Reencarnação do Vampiro - Capítulo 17
Em um ambiente desagradável e com odor cadavérico, uma figura feminina, denominada por muitos como a personificação da perfeição, esperava por alguém.
Com sua audição sobrenatural, ouviu o som de passos em uma velocidade impossível para qualquer animal. Nesse momento, ela soube que sua subordinada chegaria em segundos. Os passos pararam atrás dela.
— Eu o trouxe, minha senhora.
— Coloque-o sobre a maca.
A vampira de vestido pôs o corpo sobre a maca e ajeitou o braço caído pela lateral.
O lugar em que estavam, era um necrotério. As gavetas prateadas contendo corpos mortos refrigerados. Mesmo em uma temperatura tão baixa, os cadáveres ainda fediam. O som dos líquidos pingando era irritante e sombrio.
— Mestra, se me permite a curiosidade, porque estamos nesse lugar tão desagradável?
— Certamente é um local apropriado. Ele não passa de um corpo morto agora.
— Mas com seu sangue, o garoto voltará à vida.
— Não exatamente.
— Não entendi o que quis dizer, Mestra.
— Não vou mais compartilhar meu sangue.
— A senhora vai desistir depois de tanto tempo?
— Jamais, desistir dele significa abrir mão de viver. Minha vida não tem sentido sem ele.
— Então, por que?
— O tipo sanguíneo dele é: A positivo. Isso significa que é compatível comigo. Se eu transformá-lo, o fator de evolução vai torná-lo um puro-sangue. Vossa majestade nos proibiu de criar outros puro-sangue, por causa do que aconteceu no passado.
A mulher fez carícias no rosto do corpo morto de Jonathan. Aquela pessoa era uma das mais velhas dentre todos os vampiros.
Ela usava uma calça jeans preta, uma blusa branca do tipo tomara que caia e uma rasteirinha rosa.
— Muitas vezes na vida, temos que tomar decisões das quais não gostamos. Mas há uma diferença enorme entre o que é bom para nós e o que é bom para nosso capricho. Novamente terei que escolher algo que não será bom para meu capricho, mas se for por você, estou disposta a fazer mil vezes se necessário.
A vampira anciã acariciou o lado esquerdo do rosto do Jovem, deslizou os dedos entre seus cabelos e usou as costas dos dedos para acariciar sua bochecha.
— Há apenas uma coisa que não faria por ti.
Ela olhou para sua subordinada e, com uma expressão de enorme descontentamento, ordenou:
— Lagash, traga aquela pirralha diosa aqui. Não preciso dizer que deve estar viva, preciso?
— Não, senhora.
— Se resistir, leve-a à força.
— Sim, senhora.
…
A vampira loira sem saber o que fazer, parou, respirou e pensou no movimento seguinte.
— Droga! Eu falhei com ele novamente. Acho melhor avisar a Elizabeth.
Helena pegou o celular no bolso da calça, o desbloqueou usando sua digital e ligou para a mulher de cabelos cacheados. Antes mesmo de a ligação completar, a loira sentiu um arrepio na espinha e uma voz falou em seu ouvido por trás.
— Cancele a ligação.
Ela pegou o telefone com a mão esquerda e golpeou com a direita com toda força.
Paa
O som do golpe ecoou. A agressora não podia acreditar. O golpe com a lateral da mão, comumente usado para decapitar, não fez efeito. Sua mão foi parada. A vampira em sua frente nem sequer se moveu.
Pareceu como se um grão de areia tivesse se chocado com seu pescoço. A loira expressou surpresa.
“Essa mulher, o quão velha é?”
Helena tinha mais de mil anos de idade, existiam poucos vampiros conhecidos que poderiam rivalizar com ela.
— Lagash. Por que está aqui?
— Senhora, Lagash. Tenha mais respeito, criança. Minha senhora quer que venha comigo. Acho melhor não resistir.
— Não entendo o motivo disso. Por que devo ir contigo? E se for uma armadilha.
