Reencarnado em Outro Mundo - Capítulo 4
Quem poderia fazer algo tão bárbaro? Esse mundo não é para os fracos, infelizmente muitas pessoas morrem por não ter a capacidade de se defenderem de homens podres. Deixei a elfa por um momento e fui fazer uma pequena investigação na vila, mas não encontrei alguém que fosse o responsável pelo massacre ou alguma pista que pudesse ser de grande ajuda.
Acredito que por causa dessas mutilações, com toda certeza foi feita por um grupo ou alguém bastante habilidoso em combate, mas pode ter sido feito por monstros… mas que tipo de monstro faria algo assim? É muito mais fácil simplesmente matar e devorar o morto, não vejo motivo para um monstro fazer várias mutilações nos corpos, arrancando membros e deixando essa cena.
Eu estava pensando quando ouvi gritos, é a elfa.
Saí correndo e quando cheguei ela estava caída no chão, havia alguém em cima dela, ele estava pressionando o corpo da elfa contra o chão, fazendo-a ficar imóvel sem ter chance de fugir. Eu tenho quase certeza que ela é forte, mas não consegue fugir disso.
Esse alguém é um garoto, provavelmente um adolescente de 16 ou 17 anos, ele não é tão baixo e tem cabelos longos que vão até os seus ombros, ele também está usando uma roupa de mordomo, esse garoto lembra o Sebastian Michaelis.
Não sei quem é ele, mas acredito que não é alguém fraco.
— Não aproxime-se dele! Ele não é alguém que você vai conseguir vencer! — A elfa gritou essas frases para mim.
Mas o que fazer? Eu não sei.
— Olá! — Com seu sorriso falso e digno de um assassino maluco, ele quebrou o silêncio.
— Quem é você? Você matou essas pessoas?
Ainda com seu sorriso falso no rosto, ele respondeu:
— Eu me chamo Edward Lola.
É o quê?
— Edward Lola… hahahahaha!! Lola?! Hahahaha!!
O clima sério e de tensão foi quebrado por causa dessa minha reação. Notei que o Edward ficou irritado, tão irritado que as suas veias na testa faltavam estourar.
Ele avançou até mim, levantou sua perna até o ponto mais alto e desceu a mesma com grande força e velocidade, atingindo minha cabeça e me arremessando no chão, meu rosto se chocou e acabei desmaiando.
— Precisava rir? Meu nome não é tão estranho assim, que homem complicado. Elfa, saiba que eu não fui o responsável por esse massacre, foi ele, e não posso ir contra suas ordens.
De qualquer forma, espero encontrá-los novamente no futuro, e espero não precisar lutar contra vocês quando isso acontecer.
Depois de dizer essas coisas, Edward foi até Heitor e ajeitou seu corpo desfalecido, limpou seu rosto sujo e beijou seus lábios, em seguida murmurou “Essa é uma pequena punição”. Edward afastou-se de Heitor e algo apareceu em sua volta, algum tipo de poder mágico, quando essa coisa sumiu Edward já não estava no local.
A elfa correu até o Heitor para checar se ele ainda estava vivo, e após confirmar que ele ainda estava respirando, soltou um suspiro de alívio. Ela o carregou até a casa de um morador do vilarejo e o deixou em uma cama, depois foi procurar por cobertores na vila, para cobrir os corpos, e tentar impedir que animais carniceiros destruíssem ainda mais os corpos. Depois de todo esse trabalho, ela preparou um banho usando água de uma fonte que está no centro do vilarejo, limpou seu corpo sujo e vestiu-se com um manto que foi encontrado por ela no local.
Heitor e a elfa passaram a noite naquele local, um local banhado em sangue, um lugar que nem os homens da pior espécie ficariam. A elfa estava atordoada, os acontecimentos anteriores fizeram com que suas lembranças sombrias retornassem, lembranças de seus parentes e amigos que foram mortos de forma brutal.
A noite passou lentamente, um ar gelado e um silêncio mortal tomou conta daquele lugar.
…
Quando eu acordei, estava deitado em uma cama, a última coisa que lembro é de rir daquele cara e em seguida desmaiar. Depois do que aconteceu ontem ela não parece bem, de qualquer forma, não posso perguntar nada sobre ela em relação a sua reação quando viu o corpo das pessoas mortas.
Bem, devo ir falar com ela sobre o que fazer agora.
Estava próximo a entrada do vilarejo, me aguardando.
— O que devemos fazer agora? — Perguntei-lhe enquanto olhava para o lindo azul do céu e suas nuvens que percorriam o reino.
Ela ficou um momento em silêncio, pensando em algo.
— Acredito que uma devastação chegará a esse reino, talvez até no continente, afetando vários países humanos e países de outras raças. Não quero imaginar o desespero chegando a esse mundo. Acredito que devemos ir até a [Cidade do Forte] e reportar tudo o que aconteceu aqui.
