Spes Homini - Capítulo 6
— Fazem hoje cinco dias desde que uma parte da fronteira entre os Estados Unidos e o México foi explodida. O FBI continua a investigar mas não encontraram nada até agora, segundo informações supõe-se que seja um grupo terrorista, este ato já causou uma perda de milhões, mas para além disso vários imigrantes ilegais conseguiram entrar no nosso país, por isso a polícia está a pagar por qualquer informação sobre…
— Que chato, não está a dar nada de bom na televisão!!!!! — exclamou Nicolai irritado ao colocar o comando em cima da mesa.
— Nós já não temos comida, acho melhor irmos comprar alguma coisa — disse Evelyn faminta enquanto revirava a geladeira.
— É melhor, também estou com fome.
Ambos vestiram-se e saíram do quarto, os corredores da base estavam quase vazios, na porta estava John e o seu esquadrão a monitorar quem saía e entrava por conta do alerta vermelho dado há algumas semanas atrás.
— Então John não te vejo há algum tempo.
— Normal há quase uma semana que estás trancado no quarto com a Evelyn.
— Então como estão as coisas por aqui, difíceis? — questionou Nicolai revirando os olhos.
— Para de desviar a conversa, mas diz lá o que vieste aqui fazer.
— Nós precisamos de comida urgentemente.
— Podem ir, deve vir um motorista buscar vos, já já.
— Obrigado, vemo-nos mais tarde — falou Nicolai enquanto apertava a mão de John enlouquecidamente.
Os dois retiraram-se da base e entraram no carro, e lá vinte minutos passaram, a loja mais perto ficava a mais ou menos trinta quilômetros. O parque de estacionamento parecia vazio, assim como a loja. Nicolai e a Evelyn não queriam demorar muito tempo por isso começaram as compras rapidamente, enquanto discutiam que produtos levar dentre a vasta gama apresentada o pistoleiro teve a sua atenção tomada por um homem baixo e bastante magro, com as roupas muito esfarrapadas que entrava pelo estabelecimento agitado, este começou a falar com as poucas pessoas presentes no mercado e a perguntar-lhes alguma coisa enquanto segurava um papel na mão, Nicolai curioso decidiu ir de encontro com o sujeito para averiguar o que acontecia, ao se cruzarem este questionou: — Olá senhor poderia ajudar?
— Claro, estou à procura do homem nesta foto — respondeu o homem de imediato, que cada vez mais ficava agitado.
— Poderia ver a foto?
Rapidamente o indivíduo colocou a foto nas mãos do atirador que pensou algo de imediato.
“ Bem pode ser que eu conheça, parece ter mais ou menos um metro e uns oitenta centímetros, cabelo castanho virado para a esquerda e olhos castanhos, não pode ser sou eu, a roupa da foto é a roupa que eu estou a vestir agora.”
— Eu acho que há aqui um engano, a pessoa na foto sou eu.
Ao acabar de falar, Nicolai começou a afastar-se lentamente ao perceber que o homem iria retirar alguma coisa debaixo do casaco, foi então que o sujeito respondeu: — A sério, não tinha reparado.
Quando terminou de falar, retirou da sua jaqueta um revólver. Em instantes apontou-o para o Nicolai, que com medo e desarmado começou a tentar convencer o homem que aquilo não era o certo a se fazer.
— Calma senhor, não faça nada que se possa arrepender.
— Eu, arrepender-me? Não tenho nada que importe na minha vida e para além disso este é o único jeito de salvar o meu filho.
Velozmente o indivíduo disparou dois tiros sobre Nicolai que caiu de imediato no chão quase inconsciente, Evelyn que se encontrava a alguns metros correu para tentar ajudá-lo mas foi acertada com outro tiro, o mercado tinha virado um caos, pessoas a gritarem e a correrem de um lado para o outro e foi nesse caos que o homem retirou a sua vida com a bala que sobrava. Nicolai que se encontrava no chão podia ouvir o desespero das pessoas à sua volta mesmo que soassem bem longe, os seus olhos começaram a fechar e a sua consciência parecia que desapareceria lentamente, o fim pensava ele.
— Dener acabamos de receber a informação que o plano foi um sucesso, o russo e a mulher que estava com ele foram ambos baleados, mas nenhum dos dois foi morto e quanto ao filho do homem que fez o trabalho.
— Mata-o como é uma criança não se perde muito,mas passando à parte positiva com essa excelente notícia agora podemos avançar com o ataque à base deles,
Alguns minutos depois, na sala de segurança da base, os seguranças acabavam de receber um pedido de acesso dado pelas chaves dos seis homens mortos enquanto investigavam o Dener.
— Isto não faz sentido, os corpos deles não têm batimentos, o que significa que as chaves deveriam ter sido desativadas, mas de alguma forma eles conseguiram hackear-las.
— Acho que deveríamos avisar o John, é ele que está na entrada agora.
— Liga agora para ele, Mark.
— Sim senhor — respondeu de imediato Mark enquanto procurava o número de John dentre a lista.
— Alguém a ligar-me a estas horas, será que o Nicolai, estou quem é? — questionou John ao atender o número desconhecido.
— Sim John sou eu o Mark da segurança, estou a ligar-me para te dizer que do lado de fora estão seis homens com as chaves de acesso de membros nossos que morreram algumas semanas atrás. O que fazemos?
— Existe alguma imagem da cara deles?
— O John está a perguntar se existe alguma imagem de quem está lá fora?
— Diz-lhe que não, ao que parece eles desligaram tudo.