— Os vampiros jovens são tão arrogantes. Se a ordem fosse te matar, garanto que não estaria aqui perguntando isso. Uma armadilha? Os puro-sangue não tem tempo para sujar as mãos com o sangue nojento de vocês.
A vampira iniciou uma caminhada lenta.
— Venha logo.
“Não tenho escolha. Mesmo que me recuse a ir, ela não teria dificuldades de me levar à força. Me chamou de vampira jovem, o quão forte essa pessoa é?”
A loira seguiu Lagash. A vampira anciã evitou de usar sua velocidade sobrenatural, pois mesmo limitando seu poder, Helena ainda não seria capaz de acompanhá-la.
…
Chegando ao necrotério, a vampira de cabelos dourado avistou o corpo de Jonathan e a pessoa misteriosa em frente a ele.
— Finalmente vou ficar cara a cara com você. Ouvi muitos rumores, mas eles diziam que era elegante.
— Acho melhor ter respeito, não está falando com alguém do mesmo nível que o seu.
— Tudo bem, minha criança. As palavras dela não me afetam. Como poderiam afetar, quando saem da boca de alguém tão sem perspectiva? A elegância não é apenas a forma de se vestir. As roupas são apenas uma das formas de demonstrar elegância.
— Uma das?
— Não te chamei até aqui para falar disso. Poderia dizer que podemos uma outra hora, mas não quero te ver na minha frente nunca mais. Sendo bem direta, quero que transforme o garoto.
— Até alguns minutos atrás, você estava determinada a dar seu sangue, mesmo sem conhecê-lo.
— Garota, há uma coisa que você deve aprender. Se alguma oportunidade aparecer em sua frente, agarre-a a todo custo e NÃO QUESTIONE.
As últimas palavras foram ditas em tom firme e repressivo, com um leve toque de irritação.
— Eu não te devo satisfações, no entanto vou te contar mesmo assim. Por qual motivo a rainha só criou 11 puro-sangue até agora? Acha que transforma qualquer um, ou escolhe? Tenho certeza que a resposta em sua cabeça é que nossa soberana escolhe. Exatamente por esse motivo, nós não podemos transformar pessoas que têm o sangue compatível com o nosso.
— Tá dizendo que Jonathan tem o sangue compatível com o seu? Se a senhora não pode transformá-lo, porque ele tem o mesmo tipo sanguíneo que o seu… Então você também tem o fator de evolução?
— Ha hahahahahaha.
A mulher não parecia rir de forma zombeteira. A anciã realmente achou aquilo engraçado. Riu tanto que lágrimas saíram de seus olhos.
— Garota, fui a primeira vampira a ter o fator de evolução.
Uma expressão de extremo espanto ficou estampada no rosto da loira. Nem sequer conseguia engolir a saliva corretamente.
“Essa pessoa deve ser a vampira mais forte do mundo depois da rainha. Uma cutucada com o dedo e eu seria dividida ao meio”.
— Garotinha, dá pra ser rápida e dar o seu sangue para ele. A legista vai chegar logo logo.
— Sim.
Helena se aproximou do corpo morto de Jonathan, mordeu seu próprio pulso, abriu a boca dele e deixou seu sangue fluir para dentro. 10 segundos se passaram e a ferida causada pela mordida se curou.
Um dos efeitos da saliva de vampiro havia passado. O efeito secundário consiste em impedir a regeneração por 10 segundos.
— Considerando as condições físicas dele, vai demorar menos de meia hora para acordar. Vai ser perfeito, pois a legista já vai estar aqui. Vamos todas nos retirar daqui. — disse a puro-sangue.
— Quando completar a transição, alguém virá buscá-lo. Agora ele faz parte do clã Oblivion. Mesmo que aqueles pirralhos desgraçados tentem me impedir, o fato de que o fundador daquele clã era minha cria é inegável. — disse Helena.
— Não precisa se preocupar. Pegue isso.
A vampira misteriosa pegou um minúsculo frasco com sangue e entregou para a loira.
— O que isso?
