Projeto Karma - Capitulo 2
— Ufa… estou vivo — passei o antebraço sobre minha testa e me sentei no chão.
— Esse cara pode ser arrogante, mas suas habilidades em esgrima são realmente algo a se orgulhar — acalmei a respiração.
— Devo começar a praticar esporte, mas afinal por que Olef trairia ele? — Olhei para o escravo estirado no chão com um elmo na cabeça.
— Idiota! — bati a minha mão contra a testa.
— Ele queira ser livre, afinal seu mestre é um hipócrita, arrogante, prepotente e devasso. Realmente devo concordar, trair ele é uma excelente escolha. Ainda mais em um lugar como esse — suspirei e me levantei.
Retirei a espada do corpo do assassino, virei seu corpo e o vasculhei. A abaixo do manto, havia uma armadura de couro cheia de bolsos. Ele ainda tinha algumas lâminas, quando mais eu as tirava dos bolsos mais parecia ter.
— Quantas pessoas ele queria matar? — olhei surpreso.
— Ele trairia Olef caso eles conseguissem me matar? Provavelmente… — levantei e comecei a vasculhar os corpos da casa.
Achei muitas cartas-postais, com símbolos de diferentes monarquias e até uma com o selo da igreja entre elas.
Arrumei o lugar e fui para o lado de fora, olhei para um cena impactante, havia apenas mortos. Corpos estendidos no chão, casas queimando e pessoas em pranto olhando para os corpos mortos havia apenas tristeza.
— Porque todos não somos iguais? O que os fazem diferente de nós, suas cores, sua língua e suas crenças, por esse motivo devemos matar? Somos tão míopes para perceber que só trouxemos sofrimento para esse lugar? — minhas pernas cederam e as lágrimas desciam do meu rosto.
— Nunca tive crença em nem uma fé. Porque nós humanos só trazemos tristeza aos nossos iguais, não podemos aceitá-los como são? — o corpo arqueou e a cabeça bateu no solo arenoso.
— Tanta tristeza, por apenas uma terra. Para quê? — as mãos bateram no solo.
— Apenas quero confortar eles, lhe dar um último momento de honra para uma vida cheia de dor e sofrimento — pisei no chão erguendo meu corpo.
Naquela noite, juntei todos os corpos daquela pequena vila destruída. Empilhei madeira à sua volta, peguei feno que encontrei e os embebedei em óleo. Acendi as chamas e rezei por aquelas almas naquela noite.
Um grande sentimento de tristeza deixou meu coração. Sendo substituído por um sentimento de ternura, repentinamente o mundo parecia parar. As chamas à minha frente se tornaram monocromáticas.
O destino do personagem Ricard foi alterado…
Karma Parcial Adquirido
Feitos negativos
Roubos de objetos pessoais (-1.000), profanar os mortos (-500), assassinato (-2.500), quebrar o antebraço de Olaf (-250).
Feitos positivos
Dar uma morte honrosa aos mortos (+3000), libertar Olaf da escravidão (+1.000), entregar as cartas dos mortos (+ 750), ensinar a Ricard a bondade (+ 5.000), fazer Ricard sentir o amor ágape (+1.500), diminuir o ego de Ricard (+2.000), ensinar a Ricard a caridade (+ 3.000).
Sendo deslocado para o próximo ponto-chave de Ricard…
Novas habilidades liberadas ao passar pelo teste inicial
Lembranças Fragmentadas (baixa): ao terminar a história do personagem. Haverá uma pequena chance de adquirir suas habilidades. Emocionais, físicas, psicológicas ou talentos. A chance de isso acontecer será definida pelo nível da habilidade
Tempo de Transmigração (baixa): ao ser transferido para o próximo tempo chave. Haverá um tempo de espera para o usuário se ajustar à nova situação e raciocinar as possibilidades futuras. Suas ações podem interferir no futuro do personagem. Quanto maior o nível, maior o tempo disponível
Destino Natural: mostrará as escolhas padrões do personagem diante a situação de sua vida. Esse destino lhe dará base para o que enfrentará, caso deseje alterar o destino do personagem
O mundo ao redor era um local negro. As cenas da vida de Ricard passavam ao redor. Como telas de programas de televisão, todas elas tinham um tom sépia.
