Spes Homini - Capítulo 12
— É ali o local, a partir de agora vamos seguir caminhos opostos, equipa A espero que fiquem bem — disse o assassino por um comunicador.
— O mesmo serve para vocês — respondeu a Dama de Ferro enquanto carregava a arma.
Após terminadas as despedidas, os dois carros blindados seguiram para direções contrárias, um para a entrada do esconderijo e o outro para as traseiras.
Por ser numa zona deserta os guardas do portão principal avistaram os inimigos de longe e de imediato abriram fogo sobre a equipa de Michael, mesmo assim tudo parecia controlado, já que as balas não conseguiam perfurar o veículo, mas foi então que um dos adversários retirou de um caixa um lança mísseis.
— Saiam todos do carro agora!!!!!! — gritou Michael desesperado.
Foi em seguida a concluir a fala que um barulho enorme atravessou o terreno, este foi seguido por outro som imensas vezes superior que o que tinha sido ouvido momentos antes, o assassino preparado para qualquer situação despedaçou o vidro e saltou sem problema nenhum, embora tivesse ficado um pouco ferido.
— Como vocês estão? — perguntou ele aos restantes membros da equipa.
Ele ainda não conseguia ver nada por conta do pó que lhe tinha entrado nos olhos, tentou agarrar algo, uma mão foi o que encontrou no meio dos grãos da vasta areia, mas ao puxa-la esta moveu-se com uma delicadeza que fez Michael perceber de imediato que aquilo que ele agarrava já não era um homem e sim os restos de um.
— Não pode ser, eles virão o lançador de mísseis, com o treinamento deles era para terem conseguido sobreviver — dizia o agente enquanto esfregava os seus olhos com o fim de observar o que realmente tinha acontecido.
Já levantado e com a visão retomada Michael olhou para trás e viu o carro pegando fogo, lá dentro os seus companheiros com expressões de medo, todos desmembrados, nem o veículo parecia o mesmo, era uma cena horripilante. Mas ele não tenha tempo a perder, retirou a sua kanata nas costas pois alguns inimigos aproximavam-se.
Um veículo parou, de lá saíram quatro homens, todos equipados com fuzis, prontos para atirar.
— Não parece que tenha sobrado ninguém, o que achas? — perguntou o que investigava o carro.
— Não sei, parecia haver mais alguns dentro.
— Não demorem muito, tenho mais que fazer!!! — gritou o condutor do veículo inimigo, bastante chateado e muito apressado.
— Acho que não há nada mes…
Num instante Michael saiu de trás do carro e dividiu a cabeça do adversário ao meio com corte perfeito na horizontal. Enquanto o corpo caía sobre o solo e o sangue se envolvia pela areia outro dos homens apareceu, ele tentou reagir mas foi decapitado instantes depois. Mais ao longe um inimigo percebeu o massacre, desesperado entrou veículo e junto com o condutor fugiram a toda a velocidade, o assassino ainda com as brasas de vingança queimando em seu corpo saltou de imediato para o traseira do carro.
O condutor acelerava o máximo que podia e ao mesmo tempo o passageiro tentava a todo o custo acertar o Michael, enquanto isso o assassino já no cimo do veículo empenhava-se em se aproximar do lugar do condutor.
— Onde ele está? — perguntou o condutor.
— Não sei, perdi-o de vista, acho que ele finalmente caiu, vencemos!!!!
— Quando chegarmos à base temos que festejar, destruímos a investida deles.
Os dois comemoravam loucamente até que a katana do Michael atravessou a cobertura de jipe e perfurou a cabeça do condutor.
— Para caralho, mesmo que nos mates mais virão, eles ouviram os tiros que eu disparei — gritou o outro apavorado com a situação.
— Não te preocupes, posso fazer isso o dia todo — revidou Michael enquanto fazia o mesmo com o passageiro.
Ao longe viam-se seis jipes a dirigirem-se a seu encontro, o assassino parou o veículo e expulsou os corpos. Enquanto ele esperava que os seus adversários se aproximassem mais um pouco recebeu uma súbita chamada.
— Michael parece que aconteceu o que nós esperávamos.
— Sim, exatamente como tu tinhas dito…
— Tu sabes o que fazer agora, entrar lá e recuperar o John — falou o chefe da Spes Homini após interromper Michael.
— Entendido, parece que vai ser uma longa luta pelo número dos oponentes.
Logo a seguir há conclusão da sua fala o assassino pegou no comunicador, desligou a chamada e atirou-o para o lugar mais longe que conseguiu.
Do outro lado da base da Ouroboros a situação era diferente, tudo corria conforme o plano, o avanço da equipa da Dama de Ferro era impressionante para um grupo novato.
— Jimmy precisamos de cobertura no flanco esquerdo!!!! — gritou Jennifer enquanto abria fogo sobre meia dúzia de inimigos que apareceram de repente no fundo do corredor.
Os adversários nem tiveram chance de resposta, apenas possuíram tempo de observar a gigantesca cortina de balas que se aproximava. Mas a situação não era muito boa na lado esquerdo, era difícil acertar os homens da Ouroboros que estavam escondidos atrás de barricadas, a posição deles era muito vantajosa, sendo capazes de ferir gravemente um membro da ONU.
— Tyler aguenta. Jennifer, ele está a perder muito sangue!!!! — exclamou James, outro dos membros da ONU.
— Não temos como te ajudar James, tens de tratar dele sozinho. Nenhum de nós pode sair da posição. Continuem a atirar, vamos mostrar-lhes do que nós somos capazes.
O medo e a morte andavam lado a lado naquele lugar, as balas, os corpos e até os combatentes tinham um forte aroma de sangue. O membro ferido da ONU continuava a agonizar de dor no chão, mesmo com a ajuda do companheiro, o máximo que ele podia fazer era tentar acalmar o amigo, contudo o fim dele a cada segundo parecia mais próximo.
