Spes Homini - Capítulo 8
— Nada, pensei mesmo que eles estariam aqui — murmurava John baixinho para não se ouvir o som da sua voz.
Foi então, que dentre o silêncio, um ruído acompanhado por uma voz saiu do rádio do agente.
— John estou a ouvir passos do lado de fora da sala, repito John estou a ouvir passos do lado de fora da sala.
— Calma Mark, eu vou já para ai, eles devem ter ouvido o barulho da porta a subir e a descer, aguenta não vou demorar mui…merda, já percebi o que eles vieram fazer, estão a transferir um vírus para a nossa base de dados, merda, merda isso vai destruir todos os nossos dados e é preciso um código para parar — respondeu John desesperado enquanto observava o local em que se encontrava.
— Entendido, vou tentar não morrer até chegares.
— Adeus.
O membro da Spes Homini rapidamente dirigiu-se até há saída, os passos acelerados do agente ecoavam pelo corredor e o seu suor escorria para o chão, foi então que ao fundo de um dos largos caminhos uma figura misteriosa apareceu acertando John na cabeça com um taco de baseball derrubando-o no chão.
— Seu filho de uma rapariga, achavas mesmo que conseguias fazer alguma coisa?
— Se fosse a ti não tinha tanta certeza — exclamou o agente enquanto se levantava com o rosto todo ensanguentado.
— Vou te fazer engolir essas palavras.
Ao acabar de proferir tais palavras o inimigo avançou sobre o seu adversário tentando acerta-lo com o taco outra vez, mas John sem esforço segurou a arma do adversário com a mão esquerda e rapidamente com a perna direita atingiu a cara do oponente.
— Bem, não podes dizer que não te avisei — disse John ao pegar na sua arma que tinha caído na superfície — vamos levanta-te, não me querias fazer engolir alguma coisa.
— Seu mer…
Pelos corredor um barulho de tiro repercutia, era o fim da linha para o primeiro dos seus opositores, mas de repente outro tiro só que desta vez não disparado por John, atormentado pelo que poderia ter acontecido ele correu mais do que nunca.
Ao chegar ao ponto de partida da caça apenas viu Mark morto com um tiro na cabeça, os sinais de luta evidentes, ele tinha lutado para sobreviver como um animal. Nada ele podia fazer, aquilo abalava John, ele fazia de tudo para conter as lágrimas. Ao se aproximar do rapaz com dois dedos fechou os olhos. Quando recuou levou a mão ao bolso e tirou uma caixa de cigarros, retirando um deles e acendendo-o com um isqueiro, por ali ficou durante alguns minutos a fumar e a observar o corpo. Assim que acabou de fumar fechou a porta e voltou as costas, agora os inimigos estavam mortos não importando onde estivessem.
Ao mesmo tempo, no outro lado da história.
— O vírus já deve estar a acabar de ser transferido.
— Espero que sim, quero acabar com isso rápido, a minha mulher está à minha espera.
— Já agora onde está o Miguel, ele não tinha dito que ia matar o tal americano que o chefe queria ver morto — relatou um terceiro homem.
— Se calhar já está morto. Ele é mesmo retardado, será que ele esqueceu-se que esse americano em conjunto que aquele russo derrotaram o guarda-costas do chefe — manifestou o último dos quatro sobreviventes.
— Acho que estás certo.
— Chega de conversas, vamos explodir a parede para fugir — falou um deles que retirava três explosivos de uma mochila.
— Olhem ali ao fundo do corredor, parece uma pessoa, será que é o Miguel?— revelou um dele com medo em sua voz.
— Não parece que ele está a acenar para nós?
— Parece, acho melhor por precaução apontarmos as armas para ele.
Ao longo de vários segundos o sujeito foi-se aproximando lentamente com as mãos para cima, como se quisesse mostrar que era um companheiro. Chegando ao meio do corredor onde era visível quem se movimentava, com isso um deles falou: — É ele, eu conseguiria reconhecer aquele cabelo de merda em qualquer lugar, podemos baixar as armas, falso alarme.
