando o golpe horizontal. Minha adaga atingiu seu ombro, larguei minha arma e me afastei, evitando outro golpe em minha direção.
— Você se tornou bom, mas isso só me deixa com mais vontade de te matar — ele lambeu os lábios.
— Homens o cerquem. Você estava esperando uma batalha justa? — ele olhou em minha direção.
Um sorriso brotou de meus lábios, meus pés me empurraram para trás evitando a armadilha que vinha de cima dos prédios.
Um mar de ácido esverdeado tomou conta do céu, suas gotas derretiam tudo ao seu redor, os homens de Aramis gritavam de dor e caíram em pranto.
— Nunca foi uma batalha justa, Aramis — Me aproximei do homem caído no chão, gemendo de dor.
— Afinal somos de mundos diferentes — Ergui sua cabeça.
— Desejo uma boa viagem — Minha adaga atravessou seu crânio e deixei o local.
A noite havia sido longa, perdemos muitos homens. Mas, derrubamos todos os chefes do mercado negro, libertamos os escravos.
Tivemos que matar alguns sheiks e diplomatas de outros países, a cidade estava cheia de sangue no dia seguinte.
Havia apenas morte em todos os locais que passamos, lamparinas foram acendidas, nossos irmãos foram rezar pelos mortos.
Suas esposas não tinham um olhar triste, elas abraçavam seus parceiros e um olhar intenso ainda permanecia.
Elas sabiam o motivo de seus sacrifícios, elas receberam as compensações necessárias. A organização cuidaria delas até que seus filhos pudessem fazer isso, éramos apenas uma trupe de ladrões, nos tornamos uma irmandade.
— O que fará agora — Uma voz surgiu atrás das minhas costas.
— Não vai me dizer que, esse era seu objetivo final — Ela apontou para os mortos no chão.
— Não, Laila — Suspirei.
— Nosso real objetivo começa agora!— Sorri e olhei para o sol se erguendo.
— Talvez, ele não seja incrível como essa revolução. Porém, será muito eficaz. — Me virei em direção a Leila.
Ela tinha se tornado uma mulher madura. Seus cabelos negros e lisos ainda permaneciam, seus olhos cinzas tinham um brilho de determinação surpreendente. Seus cílios contratavam com sua bela face, com leve linha de expressão, o tempo tinha se tornado mais bela. Sua pele clara se tornou bronzeada pelo sol, suas curvas tinham se tornado evidentes. Porém, seu estilo se tornou mais recatado e sem tantos decotes, havia um colar prateado em seu pescoço e o número de pulseiras aumentou em quantidade e cor.
— Então qual seria? — ela olhou fixamente para mim.
— Educação, apenas isso pode mudar uma população — me aproximei dela.
— Interessante, parece que meus olhos não me enganaram naquela época — Ela sorriu.
— Mas é uma pena, quero dizer você ter me recusado — suas mãos tocaram meu corpo.
— Não desejo que sofra… poderíamos ter morrido — suspirei.
— Meu maior desejo pode ser permanecer ao seu lado, porém se isso acontecer — Olhei para ela.
— Você se tornará um alvo, prefiro não ter lhe e poder lhe ver. Do que tê-la e jamais poder lhe ver — olhei para baixo.
— Você… — Ela mordeu seus lábios.
— Que seja! — Ela estava irritada e passou por mim.
— Eu, jamais lhe esquecerei — Olhei para o céu e continuei a andar.
Eu e Laila sabíamos que nunca poderíamos estar juntos, nossos mundos eram completamente diferentes. O motivo eram meus objetivos, para atingi-los teria que abdicar de diversas coisas, amigos, família e da minha própria vida se fosse necessário.
Poderia ter ela ao meu lado, porém isso só tornaria meus planos mais complexos e menos viáveis, além de tornar ela um alvo em potencial. Eu a amava o suficiente para abdicar de meus desejos e deixá-la partir, isso me machucaria, assim como ela. Mas sabíamos que isso era correto, foi o que escolhi.
O mundo se tornou monocromático, um sorriso surgiu em minha face. Era algo que já aceitei interiormente, respirei e esperei os eventos que seguiram.
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