Sirius - Capítulo 17
Capítulo 17: Primeiro Movimento
— Certo, se vamos fazer isso, temos que estabelecer algumas regras — disse Amelie.
Após aceitar ser a professora de Jihan, a diretora quis acertar alguns detalhes sobre as condições do treino.
— Primeiramente, iremos colocar uma meta. — Amelie estendeu as mãos e levantou dois dedos — Você vai aprender o primeiro movimento do Guerreiro Negro em duas semanas.
— Tão pouco tempo? — perguntou Li.
— Caso você não saiba, o desbloqueio dos seus 12 pontos de Mana será feito em um mês. Isso quer dizer que as coisas realmente vão começar a se mover por aqui a partir desse ponto. — Amelie suspirou e pausou por um segundo. — Honestamente, garoto, você pode não ter percebido, mas a ausência de pessoas pelos corredores é puramente uma questão estratégica. Tem muitos monstros bem mais fortes que você escondido pelos quartos, e assim que terminar o primeiro mês, eles vão começar a aparecer. Sabe o que isso significa?
— Que sou o mais fraco?
— Exatamente! Você pode ser considerado um diamante, mas nesse momento seu brilho está debaixo de toneladas de carvão.
— Então qual é o plano? Escavar até alcançar?
— Negativo. Isso demoraria tempo demais! — Amelie maliciosamente deu um sorriso — Vamos perfurar um pequeno buraco, suficientemente grande para um feixe de luz alcançar a gema — Abrindo o livro em uma das páginas e apontando para uma imagem, ela disse: — Vamos fazer desse golpe a sua arma suprema.
O desenho representava um homem sem face quebrando uma carapaça de tartaruga. “Quebra-cascos?” Lendo o título no topo da página, Li pensou consigo mesmo.
— As posturas de Shijin são artes marciais que você levaria uma vida para masterizar — Amelie deu de ombros. — Infelizmente não temos esse tempo agora, mas se trabalharmos bem ao menos uma técnica, isso te dará chances reais de competir no que está por vir.
— Mas como exatamente vamos treinar essa habilidade? Não tenho acesso à mana.
— É aí que você se engana, Li. Todos têm mana no corpo a partir do momento que estão em Erebus, e alguns até conseguem utilizá-la efetivamente — Amelie apontou para o meridiano no plexo solar. — A questão é que as vias por onde essa mana passa estão bloqueadas, logo, você não consegue absorvê-la do ambiente e nem a transportar pelo seu corpo.
— Você está dizendo que consigo usar o que eu já tenho em meu corpo para replicar o Quebra-Cascos?
— Bem, eu não usaria a palavra replicar, talvez falsificar o movimento.
— Então eu consigo?
— Calma aí, garoto. Não é tão simples quanto acha, se você errar e usar mais do que pode, acabará causando um problema gigantesco para si mesmo.
— Como assim?
— Te explicando de uma maneira grosseira — disse Amelie. — Pense na mana que habita em seu corpo como uma força vital. Ela é usada pelos seus meridianos para mantê-los “acesos”, por assim dizer. Se você usa tudo, sem poder transferir do resto do corpo e utilizar a do ambiente, você pode acabar perdendo um dos seus membros para sempre.
Amelie jogou um balde de água fria na empolgação do garoto. “Mas… eu sabia que não seria tão fácil.”
— Me ensine como, quero tentar.
Suspirando de alívio, Amelie disse: — Parece que fiz a escolha certa. Sendo assim, vou te explicar exatamente o que faremos. Existe uma maneira de transmitir mana de uma pessoa para outra, o que não aumenta a sua capacidade e é bem mais lento do que o cultivo em si, mas vai ser o suficiente para manter sua segurança durante todo o treinamento — levantando três dedos, ela continuou. — Teremos três objetivos nesse meio tempo. O primeiro é aprender o golpe, o segundo é melhorar sua resistência. Seu corpo pode aguentar uma ou duas vezes, mas se cair na terceira, você já virará um peso morto para sua equipe. E a última é melhorar seu controle de mana, de forma gradual e lenta.
Estendendo a mão, Li declarou: — Conto com a senhorita para me guiar nessas próximas semanas.
E, apertando a mão dele, ela respondeu: — Vai ser um prazer trabalhar com você.
No mesmo momento, em outro lugar, uma mulher com orelhas pontiagudas abaixava-se para tomar um ar, seu cabelo curto, molhado de suor, pingava e suas mãos com bolhas estouradas sangravam. Ao seu redor, marcas de batalha decoravam todo um salão.
— De novo! — Akemi disparou outra flecha na direção do homem contra quem estava lutando.
A pessoa desviou da flechada e saltou em direção à mulher. Instantaneamente, ela tomou impulso e deu um mortal para trás, atirando outras duas flechas no oponente, que se adiantou saltando para cima e, já no meio do ar, juntou as duas mãos para formar uma bola de água cristalina, que foi lançada na cabeça da arqueira, jogando-a no chão. O arco voou de suas mãos.
— Injusto! Você me disse que não usaria mana! — ensopada, a mulher argumentou.
— Qual foi, é só uma magia básica, mal tem algum poder real — sorrindo, ele respondeu.
— Eu ainda não entendo, por que você resolveu me ajudar? — a Meio-Elfa perguntou.
— Já te disse, estava entediado. Só estou aqui como turista, então que mal há em procurar algum passatempo enquanto isso?
Um jovem, loiro, de olhos claros e com a pele sem um mísero defeito, a respondeu.
— Além disso — continuou — você está fora de forma — disse, atirando um bastão preto nas mãos dela.
— Michael, não é? Obrigada, de qualquer forma. — Abrindo o arco novamente, ela atirou uma flecha.
Desviando sua cabeça alguns centímetros, o projetil passou ao lado.
— Quem está sendo injusta agora? — debochou.
Akemi sorriu e eles retomaram a batalha.
Simultaneamente, entre treinamentos e, para aqueles que tinham capacidade, missões, sons de disputas eram ouvidos pelos corredores. O momento em que o verdadeiro teste iria começar se aproximava. E, observando todos de cima, seres discutiam sobre quem ficaria em primeiro lugar no final de tudo.
— Aquele garoto albino com certeza!
— Acha mesmo que ele consegue derrotar o grande Simba? Sua pérola não brilha perto da verdadeira força.
Enquanto isso, um grande homem com cabelos ruivos amarrados observava um jovem treinando apenas um golpe com uma mulher.
— Me surpreenda, garoto — o homem sussurrou.