Spes Homini - Capítulo 13
Desesperado, Robert olhou para todos os cantos, mas não parecia haver escapatória possível. Ele calmamente retirou uma faca do bolso e partiu para cima dos três homens à sua frente. Os dois homens atrás, confusos começaram a disparar loucamente. O agente da ONU foi baleado por diversos tiros, o seu corpo ficou coberto de sangue e buracos… Não desistindo ele usou toda a sua força para perfurar o peito do homem mais perto.
— Seu filho da puta… — da boca do homem um fluido vermelho foi expelido, ambos os companheiros dele foram manchados pelo líquido.
Velozmente ele retirou a faca da barriga do adversário proferindo outro golpe, desta vez na garganta, o inimigo sentiu a sua força indo embora assim como o seu ar.
— Como assim… Stanley… que merda…
Sem perceber o soldado da Ouroboros deu tempo para Robert motivado pelo ódio lhe enfia-se a faca no pescoço. Ele tentou parar o sangramento, mas era tarde, pelo seu corpo um rio de sangue escorria.
O membro da ONU já sem forças caiu sobre o solo, contudo conseguiu usar suas mãos como pilares para sustentar todo o seu corpo, porém não era suficiente. Ao seu lado direito o oponente sobrevivente com o coração frio, sem sentimentos no seu olhar, pegou numa pistola e sem hesitar disparou sob a cabeça de Robert.
Esticado o seu corpo ficou em cima do chão frio do beco, à sua volta uma poça de sangue aquecido se formava, o assassino então se dirigiu aos restantes aliados e disse: — Peguem fogo a tudo, não deixem nenhuma prova.
O homem voltou as costas e andou calmamente até ao horizonte. Os soldados espalharam gasolina por todo o lugar e com um fósforo incendiaram o espaço, os corpos carbonizados nunca seriam reconhecidos.
À medida que ele se afastava do seu bolso um celular saia, com o apertar de alguns botões o terrorista efetuou uma chamada.
— Olá, tudo bem? Código de desativação da unidade: Rened.
— Entendido, abandonem o local de imediato.
— Faremos isso de imediato.
— Adeus — falou Dener com um tom de voz extremamente baixo ao desligar o aparelho.
— Parece que as coisas estão bem animadas — troçou John expressando um leve sorriso na face.
— Pelo som das balas eu diria que sim.
Numa das pontas daquele local estava Michael lutando contra vários inimigos, mesmo em desvantagem numérica a sua força era superior e notória frente aos demais. Pelo chão, pedaços de humanos coloriam o chão branco. O assassino a cada passo matava mais e mais.
— Ele não pode ser humano, ele não morre!!!!!! — berrou um dos adversários desesperado.
Em segundos a fria lâmina trespassou o quente pescoço daquele mero soldado. Michael se agachou e usou o corpo do terrorista como escudo, os tiros atravessaram o corpo e atingiram o assassino de raspão.
Ao longo do corredor dezenas de inimigos, os flash dos disparos das armas serviam de iluminação naquele escuro. Mais atrás está o chefe da divisão de ataque da Ouroboros, o braço direito do Dener.
— Matem-no, ele não pode chegar ao John — gritava ele — alguém que venha aqui imediatamente!!!!!
— Sim chefe.
— Veste este colete e aproxima-te dele — sussurrou o homem ao ouvido do subordinado.
— Farei isso agora mesmo.
— Muito bem.
Michael movimentava a lamina com maestria, muitos inimigos morriam e os que não conheciam esse final ficavam quase imóveis de dor no chão, contudo a dor dos tiros e o sangue perdido pelo membro da Spes Homini eram um grande problema e assim como no embate com o terrorista o seu corpo mostrava sinais de começar a ceder ao cansaço da luta.
A cada golpe era menos um diante dos olhos de Michael, o corredor parecia quase limpo, mas de repente um dos últimos soldados correu na direção dele, o assassino sem entender nada preparou-se para dar um ataque mortal. Ao atravessar com a arma no peito do adversário, ele percebeu que acabava de cair numa armadilha, tudo numa área de dois três metros explodiu, pessoas, objetos e a parede.
O membro da Spes Homini acabou sendo projetado para longe. O seu corpo ficou bastante danificado. Ele não conseguia se mover, muito menos continuar a luta. Os inimigos mais ao fundo correram no sentido dele para finalizarem o oponente.
— Dener, você nunca erra, é impressionante — recitou o braço direito do terrorista.
Ele recuou após ver a situação controlada, era a vez de enfrentar a Dama de Ferro.
O assassino já sem esperança acabava de se entregar à morte, mas de repente os passos dos soldados da Ouroboros cessaram, como se algo os estivesse amedrontando e estava, Evelyn armada com uma metralhadora e portando um ar ameaçador. Michael virou a sua cara sem entender nada e a viu, por dentro ela estava um pouco alegre, mas por fora a sua face continuava fria como habitualmente.
