Reencarnação do Vampiro - Capítulo 25
Meia hora antes
Um rapaz encapuzado parou em frente aos portões da nova base do clã Oblivion.
— Parado aí. Identifique-se. — disse um dos guardas.
— Fui enviado por Jonathan Crane. Sou um servo morto-vivo.
— Prove.
— Não tenho como provar. Apenas entregue essa mensagem. Meu mestre fará contato com o alvo em meia hora.
O garoto tornou-se cinza depois de terminar.
♦ ♦ ♦
— Vladmyr Vangreat. Achei que tinha morrido.
O rapaz ficou em silêncio.
— Forjou sua morte? Não me diga que é só coincidência e outra pessoa exatamente igual veio tentar me matar.
A mulher olhou para baixo durante alguns segundos.
— Eu sei que as aparências físicas podem se repetir muitas vezes ao longo dos séculos. Já ouviu aquela história de que existem pelo menos 7 pessoas iguais a você no mundo? Encontrei três delas. Mas não foi coincidência, eu sou imortal e elas eram vampiras. Já se imaginou matando uma pessoa exatamente igual a você? Fiquei um pouco traumatizada, porém percebi que são pessoas diferentes de mim.
“Mesma estratégia, tentando me analisar. Isso falhou da primeira vez e vai falhar de novo”.
— Você é do clã Oblivion, tenho certeza. Eles estão procurando seu mestre reencarnado e de repente alguém igual aparece. Sendo um vampiro ainda por cima. Não se esqueça de que estou por aqui há muito tempo.
— Não faça deduções infundadas.
— Até a voz e tom de fala são parecidos, tu não me convence. Tá meio tímido, por qual motivo? Acho que sei.
Raina virou a cabeça para a esquerda e olhou para trás com o canto do olho. Ergueu a manga do braço esquerdo, revelando uma tatuagem cujo desenho era um circuito mágico cheio de runas. Usou sua espada para cortar uma região logo acima e deixou o sangue escorrer em cima do círculo.
Um brilho azul gélido foi emitido. Uma ave que observava caiu no chão, emitindo um som desagradável.
— Um pombo, sério? Sei que estão por toda parte nesse país, mas esperava um morcego, porém vocês vampiros odeiam ser comparados aos clichês da cultura pop, não? Você pode parar de ficar tímido agora.
— Uma runa bloqueadora de sinal. Sabe que metade da vizinhança está sem sinal de telefone e televisão, não é?
— Se suas amigas bruxas tivessem usado uma ligação direta, feita por fio mágico, eu não teria nem o que fazer para começo de conversa. O pombo é um morto vivo, não há como matá-lo… Até tem, mas quem eu quero matar… Está bem diante dos meus olhos.
— Parece que você me conhece melhor que minhas filhas.
— Não seja burro, Vladmyr, elas te reconheceram sim, só querem ter certeza. Eu mesma não desconfiaria de você se não fosse por esse plano tão arrogante. Se bem que não conheço suas filhas, talvez sejam burras igual a ti.
— São boas meninas. Muito inteligentes ao contrário do que pensa.
— Como pode estar aqui? Usou alguma magia para criar uma cópia de seu corpo? Essa aparência com certeza não é comum.
— Mas é, acredite. Minha morte não foi forjada, morri de verdade. Esse corpo não foi planejado.
— Eu diria que você é, como as pessoas desse país dizem, tem o cu virado pra lua… Ou será que era bunda?
— Tenho uma pergunta para fazer. Sabe algo sobre alguém que reencarnou com as memórias sem influência de magia?
A caçadora que até então se encontrava distraída, arregalou levemente os olhos castanhos e fez uma expressão perplexa.
— Não, você não…
— Você é bem velha, já deve ter deduzido.
— Se existe algum deus, ele gosta de você.
— Vai responder ou não?
— Nunca vi alguém assim… Até agora.
— Entendo.
