Spes Homini - Capítulo 11
— Olá John, dormiste bem?
— Acho que sim…espera um pouco, tu és o Dener — manifestou o agente ainda meio adormecido.
— Isso mesmo — disse o terrorista enquanto se abaixava sobre John que se encontrava deitado num colchão.
— Peço-te que não olhes para mim assim.
— Os teus pedidos são ordens meu prisioneiro, eu sei que estás um pouco entediado então pensei em mostrar-te a nossa base, o que achas?
— Eu sei que há alguma coisa por trás disso, tu não fazes nada por acaso, mas eu aceito, pois mesmo que eu rejeite tu vais me obrigar.
— Verdade, boa decisão, mas só por segurança vamos te algemar — falou o Dener enquanto algemava o agente.
— Mas que porra.
— É só por segurança, depois eu tiro-te as algemas, mas bem temos de ir, a base ainda é grande.
Enquanto isso no hospital, o chefe da Spes Homini enviava um comunicado a todos os homens para saberem quem iria atacar a base inimiga. Foram selecionados quatros homens da ONU mais a Dama de Ferro, já do lado da Spes Homini, foram escolhidos quatro agentes e o Assassino, já recuperado dos ferimentos da batalha anterior.
Passada meia hora da mensagem, o líder chamou os dez para uma reunião.
— Senhores e senhoras sejam bem-vindos, os meus enviados conseguiram infiltrar-se na base deles e fizeram um mapa 3. Como podem ver existem duas entradas, a equipa A formada pelos membros da ONU vai entrar por trás, enquanto isso a equipa B formada pelos membros da Black System vai entrar pela frente, a equipa do Micael vai tentar avançar o máximo, o mesmo vale para a equipa A. O objetivo é cercar o Dener e matá-lo de uma vez por todas. Alguma dúvida?
— Não chefe!!!! — gritaram todos os presentes na sala.
— Já que não há dúvidas, podem todos se retirar e prepararem-se para o inferno.
Após a conclusão da frase todos se retiraram, foi então que um dos enfermeiros que cuidava Evelyn e do Nicolai entrou na sala e exclamou o mais alto possível: — Chefe a Evelyn acordou!!!!!!
— Certo, mande-a vir aqui.
— Farei de imediato senhor.
— Agora retira-te e da próxima vez não precisas gritar tão alto.
— Claro — exprimiu o enfermeiro com uma voz calma enquanto fechava a porta.
“ A nossa luta Dener é como um jogo de xadrez, faz-me lembrar a minha época do Irã, nunca pensei que alguém me faria recordar aquele lugar, esse terrorista é mais interessante do que eu esperava” — pensava o chefe da Spes Homini e assim passou por mais dez minutos até que Evelyn entrou na sala ainda muito confusa e desnorteada.
— Senta-te.
— Ok, o que o senhor quer falar comigo?
— Aposto que estás muito confusa sem saber o que se passa…
— Um pouco, só me lembro de ver o Nicolai caído no chão e de um som de tiro, depois não me recordo de mais nada e quando acordei estava no hospital — explicou a agente ao interromper o chefe.
— Eu entendo, deixa-me explicar, tu e o Nicolai foram baleados a mando do Dener e depois disso começou uma guerra na cidade, todo o território conhecido como San António virou um mar de corpos.
— Obrigada por me esclarecer mas tenho que ir, quero ver se o Nicolai acorda — confessou Evelyn enquanto se levantava e saía apressada.
— Então está, — falou o chefe da Spes Homini enquanto retirava um cigarro no bolso e acendia — parece que o mundo está a ficar doido.
Do outro lado da cidade John e Dener andavam pelos corredores da base da Ouroboros. O agente da Spes Homini tentava encontrar alguma abertura para escapar, já o terrorista agia de forma normal.
— Então John, alguma pergunta?
— Não, uma base interessante até agora, claro não se compara à nossa.