Em questão de segundos uma enorme rajada de tiros foi efetuada, todos os soldados inimigos morreram, perderam as vidas num piscar de olhos. A combatente preocupada dirigiu-se ao colega e socorreu-o. Como garantia ele acabou protegendo ambos com uma parede retrátil de vidro reforçado.
— O que tu fazes aqui Evelyn? Não devias estar a descansar?
— Bem, como posso dizer, eu fugi do hospital. Eu quero matar aquele desgraçado com as minhas mãos — respondeu a mulher com ódio em sua fala.
— Eu deixarei que trates disso, porém para fazeres isso tens de seguir este plano — Michael moveu a sua mão esquerda ao pulso direito e transferiu alguns ficheiros para a pulseira da Evelyn — o John deve estar aqui para o meio. Havia aquele homem que parecia comandar estes soldados, mas ele recuou, por isso não devemos ter problemas.
— Assim que eu terminar de te fazer os curativos, vamos partir.
— Não precisas carregar-me, podes ir sem mim, duvido muito que eu vá morrer.
— Mesmo assim, eu não te vou deixar aqui.
— Se eu te estiver a dar trabalho basta abandonares-me, entendeste?
— Sim — disse ela enquanto o colocava em sua costas, ao colocar Evely com o peso se desequilibrou e quase caiu — que pesado, não sei se aguento. Pronto já me equilibrei, vamos partir.
Pela base ao mesmo tempo continuam Dener e John a andar, ambos sempre com vários planos em mente.
— John parece que é o último local.
— Porque raios passa um rio pelo meio da base? — questionou o agente da Spes Homini bastante confuso.
— É o rio que abastece a cidade e agora a nossa base, não iríamos arranjar água tão facilmente — retrucou Dener enquanto olhava fixamente para o adversário — neste momento eles devem vir aí, vamos aguardar.
— Eles quem?
— Tu verás companheiro, tu verás.
O terrorista olhava constantemente para o relógio, uma prática um tanto comum, mas ele parecia estar no aguardo de algo, algo grandioso.
— Lá está ele, o meu grande amigo — Dener então deixou o relógio e abraçou aquele homem, ele parecia ser o foco de tanta agitação — e então como correu o que eu te pedi?
— Tal como combinado — o sujeito tirou do casaco um comando que sinalizava que as bombas tinham explodido.
Os olhos de Dener se arregalaram, ele parecia uma criança quando recebe um presente, de imediato ele se virou para John e com um gigantesco sorriso exclamou: — Eu venci, o americano morreu!!!!!
— Com americano queres dizer… — falou John, ele mal podia acreditar.
— Michael, o meu rival. Acho que tens de ir não é meu amigo, há alguém à tua espera no outro lado da base.
— Estarei lá em cinco minutos, quero dar as boas vindas a uma convidada tão especial.
O homem e a sua comitiva então desapareceram tão rápido quanto o tempo que lá estiveram, John ainda incrédulo não conseguia se mexer. Dener ria-se muito, ele caminhava de um lado para o outro de alegria, assim como uma criança.
De repente, passos atrás do terrorista e junto de sua cabeça uma arma ele sentiu.
— Não precisas olhar para trás, eu só vim tratar de alguns negócios pendentes.
Enquanto isso mais há frente a Dama de ferro e o seu companheiro caminhavam pelos corredores, verificando cada sala. Eles tinham medo de serem acertados por alguém escondido. Os comunicadores não funcionavam, então eles não podiam pedir ajuda a ninguém e também não sabiam se os restantes membros do esquadrão ainda estavam bem. O único som que eles escutavam era o dos passos e da respiração de ambos.
Foi então que ao fundo do corredor vários soldados inimigos bem equipados surgiram, eles pareciam ter previsto os movimentos deles. As únicas saídas eram lutar ou recuar.
— Parece que estamos bem fudidos, James — sussurrou a capitã do exército da ONU.
— Não precisam se preocupar, nós só viemos dar-vos as boas vindas ao nosso humilde esconderijo.
Todo o local estava em chamas, as vítimas agonizavam queimadas até à morte, ninguém conseguia escapar daquele pequeno inferno na terra. Ao fundo do corredor principal uma criança, mais precisamente uma garota. Ela caminhava lentamente, quase sem força nas pernas. Nas suas mãos encontrava-se uma arma e na sua frente um garoto em pé, ele olhava fixamente para a miúda.
— Porquê irmão? Porque você matou a mamãe e o papai? — questionou a pequena com o revólver apontado para o familiar.
O rapaz continuou em silêncio, nenhuma palavra da sua boca se conseguia ouvir, apenas se podia escutar o som da contínua respiração. Ela se aproximou mais um pouco e com as mãos trêmulas apontou a arma para a cabeça do irmão. O jovem ao ver aquilo deu um leve sorriso e começou a mover o seu dedo, de imediato ele o colocou sobre a testa e sussurrou: — Atira…
O som de um disparo se fez ouvir por todo o local, o eco dos gritos daqueles que estavam a ser carbonizados cessou logo após isso…