Reencarnação do Vampiro - Capítulo 20
Todos estavam reunidos no salão de treinamento. Havia grandes arquibancadas na esquerda e direita, onde os membros ali se reuniram.
Duas pessoas estavam frente a frente a uma distância de 10 metros.
— Bem vinda, criança. Meu nome é Victória. Sou uma das instrutoras daqui. Eu ensino artes marciais com e sem armas. Não sou especialista em espadas longas, apenas curtas.
— Muito obrigado! Me-meu nome é Alice, espero que pegue leve comigo.
— Com certeza vou pegar leve. Mesmo se escolher uma arma, vou estar desarmada. Você quer escolher uma?
— N-não sei como usar uma.
— Tudo bem. Antes tenho que avisar. Sou uma vampira comum, então desde que não arranque minha cabeça ou coração com as mãos ou braços, ainda viverei. Porém… Tenho 600 anos, mesmo que seja uma superior, não conseguirá me ferir. Venha com tudo.
— Mas meu criador disse que nós somos muitos mais fortes que um vampiro comum. Não posso lutar sério.
— Meus seis séculos de vida não representam apenas meu poder, mas também minha sabedoria. Se digo que não vai encostar em mim, é porque não vai.
— Tá bom.
— Você já sabe usar a velocidade sobrenatural?
— Não, meu mestre não ensinou nada.
— Isso aí é uma ordem que todos aqueles designados a transformar alguém devem seguir. Pelo menos até os novatos fazerem o teste. Vocês de sangue jovem devem aprender sozinhos como usar suas habilidades aprimoradas. Aquele que aprender por conta própria em um curto espaço de tempo de um dia, ganhará um rank mais elevado.
A mulher abriu o zíper do casaco de corrida, retirou e o jogou no chão. Revelando um top da cor negra. Ela também usava sapatos baixos e calça legging preta de academia.
A instrutora tinha o abdômen definido, a famosa barriga de tanquinho. Seus braços e pernas eram musculosos, mas em um nível incrivelmente proporcional a sua estatura.
A mulher jogou seu cabelo ruivo claro para trás com a mão.
— Bom, você disse que não sabe usar a velocidade sobrenatural, então seu rank já foi mais ou menos avaliado aqui. Por isso, vou ensiná-la. Já tentou alguma vez correr o maximo que pode, mas não importava o quanto forçava seu corpo, ele nunca ultrapassava um certo limite?
— Sim, parecia que tinha uma parede me impedindo. Me empurrando para trás.
— Isso. Tente agora, seus limites foram aumentados.
— Correr o máximo… Acho que consigo.
A vampira recém transformada correu inicialmente em velocidade humana. Em alguns segundos a velocidade aumentou até que se tornou um borrão.
A garota viu tudo ficar em câmera lenta.
“Que? Tudo tá tão lento, mas eu continuo rápida! A instrutora tá parada… Se continuar assim, vou conseguir acertá-la”.
A recruta viu a mulher ruiva piscar bem lentamente. Ela se preparou para dar um soco certeiro na cara de sua veterana. Quando seu punho estava a menos de um centímetro de acertar o rosto de sua adversária. Victória moveu sua cabeça para o lado em uma velocidade que nem mesmo Alice pôde ver.
“An? O que aconteceu”.
A garota viu a instrutora movendo-se na mesma velocidade que ela. Nesse momento, se não houvesse outros elementos movendo-se lentamente, não haveria diferença entre lutar em velocidade comum e em velocidade sobrenatural.
A ruiva pôs a palma de sua mão na testa da garota e a jogou de costas no chão.
— Ai minha cabeça. Ai ai ai.
— Bateu a cabeça no chão com força, mas não deve ter reparado que está doendo menos que o normal.
— Un? É verdade.
— Nossa resistência é bem grande. Porém, isso não é a única coisa que ameniza a dor. Quando estamos bem alimentados, a reação liderada pelo córtex motor é bem menor quando nos machucamos.
A garota se levantou e desferiu outro soco. A instrutora desviou e deu soco nas costelas esquerdas da recém chegada.
— Gwaa.
— Mantenha a calma, não quebrei nada. Bem, enquanto te avalio, vou te dar algumas aulas.
Alice desferiu um chute em direção a cabeça da avaliadora, que se esquivou movendo-se apenas alguns centímetros para o lado. A mulher ruiva aproximou-se da nádega exposta da aluna e golpeou o joelho de apoio com um chute leve.
