Reencarnado em Outro Mundo - Capítulo 19
Passou algum tempo depois daquela longa conversa que tive com Helena na taverna, na verdade, se passaram alguns dias. Nesse período nos preparamos e programamos o que faríamos em relação a nossa jornada.
Não sei o que levou a acontecer esse atraso, mas finalmente a tão esperada expedição irá começar. Estou com um frio na barriga e um pouco ansioso, mas nada que um pouco de incentivo não resolva.
— Finalmente o momento chegou! Eu já estava ficando entendida com o fato de passar o meu tempo sem ter o que fazer — Helena afastou a cadeira e se sentou, em seguida colocou suas coisas em cima da mesa.
— Bem, vamos? Não acha melhor deixar uma carta de despedida e agradecimento ao Sr. Vlad Golding e sua esposa? — Perguntei.
— Tem razão, é melhor deixar uma carta para que eles não fiquem se perguntando onde que fomos parar.
Helena pegou papel e uma pena de ave que estava por ali e escreveu uma carta. Nela estava agradecimentos, despedida e informações sobre nosso próximo objetivo.
Basicamente, ela explicou que partimos.
— Pronto! Agora vamos. O ponto de encontro é na praça central, vamos lá!
Ela está muito animada… acalme-se orelhas pontudas.
Passamos pela porta e saímos para o lado de fora. As áreas de comércio, residenciais e ruas estão movimentadas e congestionadas.
No céu há diversos veículos de transporte, é algum tipo de navio pirata voador. Os participantes serão transportados por esses veículos.
Não tenho certeza, mas acredito que uma excursão desse tipo acaba se tornando uma espécie de ecossistema comercial. Comerciantes, ferreiros, magos, nobres e cidadãos comuns devem ganhar alguma coisa com tudo isso. Não é atoa toda essa movimentação de pessoas nas ruas, esses eventos são ótimos para conseguir dinheiro. Parece como um evento de Copa do Mundo.
Helena segurou no meu braço e me guiou através dos homens e mulheres em nosso caminho. Às vezes ela acabava fazendo reclamações, perguntando aos céus qual foi o motivo de ter tantas pessoas por aí congestionando as ruas. A resposta é simples, mas a elfa parece ser um tanto burra em momentos que não deveria.
Andamos e andamos, até que finalmente chegamos na Praça Central. Homens adultos, mulheres adultas e jovens adolescentes, todos esperando para partir.
Mestres de arco, espada, lanças… tem todo tipo tipo gente aqui.
— Atenção! Por favor! Atenção! — Gritou o garoto no centro da multidão de aventureiros, mercenários e pessoas sonhando com um mar de rosas.
A multidão se acalmou, então um homem alto aproximou-se e falou:
— Eu sou um dos organizadores deste, digamos… evento. Eu sei que muitos estão ansiosos. Muitos de vocês estão usando esse momento para melhorar suas habilidades e outros estão fazendo para divulgar seu nome ou adquirir algum tipo de riqueza — Ele respirou fundo. — No entanto, isso não é uma brincadeira de criança, vocês podem morrer. Então, ainda assim desejam ir!?
O silêncio instaurou no local, parece que algumas pessoas tiveram algum tipo de senso de perigo ou choque de realidade.
— Se vocês morrerem lá dentro, irão permanecer lá para sempre! Se não conseguirem achar a saída, irão permanecer lá para sempre! Não poderemos ajudá-los, isso é tudo.
— Os veículos de transporte irão levá-los, vamos! Não podemos perder o pouco de tempo que temos — Disse o jovem garoto que anteriormente havia chamado atenção de todos.
Todos os presentes começaram a se organizar em filas, e um a um foi subindo nos veículos e sentando em seus lugares ou ficando apenas em pé. A nossa vez chegou e subimos no veículo.
Ficamos um pouco afastados dos outros, isolados em um canto.
— Como se sente? Está nervoso? — Helena perguntou.
— Estou bem, só um pouco ansioso — Respondi.
Graças a boa organização e ao trabalho conjunto de todos presentes, os veículos ficaram cheios e nossa viagem teve início. O céu está rasgado por veículos de transporte cheio de viajantes.
O ótimo é que não vamos demorar muito para chegar lá, iríamos demorar muito se tivéssemos que ir andando. E andar tanto não é algo que eu gostaria de fazer.
…
…..