— Este lugar era um bunker antigo, mas deixando isso de lado, posso te fazer uma pergunta? — perguntou Dener enquanto parava calmamente de andar.
— Claro que sim.
John continuava a andar mas ao notar a rápida aproximação ao Dener parou. A boca do terrorista começou de imediato a proferir palavras de forma calma. De repente para o agente parecia que todo o ambiente ficava frio.
— Qual foi o motivo que te fez participar naquela organização?
Estas palavras ecoaram na cabeça de John. O agente então começou a olhar para o chão pensando no que iria responder. Na cabeça de John surgiram dezenas de vozes, ele então gritou e atrás ouviu: — Filho um dia também encontrarás um rei e darás a tua vida para o proteger.
Após aquelas palavras se seguiram três tiros, o agente assustado voltou-se para trás, mas não estava lá ninguém.
— Alô John responde à pergunta, não há nada atrás de ti.
— Mas eu ouvi algo atrás de mim.
— Não deve ser nada, já que não queres responder vamos seguir com a nossa visita.
Depois da reunião com o chefe Evelyn queria sair para vingar o Nicolai que ainda se encontrava às portas da morte, mesmo os médicos fazendo de tudo para o salvar. Com a agitação no corredor ainda visível ela se preparou para escapar no meio da multidão. Todo o local estava cheio de familiares preocupados, muitos queriam saber como estavam os conhecidos, já outros apenas aguardavam a hora da morte dos entes queridos, pouco ou nada podia ser feito nesses casos. Evelyn foi se esgueirando dentre os enfermeiros e guardas, foi então que algum lhe agarrou o braço.
— Ajude-me cara enfermeira, o meu filho está muito doente — falou uma idosa bastante nervosa.
— Senhora eu não sou enfermeira, está a ver aquela mulher ali, pergunte para ela.
— Mas menina me diga, ele vai ficar bem? Ele levou um tiro no peito — disse a mulher no mesmo momento em que as lágrimas lhe iam cobrindo o rosto.
— Já lhe disse senhora, eu não posso ajudar, mas se quiser eu posso lhe levar até lá?
— Seria…de grande ajuda — disse a senhora enquanto limpava o choro da cara.
Evelyn então pegou na mão da mulher e levou-a até à enfermeira mais próxima. A agente com o capuz colocado para não ser reconhecida ficou ao lado da senhora para garantir que ela ficava bem.
— Bom dia, esta mulher gostaria de saber como está o seu filho.
— Sim claro, qual o seu nome e o do seu filho senhora?
— Eu chamo-se Brenda Keane e o nome do meu filho é Eric Keane.
— Senhora desculpe-me avisar mas o seu filho morreu há alguns minutos, ele não aguentou a dor dos ferimentos, não havia nada que pudesse ser feito.
— Mas… mas… não pode ser o meu filho, de certeza que não é um engano?
— Não senhora, foi ele que morreu.
A mulher desnorteada caiu no chão, a notícia atravessou o coração da pobre senhora esperançosa como uma flecha. A enfermeira movimentou-se ao ver aquilo de imediato para acudir a mulher.
— Desculpe-me, John tenho de atender — falou o terrorista ao mesmo tempo que retirava o celular do bolso.
— Certo, eu espero — respondeu o agente enquanto observava o lugar para preparar um plano de fuga.
— Estou sim, o que se passa?
— Chefe, eles estão a ir para aí agora.
— Percebido, mas e quanto ao que eu vos mandei fazer?
— Dener nós não conseguimos, mas pensamos em algo.
— Só espero que não seja nenhuma ideia de merda.
— Não chefe, confia.
— Vou repetir, não façam merda, mas bem adeus, vou desligar. — disse o Dener enquanto desligava o celular.
— Vocês quatro não deviam estar a trabalhar? — perguntou Robert.
— A minha namorada ligou-me, vamos voltar ao trabalho de imediato!!! — respondeu o membro do grupo que há poucos segundos atrás falava ao celular.
— Espero que sim.