— Nunca deixe seu inimigo chegar até o membro que te mantém de apoio. Caso aconteça, você estará morta.
A garota levantou-se lentamente. Um humano normalmente estaria ofegante. Os vampiros não ficam cansados se praticarem alguma atividade física no em velocidade humana.
— Aqui vai uma pequena aula sobre nossos níveis de poder. Um vampiro comum é mil vezes mais forte que um humano. E um superior é mil vezes mais forte do que um vampiro comum.
A jovem tentou atacar, mas seus movimentos foram anulados por um chute frontal desferido em sua coxa pela avaliadora.
— A cada um ano de vida, um vampiro ganha 1% a mais de poder. Ao completar um século, ele terá 100% mais poder. Entretanto, ao completar 100 ano, além dos 100%, nós também recebemos um boost de 100× o que já temos. Tente fazer as contas. Comece supondo que um humano tem 100 de poder.
— Ao se tornar um vampiro, seu poder se multiplica por mil. Então alguém de nível comum terá cem mil. Mais cem por cento, duzentos mil. Duzentos mil vezes 100… Vinte milhões.
— Você é boa em matemática. Tenho certeza que era uma boa aluna.
— Nunca gostei de matemática, posso ser boa, mas não escolhi ser boa nisso. Não posso deixar que o acaso decida o que vou ser.
— Gostei de ti. Meu criador costumava dizer algo semelhante. Talvez você seja a reencarnação dele.
— Um vampiro superior ainda é muito mais forte que um comum de 100 anos.
— Isso que os torna tão perigosos. Começam com uma vantagem enorme. — disse a instrutora.
— Pelas minhas contas, vampiro um recém transformado tem 100 milhões de poder. Muito maior que os vampiros comuns.
Alice desferiu 50 socos em um segundo. A instrutora desviou de todos.
— Muito lenta e imprecisa. Com sua velocidade deveria ser capaz de dar pelo menos 300 socos por segundo.
Victória segurou a garota pelo braço e a jogou no outro lado do salão.
— Continue fazendo as constas.
— Vinte milhões mais cem por cento, quarenta milhões. Vezes cem…. Q-quatro bilhões. Já é muito mais forte que eu.
— Isso com um vampiro de apenas 200 anos. Faça as contas para um de 300.
— Quatro bilhões mais cem por cento, 8 bilhões. Oito bilhões, vezes cem…. Oitocentos Bilhões!! I-sso é exagero…
— Lembra da idade que eu disse que tinha antes?
— 600 anos… Então você não estava blefando quando disse que eu não te machucaria.
— Não. — disse Victória em um tom rígido e seco.
— Até onde pode chegar com sua força?
— Se eu usasse 100% da minha super velocidade, apenas encostar o dedo mindinho em você seria suficiente para te reduzir a puré de carne.
— Então vou lutar com tudo o que tenho!
— Era o que devia ter feito quando deu o primeiro golpe.
Alice usou sua velocidade sobrenatural e desferiu um quantidade incontável de socos com o máximo de força. A Instrutora ficou imóvel, levando todos os golpes. Seu corpo nem sequer se mexia.
A velocidade dos golpes aumentava gradativamente.
“Ela está dominando suas novas capacidades físicas”.
A avaliadora desviou dos golpes e moveu-se para trás da garota. A jovem se virou para acertar sua oponente, mas foi interrompida por um punho vindo em sua direção. Ela não conseguiria desviar, então fechou os olhos.
O punho de sua veterana passou perto de seu rosto em uma velocidade estrondosa. O movimento empurrou uma grande quantidade de ar para todas as direções. Levantando os cabelos de todos na plateia.
— Caramba! Com um soco ela jogou todo esse ar pra longe! Que força incrível.
— Caralho, agora tô com medo dela.
Três homens velhos estavam sentados em um mesa no canto do salão. Eles anotaram algo em seus cadernos e disseram em uníssono.
— Rank de habilidade: F. Rank de poder geral F. Rank de poder vampírico D. Rank de potencial E.
Existem vários ranks dentro do clã Oblivion. Uma das categorias é o rank de poder. Dentro dessa categoria, há o rank geral, habilidade e vampírico.
— Por que o poder vampírico e o potencial são mais altos?
