Reencarnação do Vampiro - Capítulo 4
A pessoa que estava me observando era Amanda, a babá.
…
Eu e ela ficamos olhando um para o outro por alguns segundos até que tive uma ideia.
Eu voltei meu olhar para os livros, peguei eles pela ponta da capa e o chacoalhei, joguei no chão e comecei a dar tapas nas folhas.
— A, a, a, não faça isso! Vai estragar o livro.
Ela tirou os livros de mim e começou a guardar na estante. Me pegou no colo e quando ia sair da sala ouvimos barulhos de salto, Toc Toc Toc.
Minha mãe entrou na sala com preocupação em seu rosto.
— Encontrou ele?!
No instante em que me viu, ela correu até mim, segurou minhas bochechas e beijou minha testa.
— Jonathan! não assuste sua mãe assim, meu filho.
— Ele estava mexendo nos livros.
— Ele passou para cá sem a gente ver. Se ele tivesse descido as escadas?
— Desculpa, senhora, foi culpa minha. Eu fui ao banheiro e não prestei atenção nele.
— Quando saiu, onde você deixou ele?
— No berço, mas ele escalou. Eu não sabia que ele sabia fazer isso.
— O problema não é isso e sim o fato de que se ele saiu é porque a porta estava aberta.
Minha mãe olhou para a Amanda com um olhar sério, mas não era de reprovação e sim de aviso para tomar mais cuidado na próxima vez.
A babá não disse nada e abaixou a cabeça, pois sabia que foi um descuido dela.
— Vai dar um banho nele, já está quase na hora dele dormir. Eu sei que eu falei que ia cuidar dele mas, eu preciso resolver alguns problemas com os documentos da empresa.
Eu sei que uma mãe deve cuidar do filho, principalmente nos primeiros meses, mas depois que meu pai perdeu os movimentos das pernas, o trabalho do meu pai ficou para minha mãe.
E para piorar a situação, ela trabalha como advogada.
Então ela tem que cuidar do meu pai, fazer o trabalho dela e o do meu pai.
Ela nem mesmo dorme a quantidade de horas necessárias para um bom descanso. Não sei como consegue manter o bom humor.
Acho que o mínimo que posso fazer é não arrumar problemas.
Nessa nova vida a única pessoa que eu admiro é minha mãe. Ela é uma mulher incrível. Ela é forte e psicologicamente bem preparada, além do fato de ser a pessoa que me deu a luz, só isso já é digno de respeito.
…
Amanda estava me dando banho e resmungando sobre minha mãe ter chamado a atenção dela por minha causa.
— Isso nunca aconteceu comigo antes, menino! Você foi o primeiro a me arrumar problemas.
— Você é uma criança muito estranha pois haviam tantos livros coloridos para você mexer, mas você pegou o de física.
“Não é possível que ela desconfie disso… Por mais que seja verdade, seria impossível uma humana deduzir minha atual condição sem nem mesmo ter nenhum conhecimento sobre o sobrenatural”.
Eu apenas olhei para baixo e mexi na água esperando que ela deixasse esse assunto de lado e começasse a pensar que está louca.
— Se alguém me ver interrogando um bebê vão achar que estou louca.
“Funcionou? Foi mais rápido do que pensei”.
…
Depois que a babá foi embora foi a vez de minha mãe tomar conta de mim, mas meu pai resolveu fazer isso, já que não passamos muito tempo juntos desde que nasci.
Ela me deixou no colo dele e foi ajudar a empregada a preparar o jantar.
“Porque ela tem uma empregada se ela opta por fazer os trabalhos domésticos?”
Meu pai estava assistindo algo na tv. Era algo que eu nunca havia visto na vida e me interessei assim que vi, era um espécie de desenho que se movimentava.
— Agora meu filho, o seu pai vai te ensinar um pouco sobre cultura, mais especificamente a japonesa.
“Porque as pessoas insistem em falar com bebês?”
— Isso é anime.
“Anime? Deve ser uma forma de entretenimento.”
A situação em que os personagens do anime se encontravam era uma luta entre um cara verde e o outro com um cabelo estranho que usava uma roupa laranja.
O cara verde não era humano (pelo menos não parecia um) e ele havia absorvido várias pessoas, quando absorve alguém ele fica mais forte, rápido e etc.
Então o homem de cabelo estranho estranho começou a gritar sem parar.
“Cara tá cagando?”
Então depois de muito sacrifício, o cabelo do gritarão ficou loiro.
Autor: referências.
“Essa pessoa gritou tanto só pra isso? Não faz sentido esse anime não”.
