Reencarnação do Vampiro - Capítulo 3
Conheci minha casa a apenas três dias. E que casa. É muito espaçosa e pelos móveis, meus pais são ricos.
Não que eu me importasse com isso, afinal em minha vida passada eu era um nobre rico. Mas a riqueza material não me fazia feliz.
Só encontrei a felicidade quando criei o meu clã e comecei a recrutar pessoas. pessoas essas que passaram por situações parecidas com as que passei, ou que eu simpatizasse.
Minha mãe está à procura de uma babá, enquanto isso a empregada ajuda ela a cuidar de mim.
Meu pai ainda está no hospital, minha mãe visita ele duas vezes por semana, me deixando com essa empregada maluca.
Não que eu tenha algo contra ela, e sim ela tem algo contra mim. Aparentemente ela percebeu que não sou um bebê normal e fica evitando o contato desnecessário comigo, principalmente o visual.
A mulher passou do meu lado olhando para mim com desconfiança, eu naturalmente olhei de volta, ela cortou o cortou o contato visual de imediato com uma expressão de espanto estampada em seu rosto.
— Dona Suzan.
— Sim?
— A senhora não acha que o seu filho tem algum problema?
— Porque?
— Não sei, mas tenho a sensação de que ele não é normal. Ele nem mesmo chora.
— Ele é só um bebê, está se adaptando ao ambiente. Sobre o choro, ele parou depois que venho para cá. Quando eu estava no hospital ele chorou algumas vezes, no caminho de casa também.
“Isso Graças ao instinto da minha mãe, que não sei como mas, ela sabe quando estou com fome, já as outras necessidade eu acho que não precisa ser um gênio para saber que ela sente o cheiro”.
— Eu vou visitar meu marido no hospital, você cuida dele hoje, amanhã eu vou começar entrevistar as candidatas a babá, então em breve você não vai mais precisar cuidar dele.
— Sim senhora, vá com Deus.
— Obrigada.
“Não me deixe aqui sozinho com essa mulher”.
— É, menino, agora somos só eu e você. Vê se não se acostuma, estou recebendo a mais por isso, caso o contrário, sem chance. Você me dá medo.
“Se eu pudesse falar você saberia o que é medo”.
— Pensa pelo lado bom, ele não vai ficar chorando na sua orelha — disse para si mesma.
“Se me provocar demais eu vou transformar sua vida em um inferno”.
Ela se aproximou de mim e começou a verificar minha fralda com cara de nojo e disse:
— Você já fez coco? Parece que vou ter que te trocar e dar um banho.
“Você precisa mesmo narrar tudo o que vê?”
“Eu já fui torturado de todas as formas possíveis, e mesmo assim isso aqui é ainda pior”.
No dia seguinte
Com certeza uma das coisas que eu mais gosto nessa nova era é descobrir as novas tecnologias humanas.
Várias coisas me chamaram a atenção, porém, as coisas que eu mais gostei com certeza foram a televisão e o celular ou também conhecido como smartphone.
Ele é chamado assim porque antes desse dispositivo ser criado já existia um aparelho que servia para se comunicar a distância chamado telephone. A diferença entre os dois é que o smartphone é menor e pode ser usado fora da tomada, além de ter muito mais funções, como por exemplo: escutar música.
Só não gostei das músicas de bebê que me fizeram escutar, outro tipo de tortura que me fizeram passar.
Eu acho que você aí já sabe quem teve a maldita ideia… Sim, a empregada chechelenta. Deixa só quando eu estiver maior o que eu vou fazer com ela.
(Chechelenta) palavra que aprendi com ela inclusive. Escutei ela chamar a sogra dela disso por telefone ( telefone ea minha casa ainda por cima)
Minha mãe já começou a entrevistar as mulheres que mandaram currículos para
o trabalho de babá. Diga-se de passagem, ela é muito exigente, mas as exigências são… Como que eu posso dizer isso sem parecer que ela é uma controladora? Acho melhor você tirar suas próprias conclusões.
— Essa aqui parece boa no que faz, no entanto, não parece gostar realmente do trabalho.