— Isso é bom. Em nosso último encontro, que por ventura foi o primeiro, eu falhei em te matar. Se me lembro bem. Seus crimes foram… Foi apenas um. Genocídio. Você tem ideia do que fez, não é? Foi o primeiro de sua raça a matar várias pessoas em público e a luz do dia. As histórias sobre vampiros se espalharam muito depois disso. E nem sequer foi punido pela rainha.
— Dei a eles o que mereciam.
— E isso te custou a humanidade. Por trás de um rosto bonito e uma reputação honrada, há um homem com sangue nas mãos. Sangue inocente.
— Eles não eram inocentes.
— Eram só ignorantes, influenciados pelos líderes religiosos. Apenas pessoas oprimidas com medo de um inferno que nem sequer sabiam ser real.
— Mesmo sendo ignorantes, ainda tinham livre arbítrio. Fizeram suas escolhas e pagaram por elas. Não me arrependo pelo que fiz.
— Não se arrepende, mas mesmo assim adquiriu um trauma que te impede de sentir empatia pelas pessoas. De sentir algo por elas. Deixe-me te libertar do seu sofrimento. Eu prometi a mim mesma que não te mataria se te encontrasse reencarnado, mas já que você é você mesmo, vou continuar o que comecei.
— Mas é claro que vai. Soube que ficou irritada quando soube sobre minha morte.
— Obviamente, eu que iria te matar. Tu foste o primeiro a sobreviver ao me enfrentar. Bom, era o único, mas agora há outros com esse título.
— Sei bem, os puro-sangue te enfrentaram e sobreviveram. Me conte sobre isso.
— Falando assim parece até que eles passaram sufoco durante a batalha, mas foi o contrário. Eu estava na sua cola e você nem desconfiava, ai soube que foi morto. Fiquei muito irritada, afinal esse era meu objetivo de vida. Então decidi matar o vampiro que te matou. Descobri que ele era cria de um sangue puro-sangue. Desde aquela época eu já sabia que não era páreo para eles, então esperei séculos até que seu assassino ficasse sozinho. No entanto um imprevisto Conheceu e todos os puro sangue e a rainha apareceram no local. A progenitora nem sequer moveu um dedo quando tentei atacá-la. Todos os puro-sangue me acertaram de uma vez.
Ela deu um suspiro e andou dois passos para o lado.
— A força dos golpes deles foi tão grande que fui reduzida a apenas um pequeno pedaço de carne. Minha espada se quebrou quando ataquei um deles. Usei uma das minhas runas para escapar. Perdi 10 mil almas de vampiros durante a luta. Sequer posso chamar de luta, sendo sincera. Porém, não se engane, ainda posso te matar.
A mulher que até então estava completamente distraída em seus pensamentos, com o corpo todo relaxado, retirou uma faca da manga e jogou em Jonathan.
O objeto veio em direção a cabeça do jovem. O belo rapaz desviou e a arma penetrou na parede de concreto.
“Como pode uma faca de prata ser tão resistente?”
— As bruxas odeiam os vampiros. Ganhei algumas tatuagens mágicas ao salvar algumas delas. Uma delas me permite aumentar a resistência dos objetos.
— Tente dizer isso para as bruxas do meu clã.
— A convenção imortal é uma das exceções nesse mundo. Por elas tu perdeu sua humanidade. Quer prova maior de bondade do que essa? Hoje, vou te libertar desse fardo que carrega. Um homem não deve pagar pelos seus pecados por duas vidas seguidas.
— Talvez meus pecados sejam demais para pagar em uma vida.
— Você viveu o equivalente a 6 vidas.
— E vou viver muito mais. Não cometerei os mesmos erros do passado. Então não se preocupe, sua amiga irá viver.
Jonathan avançou em direção a Raina. Ela atacou com uma estocada visando acertar o coração do rapaz. Ele desviou e deu um soco no queixo da caçadora, virando sua cabeça para o lado.
A mulher nem sequer deu um passo.