Uma mistura de eventos passados, presentes e do futuro pareciam se misturar. Uma das telas se aproximou do meu corpo e ele a atravessou.
Era um banquete medieval, a mesa era extensa e retangular, diversas cadeiras estavam ocupadas. A mesa estava farta de comida, luminária de velas no teto, chão de madeira, paredes de pedra e pilares extensos.
As pessoas pareciam comemorar, mesmo que o tempo estivesse parado. Havia muitas mulheres no local, algumas delas pareciam rir. Outras avoadas ou olhando para determinadas pessoas. Apenas uma delas parecia séria nessa ocasião.
Todos estavam com roupas luxuosas, anéis, colares e adornos. Me parecia uma reunião para festejar algum evento anunciado.
Em volta da mesa havia muitos escravos servindo uma gama variada de coisas. Era um grande salão próximo da lareira local. Após a festa provavelmente haveria um festejo com dança e bebidas para os convidados.
Ponto-Chave — O Sucessor da casa nobre
Após o retorno das cruzadas, Ricard tornou-se um homem diferente. Amável e paciente, compreendia a necessidade de sua população e suas dores.
Utilizou seus ganhos para promover ações a população pobre. Dando estudo a crianças pobres com potencial, nas noites dando sopão aos velhos e pobres.
A maior de suas ações foi abrir uma biblioteca pequena para aqueles que sabiam ler. Não era possível pegar livros emprestados, mas era possível ler enquanto estivesse dentro dela.
Suas ações chamaram atenção da família nobre corrupta e egoísta. Tramaram com apoio dos mais ricos da população para deserdar e matar Ricard em uma emboscada.
Ricard soube dos planos, com auxílio de informantes da população pobre. Após o evento ele retornou a sua vida devassa para baixar o perfil de seus parentes. Porém, ainda ajudava parcialmente a população durante alguns anos. Até esquecer e retornar a sua vida anterior…
Tempo até a transmigração: 3 minutos e 40 segundos
— Que cara fracassado! Sua personalidade interior é realmente podre. Não bastasse uma família de salafrários e corruptos. Esses caras vão estragar meus planos, pense Maron!— os pensamentos corriam em alta velocidade.
— Idade Média… Claro! Casamento, como não pensei nisso antes?
— É muito comum nessa época herdar terras dessa forma. Qual seria a pretendente ideal? Ela tem que ser bonita, nobre e ter uma excelente personalidade… — estranhei minhas palavras.
— Acorde, Maron estamos falando dele! — Apontei para Ricard sentado à mesa.
— Um devasso com histórico de alcoólatra e que não conseguiu grandes feitos nas cruzadas. Sejamos sinceros, uma mulher muito nobre está fora de questão — suspirei.
Tempo até a transmigração: 1 minutos e 20 segundos
— Qual é o real problema dele? — analisei a situação.
— Sua personalidade é duvidosa e sua família nem precisamos comentar. A mulher ideal seria aquela com ideais honrosos. Uma que não seria abalada por nada, não precisa ser bela ou nobre, apenas uma boa personalidade é suficiente — olhei para uma determinada direção.
Transmigração em 4… 3… 2… 1
O mundo ficou colorido. Os sons de conversa e copos batendo a mesa derramando álcool. As risadas e movimentos colocar e retirar pratos da mesa. O corpo de Ricard havia mudado, parecia mais forte e equilibrado.
Depois de vários eventos de quase morte nas cruzadas ele realmente se dedicou a treinar. Seu corpo se tornou bronzeado e tinha algumas cicatrizes leves em partes do corpo.
Sua roupa não era tão luxuosa, comparado a outros convidados, porém ainda era aceitável para o evento. Tons de branco com detalhes em azul. Carregava consigo uma espada para proteção.
Havia apenas um cordão de prata em seu pescoço, com uma cruz com detalhe em vermelho. Seus cabelos estavam curtos e o rosto parecia mais maduro por volta dos trinta anos.
