Reencarnação do Vampiro - Capítulo 30
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- Capítulo 30 - A verdade por trás do vampirismo. Parte 3
Amy pegou um giz e, usando a velocidade sobrenatural, começou a desenhar um círculo enorme e complexo na lousa.
Após cinco minutos desenhando, terminou.
A mulher parou, suspirou e continuou.
— Quando um vampiro fica muito tempo sem se alimentar, acaba enfraquecendo, sua regeneração fica mais lenta etc, etc. Quando passamos do limite, nossos poderes ficam inutilizáveis e nem sequer podemos mover nosso corpo corretamente. Passado mais tempo, entramos em processo de ressecamento. Basicamente nos tornamos múmias ressecadas porém conservadas.
Deu dois passos para a esquerda enquanto explicava.
— Nesse estado, toda a energia mágica do seu corpo já foi consumida. Isso é meio óbvio, já que todo o sangue secou. E como sabem bem, devido a explicação anterior sobre energia mágica, nosso sangue é literalmente nossa toda nossa magia materializada em sangue. Uma forma eficaz que o criador do vampirismo achou de armazenar energia sem emanar uma aura ou nos transformar em uma bomba nuclear. Esse estado de ressecamento é uma forma de economia de energia mágica. Um truque do vampirismo para nos manter vivos mesmo sem alimento.
— Espera, a senhora disse… Criador?
— Sim, no entanto não é algo comprovado. É mais uma especulação por parte dos membros envolvidos no grupo de pesquisa do vampirismo. Podemos escolher se vamos acreditar ou não nessa hipótese. Quero deixar bem claro que não estou dizendo a vocês que existe um ser por trás do vampirismo. É apenas uma crença minha. Não a levem como verdade. Porém, ninguém os culpara se começarem a partilhar da minha crença depois que aprenderem o que tenho a ensiná-los.
— E o que é tão impactante assim para fazê-la acreditar que o vampirismo foi criado? Afinal os únicos que tem poder para isso são as bruxas e os feiticeiros. Mas já nos foi dito que eles utilizam uma energia mágica diferente da que corre nossa… Veias.
— Depois do que descobrimos através da tradução desse círculo mágico, não duvido que o ser que criou isso. — Amy apontou para o círculo na lousa. — Tenha conseguido criar uma nova forma mais forte e exclusiva de energia mágica.
Jonathan observará o círculo desde que sua professora desenhou o primeiro símbolo. Os padrões e combinações despertaram sua curiosidade.
Enquanto a mulher conversava com os outros alunos, o belo rapaz identificou diversos padrões de símbolos menores que vinham depois de outros símbolos maiores. Era como se os símbolos menores fossem pontuações responsáveis por regras de linguagem escrita.
Em específico, duas linhas verticais repetiam-se depois de sete símbolos em. Várias vezes em que essas linhas apareciam, esses mesmos sete símbolos estavam à frente deles à esquerda. O jovem notou também, que esses símbolos também se repetiam de cima para baixo e verticalmente.
“Esses padrões… Não é um círculo mágico comum. De onde será que ela tirou isso? Não conheço essa escrita”.
— Crianças, o que estão vendo agora desenhado na lousa, é o que nós chamamos de instruções do vampirismo. Todas as características do vampirismo estão aqui. O DNA de um vampiro é exatamente igual ao de um humano, e esse é um dos motivos que contribuem para que possamos nos manter no anonimato sem que os humanos saibam de nossa existência.
Amy ajeitou os óculos e continuou.
— Vocês devem estar se perguntando como podemos ter o mesmo DNA e sermos tão diferentes deles, certo? Bem. O responsável por isso é aquele círculo ali. Por exemplo, essa parte mais acima.
Ela pegou uma régua e apontou para a parte de cima do círculo.
— Estão vendo que há vários símbolos e uma risca separando ele? Esses símbolos são caracteres, alguns que já dominaram o sentido sobrenatural da visão, devem ter notado que muitos símbolos se repetem. Isso porque é uma escrita e não um círculo mágico comum. As runas mágicas que utilizamos, não são nada parecidas. Elas são diferentes do alfabeto rúnico utilizado pelos vikings para escrever. As runas que utilizamos para magia não significam nada, são apenas símbolos criados para moldar a magia de formas específicas para criarmos efeitos específicos. É como um alfabeto, se juntar um efeito com outro, eles se combinam e aí podemos ter um feitiço complexo.
A professora parou, respirou e continuou.
— São chamadas de runas porque os vikings criaram esses símbolos e deram esse nome. Mais especificamente o nome era runas mágicas. Eles acreditavam que esses símbolos foram criados através de uma iluminação divina dada por Odim sobre a mente dos homens. Tirando isso, ainda sim é fascinante. Porém isso… isso é… Quase divino. São palavras… É como se a magia vampírica reagisse quando entrasse em contato com um série de símbolos que tem um significado específico e, de alguma forma ela sabe exatamente qual o significado disso e assume as características do objeto ou efeito ligado aos significado das palavras escritas ali. Se estiver escrito fogo, a magia irá se transformar instantaneamente em fogo. Não é como nossa magia, que exige que façamos todo o processo natural da combustão para só aí fazermos fogo, ou que imaginemos as características do fogo para que ela se transforme nisso. Vocês entendem a complexidade disso?
