Reencarnação do Vampiro - Capítulo 12
Um sorriso sádico estampado em seu rosto. Uma expressão de completa loucura.
Todos olharam em direção da voz e viram algo que não podiam acreditar. A pessoa que eles fuzilaram até descarregar o pente, estava viva. Seus ferimentos estavam se regenerando.
As partes de carne expostas começaram voltar ao lugar. Quando faltavam tecidos para o preenchimento, novos eram criados com o processo de regeneração. O lado direito de seu crânio, destruído por um projétil, começou o processo um pouco mais tarde.
O vapor continuava a sair dos ferimentos. A cabeça iniciou a cura. Começando pelo osso, depois músculos, pele e por último o cabelo. O processo estava quase completo, mas ela já conseguia se mover.
A mulher levantou-se e com um rosto com um rosto sadico, abriu os braços e disse:
— Vocês acharam mesmo que podiam me matar? Podemos fazer o dia todo e não irão conseguir. Eu sou imortal. Vamos!… Tentem novamente! Haha ha hahahahahahaha!
Vapor ainda emanava amanhã meio a seus seios. A vampira colocou os dedos dentro do ferimento e retirou a bala. Observou um pouco o projétil, mas logo o jogou no chão. A liberação de vapor parou.
— Sabe… Há quanto tempo não tenho esse sentimento eufórico? O sentimento de se levantar não importa o que aconteça? Ser empalada, esmagada, decapitada, explodida… e ainda sim, se levantar. A sensação de impotência…
“A sensação de impotência, ferimentos mortais regenerando-se, a dor desaparecendo” pensou Jonathan, sincronizado com as falas da vampira.
— Ferimentos se curando, a dor sumindo. A cara de espanto daqueles que presenciam isso, é uma das melhores partes. — O prazer em seu olhar era nítido. O sentimento de poder fazer qualquer coisa, inundava seu peito.
O alemão observava todo o ocorrido por trás de um pilar.
— Senhor, temos que sair daqui agora! — exclamou um dos seguranças.
O homem de meia idade ia fugir, mas se lembrou das palavras de Jonathan.
“Lembre-se: a neutralidade é a melhor opção”.
— Não, vamos ficar. Se ela quisesse, já teria nos matado. Olhe essa velocidade. — disse com fascínio em seus olhos.
— Atirem nessa vadia!!! — ordenou o homem ferido.
Os “seguranças” restantes apontaram suas armas para a vampira. A mulher de cabelos moveu-se para a frente do lacaio que estava mais ao fundo, saindo da visão de todos os outros. Desferiu um chute frontal no abdômen, o dividindo ao meio.
“Quase quebrei meu salto. Ainda me sujei toda, que nojo”.
Os outros perceberam-na atrás deles e disparam, mas ela se moveu novamente. Parou na frente de um dos homens que estava a esquerda e deu um soco de baixo para cima em seu queixo, jogando-o para o alto.
A Joana o pegou pelo pé e o lançou para baixo com força, fazendo-o bater a cabeça. O impacto estourou seu crânio, espalhando os miolos por todo o chão.
O restante se virou para ver a origem do som, mas a vampira não estava mais lá. A cena os amedrontou, lutar contra alguém que não se pode ver destruiu o psicólogo deles.
Ela chegou por trás de um dos três restantes, pôs uma das mãos na nuca, outra na testa e puxou para trás, quebrando o pescoço.
Desviou dos tiros novamente, se aproximou de um dos capangas e golpeou sua garganta com o dedo indicador da mão esquerda, furando sua traqueia. O homem caiu no chão, se engasgando com o sangue.
O último dos lacaios disparou contra o rosto de Joana, mas só havia uma bala. A vampira viu o projétil se aproximar de seu olho e desviou movendo a cabeça para o lado, enquanto observava o objeto passando por ela.
Ele tentou recarregar, mas acabou deixando o pente cair. O criminoso ficou com medo e correu. A bela mulher o deixou tomar distância suficiente para achar que iria viver. Se aproximou por trás e chutou a parte posterior dos joelhos, derrubando-o no chão. Ainda nas costas dele, segurou seu pescoço pela parte frontal e começou a forçar a coluna para o lado contrário.
