Projeto Karma - Capítulo 15
O dia continuou, arrumei muitas seções de livros desarrumadas durante todo o dia. Meu corpo estava doendo em alguns lugares, me sentei no banco externo da biblioteca, o vento frio batia em meu rosto, minha respiração estava calma e as árvores farfalhavam.
— Nossa sociedade é realmente estranha — ri baixo e relaxei no banco.
— Dominamos o mundo, mas… — estiquei a mão para o céu.
— Não aproveitamos toda sua beleza, nos tornamos reféns de nossa própria criação. O homem sábio é aquele que sabe quando manter ou deixar algo — coloquei a mochila em minhas costas e fui em direção ao ponto de ônibus.
A noite estava fria naquele dia, minha pele estava ficando gelada. Ao longe conseguia ver a luz dos faróis do ônibus se aproximando. Me envolvi em meus braços, esperando sua chegada.
Ele parou e adentrei, estava bem aconchegante o calor de seu interior. Olhei a paisagem local, não havia tantas luzes na cidade, esses lugares tinham sua própria beleza.
Depois de algum tempo desci do ônibus, andei pela clareira da floresta, o caminho que me levava até em casa. Hoje o local estava extremamente calmo, olhei para casa ao longe. Quando pela primeira vez percebi um local que não vi antes. Estava na lateral da casa, era como uma passagem para um porão externo.
Me aproximei, as tábuas de madeira pareciam bem antigas e estavam totalmente sujas de folhas. Limpei com a mão e percebi que não havia fechadura prendendo as portas de madeira, as abri e uma escada surgiu.
— Porque esse velho tinha um porão externo? — Abri completamente as tábuas de madeira e comecei a descer a escada, ela era feita de pedras. Desci alguns degraus e me deparei com apenas escuridão, peguei meu celular e liguei a lanterna.
— Fui sugado para outra dimensão novamente? — As paredes eram de pedra, o local todo parecia como uma masmorra medieval. O piso era de pedras e não parecia ter nem uma fiação ou lâmpada elétrica.
— Vou voltar aqui amanhã — Virei para as escadas e subi.
— Essa casa, com certeza, não é normal! — respirei fundo.
— Toda vez que vou naquele lugar, algo novo parece surgir — suspirei.
— Vamos dormir, Maron, hoje foi um longo dia — fechei as tábuas de madeira e fui em direção à porta de entrada.
Durante toda aquela semana, as pessoas me evitavam na faculdade. Ter derrotado o cara mais assustador na faculdade, parece ter me dado uma fama bastante negativa. Então não acredite nos filmes adolescentes, por eles eu deveria ter me tornado famoso nesse momento.
Quanto aos meus treinos diários, pude aumentar a dificuldade deles. O que era algo realmente bom, estava me acostumando à minha nova habilidade de esgrima e copiando as habilidades de Gaspar com as adagas.
É trabalhoso esculpir coisas em madeira, mas após diversas tentativas consegui fazer uma adaga de madeira com peso ideal.
O porão debaixo da minha casa, parece ser o lugar onde meu avô produzia as poções. Não encontrei nem um livro como o de Tristan, parece que ele guarda-livros em outro lugar.
Ainda tentarei descobrir mais tarde, o que me surpreendeu e a quantidade de equipamentos que ele tinha para refinar poções. Quase todos eles estão na lista de Tristan de materiais básicos para produzi-las.
Com relação ao meu trabalho, ele parece exatamente igual. Parece-me estranho dizer, mas nossa nova diretora, não se importa muito com a biblioteca.
Faz uma semana que ela está enfurnada, dentro daquela sala, transcrevendo o que estava escrito debaixo das mesas de madeira. Otto anda levando comida para lá, diariamente, ele parece ter vocação para ser mordomo.
— Ei, o que está pensando? — Veronika passou a mão na frente dos meus olhos.
— Nada… apenas é estranho — Olhei para o tabuleiro de xadrez. Nos últimos dias, parece estar jogando contra alguém. Não eram movimentos que estava copiando de um livro ou de partidas que me recordava.
Talento Próprio
Oponente Fantasma: A partir de suas inúmeras memórias de jogo, com diversas pessoas e personagens. Uma oponente será escolhida entre eles para ser seu oponente. A escolha do oponente será aleatória e não poderá descobrir quem ele é até o final do jogo.
— O que seria estranho? — ela olhou para o tabuleiro.
— Ele me parece bastante normal — ela sorriu e me olhou.
— É apenas impressão minha. — Me levantei.
— Terminou nosso horário de almoço — coloquei meu avental e guardei as peças do tabuleiro.
Depois do final do dia, quando cheguei em minha casa. Montei o tabuleiro de xadrez, era a primeira vez em anos que estava excitado com a ideia de jogar xadrez.
O jogo começou a se desenrolar, os movimentos iniciais de ambos lados ainda eram neutros, quando um movimento chamou minha atenção.
O bispo fez ameaça contra minha torre defendida com peão próximo ao cavalo. Parecia um movimento comum, mas tinha uma certa intenção perigosa. Movi minha rainha atacando o cavalo desprotegido, ele derrubou meu peão, atacando diretamente minha torre.
Olhei o tabuleiro e percebi que caí em uma armadilha, minhas peças ofensivas estavam presas ou estavam atacando uma peça bem defendida. Troquei meu rei de lugar com a torre para conseguir uma boa defesa em hook, mas seu bispo se moveu para trás dominando todo o jogo.
— Droga! Ricard… — olhei para o tabuleiro, a tendência do jogo dele era o contra-ataque bem armado. Quando percebesse, você já estava em sua armadilha, foi o que aconteceu.
— Desisto! — Derrubei meu rei, era uma partida sem vitória, apenas um empate arrastado seria possível.
