Reencarnação do Vampiro - Capítulo 8
Segundos depois, mais quatro lobisomens menores, com cerca de três metros de altura sobre duas patas chegaram.
Três deles farejaram e rosnaram e gruniram para o maior. Apenas um continuou farejando incessantemente.
Depois da criatura maior, essa era a única de cor escura na alcateia. Era pardo. O restante eram: cinza, branco e o último, cinzento.
O lobisomem negro rosnou para o pardo, que como se se estivesse respondendo, deu um rosnando curto. O lobisomem negro correu em direção a esquerda e os três o seguiram.
O que ficou para trás, foi para a direção em que Vladmyr fugiu.
Para uma criatura daquele tamanho, o lobisomem era extremamente rápido. No caminho, ele avistou algo correndo na floresta e aumentou a velocidade.
Vladmyr escutou passos aproximando-se mais e mais até que, ele ouviu o som do ar sendo cortado por grande objeto em alta velocidade.
O lobisomem acertou Vladmyr com suas garras, que para se defender transformou-se em névoa e tomou distância da criatura.
A criatura rosnou para ele, mostrando as presas.
O monstro avançou em direção ao vampiro e deu um golpe com as garras esquerdas.
Vladmyr novamente se transformou em névoa e dividiu-se em três rastros. Os rastros se encontraram e começaram a se transformar no corpo do vampiro novamente.
O lobisomem arrancou uma árvore e jogou contra ele.
Vladmyr avistou o tronco vindo em sua direção mas, não podia se mexer pois seu braço esquerdo não havia voltado a forma original.
Ele esperou até que seu braço voltasse. O tronco estava quase o atingindo até que a destransformação completou-se. Ele deu um soco no meio do tronco, quebrando-o ao meio.
Usando seus sentidos sobrenaturais ele voltou seus olhou para o lobisomem que, já estava a um passo de distância.
A criatura pulou em cima de Vladmyr, jogando-o contra o chão. O monstro rosnou para ele bem alto e com raiva.
O vampiro fechou os olhos acreditando que a criatura arrancaria sua cabeça com a boca mas, nada aconteceu. Ele abriu os olhos e a criatura estava observando seu rosto.
Vladmyr olhou nos olhos do lobisomem mas, algo havia mudado. A criatura não tinha mais ódio no olhar. Era como se não estivesse acreditando no que via.
— Eu pensei que lobisomens perdessem o raciocínio durante a transformação — disse Vladmyr com os olhos arregalados e fascinados.
Lentamente a força que o ser aplicava contra ele foi diminuindo. Ele olhou a criatura de cima a baixo.
Vladmyr percebeu que a criatura usava um colar. A corrente era feita de múltiplos símbolos do infinito entrelaçados. O pingente era uma cabeça de lobisomem com uma pedra branca brilhando em azul na boca.
— Isso é um item mágico que se adequa ao tamanho do seu corpo? É esse o segredo da sua consciência durante a transformação?
O lobisomem aproximou lentamente o focinho ao rosto de Vladmyr, que reagiu fechando os olhos e virando o rosto. A criatura deu uma lambida da boca até o olho do vampiro. Ele tinha uma expressão perplexa em seu rosto.
A criatura saiu de cima de Vladmyr e correu em direção aos outros membros de sua matilha.
O homem ficou sentado no chão. Com a mão na parte esquerda do rosto, tentando entender o que acabara de acontecer. Ele limpou o rosto porém, a saliva parecia nunca sair de seu rosto.
— Essa porcaria de baba não sai do meu ros — em um piscar de olhos o cenário de floresta se tornou um quarto infantil.
Vladmyr, agora como Jonathan estava deitado no travesseiro babado. Ele olhou em volta e limpou a baba de seu rosto.
— Droga, esse novo corpo tem esse péssimo hábito.
Jonathan olhou para todos os cantos do quarto por um tempo e suspirou. Ele colocou a mão sobre seu rosto e suspirou mais uma vez.
