Reencarnação do Vampiro - Capítulo 18
Uma bela mulher ruiva, caminhava por um corredor, quando sentiu cheiro de sangue misturado ao odor de carne podre. Ela apertou o passo e, chegando perto da entrada, ouviu sons de chupadas
Autor: caralho, isso ficou muito estranho.
Quando chegou no local, viu um garoto bebendo o sangue de uma jovem.
“Então ele já completou a transição, isso é bom, não vou ter tanto trabalho”.
Os batimentos já fracos, enfraqueceram ainda mais.
“Se continuar, vai matar a garota”.
Jonathan parou de se alimentar e olhou em sua direção.
“O que? Ele conseguiu se controlar? A primeira alimentação é difícil e tentadora. Esse garoto não é normal. Me disseram que sabia bastante sobre vampirismo, mas esse nível, ele deve ser muito inteligente ou sua força de vontade é grande”.
— Não se preocupe, eu não perderia o controle com uma coisa assim. A mente é uma coisa interessante, principalmente quando se entende mais sobre ela.
“O rosto dele, é realmente idêntico ao do meu pai. Mas por que minha irmã suspeita que essa pessoa seja ele? É perfeitamente normal os padrões de rosto se repetirem ao longo dos séculos”.
— Estou aqui para te guiar como vampiro. Você é um recém nascido, tem muito que aprender.
O jovem colocou a legista cuidadosamente sentada no chão, com as costas na parede. Se levantou e limpou a boca.
— Sou Jonathan Crane. Poderia me dar a honra de conhecer sua graça?
— Me chamo Sara Vangreat.
Os dois apertaram as mãos. O vampiro recém nascido sentiu cada sentimento da pele da ruiva.
“Ela tem a pele macia, nunca havia tocado nela com o tato sobrenatural ativado”.
Sua audição aguçada o permitia escutar os batimentos cardíacos das duas pessoas naquela sala além dos dele mesmo.
Carros passando na rua, casais se beijando, pessoas fazendo amor, um homem assaltando uma mulher. Até mesmo o som das balas se movendo dentro do pente quando o bandido movia a arma era ouvido.
— Anda, se gritar ou ou tentar fazer alguma coisa, vo atira.
— Você pode me fazer um favor?
— O que?
— Pode dar sangue a essa garota?
— Porque não faz isso você mesmo?
— Seu sangue é mais potente, vai curá-la mais rápido.
— Tá bom, eu faço.
Sara mordeu seu pulso, se aproximou da legista ferida e deu um pouco de seu sangue. Jonathan aproveitou a chance e correu em velocidade sobrenatural, saindo do necrotério.
O criminoso estava com o braço em volta do pescoço da mulher, fazendo parecer que eram íntimos. O homem escondia a arma no bolso único da blusa.
— Vai, anda, anda.
Na entrada do beco, o assaltante empurrou a mulher para dentro, quase derrubando-a.
— Passa tudo, se tentar me enganar, meto uma bala em você. Vai, vai, vagabunda.
A moça indefesa retirou sua mochila, com seus pertences usados no trabalho e estendeu para o ladrão.
Shuooe.
Um som alto de ar sendo empurrado ecoou por toda a rua. Uma mão segurou no queixo do bandido e outra na parte traseira da cabeça. Com um movimento rápido, quebrou o pescoço.
Crack.
— Ah! — A vítima berrou de susto.
O corpo sem vida caiu desconjuntado no chão. Um jovem de beleza indescritível entrou no campo visão da mulher. Seus olhos vermelhos brilhantes roubaram toda a atenção dela.
— Você está bem?
— Se-seus olhos!
Jonathan olhava com desprezo e nojo para o ladrão morto. Ele ergueu serenamente sua cabeça e olhou bem no fundo dos olhos da mulher.
O vampiro ficou em silêncio, virou as costas e caminhou em direção a saída do beco. Era certamente uma visão estranha.
Um garoto bonito apenas com um pano cobrindo suas partes íntimas, aparecendo do nada e salvando uma mulher indefesa. Se aquela moça não tivesse visto pessoalmente, pensaria ser história de bêbado.
— Obrigada!
— Você pode me agradecer se disser para a polícia que não viu meu rosto. Pode fazer isso?
— S-sim.
Ao chegar na entrada do beco, um borrão passou ao seu lado. Sara segurou com força no queixo da mulher, usou o controle mental e ordenou.