Ela parou, olhou para os alunos embasbacados e retomou sua explicação.
— Por exemplo, aqui. Está escrito literalmente as seguintes palavras: [Quando um membro for separado do corpo do indivíduo e/ou destruído, iniciar regeneração corporal completa se as seguintes condições forem atendidas] Esses dois traços verticais têm a mesma função dos dois pontos. [Se as seguintes condições forem atendidas: Membro arrancado tiver a maior parte de sua estrutura destruída. Se o indivíduo estiver a uma distância maior do que dez metros do membro arrancado. Caso o indivíduo esteja a uma distância igual ou menor a dez metros, porém o membro tenha sido anexado ao local de origem dentro de dois minutos.] Esse símbolo parece um parêntese, né? É exatamente o que parece, é um patense, é literalmente o mesmo sinal utilizado nessa e em muitas outras línguas. Enfim, continuando: [Tendo passado o tempo de dois minutos (passagem de tempo de acordo com o local em que o indivíduo se encontra)] Vocês tem ideia do que acabei de ler? São instruções claras para nosso corpo se regenerar ou não. Por muito tempo foi um mistério o motivo pelo qual havia vezes em que nossa regeneração de membro ativava-se instantaneamente e havia vezes que dava tempo de colocar os membros de volta no lugar. Alguns estudiosos descobriram que era relacionado a distância. Essas instruções dizem até mesmo em qual passagem de tempo deve agir, ou seja, o ser que escreveu isso sabia que o tempo era relativo. A forma como isso foi escrito parece até uma…
Jonathan e outro aluno interromperam a professora e disseram em uníssono:
— Uma linguagem de programação.
— Exatamente. Vocês entendem do assunto?
— Sim. Domino Java, Javascript e Python. — respondeu o garoto.
— E você, Jonathan?
— Java, Javascript, Python, C + + e Css. Tem também HTML, mas essa não é uma linguagem de programação.
— Interessante. Vou ficar de olho em vocês dois.
“Todo mundo está prestando atenção em mim. E ela ainda quer que eu participe da aula. Não devia ter mostrado minhas habilidades mágicas. Fiz bem em não revelar o fato de dominar 13 linguagens de programação. Foi uma chatice, mas se quisesse ter mais segurança, tinha que aprender tudo isso. Ainda bem que tive a ajuda de um feitiço de memorização instantânea”.
— Como eu ia dizendo. Tudo parece ter sido programado.
— Com licença, professora. — disse um dos alunos.
— Diga.
— A senhora disse “parece ter sido programado.” Mas as evidências são óbvias. Com certeza tem alguém por trás disso.
— Eu acredito nessa crença, mas não me atrevo a afirmar que é um fato. Seu DNA parece ter sido planejado pedaço por pedaço e mesmo assim, a ciência busca a verdade por trás do surgimento da espécie humana. Em seu código genético há literalmente informações que dizem como seu corpo deve ser e funcionar. Por que as pessoas ainda têm dúvidas se Deus existe ou não?
— Mas isso é muita coincidência, não é possível que seja por acaso.
— Baseado em que você diz isso? Sua longa experiência com criadores de seres sobrenaturais? Ou sabe de alguma lei do universo que impede uma coincidência dessas de existir?
— N-não.
— Essas foram as perguntas que alguém muito sábio e a frente de seu tempo fez muitos séculos atrás. Quando eu não soube responder, ele disse as seguintes palavras: A suposição é mãe de todos os fracassos. Você só pode supor algo, quando tiver certeza absoluta de que sua suposição tem apoio o bastante. Por exemplo.
Amy pegou um giz.
— O que acontece se eu largar isso?
— Vai cair no chão? Quer dizer, acho que sim, não sei mais.
— Antes da sociedade sobrenatural, você teria certeza de que isso cairia. Mas baseado em que? Todos os anos de vida que viveu, certo?
— Sim, senhora.
— E o que mudou?
— Não tenho certeza do que exatamente a magia pode fazer ou qual a limitação dela.
— Conseguem entender o que isso significa? Algo tão… Primordial quanto objetos serem atraídos pelo planeta pode ser questionado. Se algo tão importante e quase imutável quanto isso pode ser questionado, então… Por que fazer suposição em coisas tão variáveis?
Os discípulos não souberam como responder.