— Tyler agueta porra, eu não te vou deixar morrer tão facilmente — disse o soldado enquanto segurava fortemente a mão do colega.
Foi então que no meio do tiroteio a barreira se quebrou, todos os membros da Ouroboros que se encontravam protegidos por ela acabaram sendo fuzilados sem qualquer escapatória, ao perceber que a situação em duas frente estava controlada Jennifer ordenou: — Parece que a situação em ambos os lados já se acalmou, por isso podem avançar, a ordem é matar todos entenderam?
— Sim chefe — gritaram os dois membros enquanto percorriam os corredores até desaparecerem diante dos olhos.
— James tu vens comigo.
— Mas chefe e o Tyler? — questionou Jamer extremamente indignado.
— Ele infelizmente vai ter de ficar aqui para a morte o levar. — enquanto recitava o seu discurso ela hesitou e pensou por um segundo, ela não sabia se estava a tomar a decisão certo, mas não tinha como voltar atrás, com uma das mãos segurou no ombro do soldado e concluiu a sua fala — Acredita, para mim é difícil mas temos um objetivo a cumprir, eu não deixarei que o esforço dele seja em vão.
— Percebido, então não temos tempo a perder.
Ao mesmo tempo que o ataque à base inimiga ocorria os restantes membros da ONU patrulhavam a cidade, eles tentavam catalogar os mortos para poderem informar as famílias, eram corpos e corpos, dentro os defuntos estava uma mulher que morreu com o filho nos braços, eram poucos os homens que não conseguiam olhar para aquele pedaço de carne que antes fora humano sem se sentir enjoado.
Robert encarregado de vigiar o que as tropas faziam foi o primeiro a ver o corpo quanto o mesmo chegou ao acampamento da ONU, o nojo era visível na cara dele, meio desnorteado ele se retirou para uma das tendas, apenas a simples imagem que ecoava pela sua cabeça era suficiente para o deixar enjoado.
— Só de pensar que isto foi feito por aquele homem eu me pergunto se ela estará bem?
— Ela é forte, com certeza vai ser ela a matá-lo.
— Espero que sim, seria horrível se acontecesse algo com ela.
Enquanto os dois conversavam um dos seus homens entrou pela tenda a dentro.
— Rápido chefe dois dos nossos homens encontraram algo, eles disseram para eu avisar, eles estão esperando nesse lugar aqui — berrou ele enquanto apontava para um mapa.
Robert chamou mais dois homens e juntos saíram apressadamente, entraram num veículo e dirigiram até ao local combinado. Pelo vidro dava para ver a cidade, muito destruída, muitas das paredes ainda manchadas com o vermelho dos corpos.
Ao chegarem os três desceram do carro, no fundo do beco encontravam-se outros três homens, os que tinham chamado Robert. O braço direito da comandante e os seus homens se aproximaram e viram à sua frente uma bomba, um dos outros estava abaixado tentando desesperadamente desativar o dispositivo.
— O que se passa aqui? — questionou Robert bastante espantado.
— O que você está vendo, alguém plantou aqui uma bomba.
— E isto não está bom, o tempo é curto e não sei o que posso mais fazer — falou o soldado que tentava de todas as formas parar o dispositivo.
— Deixa-me ver isso, eu estudei muito sobre explosivos no passado — exprimiu Robert enquanto se abaixava e observava o sistema — más notícias, nunca vi algo parecido.
— Não sei qual o tamanho da explosão, mas podemos usar o tempo que falta para recuar.
— Vocês podem ir, mas eu vou ficar, se alguém morrer sem ao menos eu ter tentado me sentirei muito mal — disse o Robert ao mesmo tempo que via cada canto do objeto.
Todos os soldados presentes naquela rua com a fala de Robert ficaram motivados e não quiseram abandonar o seu chefe. Cada segundo parecia uma eternidade, o suor escorria pelo rosto de todos, Gentleman como era chamado Robert pela ONU era o mais desgastado mentalmente, aquela mulher que ele vira morta minutos antes não o deixava se concentrar, com isso nenhuma das suas tentativas tinha realmente funcionado, ele se culpava cada vez mais, dessa forma se tinham passado minutos longos e preciosos minutos.
— Neste momento faltam cinco minutos, se quando faltarem dois e eu ainda não tiver resolvido vocês correm, percebido?
— Sim chefe!!!!!!!! — gritaram todos eles cheios de medo.
Os cinco olhavam uns para os outros, a maioria tremia de pavor, o medo de morrer era grande. Os minutos foram passando até o cronômetro chegar aos dois minutos. Os dois homens que acompanhavam o Robert correram a toda a velocidade, já os outros três não pareciam preocupados.
— Porque vocês não foram, vocês não podem ignorar a ordem de um superior!!!!! — gritou o Gentleman bastante preocupado com os homens a seu comando.
— Desde quando tu és o meu superior, o meu superior é aquele que vocês chamam de Dener…
De repente vários sons de balas interromperam a fala do traidor, os corpos dos dois homens que corriam acabavam de ser baleados por outros dois soldados que esperavam do lado de fora do beco. Ao olhar para o temporizador, Robert reparou que o tempo estava parado.
— O que achaste da nossa armadilha, isso nunca iria explodir de verdade, a única coisa que funciona é o relógio e nada mais!!!! — gritou bem alto o membro da Ouroboros enquanto ria loucamente.
— Eu sabia que vocês não passavam de um bando de doentes mas chegarem ao ponto de se infiltrarem na minha divisão…
— Chega de conversa, nós viemos aqui para matar a Dama de Ferro, mas como ele não está parece que vamos ter de ficar com o aperitivo.