— Tudo o que se lembra é que um homem alto e grande, cujo rosto você não viu, quebrou o pescoço do ladrão e te salvou. Os olhos não tinham nada de estranho e, assim como o rosto, foram ocultos pelo escuro, entendeu?
— Sim, não vi quem me ajudou.
A vampira ruiva foi até Jonathan, parou ao seu lado e disse: — Se segura. — O pegou no colo e correu em velocidade sobre-humana pela rua.
Mesmo o garoto sendo um vampiro, sua visão sobrenatural não conseguiu focar em nada, pois a velocidade daquela mulher era muito maior do que a dele. A visão de um vampiro só enxerga coisas com uma velocidade menor ou igual a dele mesmo.
Eles pararam em um corredor de Hotel.
— Por que me trouxe aqui?
— A transformação e apresentação dos novos membros sera daqui a três dias. A transformação acontece na noite antetior a apresentação, mas você foi transformado antes do previsto.
Sara abriu a porta e o garoto entrou. Era um apartamento pequeno, porém luxuoso. A esquerda, um pequeno muro dividindo a sala da cozinha. A direita, a sala de estar, com uma tv de 50 polegadas pendurada na parede branca.
Ao lado direita da tv, divido por um corredor escuro e apertado, havia uma estante de livros, feita de madeira. Tinha uma coloração escura. Haviam vários livros de vários tamanhos e grossura na estante.
O jovem de cabelos negros se lembrou de quando era apenas um bebê e se esgueirava para a sala de livros de sua mãe.
“Esse é um ótimo momento para testar os limites das capacidades vampíricas. Vejamos se consigo me lembrar do que li naqueles livros”.
Ele tentou se lembrar do conteúdo escrito nas páginas dos livros de sua querida mãe. O rapaz conseguiu resgatar boa parte da informação, mas havia grandes lacunas entre os parágrafos.
Isso é perfeitamente natural, nem mesmo memórias de 10 anos são recuperadas com perfeição quando uma pessoa se transforma.
“Para me lembrar perfeitamente do que vi, tenho que fazer algo, mas não posso fazer isso e não levantar suspeitas. Devo camuflar minhas ações e intenções”.
— Sara.
— Sim?
— As informações que obtive sobre vampiros, diziam que nossa memória se torna perfeita, até mesmo lembranças que foram adquiridas quando humano, podem ser lembradas em mínimos detalhes. Mas eu não consigo me lembrar de um livro que li.
— É natural que coisas como essa aconteçam. Quantos anos tinha quando leu?
— 4 anos de idade.
“Eles com certeza devem ter tido acesso ao meu boletim escolar. Sempre tive notas boas, isso deve ser “normal” se tratando de mim”.
— Hm. O que você não consegue se lembrar, simplesmente não está na sua cabeça. Nem sempre não lembramos de algo porque nossa memória é mal organizada, mas sim porque nosso cérebro simplesmente ignora as informações.
— Tá dizendo que as informações que não consigo lembrar, não foram gravadas na minha mente?
— Sim. No passado as pessoas acreditavam que as memórias ficavam na alma. O que não é completamente mentira. Com o avanço da consciência, foi descoberto que o cérebro que guarda as informações.
A ruiva deu um passo à frente e olhou bem fundo os olhos do rapaz.
— Porém, nós conseguimos recuperar as memórias de almas que completaram o ciclo de reencarnação. Essas almas são restauradas a um estado inicial. Então… onde essas memórias ficam?
— Isso que eu queria saber. Helena me disse algo sobre isso.
— Acontece que magia e ciência são dois lados de uma mesma moeda. A ciência apenas reproduz o que a natureza faz. A magia usa os princípios da natureza para controlar a própria natureza.
— E não é a mesma coisa?
— Não exatamente. Se os humanos descobrirem como regenerar membros, será uma descoberta baseada em um ser que consegue fazer isso. As bruxas, apenas descobrem como funciona nossa própria regeneração e o porquê de não podermos regenerar um braço, então ela utiliza magia para criar essas células ao invés de estimular a regeneração celular do próprio corpo.
— Em outras palavras, os humanos podem descobrir como um buraco negro nasce, podem criar um, mas nunca podem impedir um um de nascer naturalmente.
— Mas a magia pode.
— Seria necessário uma quantidade gigantesca de energia mágica. Controlar isso seria quase impossível para a mente de alguém. Mas se uma bruxa utilizar feitiços ao invés de moldar a energia mágica por si mesma.