— Não gostei das roupas dessa, meu filho vai crescer gostando de piriguete.
— Essa aqui tem muito peito. Nessa idade a única mulher com peitões que meu filho precisa sou eu!
“Tá falando do quê? os seus peitos são maiores que os da candidata. Mas o que mais me intriga é: o que o tamanho dos peitos tem a ver com cuidar de crianças?”
E finalmente chegou a vez da última candidata.
— Boa tarde — disse a candidata estendendo a mão para minha mãe.
Minha mãe apertou a mão dela e disse: — Boa tarde. Sente-se. — A mulher sentou-se na cadeira tirando a alça da bolsa de seu ombro.
— Prazer, eu sou Suzan e você?
— Mas o meu nome já não está na ficha?
— Sim mas, eu quero que você se apresente. Quero saber o tipo de pessoa que você é.
“Vamos ver se minha mãe tem uma boa intuição”.
— Tá… meu nome é Amanda Silva.
— Você já trabalhou com crianças antes?
— Sim, já trabalhei três vezes de babá, duas delas foram com bebês.
— Você gosta do que faz?
— Eu amo crianças! — O tom de voz da mulher parecia bem feliz.
“Ela parece ser uma pessoa bem simpática. Só espero que não seja melosa”.
— Aqui diz que você tem 20 anos, muito nova para trabalhar com crianças. Você não está na idade de sair com pessoas da sua idade?
“Você é só cinco anos mais velha do que ela. Já está até falando igual uma velha? Isso é preocupante, pois eu sou o velho aqui”.
— Sim mas, a maioria das pessoas da minha idade são desagradáveis aos meus olhos. Fúteis na verdade.
“Eu concordo que algumas pessoas possam parecer fúteis, principalmente na juventude, mas o que bebês tem de interessante? Isso está ficando deveras estranho, minha senhorita”.
N/T: Esse protagonista desconfia até do próprio peido.
— Crianças normalmente só fazem o que vêem os adultos fazendo, então se elas são crianças ruins ou preconceituosas de uma maneira geral, Os pais ou pessoas próximas que dão exemplos, mesmo que indiretamente, fazendo as crianças serem desse jeito, ou só não ensinam a ter respeito pelo que é diferente.
“Acho que não no meu caso”.
— E você gosta de passar o seu tempo com crianças porque elas não têm maldade?
— Não, é porque eu gosto de passar ensinamentos para as crianças.
— Mas elas normalmente são bebês, certo?
— São mas… O meu método de ensino é um tanto único. — Quando ela disse isso, eu pude identificar expressões de medo, culpa, e determinação.
“Essa mulher é meio suspeita. O que ela pretende fazer comigo? Tomara que não seja uma feiticeira. Mas, pensando bem, pelo que ela disse deu a entender que o método de ensino não é normal e que permanece na cabeça do indivíduo mesmo muito tempo depois, analisando as expressões dela. Parece que ela faz algo que acha que é preciso mas, sabe que é errado. Tenho certeza que é magia de controle mental.
— Então você espera tornar meu filho uma pessoa melhor no futuro? Caso seja contratada.
— Exatamente. Aliás, sinto que seu filho é uma criança especial.
“ Feiticeira desgraçada”
— Como assim? Meu filho parece ter algum problema?
A empregada que estava do lado ajeitou os óculos e disse: — Viu, senhora? Eu disse que ele não parece normal.
“Empregada desgraçada, quer me dar uma rasteira antes mesmo de eu aprender a engatinhar”.
— A não não não, não é esse tipo de especial que eu quis dizer, hahahaha. Quando digo especial é no sentido de ser acima da média e não alguma deficiência.
A empregada olhou para Amanda com cara de quem não estava contente com a opinião. Amanda então olhou a empregada de cima para baixo e ao terminar, levantou a sobrancelha esquerda.
Tudo isso enquanto minha mãe estava distraída olhando para mim no carrinho ao lado dela.
“Essa mulher é interessante. Usa sua aparência agradável e um tom de voz gentil, porém controlado para não ser irritante ou falso, para que ela possa conquistar as pessoas aos poucos. É o tipo de pessoa que gosto como aliado, odeio como inimigo e particularmente… Acho irritante”.
