Sirius - Capítulo 28
Capítulo 28: Cabeça a Prêmio
Clang*
Clang*
Clang*
Sons de metais colidindo ecoavam pela floresta.
— Não cheguei a me apresentar, certo? Meu nome é Jo.. SEPH — com um balançar de seu sabre, o homem mais uma vez tentou acertar o pescoço de Jihan.
Clang*
— Acho que não tive o prazer! — Após se defender do golpe, Li tentou acertá-lo na boca do estômago com a palma de sua mão, porém a luva foi defletida com a lâmina do sabre.
— Sabe garoto, sua cabeça atualmente está com um valor bem alto! — gritou Joseph.
— Nem imagino o porquê! — respondeu Li.
Clang*
Joseph recuou e outros 3 homens tomaram o seu lugar na luta contra Jihan. A concentração de Li dobrou para segurar os novos inimigos.
— Preparem-se — disse o líder dos bandidos para os outros três que estavam no aguardo. — Em alguns minutos vocês trocarão com eles.
Os olhos de Jihan rapidamente reagiam aos movimentos dos inimigos ao seu redor, tentando captar cada espasmo muscular para prever o próximo movimento do oponente.
“Esses caras… com exceção do líder deles, eu não me recordo do rosto de nenhum deles, será que eu nunca cheguei a vê-los?”
Li se lembrou de algo que Amélie tinha o dito “Existem muitos inimigos que estão escondendo suas forças nesse lugar, tome cuidado Jihan”
“Então eles finalmente resolveram aparecer? Bem, tudo que tenho que fazer é lidar com um problema de cada vez”
URGH!
— Hahaha! Ei, chefe, essa aqui é durona na queda!
Li desviou um décimo de sua atenção para analisar a situação. Em suas costas, os dois homens restantes atacavam Selene e Irmin.
— Tem mesmo tempo para se preocupar com outros!? — um dos homens deslizou sua espada pelo ar, Li rapidamente recuperou o foco e o golpe apenas o atingiu de raspão.
“Droga, tenho que terminar isso logo, mas esses desgraçados…”
— Chefe, por que não os atacamos todos de uma vez? — perguntou um dos bandidos que estavam esperando.
— Precaução… foi uma dica lá de cima. O garoto pode parecer um novato, mas ele chegou a ferir fatalmente um troll antes mesmo de despertar.
— Um… troll?
— Exatamente. Dizem que o rebote do golpe quase o matou… dito isso eu não estou disposto a trocar a minha vida pela dele, se formos pegos todos de uma vez, será o nosso fim.
— Bater no capim para assustar a cobra então?
— Sim, a ideia era fazer ele se cansar até que ele se desespere e jogue todas as cartas…, mas… — os olhos de Joseph se voltaram para as duas mulheres que com dificuldade lutavam com os outros dois homens. — Tenho uma ideia melhor. Vocês três, ajudem os outros dois idiotas a finalizar o serviço.
— Chefe?
— Vamos ver como ele vai reagir a isso — finalizou Joseph.
“Droga! Eles devem ter percebido pela minha reação.”
— Irmin, corra!
Li, percebendo que a situação em que estava só ficaria mais desfavorável, decidiu rapidamente.
— E vocês… se AFASTEM! — Dando um salto no ar e levantando os punhos, Jihan desceu verticalmente socando com toda força o chão. O impacto do golpe repulsou os bandidos que o cercavam, dando um curto tempo para ele correr.
Irmin que percebeu a sua intenção, empurrou com toda força os dois homens que a atormentavam, e começou e se virou em disparada.
— Ir… Irmin?? — Antes que pudesse falar mais alguma coisa, Selene foi agarrada pela cintura e posta nas costas por Jihan. — Ei! Que ousadia!
— Não temos tempo para isso.
O trio começou a correr em disparada.
— Peguem eles! — gritou Joseph.
— Selene, sabe de alguma magia que pode nos ganhar algum tempo? — perguntou Li.
A conjuradora pensou por alguns segundos e decidiu.
— É melhor você não me deixar cair! — avisou.
— Confie em mim.
TSK* “Não acredito que vou ter que fazer isso de novo”
Selene fechou os olhos e respirou o mais fundo que conseguiu repetidas vezes.
PUCH*
FSSSSS*
Em cada respiração, a concentração de mana azul aumentava ao redor de Selene.
— Um pouco mais rápido, por favor, eles estão nos alcançando!
Sem o conhecimento de Li, uma veia saltou na testa da conjuradora, que continuava respirando fundo. Após mais alguns segundos, os olhos de Selene se abriram, revelando um forte tom azulado. Ainda nas costas de Jihan, sua mão empunhando o cetro se levantou.
— MARÉ
Uma forte pressão cresceu nos ombros de Jihan, como se a mulher que segurava multiplicasse de peso.
— CRESCENTE!
A terra nos pés de Li tremeu e, com a umidade do solo sendo sugada junto a mana que se concentrava ao redor da conjuradora, uma onda de três metros cresceu em direção aos assassinos. O rebote do golpe quase derrubou Selene de suas costas, mas Jihan com dificuldade conseguiu manter sua palavra. A Maré avançou em direção aos homens, alguns mais distantes conseguiram parar antes que fossem atingidos, mas, para o azar dos que estavam mais perto, foram carregados pela onda. Mesmo com a curta duração do golpe, foi o suficiente para tomar distância dos inimigos que os seguiam.