— Sabe… Eu perdi 10 mil almas, mas isso só diminui o número de vidas que tenho, não minha força. — Ao terminar a frase, deu uma cotovelada no rosto do jovem, lançando-o girando para longe.
Ao se chocar contra o chão, suas roupas se rasgaram e seu rosto se ralou no chão.
“Quebrou meu nariz e rachou os ossos do crânio. Está pegando leve, poderia ter me decapitado”.
O vampiro sentiu uma leve brisa no lado esquerdo do rosto. Ao olhar para o lado, avistou a loira descendo a lâmina em direção ao seu pescoço, em uma tentativa de decapitá-lo.
“Não vou conseguir desviar”.
♦ ♦ ♦
O clã Oblivion observava Jonathan e a caçadora conversando por um círculo de cor roxa semelhante a um espelho.
— Tá meio tímido? Acho que sei o motivo.
A última coisa que viram foi Raina cortar o próprio braço, então a transmissão foi cortada.
— Ei, o que aconteceu?
— Eu quero ver o que vai acontecer!
A multidão de vampiros novatos começou uma algazarra ao fundo.
— Silêncio! Os membros devem ter disciplina. Ainda não aprenderam a se comportar?
Uma mulher de óculos, vestida com paletó e saia formal chamou a atenção dos novos membros.
— Aquela caçadora usou uma runa mágica para bloquear o sinal.
Zuri estava com uma das mãos no rosto, apoiada sobre uma mesa negra de madeira. Sob a mesa, havia uma série de ervas, potes e outros ingredientes utilizados em magia.
— O corpo dela está lotado de magia vampírica assim como nós. Nós também temos essa magia. Mas aquela runa… Eu a conheço.
— É bem antiga. São parte do alfabeto rúnico. Foram usados por bruxos escandinavos. Nem sabia que ainda existiam. — disse uma das mulheres ao lado da bruxa anciã.
— Essa mulher está mexendo com magia antiga, temos que ter cuidado. Vamos fazer o feitiço juntas dessa vez. Helena, me deixe te canalizar, você tem um milênio de idade. — disse Zuri.
— Pegue o quanto quiser.
Helena pegou uma faca e cortou sua mão. Zuri e as outras duas bruxas fizeram o mesmo.
— Por que não usa meu sangue para facilitar a localização do rapaz. A ligação entre nós é forte, já que sou a criadora dele.
— Verdade, não pensei nisso. Posso usar sua ligação para chegar até Jonathan e depois me reconectar com o combo.
— Não seria mais eficaz usar a ligação que você tem com seu morto-vivo? — disse a mulher em roupas formais.
— Que?
— O pombo. É um morto-vivo, não? Se usar a ligação que tem com a alma dele, vai conseguir se conectar diretamente com ele. Isso ainda preservaria energia mágica vampírica.
— Boa ideia, mas a visão dos pombos é limitada. Eles podem enxergar bastante coisa à sua volta, mas o espectro de cores dos seus olhos tornaria a imagem estranha.
— Você pode usar magia para melhorar sua visão.
— Estava pensando nisso agora. Mesmo que use isso, ainda vai ser um gasto bem menor, afinal é só uma melhora de visão. Porém não vai ser a mesma coisa que magia de observação.
— Ou…
Zuri paralisou suas expressões faciais por meio segundo, como se tivesse tido uma ideia.
— Nós podemos usar a ligação com o morto-vivo para restabelecer a conexão e aí usamos a magia de observação, vai gastar mais energia, mas ainda será menor que tentar quebrar o feitiço de bloqueio. — disseram Zuri e a mulher em uníssono.
— Você é mesmo pródigo, garota.
A velha bruxa deu as mão para suas irmãs. As três fecharam os olhos.
“A respiração delas sincronizou”. Pensou Helena.
Após ficarem em silêncio, começaram a recitar as palavras que simbolizavam o feitiço. Bruxas normalmente não os usam, pois têm o poder de moldar a energia mágica naturalmente.
Palavras não tem nenhuma relação com feitiços, mas ajuda na concentração.