— Que susto Miguel, para a próxima diz qualquer coisa ou o americano cortou-te a Língua? — manifestou um deles enquanto respirava de alívio.
— Parece que ele sempre matou o americano
— Aquilo ali não é um buraco na cabeça dele?
Os quatros começaram a olhar entre si sem perceber nada, foi então que entre os silenciosos olhares de confusão um ruído estremecedor se fez ouvir, quatro balas perfuraram o corpo do camarada dos criminosos e seguiam em direção aos restantes a uma velocidade altíssima. No desespero tentaram fugir, porém só um deles foi atingido por três tiros, os demais conseguiram fugir sem qualquer problema, correram até uma interceção onde se dividiram.
John que vinha logo atrás teve de escolher rapidamente que caminho seguir, não importa qual ele segui-se pois a única saída da base era atrás do agente, desde que cada um pensasse que o agente o tivesse escolhido nenhum deles se atreveria a sair da zona que escolheu, por isso ele seguiu em frente.
O oponente correu e correu, logo atrás John caminhava lentamente.
— Sai daqui seu merda, deixa-me em paz.
— Depois do que fizeram achas mesmo que vocês terão o meu perdão.
— Deixa-me, deixa-me, a minha mulher está à minha espera em casa.
— Ainda bem, assim não morres totalmente ainda vais ter alguém para pensar em ti — exclamou John ao acertar um tiro na perna do adversário.
— Foda-se, por favor senhor ajuda-me.
— Tu pedes por socorro e dizes ter alguém que te espera em casa, mas não te lembras que mataste um homem que também tinha uma para onde ir — falou John enquanto se dirigia calmamente ao corpo do terrorista.
— Por favor, pense nos meus filhos.
— Filhos, eles não vão deixar de existir, apenas não vão ter mais um pai de merda que os deve espancar quando chega bêbado a casa, todos vão ficar felizes.
— Eu nunca fiz nada assim, eu os amo mui…
— Menos um, agora só faltam os outros dois, só espero que nenhum deles tenha ouvido o tiro, mas que merda bafo de cachaça e ainda dizia que não lhes batia.
John de imediato voltou para trás, porém uma coisa atormentava-lhe os pensamentos.
“Será que os outros dois se juntaram, podem ter percebido que não estava ninguém atrás deles e encontraram-se em algum ponto, se isso se confirmar vai deixar as coisas mais difíceis para mim, mas pensando bem ainda tenho cinco balas e eles são só dois, consigo sem qualquer problema”.
Ao chegar a interceção de corredores John reparou algo estranho naquilo que antes era chamado de porta de entrada, as pedras que a tapava estavam a mexer-se e pior ainda pareciam vir vozes de lá. Curioso o agente aproximou-se, foi então que todas caíram e em instantes vários membros da Ouroboros entraram.
John apenas atirou a arma para o chão e meteu as mãos para cima, não havia para quê lutar, seria apenas desperdiçar a vida. Os soldados distribuíram-se por todo o local, resgatando os outros dois que ainda se encontravam vivos e levando John preso.
Quando o agente saiu da base depois de longas horas lá dentro sem energia os seus olhos doeram como nunca, mas o espanto veio depois com o gigantesco número de homens ali presentes, todavia este não pude aproveitar a visão daquele exército por muito tempo pois assim que meteram-no de imediato em um carro blindado para ser escoltado até há verdadeira base da Ouroboros.
John conseguia ver o percurso pela única janela ao seu alcance, ao fundo ele percebeu o que acontecia, o combate criado como distração para o levar ao esconderijo em segurança, ele se lamentava pelos corpos que se encontravam na rua.
“Eu já percebi, o Dener não querer destruir a Spes Homini, mas sim mostrar quem é mais forte, ele não vai matar ninguém que considere importante apenas veio deixar um aviso para que nunca mais nos metamos com ele, mas conhecendo o chefe, ele não vai deixar as coisas assim, por isso Dener não importa como a guerra começa mas sim como termina”.