— Chamei a todos, hoje aqui. Para anunciar o meu novo sucesso da casa nobre, seu nome é Enrique Feliphs o primogênito da família. — O homem com cabelos longos e prata gritou a mesa. Com a taça de vinho erguida e roupa luxuosa em azul-escuro com detalhes em dourado.
Houve um estardalhaço na mesa, nem um deles estava surpreso. Afinal, Enrique era aquele que liderava os planos sombrios de enriquecimento da família. Superfaturava os alimentos, obras, custos com exército e equipamento.
Corrompeu os ladrões da região para assaltar os mercantes e fazendeiros na época da colheita. Atacava as pequenas vilas próximas roubando crianças e mulheres os tornando escravos. Além de cobrar impostos abusivos dos feudos sobre o controle da casa nobre.
Meus olhos passavam pela mesa de ponta a ponta analisando todas as mulheres. Graças a memória adquirida de Ricard conhecia grande parte delas. Algumas casadas, outras noivas, grande parte delas nobres ou concubinas.
As solteiras, algumas delas já haviam sido maculadas por Ricard em anos passados. Seu histórico de galanteador era bem conhecido por muitos na corte, porém estava focada em uma única mulher.
Sua roupa era de seda branca, alguns detalhes e azul esverdeado. Suas expressões estavam entre fúria e descontentamento. Um olhar forte e marcante, cabelos negros e lábios rosados, sua pele era bronzeada parecia viver no campo.
Seu corpo não parecia frágil e era a única mulher armada em toda a mesa. Gisel Gregoriam líder de um feudo com guerreiros de elite na costa próximo da Inglaterra. Um local invadido pelos dinamarqueses e finlandeses para pilhagem e guerrear.
Ela era a quinta geração desde a fundação, apesar de ser um feudo, suas áreas eram extensas o suficiente para ter um título nobre. Se não fosse taxada arduamente pela minha família por sua riqueza agrícola.
Muitos foram seus pretendentes, mas nem um deles sobreviveu ao teste de casamento. Todos falharam, alguns diziam que seu teste era realmente insano. Que até os mais capacitados desistiram em poucos dias.
Um sorriso surgiu em meus lábios, esperei os eventos ocorrerem. Primeiro o banquete, depois a festa. Me aproximei de sua companhia, a cada passo que dava em sua direção notava a sua beleza e um olhar mortal mais forte.
— Você! — sua voz era ríspida.
— Como ousa se aproximar de mim!! — ela sacou a espada em minha direção.
Ao que parece, nossas famílias não parecem ter um bom histórico entre si. Realmente se estivesse no lugar dela, já teria me rebelado desta casa nobre corrupta.
— Acalme–se estou aqui apenas para conversar — desembainhei minha espada e a lancei ao chão.
— Não sei o que houve no passado entre nossas famílias, mas entre mim e você não aconteceram conflitos anteriores. Houve? — olhei em sua direção.
— Ouvir tais palavras de sua pessoa — ela riu.
— Desconfiei que fosse mentira tudo que disseram sobre ti, mas parece ser verdade — ela colocou sua espada de volta na bainha.
— Todos mudamos quando eventos dolorosos acontecem — me aproximei.
— Soube que recentemente os impostos aumentaram em sua região.
— Sua família não parece se preocupar com isso — ela disse ríspida.
— Realmente eles se importam apenas com eles mesmos — suspirei.
— Às vezes me pergunto como pude nascer em tal família — peguei uma taça de vinho e ofereci-lhe.
— Desculpa, não bebo nesses eventos, nunca sabemos o que pode ocorrer — ela afastou a taça.
— Compreendo, quanto estive nas cruzadas também tomava essas precauções. Após ser saqueado, drogado e traído minha guarda realmente aumentou — sorri e ela riu da conversa.
— Então o que deseja conversar? — ela foi direto ao assunto.
— Como soube recentemente, assim como eu. Minha família quer que eu — fiz um gesto de algo cortando minha garganta.
— Para continuar minhas obras preciso de um lugar — olhei em sua direção e bebi o vinho.
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Nota do autor: “Para fortalecer a obra deixe seu comentário, ele é muito importante para nós autores!”