Minha mãe olhou para a ficha dela mais um pouco, depois olhou para a Mulher logo a sua frente, fez isso mais duas vezes.
“A expressão de alívio na cara dela. Puf, ela com certeza vai escolher essa senhorita, sua habilidade de observação é péss…”
Então a expressão dela imediatamente foi de alívio para desconfiança extrema.
— Há uma coisa em você que eu não consigo saber o que é, mas me incomoda.
— Algo em mim te incomoda? Seria minhas roupas?
A mulher estava vestindo uma blusa de Napa de cor branca, a blusa tinha um capuz com pelos artificiais na ponta, parecia aquelas blusas que vemos esquimós usarem, porém era mais fina e o material claramente era artificial. Calça jeans e sapatos pretos.
— Não é nada relacionado a aparência, é algo que sinto.
“As habilidades de observação dela são ruins mas, parece que a intuição é boa”.
— Onde você mora?
— No apartamento aqui ao lado.
— Onde você nasceu?
— Nasci aqui mesmo em São Paulo.
“Mentira, ela não nasceu em São Paulo. Parece que a sua farsa não vai durar. Vamos, enrole-se e revele quem você realmente é. Você está escondendo algo desde que chegou aqui, tentando manter as expressões o mais natural possível. Apenas um passo em falso e o manto da mentira cairá”.
Minha mãe fez uma expressão diferente dessa vez. era a primeira vez que minha mãe desconfiava das palavras de alguém na minha frente, mesmo quando a médica mentiu sobre a situação do meu pai, ela acreditou sem dificuldades. Se bem que aquela médica parecia ser especialista em mentir.
— Acho que é só coisa da minha cabeça. Bom! Você está contrata.
“Como assim? Ela acabou de dizer que sou acima da média. Não vai nem mesmo perguntar como ela pode saber isso?”
10 meses depois
Eu finalmente consigo me locomover por conta própria… Mas tem um “pequeno” problema, eu engatinho. Não é bem o que eu queria, mas é o que preciso.
Eu ando por quase toda minha casa, porém acompanhado da babá.
Enquanto exploro descubro sobre o que o século 21 pode me oferecer, eu me impressiono, mas nem tanto, pois ao mesmo tempo que existem tecnologias que podem levar informações em questão de segundos de um país a outro, como a televisão e o celular, existem outras que só servem para me encher o saco.
Os sensores. Minha mãe instalou alguns desses pela casa, um está perto da escada. Toda vez que vou passar para o outro lado do corredor, alguém me pega e me bota no berço. Eu pulo, mas sou pego novamente.
Minha mãe tem medo que eu caia da escada e me machuque, ela está certa, mas há um porém: eu não sou um bebê comum. É claro que não vou tentar descer a escada, mas minha mãe não sabe disso, então meus planos são frustrados pela preocupação dela.
♦ ♦ ♦
Eu finalmente consegui passar para o outro lado do corredor.
O corredor é feito com pisos de madeira, brilhantes a ponto de conseguir ver seu reflexo nele.
O outro lado do corredor não é nada mais do que o lado inexplorado, não é que fosse de fato outro lado do começo da escada.
Meu objetivo é seguir reto até uma das portas no final do corredor. Atrás desta porta há uma sala com livros.
Eu ouvi minha mãe pedindo à empregada que colocasse um livro na estante, então quando ela foi até lá, eu observei a sala que ela entrou.
Por sorte a porta estava entreaberta. Assim que entrei vi uma estante de livros e do outro lado uma mesa com um computador.
A estante era de cor negra, dividida em pequenos quadrados com espaços em que podia-se colocar até cinco livros grossos.
Eu só conseguia alcançar os livros que estavam em baixo, que normalmente não eram interessantes, até que eu encontrei um em especial que me chamou a atenção. Livro de história.
O que é interessante é que a história humana é dividida entre antes e depois do nascimento de Cristo, mas quando eles apresentam teorias de como os humanos surgiram, eles não citam Deus. A humanidade procura uma resposta mais convincente.
A maioria dos livros estão escritos em inglês que, por sorte, é minha língua materna.