— Ó grande ser criador dos vampiros. Pedimos que nos ajude a exercer nossa vontade sobre sua magia. Pedimos que ajude a nós, seus filhos e o resultado da criação do vampirismo. Nos dê forças para comandar a magia vampírica. Esse poder tão grande que nos foi concedido é tão grandioso que sequer sabemos podemos controlá-lo.
A gerada pelos vampiros é a mais poderosa dentre as três formas existentes, no entanto também é a mais difícil de se controlar.
— Professora. A rainha não foi a primeira da nossa raça? — questionou Kassandra para a mulher em roupas formais.
— Sim.
— Então por que essa moça está pedindo ajuda para um suposto criador ao invés da rainha?
— Nós dissemos que a rainha é a primeira. Se isso for verdade, quem a criou?
— É verdade, nunca havia pensado nisso. Vocês sabem quem foi?
— A raça vampira poderia ser só mais um ser que surgiu no mundo, cujo método de reprodução é baseado na conversão de outros seres. Porém há muito a se considerar. Por exemplo, o fato de que nossa reprodução também pode ser sexuada. Tudo aponta para o fato de termos sido criados por alguém ou algo. Isso, no entanto, não sabemos. Eu chuto que seja um bruxo.
— Por que acha isso?
— Semana que vem vocês vão ter aulas comigo. Garantirei que entendam tim-tim por tim-tim.
Um grande círculo mágico dourado surgiu no ar. Elas não precisavam de um feitiço, mas sem ele, o tempo seria maior.
Com uma magia de observação, era possível observar uma pessoa como se fosse um filme, mudando o ângulo como bem entender, tornando uma ótima opção para assistir batalhas.
O círculo de observação acendeu novamente e a imagem de Jonathan com o punho no rosto da caçadora apareceu. O rapaz foi golpeado e lançado para longe.
— Ih rapaz, a transição mal voltou e ele já tá apanhando.
— Bem feito, estava se achando só porque derrotou um instrutor. Era óbvio que tava pegando leve com um novato. Essa mulher não vai fazer o mesmo.
♦ ♦ ♦
O belo vampiro estava prestes a perder a cabeça. Mesmo sabendo que não conseguiria desviar, ativou sua velocidade sobrenatural.
“Se eu tentar sair daqui, vou ser cortado de qualquer forma. Mesmo que minha cabeça fique no lugar, um corte já é o suficiente para me matar”.
A espada golpeou o pescoço do homem de cabelos negros, porém não o cortou.
— O que? Nesse meio tempo você já recuperou seu antigo poder.
Ao olhar para o pescoço do rapaz, viu que estava coberto por uma armadura mágica brilhando em azul royal.
Ela se afastou um passo.
— Aprendeu magia.
— Seu maior erro foi ter se afastado.
O belo jovem segurou o braço da caçadora, canalizou a mana para seu punho e deu um soco de baixo para cima no queixo dela.
“Mesmo com magia, não tenho força suficiente para te machucar, mas a mana tem muito mais vantagens”.
O soco forçou uma quantidade considerável de magia para dentro do corpo da loira. O vampiro manteve-se conectado com a energia dentro de sua inimiga e a moldou, fazendo-a vibrar e causar dano em nível molecular, quebrando o pescoço.
Jonathan chutou o corpo de sua oponente para longe, lançando-o a uma grande velocidade. O “cadáver” se chocou contra um pilar de concreto e o destruiu por completo.
A caçadora ficou caída por dois segundos, com os olhos abertos e imóveis. No segundo seguinte, seu pescoço voltou ao normal e ela se levantou.
— Se você tivesse forçado sua lâmina contra mim, eu não poderia desfazer a armadura mágica, pois se desfizesse, morreria. A desvantagem da armadura mágica é que a parte do corpo em que está sendo usada fica imovel.
— Se me der dicas, vou acabar te matando.
— Não vai conseguir me pegar desse jeito novamente.
