Projeto Karma - Capítulo 14
Na manhã seguinte, me levantei da cama e estiquei meu corpo, meus ossos estalaram. Comecei minha rotina diária, cuidados pessoais pela manhã, o café da manhã, os livros e roupas e finalmente meu bloco de anotações e caneta.
Iniciei meus exercícios, eram 5:30 esse horário. Primeiro foi a corrida de dois quilômetros diários, na minha primeira semana isso tinha me destruído completamente, porém hoje isso havia mudado.
Ela parecia brincadeira de criança, com a melhoria do equilíbrio corporal e o aumento da agilidade, me proporcionaram uma corrida agradável. Aumentei minha quantidade diária para o duplo, ao fim dela havia feito esforço suficiente.
Comecei o treino de força, graças ao aumento de equilíbrio a forma com que fazia exercícios passou a ser mais simples. Conseguia prestar completa atenção no que estava executando e qual músculo estava em movimento.
Ao final fiz alongamentos, a dor no dia seguinte era bem menor, foi algo que descobri com Gaspar.
Por último peguei a espada de madeira que praticava esgrima aprendida com Ricard, ao brandir elas algumas vezes, notei quão ineficiente era nisso.
Respirei fundo e imitei o estilo de Ricard, a espada estava mais leve como uma dança, os movimentos seguiam sem muita dificuldade. Não havia tanta força, o número de movimentos desnecessários diminui consideravelmente.
Você adquiriu um talento do personagem
Esgrima (Baixa): Ao copiar repetidamente o estilo de Ricard, você teve um flash de inspiração e conseguiu compreender uma pequena parte dele.
Diferente das habilidades compradas com karma, essa habilidade pode melhorar conforme o usuário continuar a praticar. Essa habilidade pode ser misturada com outros estilos e criar uma esgrima própria.
— Interessante — sorri.
— Então esse é o custo de aprender habilidade por karma, o sistema fornece a habilidade. Entretanto, ela não pode melhorar, a curto prazo parece uma boa comprá-las. Mas isso muda completamente se você já tem uma habilidade do mesmo patamar, seria um completo desperdício adquirir. Compreender a habilidade depois da jornada… — tive um pensamento chocante.
— O sistema, nem o guia… — respirei fundo.
— Droga! Eu fiz tudo errado até agora? — Andei de um lado para o outro.
— Em nem um momento, eles me disseram que eu era obrigado a entrar naquele mundo. Poderia entrar lá quando quisesse, quando estivesse pronto, poderia ter aprendido essa habilidade antes… — suspirei.
— Acalme-se, o passado fica no passado — respirei fundo.
— Isso, se acalme — Relaxei o corpo.
— Devo pensar nisso depois, tenho outras coisas para me preocupar agora — Entre em casa e peguei meus itens diários.
Fui à faculdade, era estranho, a sensação de estar com outras pessoas naquele lugar. Talvez pela primeira vez entendesse como um velho se sente ao conversar com um adolescente, é uma sensação completamente bizarra. Tudo que eles falam ou dizem é uma completa bobagem, algo sem sentido para mim. Algo mudou em mim, algo não, muita coisa mudou.
Olhei para toda a sala, via pessoas conversando sobre todo a coisa. Não fazia parte de nem um grupo, nem um deles tinha me atraído até o momento, tínhamos os rebeldes, os inteligentes, os sem futuro, os galãs e finalmente aqueles que nem sabiam porque estavam ali. Virei para janela e olhei o tempo, o tempo estava agradável naquele dia.
Estava usando um gorro amarelo, camiseta preta com estampa, calças jeans cinza e sapatos pretos comuns. Me espreguicei na cadeira e bocejei, estávamos em troca de professor. Após ter vivido duas vidas, ir à faculdade era algo estranho para mim. Conhecimento era bom, mas era sem sentido se não aliado com a prática. Nossa sociedade tinha se tornado muito estranha, se comparada ao passado.
