Reencarnação do Vampiro - Capítulo 2
PoV Jonathan
Alguns momentos depois que eu escutei aquele barulho e vi aquela luz estranha, umas espécies de carruagem com rodas negras chegaram, eram duas, era delas que estavam vindo aquelas luzes e sons infernais.
Duas pessoas saíram de cada carruagem, um homem e uma mulher trouxeram uma espécie de cama móvel, que eles chamaram de maca e colocaram a minha suposta mãe em cima dela.
Quando eles cortaram o cordão umbilical que me ligava à minha mãe eu tive certeza de que eu era um bebê e que aquela mulher era mesmo a minha mãe.
Uma mulher super gorda me pegou no colo e disse:
— Porque ele não está chorando? — Então ela me deu um tapa na bunda com aquela mão gigantesca dela.Tive que fingir choro se não iam achar que tenho algum tipo de problema.
Isso seria extremamente ruim, pois eu seria jogado fora por acharem que sou deficiente (pelo menos é o que eu achava)
Então fui levado na carruagem estranha junto com minha nova mãe para o hospital.
O lugar era completamente estranho, eu estava em um berço transparente, as luzes eram estranhas, não eram velas ou um lustre,porém suas capacidades de iluminação eram extremamente altas.
Haviam vários outros recém-nascidos junto comigo naquela sala. E também tinham mulheres que pelas roupas pareciam ser enfermeiras, o que de fato eram.
Uma delas estava mexendo em um aparelho estranho que chamaram de (Celular)
Tudo para mim era extremamente irritante, tanto pelo fato de eu não poder falar, andar e nem mesmo limpar minha própria bunda. Mas o que mais me irritava era o bebê extremamente escandaloso que por ironia do destino estava no berço do lado.
No dia seguinte eu acordei e descobri algumas coisas: não importa o que esteja acontecendo no mundo, sempre que eu estiver com sono, eu vou dormir.
Minha mãe me deu o nome de Jonathan, Ela disse isso enquanto me amamentava. Não sei porque ela diria isso para um bebê, mas é provável que seja apenas coisa de mãe.
O idioma que as pessoas à minha volta falam é uma variação do português que eu aprendi em Portugal. No começo eu demorei para entender de que idioma se tratava, mas logo depois percebi que era português.
Estou em um país chamado Brasil e o mundo está passando por uma FODENDO PANDEMIA. Como se não bastasse, o presidente do país em que nasci é um tremendo imbecil.
A tecnologia dessa nova era é extremamente avançada, todas as informações que eu recebi até agora foi só olhando para uma coisa que minha mãe chama de televisão.
e a coisa mais chocante até agora: eu nasci no ano de 2020.
Eu fui morto em 1600. Passei 4 séculos morto e ainda nasci em um momento difícil para o mundo. Se existe um deus do destino, ele quer me foder.
Escutei umas enfermeiras conversando, uma delas disse que eu era estranho porque não chorava mas, que os exames indicaram que estava tudo normal com a minha voz, uma outra disse que já que eu não era mudo também não era surdo, pois sempre reagia aos sons.
Quando as enfermeiras saíram (o que por sinal é uma irresponsabilidade deixar bebês sozinhos) resolvi testar meu novo corpo e descobri que nem mesmo a minha voz não funciona direito. O que faz todo sentido, pois mesmo que eu tenha reencarnado com as memórias da vida anterior, ainda sou um bebê.
Isso me deixou muito irritado, pois não tinha controle total nem mesmo sobre minha língua, meu pescoço era frágil e não conseguia erguer minha cabeça. Isso é extremamente humilhante.
No dia seguinte eu presenciei uma situação um tanto quanto interessante. Uma enfermeira entrou sozinha na sala e retirou uma garrafa de dentro da bolsa, no começo eu pensei que era alguma bebida dessa era, mas ela sempre guardava quando alguém chegava.
E não só isso, ela sempre antecipava a chegada de alguém vários segundos antes. O que me fez desconfiar que ela como eu… Como o antigo eu.
Quando ela passou perto de mim eu tive certeza de que era sangue, mesmo sendo humano, eu ainda consegui sentir o cheiro. Isso provavelmente se deve ao fato de ser um bebê.
Ela bebeu todo o sangue extremamente rápido.
Antes disso eu havia ouvido a conversa de um médico dizendo que andam sumindo bolsas de sangue do hospital, naquele momento eu tive certeza de que era um vampiro, mas eu não sabia que estava tão perto de mim e era justamente a enfermeira que cuidava de mim.
Aquele era meu primeiro encontro com um vampiro nessa nova vida. Eu não sabia quais as intenções dela mas, uma coisa eu tinha certeza, ela era uma recém transformada.
Conseguia se controlar com muita dificuldade perto dos humanos. Por algum motivo ela se sentia confortável perto dos bebês. Eu acredito que seja por influência da consciência dela, é um caso raro de se acontecer mas, não impossível. essa é minha segunda vez vendo isso.
Eu tenho certeza absoluta que ela vai acabar machucando alguém nesse hospital. Ou ser pega roubando e ser presa ou, no pior dos casos… Morta por caçadores.
Rumores sobre bolsas de sangue sendo roubadas podem atrair a atenção de caçadores, isso pode ser um problema, pois caçadores sempre encontram algum vampiro, Sem falar que se ela perder o controle e me atacar eu não vou poder me defender nesse estado lamentável, espero que eu não demore para sair daqui.
Isso pode acarretar uma série de acontecimentos que podem levar os caçadores a permanecer aqui por pelo menos uma década. Isso é um problema para mim, porque se eu quiser me transformar novamente, a presença de caçadores pode dificultar isso.