— Lembre-se de suas próprias palavras. A suposição é a mãe de todos os fracassos.
Os dois avançaram em direção um ao outro. Raina deferiu uma estocada em direção a cabeça do rapaz. O vampiro desviou, passando por baixo de seu braço e desferiu um soco, visando acertar o queixo.
“Não vai funcionar duas vezes”.
A loira desviou jogando sua cabeça para trás, deixando uma abertura. Com sua mana, o garoto recuou seu braço imediatamente para trás e o golpeou novamente.
“O que?”
O rapaz acertou um soco na traqueia da mulher, causando um desvio.
— Guwooa.
A caçadora pôs a mão sobre a garganta. Jonathan aproveitou a chance e socou seu estômago, erguendo a humana. Em seguida segurou a cabeça dela ainda no ar e lançou seu rosto contra o chão. Quebrando a área à sua volta.
Ele a puxou pelo cabelo a golpeou no chão, várias e várias vezes como uma boneca. A matadora de vampiros tentou se levantar, quando ficou de joelhos. O belo jovem golpeou seu rosto com um soco a uma velocidade de 1000 km por hora.
A mana em seu punho tinha o atributo peso e foi lançada em Raina. A força em que a mana atingiu a cabeça da mulher foi equivalente a um caminhão sendo lançado na velocidade do som.
A cabeça da loira afundou no chão, quebrando o piso em formato de teia de aranha.
♦ ♦ ♦
— O cara está ganhando! — disse um dos novatos.
— Parece que o moleque não estava mentindo quando nos ameaçou. — comentou um dos anciões.
— Esse rapaz sabe muito bem como usar o fator surpresa. Foi golpeado de propósito. Ao dar um soco sem magia na cara dessa mulher, ela acreditou que ele não tinha força pra bater de frente. — falou a instrutora Valentine.
— Então você também viu através das intenções do garoto. Jonathan usou sua magia no último minuto. Ao se defender de um ataque que supostamente era impossível de repelir, o garoto tirou todo o foco da caçadora.
— Qualquer um com o mínimo de treinamento consegue ver através das intenções dele. O moleque não esconde. Porém, tem algo a mais… Isso sim está bem escondido.
— Com certeza tem. — disse o mago.
— Arthur! Aí está você. Deixe-me te perguntar. O rapaz é um mago, o que o grande mago vampiro consegue identificar nessa luta?
— O contra-ataque que o novato deu ao defender seu pescoço com armadura mágica. A resistência daquela mulher é muito grande, vocês podem perceber pelo fato dos ossos da cara dela estarem intactos mesmo com essa quantidade de mana. Agora… Se os ossos da cara não se quebraram, por que o pescoço sim?
— Está querendo dizer que ele injetou sua mana no corpo dela?
— Com certeza, e está esperando o momento certo para usar.
♦ ♦ ♦
Jonathan e Raina correram em direção um ao outro. Ela era mais lenta do que o vampiro, pois suas habilidades de caçadora só permitiam absorver por completo a força, resistência, sentidos e energia mágica dos vampiros que matava. Apenas 1% da velocidade era absorvida ao eliminá-los.
A loira desferiu um golpe vertical em direção a cabeça do belo jovem. O garoto aumentou levemente sua velocidade, abaixou-se e deu um contra-ataque, socando as costelas.
Cada ataque injetava pequenas quantidades de magia que explodiam sua adversária por dentro. O dano era pequeno, devido a sua grande resistência.
O rapaz nunca defendia os ataques, pois a força física de sua inimiga o derrubaria, resultando em sua derrota.
A caçadora balançou sua espada de cima para baixo, visando cortar o homem ao meio. Ele desviou e ela golpeou novamente com um ataque horizontal. O belo jovem jogou seu corpo para trás, dobrando sua coluna, mantendo-se em pé apenas pelo joelho.
Raina atacou com uma sequência de, corte vertical, corte horizontal e estocada. O rapaz desviou de todos. Ao invés de terminar a estocada, a mulher impulsionou o cabo de sua espada e a soltou, fazendo-a girar.