— Não estou dizendo para vocês duvidarem o tempo todo tudo o que vêem a ponto de causar discórdia. O que quero ensinar, é que primeiro deve-se ter informações suficientes para fazer uma suposição, porém jamais devem levar isso como verdade ou contar com isso. Mesmo que a suposição seja algo realista e pé no chão, sempre tenha um plano B. Se tiver um C e D, melhor ainda. Entenderam, turma?
— Sim.
— Professora, o que tá escrito ali no meio?
No centro do circo mágico, havia um pequeno parágrafo separado por um círculo simples.
— Você percebeu, né? Por mais que pareçam simples palavras e não se diferenciam em nada das outras, essa sequência de palavras ainda chamam a atenção de quem quer que esteja olhando para isso. Talvez o motivo seja por estar separado das demais estruturas.
A professora parou e olhou no fundo dos olhos de seus alunos.
— O que está escrito aqui, não são instruções, parece mais uma mensagem. Essas são as exatas palavras: (Tudo tem seu início e fim através do Caos. O que existiu já foi parte do Caos, tudo o que existe é um fragmento dele, tudo o que existirá será gerado por ele.) Isso é tudo. Essa frase até que faz sentido, já que o caos é o início e o fim de tudo, todas as coisas que existiram e existirão fazem parte dele. Deixo vocês livres para tirar suas próprias conclusões sobre isso, mas por hora, preciso terminar de explicar o que comecei.
Amy deu uma leve pausa, colocou o giz no lugar e continuou.
— Quando nos alimentamos, nosso corpo transforma todos os nutrientes e a matéria física que constitui o sangue em energia mágica. Como todos aqui sabem, a fonte de nossa vida é a magia de nossos corpos. Porém, apenas um terço de toda a energia de nosso corpo é proveniente da conversão de sangue em magia. Quando consumimos o sangue das vítimas, o restante da energia mágica vem até nós e preenche nossos corpos através da ligação que temos com nossos criadores. Antes de tirarem conclusões, me deixem explicar.
Ela deu uma pausa para se certificar que os acólitos entendessem.
— Essa energia mágica passa por nossos criadores através da ligação que eles têm com os criadores deles, que por sua vez também tem essa energia passando por eles através da ligação com seus mestres. Uma pessoa com o mínimo de inteligência vai entender onde isso vai dar. Obviamente essa ligação passa por todos os vampiros que vieram antes de nós e deram continuidade a nossa linhagem.
A professora pigarreou.
— Todos os vampiros, sem exceção, pertencem à uma linhagem, inclusive os puto-sangue. Obviamente, eles são os criadores de suas próprias linhagens. Oficialmente, existem 11 puro-sangues criados pela rainha, ou seja 11 linhagens. Não se sabe se puros sangue podem ser criados pelo fator de evolução, acredito que muito provavelmente não. Infelizmente, não sabemos a qual linhagem pertencemos. O ponto em que quero chegar… É que muito provavelmente a energia mágica que recebemos ao beber sangue, vem da ligação que o puro sangue tem com a rainha e é passada adiante para todos os vampiros que estão ligados a ele até chegar na pessoa que se alimentou.
— Professora, essa ligação, se ela existe entre nós e nossos criadores, o que acontece se eles morrerem?
— Nada demais, o importante é que você ainda esteja com a ligação inteira. Se alguém que veio antes de você morrer, você continua ligado, porém há uma pessoa a menos na sua frente, como uma fila, sabe? Se hipoteticamente todos os vampiros que vieram antes de você morressem, exceto o puro sangue de sua linhagem, é claro, a ligação ainda continua existindo e você, vivo.
— Professora, por que com exceção do puro-sangue? O que acontece se o criador da nossa linhagem morrer?
— A muito tempo atrás, os puro-sangues provocaram muitas pessoas e como consequência, elas tentaram matá-los. Obviamente todos fracassaram, até mesmo os vampiros. Quando nossa rainha ficou sabendo, ela revelou, que se um puro-sangue for morto, toda sua linhagem morre junto.
— O-o que?! Nossas vidas estão nas mãos de pessoas que nem sequer conhecemos?
— Não se preocupe, mais tarde, descobrimos que apenas puro-sangue podem matar outros puro-sangue. Mas, se por acaso, algum maluco encontrar uma maneira, seremos obrigados a fazer de tudo para impedi-lo, ou iremos todos juntos. Isso claro, se ao menos conseguirmos descobrir o criador da nossa linhagem.
— Pera, então quer dizer que nenhum vampiro além dos sangue puro pode ter uma ligação direta com a rainha?
— É o que parece. Infelizmente, talvez nunca iremos saber, afinal não conseguimos nem sequer chegar perto do rastro dos vampiros superiores mais antigos do mundo, imagina perto dos sangue puro e se cogitar a rainha, você com certeza é louco. Na minha opinião, algumas coisas do vampirismo são assim por serem, pois essa característica que acabei de mencionar, não está nas instruções do vampirismo.
— Professora. Há alguma informação sobre a quanto tempo o vampirismo existe?