Sirius - Capítulo 13
Capítulo 13: Treino Físico
Com cada luta, o cérebro de Li captava e melhorava cada vez mais o seu tempo, se antes o seu cérebro era apenas um armazém de informação, agora ele conseguia reproduzir com perfeição, limitado apenas pelo seu próprio corpo.
No quinto boneco, os padrões de batalha passaram por uma evolução, eles pararam de tomar contragolpes simples, melhorando a própria defesa. Li, que antes demorava de 3 a 5 minutos para derrotar um Dummy, demorou 10. Mas mesmo assim, uma pequena melhora não era o suficiente para derrubar alguém que experienciou a luta desde os oito anos.
Quando o décimo humanoide apareceu, Li sentiu uma certa sensação de perigo. Não era mais um boneco de madeira, e sim uma “sombra” de um corpo humano, sem nenhum aspecto visível, apenas a pele e articulações bem definidas.
“Parece que vai começar a ficar sério.”
Sem esperar que Jihan se preparasse, o boneco partiu para cima dele, tomando iniciativa pela primeira vez desde o início do treino. Se preparando para receber um soco, ele se defendeu.
“Uma finta?!”
O Dummy mudou sua estratégia e, fingindo um direto, usou a canela para golpear a costela de Li com toda força. Apesar de seu corpo estar mais resistente, ele não havia se curado totalmente dos ferimentos da última batalha. Sentindo o impacto do golpe, saltou para trás, tentando tomar distância do oponente.
“Ele não havia usado a parte de baixo do corpo até agora!” O garoto mais uma vez entrou na defensiva, tentando se proteger enquanto adquiria informações. “Ele não parece ser tão proficiente com as pernas quanto é com os braços. Acho que posso usar isso.”
Para testar a possibilidade, Li utilizou a si próprio como isca. Quando o humanoide avançou para acertá-lo com os pés, Jihan parou de recuar e se jogou na direção do boneco. Com a mudança, a distância entre os dois se tornou próxima demais para um chute. O garoto então abaixou-se, agarrou a perna do Dummy e posicionou-a por cima de seu ombro, deixando-o imobilizado entre as pernas e o derrubando no chão, vencendo assim a luta.
Com o desaparecimento do décimo, o 11º surgiu.
“Mas que droga é essa?” Um calafrio subiu pela espinha dele. “Esses negócios estão ficando cada vez mais tenebrosos.” Uma boca real apareceu no rosto do boneco.
Partindo para cima do garoto, assim como fez o oponente anterior, os padrões se repetiram, dessa vez, porém, Li rapidamente tomou iniciativa, percebendo que os dois eram muito similares. Novamente, quando o boneco se preparou para chutar, ele avançou. O humanoide sorriu. No instante em que sua perna atingiu o topo do ar, ela desceu com toda a força e, como uma guilhotina, acertou o trapézio de Jihan, atirando-o no chão. Logo após isso, Li foi expulso do lugar, voltando à praça de alimentação, tudo tão rápido que ele ainda não conseguia entender direito.
“O que foi isso?”. Pensou, lembrando-se dos últimos movimentos do 11º Dummy, que eram quase sempre mecânicos. “Mas aquele último golpe… aquele sorriso arreganhado… foi quase como se ele estivesse zombando da minha burrice.” Se preparando para voltar para o estágio, tentou puxar a mesma bola. Para sua surpresa, ela não saiu da parede. Uma pequena mensagem apareceu em cima do objeto, fazendo-o franzir o cenho em descrença. “Você já pegou essa missão hoje? Quer dizer que não posso entrar nesse lugar duas vezes no mesmo dia? O que eu faço durante o resto do dia?” Olhando para o grande relógio no topo do mural, percebeu que ainda estava na metade da tarde. Refletindo, viu o orbe da biblioteca ao lado do de treino de combate.
— Acho que vou para a academia. — Falando consigo mesmo, foi em direção ao estabelecimento.
O centro de treinamento corporal era perto da praça. Chegando lá, notou centenas de equipamentos, todos de última geração. “Comparado à velha academia que eu costumava frequentar quando lutava para Tai Lang, isso aqui é um paraíso.” Entrando pela porta, foi parado por um homem no balcão na entrada.
— Ei, garoto, primeira vez aqui? — O balconista o perguntou.
— Conhece bem os seus clientes. — Li respondeu, notando o tamanho de seus músculos e concluindo que ele deveria ser o gerente do lugar. — Sim, é minha primeira vez.
— É fácil reconhecer os novatos, você não tem isso aqui! — Estendendo os dois braços, o maromba fez um double bíceps. — Você realmente está precisando de um personal para ajudá-lo. Sou um dos melhores daqui, e eu cobro baratinho.
— Achei que era o dono deste lugar.
— A dona não está aqui agora. Aliás, ela deve chegar em alguns minutos. — O homem se recolheu e respondeu. — Bem, são 100 pontos três dias na semana, o que acha da promoção?