O giro moveu a arma em direção a cabeça do vampiro.
“Ela sabe que isso não vai funcionar, mas está disposta a tentar, tenho que ficar atento”.
A loira apoiou suas mãos no chão e desferiu chutes em direção às pernas e cabeça do imortal.
As áreas atingidas tornaram-se névoa. A loira golpeou várias vezes seguidas o corpo do rapaz, fazendo-o se tornar névoa por completo.
A caçadora bateu palma usando toda sua força, fazendo uma enorme coluna de ar jogar Jonathan em forma de névoa para longe.
“Ela pretende impedir que eu me materialize”.
A névoa reunia-se em um ponto, mas a materialização foi interrompida por uma granada jogada por Raina.
O vampiro moveu-se para o mais longe possível da mulher. O garoto estava prestes a se materializar por completo quando a loira lançou uma granada de fumaça.
“Você sabe muito bem que isso não vai funcionar comigo. Talvez seja só um blefe, não para atrapalhar minha visão, mas para me fazer pensar que isso não é fumaça, mas sim algo que pode me prejudicar, como pó de prata”.
Ao ativar sua visão vampírica, o jovem viu Raina diante de si, desferindo um ataque de cima para baixo na diagonal.
“Como ela chegou até aqui, sua velocidade não permite que chegue tão rapido”.
Sua visão estava em câmera lenta, mas sua oponente movia-se muito mais rápido que as outras coisas, porém ainda era consideravelmente lenta para ele. O rapaz observou sua inimiga e viu sangue sobre a tatuagem em sua mão esquerda.
Era uma runa que dava ao usuário a capacidade de ter super velocidade.
“Mesmo podendo ver com clareza seus movimentos, não consigo desviar e nem me tornar névoa, pois acabei de materializar. Bom plano, me pegou sem possibilidades de fuga. No entanto, você ainda não é capaz de me superar”.
Jonathan explodiu a cabeça da mulher, utilizando a mana que colocou dentro dela no primeiro ataque. O corpo caiu em câmera lenta.
“Sabia que podia fazer algo assim. Em nosso primeiro encontro, fez a mesma coisa. Não vou cair novamente em seus truqu…”
O vampiro sentiu sua garganta queimar.
— Cof cof cof… Coof coof coof.
Toda sua pele expelia fumaça.
“Ela me enganou. Mesmo se eu tivesse percebido que a granada era de pó de prata, eu seria golpeado. Caso tivesse prendido a respiração e me esquivando do golpe, ainda seria atingido pela prata em minha pele”.
Os olhos do garoto começaram a queimar, junto de seu nariz e pulmões. Mesmo sem cabeça, a mão “morta” da mulher ainda continuava se mover. Devido a força e velocidade do movimento, o braço continuou em direção ao pescoço do jovem.
O imortal aplicou mana em seu pescoço e a moldou, dando o atributo resistência. A lâmina se chocou contra Jonathan. A força do impacto jogou o braço da caçadora para trás.
— Gwoo. Cof cof.
Uma gota do sangue da loira escorreu para o meio dos seios e parou em cima de uma tatuagem, ativando-a e emitindo um brilho azul.
“Uma runa que move a espada em direção ao inimigo. É basicamente uma espada teleguiada”.
A espada moveu-se sozinha e se soltou da mão da oponente, indo em direção ao peito do vampiro.
O belo jovem direcionou toda sua energia mágica para o peito e a moldou de forma que a resistência do grafeno fosse aplicada em sua pele.
A ponta da arma chocou-se violentamente contra o peito do rapaz e foi jogada para trás.
“Mais um pouco e eu teria morrido”.
A arma de Raina tem um encantamento que permite absorver as almas dos vampiros que são cortados por ela. Apenas um pequeno arranhão e a magia se ativa.
O corpo da caçadora ativou uma de suas habilidades ativas: Regeneração instantânea, cujo a condição para ativação é a morte.