— Por favor, não me mata, eu faço qualquer coisa. — implorou o homem, com expressão de medo.
Joana o soltou, andou até sua frente e se agachou.
— Você faria qualquer coisa? — indagou a vampira, olhando em seus olhos.
— S…im… cof cof.
— Então prometa. Prometa que vai me servir e fazer tudo o que eu quiser.
— Eu prometo.
A mulher deu um pequeno sorriso.
— Perfeito, é assim que eu gosto.
Ela agarrou o pescoço do homem, fez contato visual e usou o controle mental.
— Cumpra a sua promessa até que eu diga que está livre.
— Eu farei tudo o que me pedir.
O bandido tinha grossas correntes de ouro em seu pescoço.
— Você teve sorte, se essas correntes fossem de prata, você estaria morto.
A vampira o colocou gentilmente no chão e deu dois tapinhas nos ombros.
— Venha comigo.
Joana e seu servo chegaram no local onde estava Jonathan.
— Por que deixou esse homem viver?
— Ele é meu mais novo brinquedo. Vai ser útil.
— Tanto faz.
Gordão estava se rastejando com sua pistola na mão. A vampira usou sua velocidade sobrenatural e foi até ele, ficando a sua frente. O traficante apontou sua arma para a imortal, que segurou seu pulso. O criminoso disparou até descarregar o pente, se manteve imóvel.
— O que porra você? — indagou com muito nos olhos.
— Desde que cheguei, você ficou me olhando como se eu fosse um pedaço de carne. Eu odeio isso.
A vampira quebrou o braço do homem.
— Aaaaaaaaaa! Ai ai. Meu braço.
Jonathan se aproximou do homem denominado Gordão e o segurou pelo pescoço.
— Assalto a mão armada, latrocínio, sequestro, estelionato, assédio sexual, estupro, tráfico de drogas, tráfico de armas e suborno. Esses são seus crimes. Com essas informações, eu sei que não vou estar matando uma pessoa e sim, descartando o lixo.
O jovem apertou mais o pescoço do bandido até ele começar a ficar sem ar.
— Ninguém ameaça minha família. O que te custou cometer crime? Sua vida. Abandonou tudo por um falso poder e no final não obteve nada. O que você viu agora é o verdadeiro poder, que não depende de pessoas para valorizá-lo. Ao contrário do poder financeiro ou político, onde se as pessoas param de dar valor, ele se torna inútil. O vampirismo continuará a ter a mesma força, sendo valorizado ou não.
O garoto soltou o pescoço do homem e caminhou até o lado de Joana.
— Faça o que quiser com ele, apenas garanta que ele morra.
A vampira foi até a pessoa ferida no chão.
— Seus capangas estragaram meu vestido, ele me custou caro.
— Joana… Pode ficar com o dinheiro, as armas e tudo o que tem de valor por aqui. Para pagar o vestido.
— Ele me custou 9 mil, está me dando mais de dez dele.
— Considere como generosidade da minha parte.
— E que generosidade. Espero que possamos manter um relacionamento no futuro.
— Estou contando com isso.
“Seu passos são todos cauculados”.
— Só mais uma coisa. Deixe esse homem escolher a arma que mais lhe agradou. Saia, sei que está aí.
O alemão saiu de trás de um dos pilares junto de seus seguranças. Os dois guarda-costas apontaram as armas para Jonathan.
— Considere como uma recompensa por escolher o lado correto. E peça para que seus homens abaixem as armas ou acabarão como todos os outros.
— Abaixem as armas. Se a intenção dele fosse nos matar, não estaríamos aqui.
Os dois relutantemente abaixaram as pistolas.
— O que vocês são? E eu não escolhi um lado, apenas segui seu conselho de ser neutro.
— Eu sou humano, se fosse como ela, eles teriam morrido pelas minhas mãos. E… A partir do momento que decidiu algo influenciado pelo meu conselho, você escolheu um lado.
— Então… O que ela é?
— Você acredita no sobrenatural?
— Mas é claro que não. — disse o homem, com um sorriso sem graça, desacreditando da pergunta.