— Você evoluiu rápido durante a batalha, mas não tão rápido. Se tivesse dominado alguma habilidade vampírica antes de pisar aqui, seu potencial seria C. Seu rank de poder de vampiro é D porque é uma superior, não há como te colocar em um rank mais baixo.
— Entendo. O rank de habilidade é de acordo com minha habilidade de luta?
— Sim. Agora volte para o seu lugar, sua vez já acabou. Gostei de ti. Se precisar aprender algo, venha até mim.
A garota voltou para seu assento e muitos outros testes ocorreram. Muitos foram bem e muitos mal. Mas três pessoas em especial se destacaram.
Um homem negro chamado Leandro. Ele conseguiu dominar muito bem sua velocidade sobre-humana e seus ataques foram precisos. Esse jovem praticava boxe desde os 12 anos. Ter um bom domínio sobre seu corpo era o básico.
O garoto foi avaliado em ranks altos. Rank B em habilidade, rank D em poder geral, rank B em potencial e rank D em poder vampírico.
A segunda pessoa era a garota que estava bebendo refrigerante. Ela conseguiu dominar todos os seus sentidos. Durante os primeiros minutos ela dominou completamente boa parte de sua força e velocidade aprimoradas.
Seus ranks foram: rank B em potencial, F em habilidade, rank D em poder vampírico, rank de poder Geral F.
A última foi uma garota loira de postura disciplinada. Seu nome era Kassandra. Era bem silenciosa. Falou apenas para fazer duas perguntas. A jovem usou as respostas para deduzir se habilidades como fala e luta poderiam ser obtidas bebendo sangue.
Em seguida usou a adaga que escolheu como arma para atacar. Ela se surpreendeu ao presenciar a lâmina se quebrar ao se chocar contra o corpo da instrutora.
Seu rank de potencial foi A, devido ela ser classificada como uma estrategista junto com o fato de já ter dominado todas as habilidades e sentidos em um nível satisfatório.
Teria sido S, se ela tivesse dominado completamente suas habilidades.
Jonathan foi o último por causa de sua ordem de chegada. O jovem se manteve tranquilo na presença da instrutora, ao contrário dos outros.
— Sei que já sabe meu nome e eu sei o seu, mas devemos nos apresentar como forma de respeito. Me diga seu nome.
— Sou Jonathan Crane. Seu mais novo irmão.
— Sou Victória. Não há necessidade de dizer meu sobrenome, devido ser muito difícil de pronunciar. Já respondi a pergunta da garota, tu deves ter ouvido, certo.
— Você é francesa. Dominou nosso idioma completamente em um espaço de tempo de 14 anos. Nem parece estrangeira. Agora sei como a garota deduziu a absorção de habilidades pelo sangue. Eu já sabia sobre essa habilidade. E acredito que não tenha precisado de 14 anos para dominar o idioma.
— Se eu fosse explicar isso da forma como os jovem entendem. Diria que os humanos são players comuns, subindo de nível. E nós vampiros, estamos de hack.
— Gostei da sua didática.
— Tu não parece ser uma pessoa comum. Tenho certeza que está escondendo algo. Essa calma que tem, é difícil de achar alguém promissor assim. É coragem ou tolice?
— Você vai ter que descobrir por si mesma.
— Adoro um desafio, mas prefiro que me chame de senhora, sou uma anciã.
“Você era apenas uma criança quando te encontrei, não vou fazer isso”.
— Me mostre o que mais tem de semelhante com meu criador além da aparência.
“Não posso mostrar minhas habilidades. Chamar a atenção é perigoso. Se pensarem que sou fraco, vão me ignorar ao invés de competir, assim os derrubarei fácil por não tomarem nenhuma medida de segurança contra mim”.
Jonathan se preparou para atacar quando uma voz o interrompeu.
— Espera.
O jovem não se moveu e voltou seus olhos para a direção de onde vinha a voz.
Era Lins, o subordinado de Faustos.
— Eu vou ser seu avaliador, novato.
— O que? Tu ficou calado o tempo todo, agora quer trocar? Fica na sua se não quiser ter a coluna arrancada. — disse Victória.
— Não há necessidade de brigar. Quero apenas testar o garoto. Não posso? Até onde sei, não estou querendo nenhuma regra. Algum problema, avaliadores de rank?
— Desde que você faça o necessário para que possamos avaliar o garoto da forma correta. — disse o ancião avaliador do meio.