Alguns minutos passaram e chegamos ao destino. Como eu havia imaginado, não demoramos muito para chegar.
Os veículos foram se ajustando para não haver colisões, depois todo mundo desceu deles, um a um. Eu e Helena saímos e logo nos juntamos a um grupo de pessoas que estavam aguardando a abertura do portão.
— Já que todos estão aqui! Irei abrir o portão! — Exclamou um soldado que foi enviado a mando do rei. — Acho que todos aqui já sabem como uma ruína funciona e a partir daqui, nem os deuses poderão ajudá-los! Boa sorte!
O soldado fez alguma mágica, que fez o chão em volta dali estremecer e um grande portão, aparentemente de pedra e detalhes metálicos, surgir e flutuar.
O portão se abriu e uma escadaria de pedra se formou, criando um caminho até o portão.
— E agora a expedição começou — Falou um rapaz.
Uma multidão de pessoas marcharam para as escadarias, não perdemos tempo e acompanhamos a multidão. Passamos pelo portão e nos deparamos com um longo corredor, um corredor tão largo e imenso, que nem um castelo medieval teria capacidade de ter.
Quando todos entraram, o portão por qual passamos foi fechado e selado. Provavelmente não por causa daquele soldado, mas sim por algum mecanismo da ruína.
Agora é um “cada um por si”? Espero que não.
Tenho receio desse pessoal acabar em histeria coletiva. Eu acho que ninguém precisa de adivinhação para saber que esse lugar não é um mundo dos sonhos. Prevejo dores de cabeça e muito estresse vindo por aí.
Não demorou muito para que murmúrios surgissem na multidão, pessoas com a mesma dúvida que eu tive, será um “cada um por si”? Irão jogar uns aos outros na cova do leão ou estender suas mãos? Eu aposto na primeira opção.
— Heitor, não vamos andar muito à frente e nem ficar muito atrás. Também devemos tomar cuidado com as bordas e o centro, além de prestar atenção em possíveis armadilhas — Acenei com a cabeça.
Consigo sentir que essas pessoas não irão se manter unidas, eles irão agarrar-se em seus grupos e vão fazer o que bem entender. É o primeiro passo para o fracasso total e extermínio de aventureiros nessa expedição.
A multidão se acalmou um pouco e os murmúrios cessaram.
Os grupos estão se movimentando, andando em linha reta. Bem, não é como se tivéssemos outro caminho a seguir.
A multidão está em silêncio, em total alerta e concentração. O senso de perigo e a vontade de se manter vivo é enorme, por causa disso, essas pessoas conseguem manter o mínimo de disciplina. Mas isso não irá se manter por muito tempo… em algum momento esse lugar ficará em total desorganização.
Eu não tenho experiência com ruínas, então estou seguindo as orientações de Helena. Ela tem um senso de perigo aguçado, talvez tenha percebido o perigo e me orientou de antemão.
…
…..
Andamos por cerca de 30 minutos, não tenho certeza. Após esse longo tempo de caminhada, chegamos a algum tipo de salão.
A nossa frente tem uma grande escadaria, ela leva até o salão, que fica mais abaixo. Do outro lado do salão tem uma espécie de porta de pedra enorme.
Esse lugar inteiro é feito de um material rochoso.
— Devemos descer? — Alguém no meio da multidão perguntou.
— Não é como se tivéssemos escolha — Outro alguém respondeu.
Aaah… não parece ser uma boa ideia descer, mas não temos opção. Um clima tenso e agonizante tomou conta do lugar.
O suor escorre no rosto dos aventureiros que aqui estão, é quase como se fosse a primeira vez deles em uma expedição com risco de morte.
Todos foram adentrando no salão e se organizando no espaço disponível no lugar.. Por alguns poucos minutos nada de interessante aconteceu, mas claro que essa situação não se manteria assim por muito tempo.
Algum homem infeliz ativou algum tipo de mecanismo, pisando em um chão falso ou encostando em algum botão por aí.
Ouvimos barulhos de portas abrindo-se. A grande porta de pedra estava sendo aberta.
Uma neblina forte que foi criada com a poeira do salão espalhada pelo ar ofuscou a visão de todos presentes. Ninguém se atreveu a dar um suspiro, seus olhos apontados para a grande porta.
Quando a neblina sumiu, os olhos de todos dilataram.
— São monstros!
A guerra pela sobrevivência começou.