Reencarnado em Outro Mundo - Capítulo 6
— Corre Heitor! Caso contrário ficará para trás! — Exclamou Helena.
Merda, não deveria ter aceitado fazer isso aqui, ela me chamou para treinar, mas treinar dessa maneira, feito um animal correndo para manter sua vida não é nada agradável. Lá está ela, correndo tanto pelos arbustos e árvores que parece um Curupira.
— Por qual motivo eu tenho que ficar correndo atrás de você?!
— Você é um espadachim e ainda me faz uma pergunta como essa?! Você precisa se manter em forma, e melhorar sua pequena estamina, não adianta ser magro e não aguentar 5 minutos de corrida!
— Não existe uma maneira mais eficiente de melhorar minhas capacidades não?!
Hoje mais cedo, quando entreguei os doces a Helena e conversamos sobre a ruínas, ela propôs um treinamento, mas precisa ser um treinamento como esse? Não é que eu seja preguiçoso, só não acho que seja eficiente.
Mas confesso que ela é boa nisso, consegue correr pela região de floresta sem problemas, subindo em árvores e girando no ar como se fosse um bumerangue.
Por outro lado, preciso correr olhando para ela, e ainda preciso me preocupar em não acabar batendo minha cabeça em uma árvore.
— Ei! Vamos dificultar um pouco essa brincadeira! — Gritei em tom de zombaria ou até mesmo ironia, querendo mostrar que esse treino não era nada para mim, mas foi meu erro.
Em seguida, Helena colocou um sorriso malicioso em seu rosto, ela levantou o seu braço e um tipo de energia mágica, não sei como posso chamar isso, apareceu em volta de sua mão, em seguida um arco apareceu na mão dela.
Ela fez o movimento de colocar uma flecha no arco, e uma flecha apareceu sem ela realmente ter colocado uma de verdade, esse arco é um objeto mágico. O que essa garota é? Até onde eu sei, itens mágicos são bem caros de se fazer, e os únicos que conseguem fazê-los são os anões, e eles são do tipo difícil de lidar, então…
— Não fique voando nas nuvens! Tente desviar das flechas enquanto tenta me pegar!
E assim, ela começou a atirar flechas contra mim, não são flechas simples, são flechas incendiárias, suas pontas estão banhadas em fogo. Se eu for acertado por uma delas, tenho certeza que meu corpo vai ser queimado, incinerado, essa elfa filha da puta louca.
Ela atira suas flechas contra mim, e eu consigo desviar, em contrapartida acabo perdendo um pouco do equilíbrio.
— Não acha que é melhor terminamos isso agora?! Não aguento correr mais! — Exclamei.
— Não! Eu disse que o jogo só acaba quando você me capturar!
— Maldita elfa! Desgraçada! Que os deuses façam com que você fique sem conseguir um marido pelo resto de sua vida!
Eu estou muito, muito irritado, hoje eu vou matar alguém.
Fiquei igual ao velocista Usain Bolt na linha de largada, e fiz um avanço com o possível de velocidade que minhas pernas conseguiam manter. Peguei minha espada e fiz um arremesso contra a elfa, minha espada virou uma lança.
Quando ela notou a presença da minha espada, olhou para trás e um sorriso malicioso apareceu no seu rosto fofo. Ela se jogou no ar e ficou por cima da espada, eu estava olhando tudo isso como se eu estivesse em câmera lenta.
Quando ela se jogou no ar e a espada passou por baixo dela, com um simples movimento ela pegou a mesma, e arremessou de volta contra mim. Caralho, que maluquice é essa?! Essa garota é quem?! Jet Lee?!
Ainda bem que eu nunca irritei essa garota, caso contrário eu estaria a sete palmos do chão. Ela parou de correr e olhou para mim.
— Vamos parar por aqui, você nunca vai conseguir me pegar, pelo menos não nesse estado fraco que você se encontra.
Nunca vou te pegar sua elfa maldita? Me aguarde, me aguarde. Sentei-me no chão e Helena andou até mim, e sentou-se ao meu lado.