— Não há John o que fazemos agora?
— Deixa-os entrar, vamos fazer uma emboscada para eles e o mais importante retira toda a gente da base, não quero arriscar perder membros importantes — respondeu John enquanto fazia gestos com as mãos aos seus subordinados.
— Ok, o John disse para os deixarmos entrar e para retirarmos toda a gente da base, vou desligar John, adeus.
— Vamos homens, temos trabalho a fazer… — John posicionava os seus homens quando de repente o seu comunicador tocou — Outro telefonema, quem é?
— Sou eu o teu chefe, não acredito que não tens o meu número, mas bem liguei-te para dizer que o Nicolai e a Evelyn foram baleados, eu estou no hospital e tenho estado a falar com algumas testemunhas, o mais provável é ter sido obra do Dener, eles podem estar a ir para a base agora.
— E estão mesmo, mas eu já estou a tratar disso, não tens de te preocupar, mas se eles foram baleados tem de haver um atirador certo?
— Ai está o problema, ele cometeu suicidio, tenho de desligar o médico quer falar comigo.
— Adeus.
Enquanto John se perdia em seus pensamentos um alarme começou a suar por toda a base.
— Urgente, pedimos a todos os presentes de momento na base para evacuarem imediatamente, isto não é uma simulação.
— Preparem-se, todos apontem as armas para a porta, eles devem entrar a qualquer momento, vamos acabar com isso rápido tenho de ir a um local depois.
Todos se organizaram fazendo duas filas, ambas miravam na porta, foi então que um deles abriu a porta e exclamou.
— Bom dia a todos, posso ver que não me querem aqui mas trouxe alguns presentes.
Ao concluir a frase o adversário caminhou até aos aos guardas com as mãos para cima, John ao ver que ele se aproxima deu ordem para atirarem mas mesmo assim todo fuzilado conseguiu detonar as bombas que estavam à volta de todo o seu corpo. John que estava mais atrás só teve tempo de se abaixar, quando se levantou viu diante dos seus olhos cinco homens equipados com um fuzil cada um.
“O que eu faço agora, acho que tenho de aceitar de vou morrer.“
— Então vais fazer alguma coisa ou vais ficar aí parado!!!!! — gritou um deles enquanto fazia troça do adversário.
— Tenho que fazer alguma coisa, onde está o Michael a estas horas — murmurou o John amedrontado.
— Parece que tenho de te salvar como sempre John, já previa que não ias dar conta da situação.
— Obrigado Michael, posso sempre contar contigo.
— Não, sou eu o Mark.
— Pronto agora sim estamos perdidos, não era para tu apareceres e sim o Michael.
— O que fazemos, acho que devíamos fuzila-los — disse o que estava mais à direita dentre os outros membros da Ouroboros.
— Corre Mark, corre.
— Atirem filhos da puta, não estão a ver que eles estão a fugir.
John e Mark começaram a correr loucamente em direção ao corredores, mas durante a fuga o membro da equipe de segurança foi atingido por uma bala na perna fazendo John carregá-lo, ambos depois de uma longa caminhada conseguiram entrar em uma sala e trancar a porta o que fez os perseguidores se retirarem e continuarem o que tinham ido lá fazer.
John começou a procurar por qualquer utensílio que pudesse ajudar, dentre todos os que na sala estavam apenas servia um comunicador, uma faca e algum tecido. O ex-membro da CIA fez um corte na perna suficientemente grande para ele poder enfiar a mão e retirar a bala, os dentes de Mark roçavam uns nos outros, a sua cara demonstra a dor que sentia, foi então que dentre o sangue John conseguiu retirar a bala, colocando em seguida o tecido sobre o corte para não deixar mais sangue vazar.
— Obrigado por me salvares.
— Deixa os agradecimentos para mais tarde, agora ajuda-me a conectar o comunicador ao de todos os agentes da Spes Homini.
— Deixa-me ver isso.
Os dois passaram aproximadamente quinze minutos a conectar o rádio, estava tudo pronto para chamar alguém para os ajudar.
— Agente número quarenta e cinco, John, necessito de ajuda urgente, estou trancado na base com um ferido, necessito de ajuda, agente número quarenta e cinco.
— John, sou eu o Michael já estou a caminho.
— Estamos na sala de descanso, quando vieres cá ter bate três vezes na parede.
— Tudo bem, devo chegar em dez minutos.
— Olá meus amigos — respondeu um homem misterioso que se conectou há chamada
— Amigo, eu nem te conheço — respondeu John ao mesmo tempo que tentava reconhecer a voz.
— Claro que conheces, não te lembras na Alemanha, sou eu o Dener, realmente como vocês são uma vergonha nem conhecem o próprio inimigo.
— Dener!!!!!
— Calma, não precisas de gritar John, isto foi apenas uma pequena vingança, mas se estiveres como raiva podes tentar vir atrás de mim, se conseguires sobreviver ao dia de hoje.
— Perdemos o contacto com o Michael, aquele terrorista de merda desligou o sinal.
— Eu não queria preocupar, mas acho que eles desativaram o computador central, não temos como contactar outros membros agora.
— Que merda, isto não podia estar a correr pior, eu acho que o Michael não vai conseguir entrar aqui, eu vou ter de sair e matá-los, só tenho em média duas balas para cada um deles, é provável que eu não volte, por isso deixei aí comida para sete dias, deve ser suficiente até alguém te vir resgatar — exprimiu John ao levantar a porta de metal que fechava a entrada.