Ao fim do primeiro turno de aulas, fomos ao refeitório. Tinham todas as barracas de comida, tirei meu xadrez da bolsa e o montei na mesa começando a jogar. Estava comendo um sanduíche, com alface, tomate, frango e cebola picada. Minhas mãos, moviam rapidamente as peças no tabuleiro, treinar era algo vital na condição atual.
— Ei… — ouvi uma voz atrás das minhas costas.
— Sim? — virei e olhei na direção de um grupo de cinco pessoas.
— Esse lugar é meu! — O primeiro cara bateu na mesa.
— Você não pode sentar em outro lugar? — apontei para mesas vazias.
— Esse lugar é meu, entendeu, babaca! — ele se aproximou e puxou a gola da minha blusa.
— Acredito que você não entendeu. — sussurrei em seus ouvidos e acertei um soco abaixo do seu plexo solar.
Sua mão se tornou fraca e ele deu dois passos para trás, tentando recuperar o ar que perdeu.
— Peguem aquele idiota! — Um deles gritou.
— Por que sempre há babacas como esses? — Movi meu pé para frente, pisei no chão acelerando, abaixei meu centro de gravidade mirando suas pernas, minhas mãos se moveram.
Minhas mãos levantaram suas pernas para cima o fazendo passar pelas minhas costas e o derrubando no chão com um baque seco.
Minha perna direita deu um chute baixo, minha perna esquerda subiu atingindo a cabeça do outro mais próximo o derrubando no chão.
Rolei para o outro lado evitando um chute no meio do corpo. Ergui meu corpo e montei uma guarda básica esperando o avanço dos outros dois caras, mas eles param com medo.
— O que foi? A mesa não era de vocês! — Sorri para eles.
— Me cansei dela, pode ficar com vocês — desmontei meu tabuleiro rapidamente e me retirei do lugar.
Minha sorte é que as câmeras daquela seção estavam quebradas. Talvez esse fosse o motivo deles estarem tão confiantes, estiquei meus braços e continuei a andar em direção a próxima sala. As pessoas próximas da porta pareciam murmurar muitas coisas, conforme me aproximava.
O dia se manteve de maneira estranha, as pessoas ao meu redor na sala estavam sussurrando ou cochichando durante todo o dia. Os professores pareciam não fazer parte desse grupo, eles só estavam irritados com o aumento no grupo de conversa na sala.
Quando o sinal bateu, finalmente me retirei da última aula. Entretanto, uma figura alta estava me esperando no corredor, ele vestia roupa preta com uma caveira como estampa, seu cabelo era curto e castanho. Calças pretas de esporte e tênis cinza ele tinha uma cara irritada. Seu corpo era atlético, parecia fazer academia, uma das boas. Seu olhar prepotente estava direcionado para mim.
As pessoas estavam próximas das paredes e faziam um círculo à nossa volta. Alguns até ligaram as câmeras do celular e estavam segurando na altura dos olhos. Com todas essas referências, percebi que se tratava de uma briga, mas afinal quem era ele?
— O que foi está com medo? — Ele de preto disse alto. — Sou Salivan, alguns me conhecem como Caveira. — Ele sorriu. — Eu mando muitos como você para o hospital.
— Ah? Você é babaca que cuida, daqueles caras. — Coloquei a mão no queixo e conclui.
— Para um idiota briguento da faculdade, você parece gostar bastante de academia. — Tirei minha mochila das costas, não gostaria de quebrar meu tabuleiro de xadrez. Ele era caro e especial, ganhei ele em uma competição.
— Grr! — Salivan parecia irritado e estava mordendo os dentes.
— Seu! — ele correu na minha direção, mirando o centro do meu corpo.
— Jogador, agora tudo faz sentido — Pisei para trás e girei meu corpo para o lado.
Minha mão acertou sua nuca com força, avancei para trás ganhando distância dele. Ele se virou para mim e tocou sua nuca, ela estava dolorida, ele era resistente a golpes, que esporte ele praticava?
Ele ergueu a guarda, ele percebeu que não poderia lidar comigo apenas com força. Se aproximando lentamente, ele chegou em seu alcance, suas mãos dispararam uma combinação simples.