Cerca de um mês depois eu e minha mãe tivemos alta do hospital. Antes de irmos para casa ela decidiu me levar até meu pai para ele me ver, já que não tinha me visto desde de que nasci, eu achei extremamente estranho o fato dele não estar com a gente.
Chegando no quarto eu o vi deitado na cama, no momento em que ele me viu seus olhos que estavam sem vida brilharam como se houvesse uma estrela atrás de seus olhos, ele parecia bem feliz em me ver.
Minha mãe queria me entregar nos braços dele mas, estavam machucados.
Ele começou a fazer caretas estranhas para me fazer sorrir e eu entrei no jogo me fazendo de bobo e fingindo risada.
“Sério isso? Se eu fosse um bebê mentalmente, estaria traumatizado”.
eles então começaram a conversar.
— Como você está querido?
— Mais ou menos né, a médica já te deu a notícia?
— Sim eu já estou sabendo, mas não se sinta mal a gente vai dar um jeito de superar isso — O clima de repente ficou tenso, meu pai com um olhar triste não conseguia olhar nos olhos da minha mãe.
— Tá tudo bem, o que importa é que você e esse menino aqui estão bem — disse meu pai olhando para mim e minha mãe.
— Mas mesmo assim nós vamos dar um jeito de conseguir o movimento das suas pernas de volta.
“…”
O celular da minha começou a tocar.
“Até minha mãe tem esse negócio chamado celular.” — Eu aproveitei que estou em um corpo de bebê e tentei pegar.
— Espera aí meu filho, depois a mamãe deixa você ver — Então eu simplesmente larguei a mão.
— Parece que ele entendeu o que você falou — meu pai disse isso com cara de bobo.
— Não é nada disso, ele só desistiu de pegar porque não conseguiu pegar — minha disse isso com um tom de voz como se estivesse chamando meu pai de bobo.
— Alô, Oi dona Magnólia, Tudo bem com a senhora? Graças a Deus, eu e meu filho estamos bem.
“Só não podemos falar o mesmo do meu pai”.
— Eu tô aqui no quarto do Marcos… tá eu estou indo pra aí, Tchau.
“Que invenção conveniente”.
— Eu vou indo, prometo que venho te visitar, amor.
— Tá, tchau — Ela deu um beijo no meu pai e saiu do quarto.
Minha mãe me levou para conhecer uma mulher idosa.
— Então esse é o meu netinho, que coisa mais fofa.
“Então essa senhora simpática é minha avó”.
Ela começou a apertar minha bochecha.
“Sem a parte simpática, é só velha mesmo”.
Minha mãe viu a médica que estava cuidando do meu pai.
— Com licença doutora.
— Sim, em que posso ajudar?
— Eu sou a esposa do paciente que está no quarto 16. É que eu queria saber qual é a situação do meu marido, o estado dele é grave?
— Sim, a senhora deve ser a Suzan Bragança, estou certa?
— Sim, eu sou mas, por favor não me chame por esse nome, me chame apenas de Suzan, ou pelo nome de casada.
— Certo. Ainda é cedo demais para determinar o quadro do seu marido. O que sabemos até o momento é que ele sofreu uma lesão grave na coluna… — Minha mãe interrompeu a médica.
— Ele vai poder voltar a andar?
— Como eu disse, ainda é muito cedo para que possamos determinar qualquer coisa. Seu marido vai ter que ficar mais algum tempo em observação e também vai ter que fazer alguns exames, para que possamos determinar se a lesão dele pode ou não ser reversível, caso seja, o seu marido vai ter que passar por uma cirurgia.
— Quanto tempo até ele voltar para casa?
— Nós não sabemos, mas eu diria em torno de dois meses.
— Tudo isso? — disse minha avó, com um tom de voz choroso.
— Calma dona Magnólia, se Deus quiser vai dar tudo certo — minha mãe disse tentando confortá-la, mas o tom de voz dizia claramente que ela queria chorar também.
Eu não sei porque, mas aquela cena me cortou o coração de tal forma. A tempos eu não sentia isso, é… Empatia?
— Não se preocupem, nós vamos cuidar muito bem dele. Vá para casa, cuide do seu filho, ele vai precisar muito de você nesses primeiros meses de vida.
— Tá bom doutora, muito obrigada pela atenção.
— Só estou fazendo meu trabalho. Eu te aviso de qualquer notícia.
— Tá bom doutora, adeus.
— Tchau.
Nós saímos do hospital e eu comecei a refletir sobre a situação.
“Aquela mulher claramente estava mentindo sobre a situação do meu pai. Ele nunca mais vai voltar a andar… Porque aquela mulher mentiu? Deve ser para não preocupar ainda mais minha mãe e avó. Hum! depois de 400 anos as pessoas ainda não conseguiram aprender a esconder os sinais da mentira. Isso vai ser bom, principalmente na infância”.
— Dona Magnólia, a senhora veio de carro?
— Sim, ele está estacionado bem ali — Apontou com a chave na mão.
“Carro, é? Então é esse o nome”.
Nós entramos no carro e seguimos o caminho.
“Esse é mais um motivo para eu me tornar um vampiro. Agora que tenho certeza de que existem vampiros nessa era e aparentemente estamos no mesmo mundo. Assim que eu me transformar, vou usar meu sangue para curar a coluna do meu pai e depois, vou fazer aquele traidor maldito pagar pelo que me fez……. tô cagado de fome. eu queria que cágado fosse só expressão, porém… acho que vou ter que fazer a única coisa que um bebê sabe fazer, chorar”.
Aqui começa minha história, eu não sabia o que o futuro me reservava, mas de uma coisa eu tinha certeza, não ia ser fácil.