— Não era um sonho, era uma memória. Eu finalmente me lembrei quem era aquele homem. Ele tinha motivos pra me odiar.
O garoto fechou os olhos e deitou-se na cama.
— Eu achava que estava fazendo a coisa certa mas, só o que estava fazendo era me jogar no fundo do poço. Eu não era melhor do que meus inimigos e mesmo assim os julgava. Eu me recusava a aceitar naquela época mas, eu… — Ele abriu lentamente os olhos, revelando uma expressão séria e determinada — Sou um monstro.
♦ ♦ ♦
Suzan e Marcos estavam se preparando para dormir. A esposa estava se trocando e o marido, estava deitado na cama. Ele notou algo de errado com Suzan então decidiu perguntar:
— Porque essa preocupação toda? Tem algo que você está me contando?
Suzan retirou sua calça e pegou uma camisola branca. Enquanto vestia a camisola, ela respondeu:
— O homem que levou nosso filho, tinha algo estranho com ele.
— Alguém que sequestra crianças com certeza é estranho.
— Não é isso. Aquele homem… eu sinto que o conheço de algum lugar mas, não sei de onde.
—Talvez você tenha o visto enquanto ele observava nossa família para sequestrar nosso filho.
— Não… também não é isso. Não é como se eu tivesse apenas visto ele uma vez. É como se eu realmente o conhecesse há muito tempo, como se eu soubesse quem ele é mas, não consigo lembrar. O mais estranho é que, eu tenho certeza de que conheço, porém não me lembro.
Suzan caminhou até a cama, levantou o cobertor e deitou-se, sendo abraçada por Marcos.
— Às vezes essas coisas acontecem sem que nós tenhamos uma explicação lógica para isso. Ou talvez ele seja alguém que te odiasse antes de você vir aqui para Brasil. Os policiais disseram que ele era estrangeiro.
Suzan deitou sua cabeça no peito de Marcos.
— Conhecendo ele ou não, o que importa é que nosso filho está bem.
♦ ♦ ♦
Um homem e uma mulher estavam se beijando na varanda de um apartamento.
— Amor, tenho uma surpresa pra você — disse o homem, levantando-se e indo para a sala.
A mulher admirou a vista enquanto esperava por seu parceiro. A vista da Torre Eiffel sobre a luz da lua. Era certamente uma bela visão.
— Helena — chamou o parceiro dela.
Helena virou-se e viu seu acompanhante com um envelope na mão.
— Hoje de tarde chegou uma carta pra você.
— Quem ainda manda cartas hoje em dia? — perguntou Helena.
— Você sabe que tipo de pessoa é — disse de forma insinuativa — Você conhece alguma Elisabeth?
— Poucas que estejam vivas até hoje.
—Toma — disse Marcelos estendo a mão para entregar a carta.
— Obrigada, Marcelos.
Helena leu o nome da pessoa que escreveu a carta. Elisabeth Vangreat. Esse era o nome do escritor da carta.
“Esse sobrenome… será qu… Não, não pode ser” pensou Helena enquanto mudava sua expressão de gentil para séria.
Helena abriu o envelope e começou a ler.
“Senhora Bragança, sei que mandar carta ao invés de te encontrar pessoalmente, é desrespeitoso para com a senhora, mas esse foi o meio mais seguro que eu encontrei de te contatar. Não posso arriscar ser pega pois, nós desconfiamos que há um traidor entre nós e tenho certeza de que ele tem envolvimento na morte de meu criador e também sua cria, Vladmyr. Eu Elisabeth Vangreat, venho através desta carta lhe informar que, Meu criador reencarnou. Eu lhe peço que, como criadora do meu criador, por favor, me ajude a encontrar o meu mestre antes do traidor. O rastreador mágico da alma dele começou a dar sinal a cerca de quatro anos atrás. Porém não sabemos a localização exata. Sabemos apenas que ele está no Brasil. Caso aceite meu pedido, venha me encontrar no lugar x ao meio dia do dia 21 de agosto. Para evitar que descubram o meu plano, por favor, queime essa carta.