Apenas ficamos em silêncio, e assim começamos nossa viagem.
No caminho vamos passar por vegetação, animais e quem sabe alguns monstros, posso aproveitar para treinar.
…
Depois de tanto viajar, finalmente chegamos a [Cidade do Forte], próximo a entrada é visível várias e várias pessoas, aventureiros, mercenários, plebeus e comerciantes… essa cidade ser chamada de “ponto de encontro” faz sentido.
É dito que não existe cidade alguma no reino com maior concentração de pessoas. Entrei em uma fila que estava formada, alguns guardas fazem vigia no portão e outros dois fazem a passagem das pessoas para dentro da cidade.
Estava tudo bem até uma criança irritante começar a gritar com a mãe, acabando com a paciência dos que já não estavam mais com paciência alguma. Passou um longo tempo até chegar nossa vez de passar pela entrada.
— Olá! Por favor mostre-me suas pulseiras de guilda caso sejam aventureiros, cavaleiros ou mercenários. Se são pessoas comuns, preciso do seu cartão de registro da [Associação de Direitos do Povo].
A associação é uma área do governo especializada em direitos da plebe, eles ajudam ao máximo para que os direitos do povo sejam mantidos. Ouvi dizer que essa associação também foi criada para evitar coisas como os plebeus que têm dívidas e não conseguiram pagar acabam sendo escravizados pelos nobres. Também ajuda a plebe em outras coisas, tenho certeza que isso não funciona sempre com perfeição, mas deve ajudar bastante.
Mostrei minha pulseira de guilda, e a elfa também, entramos na cidade.
— Apesar dos [Nove Monastérios] impor pressão ao reino, eles são um dos poucos que aceitam raças não humanas, e a população não discrimina outras raças — Disse a elfa.
— Tem algum motivo por isso? — Perguntei-lhe.
Em seguida a elfa falou-me que o Reino já precisou muito da ajuda de raças não humanas, e até de ajuda dos países das respectivas raças, e por isso são gratos, e tentam ao máximo não deixar a influência, pressão e a ideologia supremacista dos [Nove Monastérios] chegar ao reino, no entanto, o reino acaba sofrendo muito com eles.
Até onde eu sei, a organização tem sua principal sede em um país religioso, chamado de Vaticano. A influência desse país é enorme, e ninguém ousa ir contra a sua soberania.
Tensões entre o Vaticano e países com raças não humanas é grande, inclusive países humanos acabam intervindo nisso, alguns para evitar uma guerra e outros querendo uma devastação em massa a esses países.
Não fico surpreso, humanos sempre são assim, não importa o mundo.
Procuramos a [Guilda de Aventureiros] da cidade.
O local estava cheio, com sorrisos de alegria nos rostos dos aventureiros e homens extremamente musculosos brincando de quebra-braço. O clima no lugar está ótimo, como se os problemas do mundo não existissem mais.
— Preciso reportar algo urgente para a diretora ou diretor da guilda — Falei ao atendente.
— Hum, pessoas novas… que gatinho você é — Falou com um sorriso estranho no rosto.
O atendente é um homem, homem musculoso, afeminado, muito alto, careca e cheio de músculos. Fingindo que não escutei, fiz um pedido de reunião particular com a diretora.
Meu pedido foi aceito e o atendente nos levou até o segundo andar, onde ficava a sala de reuniões. No local está uma mulher, sentada e segurando uma xícara.
— Oi, eu sou Heitor e eu vim aqui junto com a minha companheira para reportar algumas coisas estranhas que encontramos durante nossa viagem até aqui.
A mulher mandou eu prosseguir, assim relatei tudo o que aconteceu, seja sobre a aranha e até mesmo os corpos de pessoas mortas que encontramos. Após ouvir tudo atentamente, a mulher falou:
— De novo… obrigado pelo relatório garoto. Eu me chamo Joana, sou a diretora desse lugar barulhento e cheio de pessoas.
Nossa missão já estava feita, entregamos esse relatório e saímos da guilda.
— O atendente estava dando em cima de mim? Sinto arrepios só de lembrar.
— Você acha isso ruim? Nem imagina o que aquele cara vestido de mordomo fez contigo.
— O quê? O que ele fez?
Ela não quis me responder e apenas riu de mim. Bem, ainda posso descobrir o que ela quis dizer com isso, agora o que precisamos é de um bom lugar para descansar, comer e ficar sem preocupações por um tempo.
Preciso planejar o que vou fazer a partir de agora, continuar uma aventura depois daqui ou encontrar um tutor para me ajudar com com esgrima? Talvez com aventura eu consiga encontrar um tutor, assim matando dois coelhos de uma só cajadada.
Nosso novo objetivo é procurar uma estalagem para descansar e ficar por aqui, depois podemos pensar no que fazer daqui em diante. Espero que o mundo não tenha ficado do avesso e traga-me mais problemas, acho que o que encontrei na viagem até aqui já foi demais.