Sua cabeça se regenerou de uma vez. Com seus sentidos sobrenaturais ativados forçadamente pela regeneração, usou a mão esquerda para pegar a espada passando diante de seus olhos e desferiu um ataque horizontal, cortando a garganta de Jonathan.
— Gowooo. Cof cof cof.
O garoto se encontrou indefeso. Engasgado com seu próprio sangue e enfraquecido pelo pó de prata entrando em sua ferida.
Não havia escapatória, estava completamente indefeso e encurralado. Mesmo se houvesse uma forma de fugir, já era tarde demais, pois ele havia sido atingido pela lâmina da VERDADEIRA ARMA DO DEUS DA MORTE.
A arma tinha esse nome pois muitas pessoas acreditavam que a arma do Deus da morte era uma foice.
Durante as eras, lendas sobre a caçadora de vampiros foram contadas em todos os lugares do mundo.
Segundo as histórias, quando a primeira vampira surgiu, o Deus da morte se sentiu ofendido pelo fato dos humanos terem achado uma forma de escapar dele.
Sentindo-se ludibriado, criou um corpo mortal e o possuiu, trazendo consigo, do mundo espiritual a VERDADEIRA ARMA DO DEUS DA MORTE. Uma espada ao invés de uma foice.
A joia azul no pomo da espada emitiu um brilho forte. A visão de Jonathan embasou, fazendo-o enxergar tudo ao seu redor como uma pintura borrada.
O jovem olhou para suas mãos e as viu escurecer e dobrar em círculos bizarros.
“Parece que é mesmo meu fim dessa vez”.
Ao ser absorvida pela arma, a alma de um vampiro não pode reencarnar, pois fica selada na pedra. Ao morrer, a caçadora consome uma alma para se reviver e ativar a regeneração instantânea.
A alma do rapaz começou a ser puxada pela pedra, porém um brilho dourado, muito mais deslumbrante e forte que a magia vampírica surgiu da pedra. De repente a espada explodiu, destruindo o braço da mulher e lançando a espada para longe.
“A alma dele é demais para a pedra absorver? Isso é impossível. Que porra que esse cara é? Primeiro reencarna com as memórias, agora isso! Talvez ele nunca tenha sido humano”.
“Por que eu não morri? Será que o encantamento falhou? Não, não. A runa na espada se alimenta de magia vampírica, que é muito mais forte que a energia mágica comum e a mana. A não ser que a quantidade influencie aqui. O aumento nos sentidos e força dela devem custar uma boa quantidade de energia. Por ter matado poucos vampiros ultimamente, minha grande quantidade de mana superou a magia dela. Só pode ser isso”.
— O que é você, moleque?
— Um vampiro, é claro.
— Não se faça de sonso! O peso da sua alma é tão grande que quase destruiu a pedra. Para que isso não acontecesse, o encantamento empurrou sua alma para longe, mas devido a terceira lei de Newton, apenas a espada foi empurrada.
— E quem disse que as leis da física funcionam em corpos energéticos?
— Se você soubesse a bagunça que é o mundo espiritual, não diria isso.
De repente, Jonathan e Raina escutaram sons de milhares de passos em velocidade sobrenatural, vindos do lado de fora.
— Chamou seus amiguinhos, é? Sua alma até pode ser imune a minha joia, no entanto eu não diria o mesmo deles.
— Quem disse que eles são meus amigos. Adeus, é o seu fim.
O belo jovem usou sua velocidade sobre-humana para sair do local, porém devido ao pó de prata em seu corpo, sua velocidade foi reduzida, permitindo Raina alcançá-lo.
Ela balançou sua espada de cima para baixo. Sem mais alternativas, o rapaz usou uma habilidade.
— Nossa luta acabou.
Ativou o Agarrão Vampírico. Uma habilidade telecinética. O corpo da mulher ficou paralizado no ar.