A instrutora também era uma avaliadora, mas ao contrário dos três homens velhos, não era responsável por dar os ranks. O papel dela era usar diferentes posturas de acordo com as habilidades dos alunos.
Se ela resolvesse lutar, isso significaria que o avaliado era habilidoso o suficiente para aguentar alguns golpes dela. Essa postura mais agressiva era um sinal de que a pessoa era um rank acima do E.
A primeira avaliada nem sequer foi golpeada seriamente. Apenas um soco na costela, uma derrubada e um chute na coxa. Isso nem era considerado apanhar. Foram golpes estratégicos para impedir o avanço do oponente, ou seja, defesa.
Apesar de não dar os ranks. A instrutora também poderia interferir nos ranks caso ela achasse que não condiz com a habilidade real do avaliado.
— Sei exatamente como agir em uma avaliação. Agora vai pra lá.
— Presta atenção em como fala comigo. Sou muito mais velha que você, seu moleque.
— Tenho sua permissão, líder?
Faustos assentiu com a cabeça.
— Todos sabemos pelo que você é conhecido. Se perder o controle e dar o mínimo deslize, vou te partir ao meio. — disse Victória e foi para o meio da plateia.
— Meu nome é Lins e serei seu instrutor. Quero ver do que é capaz.
O jovem ficou em silêncio. Seu humor não estava nada bom.
— Tanto faz. Eu sou um vampiro superior assim como você. Na verdade todos os recrutas desse ano são. No meio de vocês está nosso fundador, então não podemos correr o risco de torná-lo um líder fraco.
O novo avaliador deu dois passos para a esquerda pensando em algo para dizer.
— Não sou tão forte quanto aquela mulher de antes mesmo sendo de nível superior, mas sou mais velho do que você, então pode me atacar sem medo. Vou te dar uma chance de escolher uma arma, escolha com cuidado.
Jonathan continuou em silêncio e se dirigiu até o armário de armas. A parte externa do armário era coberta por um pano negro. A parte interna, coberta por um pano vermelho carmesim. O jovem pegou espadas duplas curtas chinesas jian.
O cabo das duas lâminas eram vermelhos com detalhes pretos, a guarda era da cor prata. A crina também era vermelha.
“Já entendi seu plano, garoto. Você e seu mestre superestimam demais a própria inteligência. Vou entrar no seu jogo, no entanto farei melhor. Deixarei claro a muralha que entre eu e vocês”.
— Deixe eu te perguntar antes de iniciarmos. Você já dominou alguma habilidade vampírica? Seja sentidos ou capacidades físicas. Força, velocidade? Qualquer coisa serve.
O garoto continuou em silêncio.
— Bom, se não disser nada vamos presumir que não.
— …
— Não reclame depois.
Jonathan direcionou metade da sua mana para o coração, dando dois atributos para ela. Um que melhorava todas as capacidades do seu corpo, fazendo com que todos os seus órgão trabalhassem melhor. E outro aumentava a velocidade em que suas juntas se dobravam.
Seu cérebro conseguia calcular uma quantidade infinitamente maior de informações, seu coração bombeava uma quantidade imensa de sangue para todo o corpo.
Devido sua resistência de vampiro, seus órgãos não sofreram danos com a pressão sanguínea alta.
Seus tendões tornavam seus movimentos mais suaves, precisos e rápidos agora. Seus músculos transbordavam força. Ele espalhou sua mana pelo chão e transformou em um campo magnético forte abaixo dos pés de seu inimigo.
Injetou mana nas espadas reforçando-as ao máximo. A essa altura, Jonathan conseguia fatiar um carro forte com um único movimento suave.
O rapaz começou a materializar sua mana em átomos. Com isso, iniciou um processo de alteração da estrutura atômica do aço, removendo e adicionando átomos. Em alguns segundos, tornou sua lâmina de aço em prata.
Um homem na plateia se levantou com espanto em seu rosto.
— Mas o que? Esse garoto… A quantidade de mana que está vazando dele. Isso é perigoso. Ei! Esse garo…
O jovem adicionou uma grande quantidade de mana na sola dos pés. Após alguns segundos, se inclinou para frente, como se fosse se jogar no chão e deu o primeiro passo.
Seu primeiro movimento foi iniciado já em velocidade sobrenatural. Após dar o primeiro passo, a mana em sua sola o impulsionou para frente, o segundo passo foi dado, seu corpo foi impulsionado novamente.