Feitiço é uma técnica usada por pessoas que conseguem controlar a energia mágica mas não conseguem moldá-la. Injetar energia mágica em símbolos, faz com que essa energia percorra todo o caminho desenhado e tome o formato dele. Tendo tal formato, essa magia terá um efeito.
Cada símbolo dá um efeito. Que pode ser combinado com outros efeitos. Como matemática. Você pode montar quatro contas, pegar os resultados das mesmas e montar outra conta. Criando assim vários efeitos que se completam ou anulam.
Porém, depende da quantidade. Com apenas um símbolo, podem ser feitos vários feitiços diferentes. Como o círculo. Se injetar pouca magia nele, a energia vai percorrer todo o símbolo, mas por ser uma quantidade pequena e não ter mais energia, ela percorrerá o círculo em uma grande velocidade.
O efeito resultante, será o de força cinética. Se direcionar a energia resultante para um objeto, dependendo da quantidade de força gerada, poderá lançar ou destruir por completo o objeto ou pessoa atingida.
Se o círculo for maior, a quantidade de energia injetada poderá ser maior, mas respeitando o limite para que o efeito de força cinética seja resultante.
Se aplicar uma quantidade muito grande de magia, a energia percorrá todo o círculo e se chocará com ela mesma, gerando atrito. O atrito entre a energia mágica gera calor. Assim, nasce o feitiço de calor.
Se aumentar o tamanho do círculo, essa mesma quantidade de energia que gerou calor, gerará força cinética, pois o círculo não foi completamente preenchido e a magia não se chocou contra ela mesma.
Se aumentar a quantidade de energia junto com o tamanho do símbolo, terá o mesmo efeito, porém em uma escala maior, como metros ou Quilômetros.
É muito mais fácil fazer magia moldando a energia mágica. Carregar papéis com símbolos não é nada prático. Sem falar nas combinações diferentes que teriam que ser feitas para conseguir o efeito desejado.
Uma pessoa não pode simplesmente parar no campo de batalha e procurar o símbolo certo para combinar com outros.
Por isso, os feiticeiros usam círculos mágicos. Um círculo mágico é um uma combinação de vários símbolos diferentes dentro de um círculo.
Eles controlam a energia de forma que elas assumam o formato de um símbolo. A magia que forma o símbolo se mantém paralisada pela vontade do usuário. Ao liberar essa magia, devido ela já ter um formato, terá o mesmo efeito do que com símbolos em papel.
Moldar magia se refere ao ato de transformá-la em outras energias, como calor. Apenas a luz é uma exceção, pois pode ser emitida apenas concentrando em um único ponto ou liberando uma grande quantidade. Por isso os círculos mágicos brilham.
Os feiticeiros são os usuários mais fracos da magia, porque é necessário memorizar todos os símbolos e seus efeitos, além de memorizar todas as combinações de feitos para criar outros efeitos. Como na tabela periódica.
Não é que seja impossível ser poderoso, mas é demorado e o processo é chato. Então os estudantes decidem seguir o caminho das artes arcanas, praticadas pelos magos.
Qualquer um que tenha uma boa concentração e domínio sobre sua mente, pode ser um mago poderoso.
Porém, o que aconteceria se um vampiro se tornasse um feitiço? Com sua memória perfeita, um feitiço complexo poderia ser lançado em segundos.
— Ao invés de procurar na natureza um fenômeno ou energia que anule a gravidade, podemos usar a magia para anular a gravidade apenas porque entendemos como ela funciona. — disse Sara.
— A teoria da relatividade geral de Albert Einstein, propõe que o espaço é como um tecido, que é deformado por objetos com uma massa muito grande. Para anular a gravidade, temos que esticar o tecido, ou “erguer” o objeto que deforma o tecido do espaço tempo.
— Nada mal. Você é um mago, estou correta?
— Como sabe?
— Não consigo sentir a mana, mas obtive as informações sobre sua morte. Havia indícios de luta no local. Você claramente era humano, porém lutou de igual para igual com um vampiro. Poderia ser um feiticeiro, mas a reação que teve ao lançar o banco da praça no inimigo, me fez duvidar. Sem falar que a velocidade de ativação de um feitiço nos dá mais do que tempo suficiente para matar o lançador.
— E é por isso que feiticeiros nunca entram em confronto direto com vampiros?