— Permita-me te ensinar algo sobre nós vampiros. O agarrão vampírico só se torna inutilizável quando o vampiro é atingido por uma grande quantidade de prata. Eu apenas inalei um pouco e, mesmo que tenha muito pó em contato direto com minha pele, isso não inutiliza nenhuma habilidade, apenas enfraquece. Você nunca soube disso, pois as pessoas que enfrentou, em sua maioria não te conheciam, fazendo-as não se prevenir dos ataques, causando a morte imediata.
Jonathan deu dois passos com dificuldade.
— Tenho certeza que os vampiros que te enfrentaram e fugiram, não foram atingidos por prata em pó. Os que lutaram até o final, foram derrotados por sua grande força física. Nunca foi necessário usá-lo. No final das contas, pó de prata era mais uma carta na manga. Por isso eu não previu o resultado.
O rapaz de cabelos negros fechou sua mão, esmagando o corpo de raina. Ao fazer o movimento de jogar algo, Raina foi lançada para longe.
subiu as escadas e se escondeu em uma das salas de armas. O armazém em que ele estava, era o local onde o clã Filhos Da Noite guardava suas armas.
Vários vampiros de diferentes facções chegaram no local. Servos da deusa vermelha, Apóstolos da Mãe Sangrenta, Eternos e etc. No meio deles estavam os donos do lugar: Filhos Da Noite.
— Parece que há muitos ratos aqui. — disse um dos membros do clã Filhos da Noite.
— Onde está seu líder? Se escondendo novamente? — indagou um dos Apóstolos Da Mãe Sangrenta.
Raina se regenerou instantaneamente e levantou-se apressada.
— Eu fico morta por um segundo e o lixo já começa a se acumular.
— Pelo visto as informações estavam parcialmente certas. A caçadora está aqui, mas não Oblivion.
— Oblivion não é como vocês. Um combate direto contra mim é uma vitória garantida para aquele clã, mas as baixas seriam muitas. Eles sabem que não vou atacá-los se não me atacarem primeiro. Se tem poder para impor a paz, por que gerar conflitos?
— Não como a gente? O que quer dizer com isso?
A mulher fez uma expressão arrogante com um sorriso de canto de boca e disse:
— Burros.
O homem enfurecido, se preparou para atacar, mas foi interrompido.
— Camaradas vampiros, peço que não se deixem levar pelas provocações dessa garota. Ela é perigosa. Uma das táticas dela é pegar o inimigo de surpresa. Sei que estamos em lados opostos, porém peço que pela primeira vez, possamos unir forças para vencer esse mal que assola os vampiros a séculos. Depois que essa pessoa estiver morta, podemos continuar com a batalha se desejarem. — disse um membro do clã Apóstolos Da Mãe Sangrenta, em baixo tom para todos presentes no local.
Todos olharam para aquela pessoa e um dos Eternos disse:
— Sugerimos que após derrotá-la, não travemos uma batalha aqui. Será melhor para todos os clãs. Digo isso com sinceridade, pois sabem muito bem o segredo de nossos corpos.
O clã eternos era conhecido por seus vastos avanços em engenharia genética e pesquisas envolvendo clonagem humana.
— Nós concordamos. — disse um dos Filhos Da Noite.
— Nós também. — falou um dos Apóstolos.
— Eu diria que você pode recuar, mas não vamos mostrar piedade para quem já negou o direito da vida eterna para as pessoas. Você não tem esse direito. O que nossa grandiosa rainha dá, não deve ser tirado por ninguém além dela mesma. Nem mesmo outros vampiros têm o direito de fazer isso, quanto mais uma humana. Vamos te mostrar seu lugar, mortal atrevida.
— Quando tudo isso terminar, vocês serão meu combustível. Vou usar suas almas para acabar com seus amigos em suas bases. — Raina fez uma expressão impiedosa e provocativa. Mostrando confiança em um nível arrogante até demais. — Quem sabe vocês possam ser úteis para alguma coisa. Seus rejeitados pela sociedade.
— Peguem essa vagabunda!