— É o meu sangue. Nele estão contidas algumas memórias selecionadas. Tenho certeza que o atual líder do seu clã vai contestar isso. Ele não vai ser tolo a ponto de me desafiar, não depois de ver o que preparei.
— Certo.
…
Uma mulher de jaleco branco se aproximou do corpo de um belo jovem de cabelos negros. Enquanto colocava as luvas, leu as informações contidas na prancheta.
— Tch, tá faltando informações sobre o morto! Já falei para esses merdas não fazerem isso, mas não resolve. Esses malditos peritos, acham que sabem mais do que nós. Amanhã pergunto para eles. Droga, vou ter que perder tempo fazendo o trabalho deles sem ganhar a mais por isso.
A garota tinha uma aparência por volta dos 25 anos. Seu cabelo era preto e o penteado era uma trança única atrás da cabeça.
Usava óculos retangulares. Sua pele era pálida, quase como a dos vampiros. Isso se deve ao fato de ela trabalhar a noite e dormir de dia.
Seu rosto tinha sardas que cobriam toda a região do nariz e iam até as maçãs do rosto. Usava batom rosa em seus lábios finos.
…
A mulher já havia feito todo o procedimento de verificação externa.
— Ele era apenas um estudante comum. Seu peso era bom em relação à sua estatura, não tinha tatuagens, não fumava e nem bebia muito. Encontrei fragmentos de piso de concreto em suas roupas, também estava toda suja de poeira.
Ela pegou a prancheta novamente e leu as informações.
— Local da morte… Em uma praça. Faz sentido estar sujo com esse material.
Colocou a prancheta de lado, pegou um bloco de notas e anotou.
— A análise externa indica que houve uma luta. Mas por que alguém com uma arma de fogo iria lutar mano a mano? A não ser que a intenção primária não fosse matar. As coisas devem ter saído do controle e ele atirou.
A funcionária, cujo nome no crachá dizia Estefany, colocou seu bloco de notas de lado e preparou suas ferramentas para a investigação do corpo.
— Durante a análise externa, notei que o estrago feito pela bala foi bem pequeno se comparado com os outros. Por que? O que fez o projétil perder força?
A resistência de Jonathan havia sido aumentada devido ao fluxo de mana em suas veias. A mana estava sendo espalhada para cada célula de seu corpo, aumentando a resistência individual de cada uma delas, tornando o fortalecimento físico maior que o comum.
Estefany pegou uma das facas de necropsia e começou a cortar o peito do cadáver. Ela se virou para pegar outra ferramenta no estojo perfurado, quando notou algo estranho no cadáver.
A abertura que a garota acabara de fazer, estava se fechando.
— Mas que porra é essa? — A legista tinha fascínio, curiosidade e surpresa em seu rosto.
O ferimento se fechou por completo. Alguns segundos depois, o cadáver se levantou bruscamente, inspirando uma grande quantidade de ar.
— Han.
— KYAA! — A garota assustou-se com o movimento brusco.
— Arf arf arf. — Com os olhos arregalados e com uma pesada expressão de desespero, o jovem respirava incessantemente.
Ele pôs a mão sobre seu prito e apertou o local onde havia levado o tiro.
— Acho que sou a única pessoa a morrer pela terceira vez.
— Com licença, quem é você… Como assim morreu pela terceira vez? — Estefany tinha medo estampado em seu rosto.
— Arg.
Jonathan colocou as são sobre os ouvidos e fechou os olhos
— Me diga, garota, você acha que a morte é realmente o fim?
♦ ♦ ♦
Havia apenas escuridão. Meu ser existia, porém sem consciência da própria existência, apenas… Sentia. Como dormir por um longo período, com um sono pesado. Ao acordar, se lembra da sensação de estar dormindo, porém há apenas escuridão.
Depois de uma quantidade indispensável de tempo de tempo no mundo dos mortos, eu voltei a vida.
— Han.
— KYAA! — Uma mulher que se encontrava ao meu lado, gritou.
Não sabia de nada, não entendia nada. Era movido apenas por instinto e ações involuntárias. Minha mente estava completamente vazia. Podia enxergar, respirar, escutar, mas não pensar.