“Mas que velocidade é essa? Ele é só um recém transformado. Tenho que me defender”.
Lins tentou sair da trajetória do ataque, mas foi surpreendido quando seus pés não saíram do chão.
“Mas que porra? O que aconteceu?”
O adversário preparou-se para se defender do golpe, mas seu corpo foi eletrocutado.
Jonathan encurtou rapidamente a distância entre eles. Espalhando sua mana em sua frente, o jovem a usou para manipular a passagem de luz no ambiente.
Lins conseguiu mover seu corpo já recuperado da corrente elétrica. O jovem estava bem próximo a ele, no alcance de seus braços. O homem atacou o belo rapaz, porém seu braço passou pela imagem do garoto.
O belo menino apareceu no ar, acima de seu inimigo.
“Tenho que me transformar em névoa, ou vou ser atingido”.
O reencarnado jogou sua lâmina esquerda no ombro de seu oponente. A espada atravessou o corpo do homem, impedindo o movimento de seu braço esquerdo. Devido o aço ter sido transformado em prata, o Lins não pôde ser transformar em névoa.
“Como essa espada me perfurou?
Jonathan pousou atrás de seu inimigo, de costas. Ele girou e com um movimento suave, cortou os joelhos de seu oponente, separando as duas partes de suas pernas.
O jovem segurou no pescoço de Lins e atravessou sua espada nas costas do indivíduo.
— Gwaaa.
Pela primeira vez desde que o subordinado de Faustos pisará no campo de treinamento, Jonathan falou.
— Quem está testando quem? Aqui vai a primeira lição: Nunca subestime seu inimigo. Você não esperava que eu soubesse usar magia, mas aqui estou eu. Previna-se contra tudo, mesmo que as chances sejam pequenas, ainda há chances de acontecer.
O derrotado arregalou seus olhos e lembrou-se das palavras de seu mestre.
“É apenas questão de probabilidade. Mesmo que as chances sejam pequenas, ainda há chances. E isso… É mais do que o suficiente”.
— Não se preocupe, a lâmina em seu peito é de aço.
— Co-como você… Conseguiu essa espada de prata? Todas… As… lâminas são de aço.
— Use o cérebro que tem. Não és tão tolo quanto parece.
Jonathan retirou a espada do peito do instrutor e soltou seu pescoço. Antes que o corpo do avaliador pude cair, o jovem retirou a arma de prata do membro dele.
O corpo do homem caiu desconjuntado no chão. As pernas cortadas começaram a ser atraídas para as que ainda estavam presas no corpo.
As partes inferiores grudaram-se na superiores e o processo de regeneração se iniciou.
— O-o que foi que você fez garoto? — questionou um dos velhos jurados.
— Vivo sob a conduta de provar com ações e não com palavras. Todos podem duvidar de suas palavras, mas nunca de seus resultados.
— Certo, mas como derrotou o instrutor?
— Eu…
— Ele é um mago.
O homem de antes gritou no meio da plateia.
— Arthur, tem certeza do que está afirmando?
— Absoluta. Esse garoto deixou escapar uma quantidade gigantesca de mana segundos antes de fazer o primeiro movimento. Mas acho que deixou vazar tudo. Seu controle de mana é bem precário. Onde aprendeu magia?
— É isso mesmo, Jovem? — indagou o velho jurado do meio.
— Não se engane. O que deixei vazar foi meio por cento da quantidade total de energia que tenho.
— Isso é impossível. Se for verdade, você é o maior mago do mundo.
— Esse título não é de meu interesse.
— Que homem não quer ser reconhecido como o melhor? Está me dizendo que é do tipo altruísta?
Jonathan liberou toda sua aura em sua forma mais tranquila. Todos no local estremeceram com a pressão que sentiram em seus corpos.
“Que porra de aura é essa? Esse cara é um pródigo. Mesmo eu que tenho uma grande quantidade de mana, ainda estou sendo precionado”.
Arthur não sentia medo pois sua grande quantidade de poder mágico o protegia da maior parte da pressão proveniente da aura.
— Espere! Meus alunos são humanos, eles vão morrer se continuarem sendo expostos.
Um dos humanos na plateia vomitou sangue. O jovem suprimiu sua aura em um instante. Ele virou-se para a direção do mago mais velho e olhou friamente no fundo de seus olhos.
— Não estou interessado em ser o maior mago do mundo.