— Chefe, eles estão fugindo!
— Deixem que fujam… — disse Joseph, olhando a figura de Li desaparecer ao longe. — Nós encontraremos novamente… em breve.
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— Ei, você está bem?
Após algum tempo correndo, o trio parou por um momento para recuperar o folego. Selene, no entanto, estava desacordada desde que conjurou a última magia.
— Não precisa se preocupar, ela apenas usou mana demais — Irmin, que ainda empunhava seu escudo, respondeu. — Acontece com mais frequência do que você imagina. — O modo com que a mulher falava se tornava mais grosso e menos respeitoso quando ela estava empunhando um escudo, como se ter algo para se defender a tornasse mais corajosa.
— E você?
— Estou perfeitamente bem.
Ambos ficaram em silêncio, o que perdurou por um minuto.
— Me desculpe por envolver vocês nisso, não é justo que tenham mais dificuldades por minha cau-
— Você é mais mole do que achei que seria — Irmin o interrompeu. — E mais burro também.
— Burro?
— Você é mais famoso do que pensa, Jihan — continuou. — Você acha que nós não sabíamos no que estávamos nos metendo quando lemos o seu nome naquela tabela?
— Isso não torna menos injusto.
— Não assuma erros que não são seus! — retrucou. — Se nós te atrasamos, então é um problema nosso. Se somos fracas, é um problema nosso. Se uma situação chegar onde você tiver que escolher nos deixar para morrer… isso também é um problema nosso.
Jihan a encarou alguns segundos em silêncio.
— Não somos crianças… somos guerreiras, com motivações e medos igual a você — Irmin o encarou nos olhos. — Ainda vamos lutar mesmo que morramos.
KRAW*
Ouvindo pássaros que voaram da floresta, perto de onde eles estavam, Irmin ajeitou a armadura.
— Vamos indo — disse Li. — Estaremos mais seguros se formos para outra ilha. Acho que foi proposital eles nos encontrarem tão cedo, mas duvido que exista uma forma de nos rastrearem por todo o mapa.
Lind concordou e com Jihan novamente colocando a inconsciente Selene em suas costas, eles voltaram a andar.
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— Então, como vocês se conheceram? — depois de um tempo em silêncio andando, para quebrar a atmosfera de tensão, Li perguntou.
— Você realmente quer falar disso agora? — Irmin o repreendeu
— Pode ser minha última oportunidade — brincou.
TSK* E com um estalar dos lábios de Lind, o silêncio retornou por alguns minutos.
— Somos da mesma vila, nós crescemos juntas desde crianças — E a própria, o quebrou. — Pode parecer mentira para você quando olha para mim, mas ela quem sempre me salvava dos meus problemas.
— E como vocês acabaram aqui?
— Isso… — Lind franziu a testa.
— Não precisa dizer se não quiser.
— Não, não tem problema — Irmin continuou — Como eu disse, ela sempre me salvava dos meus problemas…, mas um dia eu me envolvi numa enrascada. Selene novamente correu para me ajudar… era uma armadilha.
Li olhou nos olhos da mulher.
— Então?
— Meia dúzia de moleques mais velhos que ela, se juntaram e a espancaram até quase matá-la… eles não encostaram um dedo em mim — Li parou de andar por um segundo — Sabe o que ela disse para mim quando conseguiu falar de novo?
Irmin parou e se virou, Jihan não respondeu.
— Ela perguntou se eu estava bem.
— E os garotos?
— Nós os matamos uns dois anos depois — uma voz nas costas de Jihan respondeu.
— Finalmente acordou? — perguntou Irmin
— Sim, mas ainda não consigo me mover — respondeu Selene. — Foi assim que acabamos aqui, Sr. Li. Matamos para sobreviver e sobrevivemos uma pela outra, se for por essa causa, tomaremos quaisquer riscos.
— Entendi… — Li caminhou até Irmin e a entregou Selene ainda imóvel. — Chegamos na ponte, é hora de vocês irem.
— Você não ouviu o que eu disse?
— Cada palavra, e por isso que estou dizendo isso — Jihan respondeu. — Eu não consigo proteger uma pessoa imóvel enquanto luto, é minha culpa, então vou assumir ela aqui.
— EI, CHEFE, ELES ESTÃO PRÓXIMOS! — uma voz soou perto.
— Irmin, obedeça, você tem uma pessoa a proteger, sabe disso.
Lind agarrou o ombro de Li e o puxou para perto.
— Você! Não ouse morrer seu desgraçado! — gritou — Nos encontraremos do outro lado.
— Em pouco tempo.
Irmin se virou carregando Selene e, passando pela floresta, começou a atravessar uma grande ponte de pedra que ligava dois terrenos nos céus.
— Tem certeza de que está tudo bem em fazer isso? — perguntou Selene.
— Ele consegue se virar… eu sei que sim. — respondeu.
Enquanto falava, em suas costas, um grande estrondo ecoou pelos ares.