Nenhum pensamento ou compreensão passou pela minha cabeça por um segundo. Esse único segundo pareceu anos. De repente, voltei a mim. Quem sou, minhas memórias, sensações e manias.
Eu finalmente entendi. Morri e ressuscitei. Aquela sensação era familiar para mim. Sabia exatamente o que fazer e como não causar problemas.
Estava ofegante e a luz acima de mim machucava meus olhos, assim como o som de minha própria respiração “estourarava” meus ouvidos.
Olhei para a pessoa à minha frente, com a intenção de identificar se ela havia me transformado, mas os sentidos aguçados me disseram que era humana.
Não percebi, mas minha expressão era de alguém que viu o inferno e voltou. Eu já havia morrido três vezes no passado. A primeira vez foi para me transformar em vampiro, a segunda quando fui traído, a última, bom, foi há algumas horas.
Bem que as descrições das pessoas que levaram um tiro estavam certas. A adrenalina não te deixa sentir dor. Como levei um tiro no coração, morri sem sentir dor pela maior parte do tempo, a não ser nos últimos segundos, quando minha visão já ficava escura.
Coloquei a mão direita sobre o lado esquerdo do meu peito. O ferimento havia sumido. Ao movimentar a cabeça e sentir a luz machucar ainda mais meus olhos, comecei a descartar a possibilidade de estar sob efeito de um feitiço.
— Acho que sou a única pessoa a morrer pela terceira vez.
Minha própria voz machucou meus ouvidos, mesmo falando em um tom baixo. Nesse momento tive certeza de que estava em transição.
Transição, um estado em que o afetado é meio vampiro e meio humano. Os sentidos ficam aguçados em nível sobrenatural, apenas um pouco mais fraco que os sentidos completos de um vampiro. As capacidades físicas também, porém, no limite humano.
Nesse estado, a pessoa não está nem viva e nem morta, mas sim ambos. A alma de alguém em transição está metade no mundo dos vivos, metade no mundo dos mortos.
Não se sabe para onde exatamente vão as almas mortas, mas as bruxas dizem que mesmo com um feitiço de localização, é impossível rastrear uma alma morta. Com o conhecimento atual, meu palpite é que fica em uma dimensão diferente da nossa, por isso é indetectável.
— Me diga, garota, você acha que a morte é realmente o fim?
— Co-como assim? Eu não sei, depende no que você acredita. Só sei que tenho certeza de que você estava morto, mesmo que estivesse vivo, o corpo humano não se regenera desse jeito!
— Sim, eu estava, mas voltei a vida, como pode ver, estou ótimo.
Me levantei, peguei o pano que me cobria e enrolei em volta da cintura, cobrindo minhas partes íntimas.
— Como voltou a vida? Isso é impossível.
— Acabei de ressuscitar bem diante dos seus olhos e você diz que é impossível? Como os tempos mudaram. A alguns séculos, uma pessoa podia jurar que você era uma bruxa mesmo sem ter te visto fazendo magia, apenas porquê alguém disse a ela que você era.
Caminhei em direção a garota. Ela deu dois passos para trás. Tinha medo em seus olhos. Os primeiros sintomas da sede de sangue já estavam aparecendo.
Seu cheiro parecia mais doce, me fazia sentir fome e sede. Olhei para seu pescoço e vi suas veias pulsando a cada batida do coração, também ouvia o som do sangue sendo bombeado.
Nesse momento, eu sabia exatamente o que fazer. Tinha que beber sangue para completar a transição e me tornar um vampiro por completo. Todas as capacidades do meu corpo foram elevadas ao máximo da capacidade humana.
Precisava apenas beber o sangue dela, não seria necessário matá-la, afinal não havia motivos para tirar uma vida inocente.
— Como fez isso? Bruxaria?
— Dessa vez não, mas a magia está fortemente envolvida nisso. Graças a ela, estou vivo agora.
— Mas magia é coisa de fantasia e dos ignorantes que não entendiam os fenômenos da natureza.