Aparentemente o inglês se tornou a língua mais falada do mundo. Pois os livros mais interessantes estavam escritos nesse idioma.
Depois de ler o livro de história e me atualizar de tudo o que aconteceu nos quatrocentos anos em que estive morto. Comecei a procurar mais livros.
“Esses livros são interessantes, mas não me servem de nada, já que sou humano Agora e vou acabar esquecendo daqui a pelo menos a um ano… Hum?”
Enquanto eu olhava para os livros acabei achando um bem interessante. Era um livro sobre vampiros, por isso a reação de surpresa.
“Drácula? Será que os humanos sabem sobre os vampiros? Eu olhei a capa do livro por todos os lados.
“Foi escrito originalmente em 1897, enquanto eu ainda estava morto”
Após ler o livro eu cheguei a conclusão que era apenas ficção, e que o Tal escritor Bram Stoker escreveu isso sem se basear em fatos reais.
“Isso claramente é fictício. As habilidades vampíricas existentes no vampirismo real não estão aqui. Sem falar que se Drácula fosse um vampiro de verdade, Harker teria sido morto no momento em que o enfrentou”.
Eu parei por alguns segundos e ponderei mais sobre aquele livro.
“Drácula é um vampiro de verdade, afinal eu o transformei. Agora como esse humano criou essa história com alguns fatos parecidos com o do vampirismo real eu não sei. Só há duas hipóteses: as ações de Drácula acabaram se espalhando como lendas pelo o mundo e serviram como inspiração para esse escritor ou… Esse tal Bram Stoker conheceu o verdadeiro Drácula”.
Depois de pensar muito sobre, eu cheguei a conclusão de que talvez a humanidade ainda não tenha conhecimento sobre o sobrenatural, principalmente pelo fato de que o único livro que fala sobre vampiros é fictício.
“Vamos voltar para a realidade e absorver mais conhecimento desse século”.
Eu peguei dois livros que planejava ler se não tivesse achado o de Bram Stoker.
Um livro de física e um de geografia.
Após ler o de geografia eu pude ter uma pequena ideia de como o mundo está atualmente.
Então os Estados Unidos é a maior potência mundial? Agora eu entendi porque do inglês ser o idioma mais falado, porém algumas diferenças entre o inglês que conheço e o que estou lendo agora são bem perceptíveis.
Eu fechei o livro de geografia e guardei na estante assim como fiz com o livro anterior, então eu abri o livro de física e comecei a ler.
Lendo o livro por apenas alguns minutos eu já fiquei fascinado com o conhecimento que se pode conseguir nesta hera com apenas um livro, sem necessitar de vários outros para uma coisa só..
A qualidade dos livros também é muito superior. A caligrafia é um pouco diferente, mas é bem melhor do que ler um livro escrito à mão por uma pessoa que tem seu próprio jeito de escrever.
“Esse Albert Einstein seria um gênio ainda maior se fosse vampiro, pois a capacidade de memorização que ganhamos ao nos transformar é incrível. Sinceramente, esses talentos são desperdiçados nas mãos dos humanos”.
Eu levantei minha mão direita e apoiei o cotovelo no braço esquerdo, então segurei o queixo com dois dedos e comecei a pensar nas possibilidades.
“Se ele tivesse sido transformado em vampiro, as descobertas que ele faria seriam incríveis. Descobertas como: o que exatamente é a energia mágica e como ela funciona. Ou até um jeito de melhorar o vamp…”
De repente escutei um barulho atrás de mim. O barulho da porta se abrindo bem lentamente me fez olhar para trás.
O que vi na porta me fez ter calafrios. Eu não sentia medo mas, sabia que aquela situação era perigosa.
A situação em que me encontrava era tudo o eu mais tentava evitar, pois ser pego fazendo coisas estranhas poderia me causar problemas.
Um olho curioso me observando atrás da porta que estava aberta em um vão que me permitia ver apenas metade do rosto da pessoa. A pessoa que me observava era.
Fim da parte 1
Nota do autor: este capítulo ficou um pouco grande, então vou dividir ele em duas partes. Espero que gostem.