— J-Jonathan, você poderia nos dizer se sua velocidade foi resultado de usar suas habilidades vampíricas? Ou utilizou mana para se fortalecer. — perguntou o ancião avaliador da esquerda.
— Usei ambas as habilidades. Combinei velocidade vampírica com fortalecimento mágico. Também coloquei um pouco de mana nos pés para me impulsionar. Criei um campo magnético sob os pés do oponente e o eletrocutei ao gerar uma corrente elétrica usando o magnetismo, assim diminui a velocidade de reação dele.
— Incrível! Você pensou em tudo isso apenas alguns segundos antes de lutar? Ou já planejava usar isso contra a instrutora? — perguntou um dos três anciões.
— Não iria usar magia contra a instrutora. Transformei minha lâmina esquerda em prata para impedir que o oponente se transformasse em névoa. Já que ele não esperava que a espada iria atravessá-lo, cavou sua própria cova. Não havia necessidade de machucar Victória.
“Esse garoto é um prodígio das artes arcanas. Tenho que torná-lo meu discípulo”.
— Então está dizendo que conseguiu dominar a velocidade sobrenatural?
— Sim.
— Seus movimentos foram muito precisos e seu controle sobre sua força foi perfeito. Se não soubesse como controlá-la, o salto que deu por cima de Lins teria te lançado diretamente em direção ao teto. Sendo assim, vamos assumir que seu potencial é grande. Mas precisamos discutir sobre os outros ranks primeiro.
O três velhos velhos discutiram entre si por alguns minutos.
— Ahem. Entramos em um consenso e aqui estão seus ranks. Rank de habilidade A. Decidimos isso após observar seus movimentos com a espada, bem como a precisão de seu corte nos joelhos do avaliador. Rank S em poder geral, rank D em poder vampírico e rank A em potencial.
A plateia ficou histérica. Todos discutindo entre si. Uns concordando, outros duvidando. Também havia aqueles que achavam que os ranks deveriam ser maiores.
— Com licença, avaliadores. Acho que o rank de potencial foi um tanto injusto.
— Ah! Senhora Sara, por que acharia isso? Nosso julgamento foi falho?
— Eu fui a responsável por cuidar dele quando acordou em transição. Ele foi transformado um pouco antes dos outros. Mais especificamente três dias.
— Então o rank dele devia ser menor — resmungou o velho da direita.
— Devia ser B, assim como os outros novatos talentosos. — disse o da esquerda.
— Não terminei de falar.
— A! Desculpe nossa grosseria, não queríamos ofender a senhora. An, prossiga.
— Quando cheguei, Jonathan estava se alimentando de uma mulher. Ao me aproximar ele parou de se alimentar e olhou em minha direção. Após isso ao invés de voltar a se alimentar, pôs a mulher no chão e pediu que eu a curasse.
— Está dizendo que esse jovem foi capaz de controlar sua sede de sangue logo após se transformar?
— Sim. No entanto, isso não é tudo. Quando dei meu sangue para a garota, ele usou sua velocidade sobrenatural para sair do lugar onde estava. Também foi capaz de dominar todos os sentidos sobrenaturais algumas horas depois de ter se transformado.
— Então sem dúvidas temos um indivíduo de habilidades notórias. O ranking de potencial será S.
— Não determinem o rank dele ainda.
— E por que não? — indagou o velho do meio.
— Jonathan. Quantos anos tinha quando adquiriu uma reserva de mana?
— 15.
— Isso é extraordinário! Se continuar treinando, superaremos até mesmo os filhos da noite.
— Isso não é nada.
Todos olharam para a direção de onde vinha aquela voz feminina e suave. Era Helena, ao lado de Elizabeth.
— Ele lutou de igual para igual com um vampiro de 80 anos. Esse vampiro ainda era um mago experiente. Jonathan só perdeu porque o homem usou um feitiço de troca de posição.
Arthur, Elizabeth, Sara, os velhos e até Faustos ficaram espantados.
“Se ele o assassino foi derrotado, então quer dizer que essa maldita Helena foi quem interferiu e o transformou. Ela sabe que tem alguém tentando matá-lo. Agora que ela está alerta, tenho que arranjar uma desculpa muito convincente, ou ela vai desconfiar de mim”. Pensou Faustos.
— Meu jovem, por que não nos contou de todos esses feitos? Seu rank seria seriamente afetado por se manter calado.