— Chama isso de promoção? — Li sempre treinou junto a um professor, desde criança. Começar por si mesmo agora em um lugar desconhecido seria desvantajoso. Além disso, ele não tinha muito tempo, então aceitou, transferindo os pontos. — Começamos agora mesmo?
— Que tipo de treino e que arma você usa? — Disse o homem sorrindo. — Aliás, meu nome é Polnareff.
— Eu geralmente faço exercícios para resistência física e crescimento muscular. — Li não entendeu direito a pergunta. — Mas não uso nenhuma arma, só meus punhos.
Polnareff olhou para ele como se visse um animal exótico; mas sem se importar muito, prosseguiu com os exercícios. Após cerca de meia hora de treino, uma mulher entrou na academia. Seu longo cabelo castanho estava amarrado numa trança, seu rosto era marcado por uma grande cicatriz na bochecha, suas coxas eram grandes e seus ombros, largos. Ela tinha uma beleza diferente das outras mulheres.
— Diretora, é um prazer te ver aqui! Como foi a reunião?
— Ah, Polnareff, foi uma bosta. O pedido de aumento de orçamento para a academia foi negado… novamente. — A mulher então moveu a cabeça, olhando o garoto além do personal. — O que você está fazendo?
— Estou treinando o garoto novo, ele é um franguinho, mas vou transformá-lo num gigante que nem eu!
A Diretora observou Li por um minuto e depois de um momento falou:
— Ei, moleque! Por que está fazendo esse exercício? Não combina com a estrutura do seu corpo.
— Ele passou para mim, tá errado?
— Você usa que tipo de arma?
— Já disse a ele, não uso nenhum tipo de armamento, luto só com minhas mãos.
A mulher colocou a mão no queixo, apoiando um braço no outro enquanto pensava. “Eu duvido que o Polnareff cometeria um erro tão idiota.”
— Por que você está passando um exercício que não tem nada a ver com o que ele quer?
— Diretora, você sabe! Todos acabam usando algum tipo de instrumento, só estou adiantando os passos, eu –
— Você é um imbecil, me passe o pagamento dele, eu mesmo faço isso!
— Ame- URGH*
O pedido do homem foi cortado por um soco em seu rosto, que o atirou no chão. Li engoliu a seco.
— Isso é por querer “adiantar as coisas”. Espero que entenda o recado.
O homem rapidamente se colocou de pé, adulando seu rosto. Curvando-se, pediu sinceras desculpas e saiu.
— Agora… — Os olhos da mulher se viraram em direção ao menino. — Vamos ver do que você é capaz.
Li sentiu um pouco de medo, mas levantou-se e seguiu a mulher. Passando por uma porta, teve uma surpresa ao ver um ringue de luta num quarto ao lado da academia.
— Primeiramente, quero ter uma ideia do que falta em você, então vamos um mano a mano.
“Ela quer um lutar contra mim?” Jihan estranhou. Por um momento, achou que seria uma luta fácil, mas, lembrando de como ela derrubou o brutamontes, logo mudou de ideia. “Talvez seja até seja tranquilo para ela…”
A diretora então jogou duas luvas de boxe no peito dele.
— Você deve estar acostumado a usar essas, então vamos do seu jeito. A propósito, meu nome é Amelie. Espero que tenhamos uma boa luta.
Após todo o treino que ele teve contra os bonecos, sentiu estar bem melhor do que quando chegou, logo, subiu no ringue confiante. E, sem perder tempo, partiu para cima dela.
— Apressado, não é mesmo?
Sem demostrar intenção de contra-ataque, Amelie apenas começou a se esquivar. Após cerca de 5 minutos, Li começou a sentir um pouco de exaustão. “O que é isso? Por que não consigo acertar um golpe?” Mais um soco cortava o ar, quase acertando o alvo. “Achei que fosse só impressão minha, mas todos erram por um triz. Parece que é de proposito!” Jihan tomou distância para recuperar um pouco o folego.
— Certo! Já tenho tudo que preciso. Hora de acabar com isso. — Quando terminou de falar, Amelie instantaneamente partiu para cima do garoto.
“RÁPIDA!” A única reação que ele teve foi tentar prever o movimento dela. Em vão, instintivamente, ele socou o ar em sua frente e, novamente, passou por um triz.
— Você é muito lento, garoto! — Com um direto no estômago, acertando o plexo solar, Amelie o derrubou, deixando o menino de joelhos. Seus olhos ficaram turvos por um instante e ele quase perdeu a consciência.
“Essa mulher é um monstro, quanta força bruta ela tem!”
— Até que é bem resistente. Certo, decidi! — Batendo as duas luvas, ela sorriu. — Vou te treinar eu mesma! Esteja aqui pela manhã nesse mesmo horário. — Descendo do ringue, ela saiu pela porta.
“Ela vai me matar…”