— Exato.
— Só morri porque ele também era um.
— Disso eu não sabia.
— A mana escapa do corpo do mago quando o usuário morre. Isso é estranho, pois é como se a mana entrasse no meu corpo porque não tem espaço no ar à minha volta. Depois de absorver a mana, parece que meu corpo se abriu e agora mana o preenche. Mas quando morri, ela escapou dele.
— É, eu só deduzi que você era um mago por causa dos sinais de luta no local, mas se ele era um usuário de mana também, porque por que estava sendo pressionado? O Assassino claramente tinha a vantagem, pois as habilidades de vampiros sendo ampliadas pela mana, se torna algo quase injusto.
— Minha quantidade de mana era maior que a dele.
— Sua reserva de energia é tão grande a ponto de superar a força física de um vampiro sendo fortalecida pela mana?
— Ele era um péssimo usuário, além de que era um vampiro comum. Isso ajudou. Mas quero te perguntar uma coisa.
— O que?
— Quando absorvi as memórias daquela mulher, tive acesso a cada memória dela, até mesmo a primeira memórias. Se ela não consegue se lembrar por que eu, que não sou o dono original, consigo?
— Nós vampiros temos acesso a um lugar que os cientistas que trabalham juntos com as bruxas chamam de: memória do universo. É um lugar onde todos os acontecimentos e memórias das pessoas ficam guardados. Faz sentido que nossas memórias também fiquem lá, afinal também somos parte do universo.
— Deixa eu adivinhar, a magia que as bruxas vão usar para recuperar minhas memórias, utiliza essa memória do universo?
— Exatamente. Gostei de você, uma pessoa inteligente é sempre legal de conversar.
— Então se eu beber meu próprio sangue, vou conseguir recuperar minhas memórias?
— Sim, muitos vampiros fazem isso. Bom, a conversa foi boa, mas já estou entediada. Vou dormir.
— Pelas informações que tenho, nós não precisamos dormir.
— Não precisamos, mas podemos, então… Aliás, como conseguiu tantas informações sobre vampiros sem levantar suspeitas?
— Eu sou o criador do site toca dos vampiros.
Sara ergueu as sobrancelhas, franzindo a testa.
— Você é mais inteligente do que eu pensava. Tem uma coisa que sempre quis saber, por que teve tão mau gosto na hora de escolher o nome daquele site?
— Era um nome perfeito para camuflar. Se os caçadores pensarem que é mais um fandom de série ou uma página sobre vampiros góticos “legais”, eles passam reto.
— É… Faz sentido. Boa noite.
Os olhos de Jonathan emitiram um brilho vermelho e ele mordeu seu próprio pulso.
“Não podia morder meu próprio pulso e levantar suspeitas de que sou eu mesmo. Existem informações que vampiros não compartilham, essa é uma delas”.
Sua primeira memória veio a cabeça, mas era uma lembrança de quando ele era Vladmyr. A imagem de uma mulher de loiro liso, com uma tiara na cabeça, veio à sua mente.
Várias outras imagens e conversas surgiram em seguida. As memórias de suas duas vidas passaram por sua mente.
“Ele sempre foi desse jeito, mas você tem que respeitalo-lo, pois ainda é o seu pai….. Você tem que aprender a ser um homem de verdade! Sem fraquezas! Me recuso a ter um filho como você, seu moleque!”.
A imagem de um bebê em um berço. Uma luta de espadas no topo de uma montanha cheia de gelo. Seu corpo preso a uma parede por uma lança enterrada em seu coração.
Todas as imagens eram em sua própria visão. O sentimento que teve no momento, também veio à tona.
— Guwa. Arf arf arf.
Sua respiração ficou ofegante. Mais de 600 anos de memórias boas e ruins. Era certamente cansativo, principalmente pelo fato de serem memórias de um vampiro.
— Finalmente me lembrei de tudo.
Jonathan havia se esquecido de várias coisas, pois seu cérebro não aguentava o peso de 6 séculos de lembranças. Até mesmo a voz de seu mestre havia sido esquecida. O nome de seus irmãos de clã e muitas outras coisas se perderam, mas agora tudo foi recuperado.
Todas as técnicas que ele aprendera e criará, estavam em sua mente novamente. A partir desse momento, será difícil pará-lo.
“Por isso odiava ser humano, tinha me esquecido do quão merda era minha vida antes do vampirismo”.