“Dia 21? Será daqui a uma semana. Preciso me apressar. Eu estava mesmo querendo visitar minha sobrinha no Brasil.”
Helena levantou-se e entrou no apartamento. Seus olhos ficaram vermelhos e seus caninos aumentaram de tamanho.
Ela mordeu seu braço direito e o deixou sangrar. Concentrando-se um pouco, disse: — Ignire — Ambos envelope e carta em sua mão direita foram incendiados e em menos de dois segundos, transformaram-se em cinzas.
— Não se queimou? Foi magia?
— Aham, foi — disse Helena com um leve olhar de surpresa.
Marcelos estava com os braços atrás das costas. Ele se aproximou dela, ficando frente a frente.
— O que dizia a carta pra fazer você queimá-la? — perguntou Marcelos inclinando a cabeça e olhando nos olhos da mulher.
— Assunto meu — disse enquanto desviava o olhar.
— Assunto seu? Pensei que nós fossemos um casal.
— Sim mas, nós não somos casados, então… isso ainda sim é assunto meu.
— Já que esse é o problema, então ele deve ser resolvido logo.
Marcelos ficou de joelhos, tirou uma caixinha preta de trás das costas e abriu. Dentro da caixa, havia duas alianças com diamantes vermelhos.
Helena ficou em silêncio com expressão de tristeza.
— O que foi? Muito cedo? 200 anos ainda não é suficiente? Eu não quero te forçar a nada.
— Não é isso.
— Então o que? Olha pra mim — Ele agarrou o queixo de Helena e virou o rosto dela, ficando cara a cara
— Me conta, o que está acontecendo com você?
Ela novamente cortou o contato visual.
— Você não quer se casar comigo?
— Claro que sim, eu adoraria mas, eu não posso.
— O que te impede?
Helena passou por Marcelos ficando de costas para ele. Com as mãos juntas e repousadas na região da virilha, ela disse:
— Não é você quem eu amo de verdade. A pessoa que eu amo de verdade é Vladmyr.
— O que!? Ele está morto. Você tem que superar. Pare de viver no passado.
— Ele não está mais morto.
— Já entendi. Você sabe que ele não é mais a mesma pessoa de antes, não é? Mesmo que recupere as memórias, quando ele se lembrar, o impacto das memórias vai fazer ele te odiar pelo que fez.
— Eu sei disso.
— E você vai fazer o mesmo comigo.
— Não, não é a mesma coisa. O que eu fiz com ele é imperdoável.
— Não faça isso, você não sabe o quanto eu te amo. Todo esse tempo vivendo juntos, você não sentiu nada por mim?
— Eu sou apaixonada por você mas, não te amo.
— Da no mesmo!
— Eu me apaixonei pelo Vladmyr à primeira vista. Depois de conhecê-lo, aprendi a amar quem ele era. Essa é a diferença.
— Então quer dizer que eu não sou uma pessoa boa o suficiente para ter o seu amor. O que ele tem de tão especial que eu não tenho?
— Eu não estou a fim de falar sobre isso.
Helena virou-se de costas e começou a andar em direção a porta.
— Hum, se ele era tão bom assim, porque você o deixou?
Ela interrompeu seus passos, virou-se novamente e, com uma expressão raivosa, disse:
— Pare de falar merda. Você não sabe de nada, então não ouse falar dele. Já que você quer tanto saber o abismo entre vocês, eu vou dizer. Você não chega aos pés dele… e não chegará mesmo se viver mil anos. Tudo o que ele faz brincando é mil vezes melhor do que o que você faz se esforçando. Satisfeito?
Helena pegou sua bolsa no sofá e abriu a porta.
— Me desculpa — disse Helena pouco antes de fechar a porta.
“Aguente só mais um pouco meu amor, já estou indo. Eu vou protegê-lo!”