— Então comece a acreditar, pois aquela mulher é uma vampira.
— Isso não pode ser verdade, vampiros são lendas.
— Quando você entender que nós quem criamos as lendas, começará a acreditar. — respondeu Joana.
— Você é livre para acreditar no que quiser, mas…
Jonathan estendeu a mão para o homem, que o cumprimentou com um aperto de mão. O jovem apertou a mão do coroa, o puxou para perto e olhou em seus olhos. O alemão fez uma expressão assustada para o jovem.
— Se contar sobre isso para alguém, não me responsabilizo pelo que eles vão fazer com você.
— Eles quem?
— A organização dessa mulher, é claro. Espero que siga meu conselho novamente. — deu um tapinha no ombro, virou as costas e foi em direção a saída.
Passando pela porta o segurança sentiu falta da pessoa que estava com ele.
— Cade a mulher que estava com você?
— Está a caminho.
— Ok.
Depois de alguns minutos Joana saiu junto com seu mais novo lacaio. O segurança tentou impedir o rapaz com ela.
— Deixe ele passar.
Novas ordens podem ser dadas aos servos de vampiro sem a necessidade de usar o controle mental novamente, apenas se o comando for algo dentro do já havia sido dito antes.
Se a ordem for para atirar em alguém, e a pessoa escolhida pegar uma pistola, o mandante pode ordenar que ele use um arco e flecha, sem precisar usar compulsão mental.
Se a ordem for para um humano matar um alvo, a pessoa está livre para usar todos os meios conhecidos para assassinar o ser em questão, porém se o escravo mental acreditar que uma determinada ação é mortal mesmo não sendo, tal feito pode ser usado, frustrando o plano.
Por isso, vampiros mais velhos tomam mais cuidados no uso palavras quando estão competindo com alguém.
— Sr. Jonathan, o que vamos fazer com esse cara?
— Faça ele esquecer que nos viu e se entregar para a polícia.
A vampira parou em frente ao homem e usou sua habilidade.
— Esqueça completamente que viu a mim e as pessoas que estão comigo. Você vai até a polícia confessar, colaborar e vai fazer tudo o que for necessário dentro da lei até que seus crimes sejam pagos. Depois que sair da prisão, você será uma pessoa honesta dentro do possível, MAS sempre pense se há uma maneira de fazer o certo. Mesmo que não haja, não prejudique pessoas boas e inocentes… E não seja um babaca com as mulheres.
O jovem de cabelos negros revirou os olhos em desaprovação.
— Sim senhora…
O “segurança” guardou a arma e seguiu seu caminho em direção a delegacia.
— Pronto. Ele só fará algo diferente se eu morrer, levar uma estaca de prata no peito ou… Um vampiro mais forte quebre o controle mental.
— Precisava mesmo dessa última parte? Talvez ele nem saiba o que é ser um babaca com as mulheres.
— Caso ele seja, alguém com certeza vai dizer pra ele.
— Isso é perigoso, se alguém disser a ele que não ser babaca é fazer tudo o que uma mulher pede, essa pessoa pode acabar morrendo.
— Relaxa, ele não vai fazer nada ilegal por causa da ordem anterior. E não! A mente dele não vai entrar em conflito. Eu disse a ele para pensar no que vai fazer. Tenho certeza que ele vai arrumar um jeito de agradar alguém sem se complicar.
— Se você pensa assim, então é uma tola. As possibilidades são muito maiores do que podemos imaginar e, fazer suposições como essa, pode ser o início da sua ruína. As pessoas são muito mais complexas do que imaginam.
— Tenho que levar sermão de um adolescente. Vocês sempre acham que sabem de tudo. Sabe que já vivi muito mais que sua avó, né? Você é apenas um garoto ingênuo.
Se uma determinada palavra é usada para dar uma ordem usando compulsão mental e a pessoa controlada não souber o significado. O controle não funcionará da maneira correta. Apenas criará na mente do indivíduo afetado, um desejo uma dúvida grande e incômoda por saber o significado do que foi dito.
A dúvida fica permeando a cabeça do ser o tempo todo, impedindo concentração e até interferindo no trabalho ou desempenho sexual. É algo que pode destruir a vida de alguém aos poucos.