— Oh? Então você finalmente notou — A voz de Ricard foi ouvida do outro lado.
— Espero que nosso encontro seja mais extenso da próxima vez — Ele riu e sumiu entre a fumaça do outro lado da mesa.
— Bizarro, por que desbloqueei uma habilidade como essa? — Olhei minha marcação de Karma e ela estava intacta.
— “Uma partida de xadrez, pode te ensinar coisas que jamais imagina, Maron” — as palavras do meu avô ecoaram em minha mente.
— Todos os jogadores têm tendências, isso… — suspirei.
— Ainda tenho muito o que aprender — desliguei a luz da sala e dormi. O dia seguinte seria um longo dia, era sábado o dia que encontraria Sophie.
Pela manhã estiquei meu corpo ao sair da cama, fiz meus exercícios e fui tomar banho. Os músculos do corpo estavam completamente relaxados, coloquei uma camiseta cinza com corte em v.
Umas calças preta e sapatos brancos, arrumei meus cabelos bagunçados e levei apenas meu celular, caso tivesse que anotar algo necessário.
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— Então por que se mudou para cá? — Sophie perguntou.
Ela estava com uma camiseta vermelha bordô com as mangas esfoladas, umas calças branca e sapatilha vermelha. Sua bolsa de mão combinava com a cor da blusa e seus lábios estavam com gloss.
— Preço — Sorri e olhei em seus olhos.
— Viver no interior tem um custo bem menor, se compararmos com a capital. Além disso, esse lugar me traz excelentes memórias — olhei para o restaurante.
O piso era de madeira de tacos que combinava com painel de madeira, iam até metade da parede. A parede branca contrastava bem com a madeira clara local.
As mesas de madeira eram escuras e esmaltadas de verniz avermelhado. O balcão local de mendôla chamava atenção, os garçons locais usavam coletes azuis e camisas sociais brancas. Os lustres de cristal davam um ar mais antigo e harmonioso.
— Foi apenas por isso? — Ela olhou pela janela vendo o fluxo de pessoas do lado de fora.
— diferente de você, gosto de lugares mais agitados. Mas estou gostando daqui, nunca pensei que a cidade que passei minha infância pudesse ser tão misteriosa. — Ela sorriu.
— Então, o que lhe trouxe para cá? — Retribui a pergunta e olhei o cardápio.
— Meus pais, eles me pediram para voltar — Ela suspirou e levantou o cardápio.
— Já escolheu? — Abaixei o cardápio e chamei o garçom.
— Sim, vim muitas vezes a esse lugar quando era menor — Ela esperou o garçom chegar e fez seu pedido.
— Desejo apenas um café e um croassã de queijo — Fiz o meu pedido.
— Pode pedir mais coisas, sabe que minha família é rica — Ela sorriu para mim.
— Já tomei café da manhã, antes de vir para cá — Comentei e olhei o garçom deixar o local.
— Quem vem ao café da manhã com outra pessoa e toma café? — Ela riu e olhou para mim.
Nós esperamos os pratos serem servidos e comemos nosso café da manhã até finalmente terminar e chamar o garçom para retirar os pratos e copos.
— Por que me chamou até aqui? — Fechei meu semblante e encarei ela.
— Sério demais, não é nada urgente. Pelo menos não dessa vez, eu apenas queria sair — Ela olhou para janela.
— Entendo… — Levantei.
— Obrigado pela refeição — Deixei o local lentamente, as pessoas das outras mesas me olhavam chocado.
— Irritante… — Sophie mordeu os lábios.
— Quantas paredes ele pretende pôr? Não pensei que se aproximar dele seria tão difícil — Ela suspirou.
— Eles não previram isso, ela pegou o celular e discou um número.
— Alô? — Ela esperou o outro lado atender.
— Sim, já terminou. Ele não ficou muito tempo — Ela comentou.
— Sim… sim, entendo — Ela suspirou.
— Não é primeira vez que isso acontece — Ela respirou fundo.
— Ele tem a guarda bastante alta, vou continuar tentando — Ela olhou pela janela.
— Sim, quando conseguir algo te comunico… — Ela terminou a ligação e chamou o garçom para pedir a conta.
Após terminar de retornar a minha casa, subi para o segundo andar para terminar as anotações que não fiz ontem, continuei a escrever durante algumas horas até finalmente ficar com fome.
Fui almoçar e depois desci até o porão para tentar fazer a minha primeira poção e foi um completo fracasso. O líquido que deveria ser branco se tornou completamente azul e soltava fumaça branca. A teoria parecia certa, mas minha perícia com equipamento era uma bagunça.
Passei o restante do dia tentando fazer uma única poção e foi um fiasco total. A cada erro, comecei a admirar mais meu avô e Tristan pelas suas habilidades. Era apenas uma poção simples que alterava o humor.
O dia chegou ao fim, relaxei completamente em meu banho e fui para cama. Meu corpo estava cansado pelos movimentos repetitivos feitos no laboratório, minhas costas estavam doloridas. Fechei meus olhos esperando o sono vir, mas estava tão cansado que tive dificuldade em dormir.
— Vou ler — Levantei e fui procurar o livro de alquimia de Tristan. Achei o livro e comecei a ler as fórmulas, comecei a bocejar e quando notei já estava de manhã.
— Já é tudo isso! — Olhei o relógio e me levantei correndo.
— Espera… hoje é… ah? — Comecei a alongar meu corpo e relaxei.
— Estamos no fim de semana ainda… — Bocejei e olhei para porta no fim do corredor.
Ela se abriu completamente e um vórtex negro começou a me puxar em sua direção, agarrei no batente da porta do meu quarto. Contudo, meu corpo ainda era puxado pela força atrativa.
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