Abaixei meu corpo, meu soco atingiu seu torso próximo da cintura, pisei para trás escapando dos seus outros golpes.
Avancei novamente, girei meu corpo para baixo atingindo seu calcanhar, sua base se mantém firme. Virei meu corpo na outra direção dando um chute giratório alto, ele desviou do ataque.
Sua face parecia irritada, ele avançou e tentou me atingir com um soco. Levantei meu braço e escorei o golpe, me aproximando e atingindo seu plexo solar, fazendo ele perder a respiração.
Girei meu corpo para lado atingindo um soco lateral abaixo das costelas, pisei para trás e acertei um chute lateral na perna oposta o fazendo cair. Me afastei dele e peguei minha mochila com calma e me retirei do local, durante o processo movi partes do corpo para checar seu estado e tudo estava em ordem.
Cheguei no ponto de ônibus que era um pouco distante, esperando meu ônibus até o trabalho, acabei encontrar alguém conhecido.
Ela estava lendo jornal calmamente, usando gorro vermelho e um casaco bege claro. Usando umas calças pretas bastante bonitas e sapato da mesma cor.
— Veronika? — me sentei no banco e olhei em sua direção.
— Maron. Então você também mora nessa região? — ela abaixou o jornal e me olhou, colocando os óculos no lugar.
— Não exatamente, minha faculdade está próxima daqui — relaxei no banco e olhei para o céu.
— Ah! Então é por isso — Ela respirou.
— Aqui entre nós, a faculdade daqui não são as melhores — ela cobriu a boca e riu.
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Apesar de a biblioteca ter sido comprada, tudo parecia exatamente igual como antes. Otto ainda permanecia como gerente, ele ainda nós mandamos fazer o trabalho difícil e controlava nosso dia a dia como um relógio neurótico.
Coloquei os livros em cima do carrinho, eles estavam na sessão errada. Me levantei e empurrei o carrinho até ser parado por uma determinada pessoa.
— Diga Otto — olhei para a pessoa na minha frente.
Um homem de meia-idade, cabelos pretos e olhos pretos. Sua pele era clara, vestia uma blusa branca social e calças pretas que combinavam com seu sapato.
— A nova diretora da biblioteca está lhe chamando — ele se retirou do local.
— Ela não tem o que fazer? Era apenas mais um dia normal… — suspirei e deixei o carrinho no lugar.
Segui o corredor da biblioteca até o segundo andar, continue reto até encontrar um local cheio de quadros e uma porta de madeira, no meio dos quadros.
Toc… toc.
— Entre, está destrancada! — A voz saiu da porta.
O interior diferia do que esperei, nunca estive naquela sala. À direita da sala tinha uma parede de vidro que dava direto para o estacionamento, na parede da porta tinha dois quadros do estilo cubista. O piso era branco havia uma cadeira na frente, da mesa de pau-brasil bem trabalhado.
Na parede atrás de eu tinha uma estante de livros bastante comum, na minha frente havia Sophie, sentada na mesa ela parecia mais calma. Atrás dela tinha uma prateleira de troféus que a biblioteca ganhou desde a fundação.
— Então? Por que me chamou aqui — Me sentei na cadeira e olhei para ela. Ela estava usando roupa social branca, com cabelos presos em um choque com uma caneta, ela também devia usar algumas calças sociais, não conseguia ver debaixo da mesa.
— Sente-se — Ela apontou a cadeira.
— Sobre aqueles entalhes, descobri muitas informações. Ainda não consegui transcrever o texto todo e ainda tenho que cuidar daqui — Ela suspirou.
— Quando estiver pronto, vou te chamar.
— É apenas isso? — olhei para ela e me levantei.
— Antes disso, quer sair comigo esse fim de semana? — ela colocou os cotovelos em cima da mesa e se inclinou.
— Se pagar, não me importaria — abri a porta e deixei o local.
— Será que ele não se prende ao corpo? Ou… — ela comentou consigo mesma. — Mas, isso não importa.
Nota do autor: “Para fortalecer a obra deixe seu comentário, ele é muito importante para nós autores!”