— Nada mal Heitor, com mais treinamento você consegue me acompanhar. Você pode considerar uma merda correr no meio dessas matas e árvores, mas como eu disse, não adianta ser magro e não aguentar correr por 5 minutos. Se você estiver em uma batalha, sua vida vai depender de força, então se esforce, e caso seja necessário, lute pela sua vida.
Ela é meio maluca, mas tem ótimos conselhos, só por causa disso eu não vou arrancar uma de suas orelhas fofinhas e pontudas. Acho que eu quero conhecê-la melhor, principalmente saber do que ela é capaz, acho que eu nunca vou conseguir girar no ar, pegar a espada e arremessar de volta para o agressor… ela com certeza é filha de algum chinês.
— Quando vamos partir para uma das ruínas? Acredito que vamos encontrar coisas desagradáveis quando estivermos lá. Bem, no pior dos casos eu te abandono e vou embora com o rabo entre as pernas — Falei em tom sarcástico.
— É o quê?! Se você fizer isso, eu juro que vou tirar forças do inferno só para te matar, seu humano imundo!
— Hahahaha! A elfinha ficou irritada? Hahahaha!!
— Heitor… eu vou arrancar essa coisa que te faz achar ser homem…
— …desculpe
É melhor voltar para [Cidade do Forte] e procurar alguma outra coisa para fazer, procurar um pequeno trabalho para conseguir dinheiro ou ir comer, fazer qualquer coisa.
— Vamos voltar para a cidade? Podemos procurar alguma coisa pra fazer.
— Vamos, mas primeiro preciso tomar um banho, e você também. Logo à frente deve ter um riacho, podemos tomar banho lá. Mas eu vou primeiro, depois você vai e nem pense em espiar.
Acenei com a cabeça e assim ela foi até o riacho.
Pergunto-me como meus pais estão, será que sentem saudades de mim? Será que já estão à minha procura? Será que eles realmente me amam ao ponto de rodar todo o continente à procura de mim? São perguntas que serão respondidas no futuro, pretendo retornar um dia, mas quando isso vai acontecer eu não sei.
Acho que só sinto falta das coisas quando estou sem elas. Às vezes sinto falta do meu outro mundo, de estar deitado no meu quarto assistindo anime, sinto falta das músicas clássicas e do rock no fone de ouvido. São pequenas coisas que eu tinha no meu dia dia, que eu simplesmente não dava tanta importância, mas depois que acabei morrendo e chegando nesse mundo, passei a sentir falta.
…
Cadê você Helena? Não acha que está demorando demais nesse banho? Vou olhar o que ela está fazendo, está demorando demais. Saí andando até o riacho, ele é bem próximo daqui, não vou precisar andar muito.
Fui chegando próximo do lugar, quanto mais eu chegava, mais era nítido uma cantoria. Helena virou cantora agora? Fiquei abaixado para não ser visto, e quando cheguei perto o bastante para conseguir vê-la, vi que ela já está vestida, mas está cantando como se fosse uma sereia no mar.
O que vai acontecer se eu pegá-la e jogá-la no rio? Hahaha! Hoje vou rir como nunca, perdoe-me Helena, mas na minha antiga vida eu era um brasileiro, e fazer essas coisas são nossa especialidade. Então sem mais, nem menos, fiz um avanço.
Está tudo em câmera lenta, vejo sua cintura, vou pegá-la pela cintura e jogá-la no rio.
Mas tinha algo que eu não lembrava até então, Helena conseguiu desviar da espada que eu arremessei contra ela, com certeza eu conseguiria pregar uma peça. Quando eu estava perto de pegar sua cintura, Helena desviou do meu ataque pulando no ar. Quando ela pulou no ar e passei por ela, a mesma tocou o chão, correu e me deu um chute que me jogou dentro do rio.
— Heitor você é patético, achou mesmo que eu não conseguiria sentir a sua presença desagradável? Você é apenas um filhote em comparação a mim. Hahahaha!! Olha para você! Todo molhado e com essa expressão de cachorrinho chorão.