Jonathan colocou as mão nos bolsos, virou-se e deu um passo antes de dizer:
— Eu não teria tanta certeza. — Voltou a caminhar.
— E não tenho. Se minhas suspeitas estiverem certas, estou falando com alguém, cuja existência como pessoa ultrapassa os mil anos.
“Existência como pessoa. A pessoa que sou existe há mais de mil anos, mas minha idade em vida é de apenas 640 anos. Essa afirmação pode estar errada, pois se minhas memórias não reencarnaram comigo e sim foram restauradas assim que nasci, a pessoa que sou realmente morreu.”
— Alguém tão cauteloso a ponto de prever que um dos seus iria traí-lo. Então preparou uma magia com antecedência.
“Então eles acreditam que minha reencarnação foi algo mágico. Melhor deixar as coisas assim por enquanto”.
— Quem seria tolo o bastante para usar uma magia que cria um corpo com a mesma aparência que o anterior? Sem falar no fato de ser humano.
— Às vezes os melhores esconderijos são os mais óbvios, ninguém pensa em procurar no lugar mais fácil. Tenho certeza que alguém como Vladmyr pensaria assim.
“Se eu seguir o meu plano, essa tática vai funcionar”.
— Agora sim está tirando conclusões de acordo com sua idade. Haja como uma vampira anciã e escolha com cuidado o lado certo.
— Se está me dizendo para escolher o lado que vai vencer, fique tranquilo. Nossa organização foi criada se inspirando em suas ações na criação do Clã Oblivion. Nós já decidimos de qual lado ficaremos. Alguém que só pôde ser derrotado devido uma traição, com certeza triunfará.
“Não posso confiar em qualquer um, mas se pensar direito, se eles trabalhassem com Faustos, já teriam me matado, porém mercenários nunca são confiáveis”.
— Você foi uma das maiores influências para os vampiros que desejam a coexistência com os humanos. Essa inspiração precisa retornar, ou nós entraremos em guerra com os humanos. Nós também desejamos a paz. Mas uma organização que surgiu a alguns séculos que está interferindo na sociedade mortal. Eles querem governar tudo.
— Eu não confio em mercenários.
— O senhor sabe muito bem que o dinheiro não vale nada se comparado ao poder que temos. Só usamos para respeitar as leis humanas.
— Vladmyr Vangreat está morto. Agora sou Jonathan Crane.
O jovem voltou a caminhar sem olhar para trás.
— Se nós, uma pequena organização conseguiu chegar até você, seus inimigos também conseguirão.
O belo rapaz interrompeu sua caminhada e disse olhou no fundo dos olhos da vampira e disse:
— Se o que diz é verdade então prove. Se sua organização esconder meus rastros na Internet até que eu complete 18 anos, eu acreditarei em você. Mas é importante que as informações sejam liberadas assim que eu completar a idade anteriormente mencionada.
Seu rosto deixou claro que estava falando a verdade. Jonathan não demonstrava nenhuma expressão até então. Tal ação indicava transparência.
— Esse é um pequeno preço a se pagar pela coexistência. — disse a mulher de cabelos brancos.
“Agora tenho uma puro-sangue e uma organização de mercenários e hackers ocultando minha existência. Se Faustos não tomar as devidas providências antes que eu entre para o clã, não haverá mais nenhuma outra forma de me impedir”.
…
Jonathan abriu a porta, limpou os pés no tapete e anunciou em alto tom:
— Mãe, cheguei!
Suzan estava deitada no sofá, mas o móvel usado para colocar a TV o impedia de vê-la.
— Não precisa gritar, eu tô aqui.
— Perdão, eu vi a senhora.
— Por que você demorou tanto? Já são cinco horas.
— Fui em vários lugares e não achei o que queria e também, caminhar ajuda a relaxar. — disse o jovem, colocando as compras na mesa.
— Deixa que eu ajudo. — falou a empregada.
— Coloque isso aqui na geladeira, está derretendo.
— O congelador está cheio, um dos potes de sorvete vai ter que ser colocado em outro lugar.
Jonathan havia comprado 3 potes de sorvete.