— Em partes sim. Quando alguém não entendia algo, dizia que era Deus ou magia, mas eles não sabiam realmente o que a magia é. Magia não passa de mais um elemento da natureza. E como todo elemento natural, precisa da ciência para ser entendido. Foi assim que as bruxas descobrem como reviver pessoas.
— Bruxas existem? Você acabou de dizer que não foram ela, então quem foi?
— A pergunta certa é: o que me reviveu.
— E-e a resposta.
— Vampirismo.
A garota ficou em silêncio por alguns segundos, até que correu. Usei o pouco de mana que meu corpo havia recuperado, pois havia perdido após a morte. Me impulsionei em direção a ela.
Peguei em seu braço esquerdo e a puxei, em seguida segurei em seu pescoço e a coloquei contra a parede.
— Aah, me solta! SOCORRO!!!
— Não se preocupe, não vou te matar.
Me preparei para morder seu pescoço com força, pois minhas presas não haviam se formado, afinal ainda era meio humano.
Mordi seu pescoço e perfurei a carne. A mulher deu um grito alto de dor.
— AAAAAH.
Uma das melhores sensações da minha vida, senti falta disso. A explosão de sabores. O gosto doce, juntamente com o metálico, dançavam em minha boca.
O gosto de outras substâncias se misturaram em minha língua. Era distinguível quais eram essas substâncias. Cafeína, álcool, sal, glicose. Tudo podia ser sentido pelo meu paladar.
As memórias daquela pessoa não foram absorvidas por mim, já que era apenas um humano em transição bebendo sangue.
Um brilho vermelho fraco apareceu na parede. Eram meus olhos, que brilhavam ao completar a transformação. Minhas presas começaram a crescer e entrar na carne da garota. Senti meu corpo se fortalecer como nunca antes.
Meus sentidos se estabilizaram e se tornaram mais aguçados, fazendo com que meu paladar sentisse tudo o que deixei passar.
O barulho de seu coração se tornou mais nítido para meus ouvidos, assim como seu sangue pulsando em suas veias.
Uma habilidade chamada visão vampírica se ativou involuntariamente. Minha visão escureceu, os objetivos não tinham cor, podia ver seu formato e tamanho, mas era como se uma névoa negra emanasse deles. Apenas o vermelho do sangue podia ser visto.
Brilhava como neon, mesmo atrás de estruturas.
Minha cabeça tremeu, senti a sensação de que minha mente havia se dividido em duas e voltado. Segundos depois, todas as memórias da garota passaram por mim. Parei de beber seu sangue.
— Harf harf. É uma boa pessoa. Vou te deixar viver.
Voltei a beber seu sangue e senti minhas forças aumentarem. Ainda tinha muita sede e fome, mas devido a estar acostumado com sensações de sede de sangue e alimentação.
A sede de sangue era mais forte do que imaginava, comecei a perder o controle, mas graças aos truques que aprendi com os muitos anos com vampiro, me mantive firme.
Foquei em meus pensamentos e procurei o significado de cada palavra em minha mente, enquanto prestava atenção no som do coração dela, para não matá-la.
Minha boca produziu uma grande quantidade da tão desejada saliva de vampiro. A garota ainda se debatendo, se acalmou.
Os batimentos cardíacos da legista começaram a enfraquecer. Escutei passos vindo da minha esquerda, eles pararam a uma distância segura. Aparentemente era uma mulher, pois os sons eram de salto alto.
Não me preocupei em ser atacado, se fosse humano, não conseguiria me machucar, se fosse vampiro, não me atacaria, a menos que fosse um conhecido de minha presa.
A pessoa deu três passos apressados em nossa direção. Eu decidi parar de beber seu sangue, ou ela ia morrer. Olhei para o lado, desativei minha visão vampírica e vi uma figura familiar.
Um cabelo ruivo com pequenas ondulações e um corte chanel. A expressão madura e apreensiva, porém um leve e inocente toque de surpresa.
Era Sara, minha filha querida. De longe uma das pessoas que mais desejava encontrar. Até agora só tive encontros inconvenientes e indesejados.