— Existe um livro chamado As 48 leis do poder. Uma das leis desse livro diz que se um indivíduo esconder suas verdadeiras habilidades, aqueles que estão disputando contra ele, nunca se preocuparão em tomar medidas para superá-lo. Com isso, superar os adversários seria fácil, por não terem colocado nenhum tipo de barreira. Mas eu conseguirei os maiores ranks no futuro de qualquer forma. Para mim tanto faz ter um rank alto agora ou depois.
“Mas que jovem fascinante. Pensa muitos passos à frente sem se importar com o que os outros pensam dele. Tudo em prol de seus objetivos”.
— Seu Rank De potencial será SS e o de habilidade S
Os vampiros mais velhos ficaram fascinados com Jonathan por suas notórias habilidades.
O jovem virou-se em direção a Faustos e o encarou. Suas intenções ficaram claras para o traidor. Era um olhar de triunfo, ao mesmo tempo dizia que ele seria o próximo.
Lins levantou-se com raiva e atacou o belo rapaz.
— Você me humilhou com seu desgraçado!
“De acordo com a movimentação do ar e com os sons dos músculos dele, o ataque será diretamente em minha cabeça. Se me virar em 180 graus e balançar minha lâmina de cima para baixo, conseguirei cortar seu braço”.
O garoto de cabelos negros preparou-se para atacar, porém desistiu ao perceber que seu agrssor seria parado pelos outros membros do clã.
O subordinado de Faustos entrou em choque ao perceber que seu braço havia sido parado por Sara, Elizabeth, Victória e Leandro. Ao mover seus olhos levemente para a esquerda, avistou Helena esmagando sua mão.
— Urg. O que tá fazendo?
— Eu disse que arrancaria sua coluna caso passasse dos limites. — disse Victória em suas costas.
“Não me surpreendo que essas mulheres reagiram rápido ao ataque dele, mas esse garoto. Parece que não sou o único aqui tentando esconder minhas verdadeiras habilidades”.
— Você é muito insolente em fazer uma coisa dessa na minha frente. Não sou tão piedosa quanto minha irmã. — disse Elizabeth enquanto apertava mais e mais o braço do homem.
—Gu! Por que estão defendendo esse cara?
— Ele é nosso irmão agora, tenha o devido respeito! — disse Sara.
— Se o garoto não tem direito de ser defendido, você muito menos. Quebrou as regras e ainda quase matou um membro. Porém dessa vez é muito pior, esse membro pode ser nosso fundador, seu imbecil.
— Faustos! Isso não pode ficar assim, sua cria deve ser disciplinada!
“Vejamos que ação irá tomar. Entrará na mira de todos os membros do clã, ou deixará sua cria recentida”.
— Infelizmente ele passou dos limites. Prendam ele por um mês na prisão subterrânea, sem sangue e com prata no peito.
— Meu senhor!
Jonathan se surpreendeu com a atitude de Faustos, porém, sua surpresa acabou ao se lembrar da traição do passado.
“Parece que aprendeu algo. Mas aquele que trai seu criador está disposto a tudo”.
— Declaro aqui o fim do teste de rankings.
Todos começaram a sair do salão. Lins foi levado pelos carcereiros para a prisão subterrânea.
— Vou levá-lo até seu quarto. — disse Sara.
O jovem guardou suas espadas e seguiu a ruiva.
— Aqui está a chave. Na porta há um papel com uma runa mágica. Se colocar um pouco do seu sangue nela, um feitiço que impede que aqueles de fora usem sua audição sobrenatural será ativado.
O belo rapaz pegou a chave e entrou. Havia uma cama e ao lado dela uma mesa de cabeceira branca, com um abajur em cima.
Um guarda roupa marrom à direita. A cama estava posicionada na parede esquerda encostada na parede contrária à entrada do quarto.
— O guarda roupa tá vazio. Se quiser algumas roupas, te daremos dinheiro para comprar. Você também pode ir na costureira e tirar suas medidas. Aí é só passar os detalhes das roupas que quer e ela fará para ti.
— Muito obrigado. — E fechou a porta.
Ao olhar para a direita, viu a porta do banheiro. Havia um espelho grudado na parede acima da pia. Um vaso sanitário branco e um box dourado.
As paredes de todo o quarto eram cobertas por uma tinta especial, que dava o aspecto de ser forrado com tecido.
— Preciso de um banho.