— Vou dividir com minha mãe.
— Você sabe que ela odeia isso.
— Eu sempre achei interessante como eu e ela reagimos completamente diferente depois do que aconteceu comigo no passado. O sorvete se tornou algo que eu queria mais do que tudo experimentar depois de ter sobrevivido. Para minha mãe, se tornou algo que ela deve ficar longe.
Suzan desenvolveu um trauma que a fez odiar sorvete. Esse doce a faz reviver a sensação de ter seu filho tirado dela.
— A melhor maneira de superar um trauma é lutando contra ele.
O jovem foi até a gaveta e pegou uma colher, abriu um dos potes e enterrou a colher na massa gelada. Ele foi em direção a sala, mas antes de cruzar a divisória, parou.
— Gabriela, aquele seu problema de hoje cedo, não precisa mais se preocupar com ele.
— Como assim? Não me diga que você gas…
— Um pequeno preço a se pagar para proteger a família. Meus pais te consideram parte dela.
— Eu… Entendi.
A mulher de cabelos vermelhos entendeu de forma errada as palavras do garoto, que percebeu o mal entendido.
— Não posso deixar um membro da família ser chateado por criminosos.
Os olhos da empregada se encheram de lágrimas e ela respondeu:
— Obrigada. Desculpe a forma como tratei todos esses anos.
— Eu nunca fui alguém amistoso, parte da culpa é minha.
— O que posso fazer para retribuir.
— Continue prestando seus ótimos serviços e, me diga seu tipo sanguíneo.
A moça não entendeu a pergunta, mas resolveu seguir o fluxo da conversa e ver até onde ia.
— AB +, mas por que a pergunta?
— Então você pode retribuir o favor. Talvez um dia eu te conte o motivo dessa pergunta.
“Quanto mais aliados tiver, mais fácil será derrubar Faustos”.
Jonathan retomou sua caminhada e se aproximou de Suzan.
— Mãe, deixa eu sentar… Apoie a cabeça no meu colo.
A mulher se sentiu um pouco mais confortável, mas o odor do sorvete nas mãos de Jonathan a fez reviver as memórias daquele dia.
— Mãe, vou ser bem claro e verdadeiro. Eu não tenho amigos, devido a algo que me aconteceu no passado. Único amigo que eu tive me traiu, não vou entrar em detalhes mas… Desde então tenho dificuldade para fazer amizades e confiar nas pessoas.
O belo jovem começou a fazer cafuné em sua mãe. Ele se sentia estranho, pois demonstrar carinho sempre foi algo pouco praticado por ele desde que era uma criança em sua encarnação anterior.
— Quero que façamos uma promoção uma ao outro aqui e agora. Eu prometo tentar me enturmar SE, a senhora prometer tentar enfrentar seus traumas.
— Não é tão fácil assim, meu bebê.
— Nunca é fácil, isso é o que torna traumas tão difíceis e até insuperáveis. Vamos tentar isso juntos, será menos desafiador assim.
— Tá bom, meu anjo.
— Então vamos começar agora.
O garoto levou a colher cheia de sorvete até a boca de sua mãe.
— Abre a boquinha aaa. Isso.
— Eu sinto um gosto amargo.
— Traumas mentais podem alterar nossos sentidos em alguns casos.
Lágrimas saiam dos olhos dela a cada colherada que ela aceitava.
— Não tenha medo, eu sempre vou estar aqui com você. Nunca vou te abandonar, dou a minha palavra. Você é minha maior riqueza, procurei tantas coisas para preencher o vazio que uma pessoa como você fazia em meu coração.
— Do que voge tá falando? — indagou Suzan com a boca cheia.
— Só estou delirando.
“Agora que tenho a mãe que sempre sonhei, não posso abandoná-la. Encontrei o que sempre procurei, a família perfeita, porém não posso abandonar a família que construí no passado, meu clã precisa de mim”.
Todos os que realmente conheciam Jonathan, sabiam que as únicas promessas que ele realmente cumpria eram as que tinha dado sua palavra. Porém o que aquele jovem não podia prever, era que o acaso mais uma vez, iria prejudica-lo.