Só então quando o personagem começou a lutar que eu entendi que o que mudou não foi apenas a cor do cabelo mas também a força.
“Ele fez isso para ficar mais forte, é uma espécie de transformação. Mas ele ainda está pendendo”.
O personagem juntou as mão para trás e começou a falar:
— Ka.
Meu pai então ficou agitado.
— Agora é o momento, filhão!
Uma esfera de energia azul se formou entre as mão do personagem, enquanto aumentava de tamanho o brilho também aumentava.
Quando ele estava prestes a lançar o ataque minha mãe se aproximou fazendo uma pergunta:
— O que você está pondo para o nosso filho assistir?
Meu pai arregalou os olhos, pegou o controle ao lado dele no sofá e mudou o canal.
O que estava passando também era desenho mas, era estranho. Se tratava uns poucos que andavam iguais a humanos.
— A gente está assistindo Gabriela pig e os amigos.
Minha mãe que estava olhando para a tv voltou seus olhos para meu pai que tentou disfarçar mas, não conseguiu esconder a tensão em seu rosto.
Minha mãe manteve o olhar fixo.
Meu pai também manteve o olhar fixo.
“Parece que estão competindo para ver quem pisca primeiro”.
Minha mãe sabia que se meu pai desviasse o olhar é porque estava mentindo e meu pai sabia que ela sabia, então ele continuou.
Depois de alguns segundos minha mãe cortou o contato visual e sentou no sofá.
— Tá, então coloca no canal 35.
— Porque?
— Só faz o que estou te pedindo.
Meu pai fez uma expressão de tédio e respondeu com tom de voz também de tédio.
— Tá booom. — E mudou de canal.
O que estava passando era um programa sobre como cuidar de bebês.
Vendo esse programa eu obtive a resposta do porque as pessoas ao meu redor falavam comigo como se eu pudesse responder.
Basicamente a mulher que estava apresentando o programa estava dizendo que, conversar e interagir diretamente com o bebê ajuda
no aprendizado da fala.
“Pelo menos esse programa entediante serviu para algo”.
…
Uma semana passou e Jonathan está tentando ir para a biblioteca novamente.
O problema é que depois da última vez que ele foi à biblioteca, Suzan e a Amanda estão prestando mais atenção
nele agora.
Depois de ter levado uma bronca de Suzan, Amanda começou a fechar a porta.
E por causa disso Jonathan não conseguiu sair do quarto.
Isso é extremamente entediante. A sorte é que ele é uma pessoa paciente e sabe esperar o momento certo.
Depois de muito tempo esperando sem fazer nada, Jonathan se entregou ao tédio e tentou dormir, mas não tinha sono, então a única opção era esperar.
Depois de horas esperando por alguém a porta do quarto se abriu, a pessoa que entrara no quarto era Amanda.
Jonathan pensou que ela estava vindo buscá-lo para tomar banho como sempre fazia a essa hora, mas ela carregava algo em suas mãos.
Era um livro. Jonathan olhou para o livro e viu que era o mesmo livro que estava lendo da última vez quando foi interrompido.
Amanda deixou o livro no berço de Jonathan e disse:
— Era com esse livro que você estava brincando, não é? Vê se não estraga, se não sua mãe vai me matar.
Ela se virou e saiu.
“Porque ela me trouxe esse livro? Será que ela sabe meu segredo? Não, não, ela não pode saber. Se ela sabe quer dizer que ela é uma praticante de magia”.
Jonathan começou a ficar preocupado com as possibilidades.
“Se ela for mesmo uma praticante de magia, independente de ser feiticeira ou bruxa. O fato de estar ciente da minha condição… Quer dizer que ela rastreou a minha alma assim que ela entrou no mundo dos vivos. Só o meu clã consegue fazer isso. O que quer dizer que eles já me encontraram. Porém… Aquele que me encontrou foi Fautos ou minhas filhas? Seja quem for, só depende da sorte.”
Jonathan deixou a preocupação de lado e começou a ler o livro.
Depois disso, alguns dias se passaram e a babá continuou a ajudar Jonathan com os livros, seja trazê-los para ele ou o levando até a biblioteca.
Isso durou quatro anos. A vida de Jonathan estava perfeita, tudo o que ele sempre sonhou.
Ele estava tão feliz que acabou se esquecendo de seu objetivo e se entregou a vida humana. Até o dia em que aquele incidente aconteceu.
O que aconteceu com Jonathan o fez lembrar do motivo pelo qual ele não pode ser feliz, o fez lembrar do porque ele não pode ser humano. Esse incidente também trouxe muitos questionamentos e nenhuma resposta.