Essa é a primeira vez que sinto vontade de meter uns tapas em uma garota.
— Já que caiu no rio, aproveite para banhar-se, depois que terminar vamos voltar para a cidade.
Vou precisar pensar em estratégias, senão não vou conseguir pregar uma peça nessa orelhuda. Depois que terminei de tomar banho, coloquei minhas roupas e partimos de volta para a cidade.
Como da primeira vez que cheguei aqui, na entrada da cidade, encontram-se várias pessoas. Entramos na cidade, em um local com alguns cartazes presos, várias pessoas curiosas estão olhando o conteúdo presente nos cartazes.
— Vamos olhar o que tem nesses cartazes? — Perguntou Helena.
— Vamos.
Chegamos perto dos cartazes, e tinha dois anúncios que chamaram minha atenção. Um deles está anunciando que será aberta expedição para a ruína antiga que Helena havia me falado antes. O outro anúncio é sobre mim, que diz “procura-se desaparecido”, contém informações minhas, como meu nome e o prêmio para quem der pistas de onde eu estou.
Então minha família desse mundo já está à minha procura?
— Você está sendo procurado? É por isso que anda com esse capuz na cabeça? O que você fez, Heitor?
— Você pode parar de ser tão curiosa?
— Está bem.
Até hoje não consigo entender o motivo pelo qual as mulheres são tão curiosas. Expliquei quem eu era, e o motivo que me levou a fazer essa viagem pelo mundo, ou seja lá o que for. Resultado? Ela caiu de rir e chamou atenção de todo mundo, apenas deixei essa maluca lá no chão e fui embora.
Quando viu que eu estava indo embora, parou de rir e foi correndo até mim. Todo dia que passa, penso seriamente se devo jogá-la em um ninho de monstros ou entregá-la para os seguranças do reino e dizer que ela é uma criminosa.
— Ei! Não precisa ficar irritado… mas confesso que é bem hilário esse motivo que você tem para sair pelo mundo, e se arriscar assim.
— Sério? Nossa, obrigado por me dizer algo tão óbvio, menina elfa. Você não sabe o quanto estou feliz em saber que sou um patético. Deixe esse assuntos de lado, tenho algumas moedas, vou comprar algumas vestimentas baratas para nós.
— Também tenho alguns trocados, vou com você. Mas aviso que vamos precisar comprar comida, não sabemos quanto tempo ficaremos na ruína, é bom ir prevenidos.
— Tudo bem, então vá fazer missões para a guilda depois, orelhuda.
— Q-quem está chamando de orelhuda?!
Hahaha! Eu ainda consigo rir mesmo com essa coisa andando comigo, os opostos gostam um do outro, não é mesmo? Acho que nessa viagem vou rir muito. Se tudo isso fosse uma novel, acredito que algum leitor estaria desejando que eu me case com Helena, mas isso não vai acontecer, sinto calafrios só de imaginar.
— Helena pegue minhas moedas e vá comprar as vestimentas, vou passar na guilda e ver quais missões podemos fazer. Assim podemos fazer duas coisas em pouco tempo, tudo bem?
Ela concordou.
Diferente das histórias que eu costumava ler, nesse mundo não existe uma restrição de missão por ranking, se você tem mais de 14 anos e acha que consegue fazer uma missão muito perigosa, eles apenas irão dar um aviso e pedir para que você assine papéis mostrando que a guilda não se responsabiliza pela sua morte. Mas se você for um adulto, pode pegar qualquer missão mesmo que você vá morrer, pois você é um adulto, eu posso pegar missões difíceis tranquilamente.
No reino pessoas com 15 anos já são consideradas adultas, nessa idade é permitido casamento, trabalhar e outras coisas de adultos. Por questão de ética, o reino ainda proíbe que pessoas nessa idade consuma bebidas alcoólicas, ou que façam prostituição, mas tenho certeza que nem sempre essa lei funciona.
É melhor eu ir na guilda, senão vou demorar demais.