Spes Homini - Capítulo 9
Algumas horas antes da guerra entre grupos no centro da cidade.
— Senhor, o Presidente dos Estados Unidos quer falar consigo por telefone, ao que parece coisas estranhas estão a acontecer na cidade de San António — disse um dos secretários do Secretário-geral da ONU que entrava velozmente pela sala com um telefone na mão.
— Passa-me isso já — falou António Guterres enquanto retirava o celular das mãos do assistente — Então meu amigo que se passa.
— Como posso dizer de uma forma educada… coisas nada agradáveis. Ao que parece dois civis foram baleados há poucas horas e para além disso no relatório do hospital para onde o corpo do atirador foi levado aparece a marca do terrorista no braço. Já consultei os especialistas e todos disseram o mesmo. San António pode ser a próxima cidade a conhecer a definição de caos, por isso preciso envies a equipa especial da ONU, ela foi criada para conter eventos desse tipo. Vamos capturá-lo e executá-lo o mais rápido possível.
— Entendido, vou enviá-los o mais rápido possível, conhecendo esse terrorista é provável que os seus atos se espalhem para o país inteiro.
— Obrigado amigo, fico-te a dever uma, adeus.
Ao concluir a frase o Presidente dos Estados Unidos da América desligou, ao perceber o perigo da situação o assistente virou-se para o Secretário-geral das Nações Unidas e perguntou: — Tens a certeza que queres fazer isso chefe? Eles nunca foram usados em combate, uma missão tão difícil logo de início pode prejudicar a moral da equipa.
— Claro que tenho, comunica-lhes a missão imediatamente, quero esse terrorista preso o mais rápido possível.
— Sim, chefe!!!! – exclamou o ajudante antes de sair da sala.
— Então o que ele queria? — questionou o outro secretário, que preenchia os relatórios do lado de fora do escritório do chefe.
— O Presidente dos Estados Unidos quer a força anti-revolta, ao que parece o terrorista mais perigoso do mundo deu as caras em San António, só de pensar que tenho de ir falar com a Jennifer Grant fico cheio de medo.
— Tenho pena de ti, aquela mulher é amedrontadora, não é por acaso que a chamam de Dama de Ferro, boa sorte então e tenta sair inteiro de lá.
— Vou tentar.
O secretário virou as costas ao companheiro e foi em direção às instalações militares da ONU. O alojamento deles era num pavilhão gigante não muito longe dos prédios principais, como sempre era uma confusão com uma barulheira à mistura, mas a realidade é que todos lá dentro respeitavam a Dama de Ferro, ela ponha ordem naquele lugar. Na entrada como sempre estava o braço direito da comandante, Robert Moree, tendo como nome de código Gentleman, Robert ao ver o secretário perguntou de imediato: — Nome e o que vens cá fazer?
— Robert sou eu o secretário do Guterres.
— Sem nome não entras, por isso é melhor dizeres, ordens da comandante.
— Sou eu Jeffrey Sampson e venho entregar uma mensagem à comandante vinda do Secretário-Geral.
— Porque não disseste antes? Entra.
— Eu tentei dizer isso antes, mas não deixaste.
— Isso é passado, vamos entra — disse Robert ao abrir a porta a Jeffrey.
Lá dentro todos festejavam, treinavam e consertavam equipamentos. No fundo de tudo uma porta, a porta da sala da Jennifer, ambos entraram, ela estava sentada a dormir, mas com o barulho da porta tinha acordado e digamos que não de bom humor.
— O que estas duas merdas vieram fazer à minha sala durante o meu sono de beleza?
— Senhora, este rapaz tem uma mensagem do Guterres para entregar.
— Isso…mesmo…senhora — exprimiu baixinho Jeffrey amedrontado com a líder das forças armadas da ONU.
— Mensagem, diz o que queres e põe-te a andar daqui para fora.
— Claro, o chefe quer que leve os seus homens até San António para capturar um terrorista, a foto dele está no seu e-mail.
— Entendido, agora podes ir.
— Adeus.
— Adeus Jef, vemo-nos mais tarde.
Após o secretário se retirar, os outros dois saíram do escritório e a Jennifer gritou.
— Seus filhos de uma rapariga, quero que formem uma linha à minha frente.
— De imediato senhora!!!! — berraram todos enquanto se dirigiam à zona para formarem uma fila.
— Seus merdas, hoje vamos partir para a nossa primeira missão, por isso espero que não me envergonhem.
— Senhora, qual é o objetivo da missão.
— Alguém mandou-te falar? — inquiriu Jennifer enquanto olhava para o soldado com um ar ameaçador.
— Des…cul…pa senhora.
— Bem, mas já que perguntaste, a missão será impedir uma rebelião no Texas e prender o terrorista mais procurado.
Todos os soldados começaram a olhar entre si, as suas caras demonstravam medo, foi então que dentre todos um disse: — Senhora, a nossa primeira missão não devia ser mais fácil?
— Quanto mais difícil melhor, como eu ainda não sei como lutam esta é a melhor forma de descobrir… mandar-vos para o suicídio. Fiquem sabendo que apenas os fortes vão voltar, por isso é melhor despedirem-se das vossas famílias.
— Sim, senhor!!!!!
— Agora vão-se embora, temos de preparar as coisas, partimos esta noite.
Após todos se retirarem deu-se início aos preparativos para a saída. Todo o espaço ficou agitado em questão de segundos, os sessenta soldados equiparam os exoesqueletos e pegaram as armas com mira automática. Nos preparativos foi dentre um pequeno grupo de cinco homens que começava uma conversa.
— Achas que ninguém nos está a ouvir?
— Garanto-te — respondeu outro dos cinco.
— A realidade é que não temos como eliminar a Dama de Ferro, o Robert está sempre ao pé dela…
— Então matámo-lo primeiro, vamos aproveitar esta situação e matá-lo durante a missão — concluiu o terceiro interrompendo o anterior.
— Pode ser uma possibilidade a explorar, só temos de fazer parecer um acidente.
— Desde que ninguém descubra acho que podemos seguir com esse plano, quando chegarmos lá pensamos no plano, a realidade é que ainda somos meros soldados.
Enquanto os cinco falavam ao fundo a voz alta do Robert ecoou por tudo o pavilhão,
— Todos preparados para partir?
— Sim, senhor!!!!! – gritaram os soldados ao se dirigirem às suas posições.
— Senhora, acha que estamos preparados?
— Claro que sim, só temos de fazer o que fazemos melhor, explodir tudo.
— Mas devíamos levar tantos equipamentos?
— Claro que sim, se ficarmos sem equipamento ainda temos muito orçamento para gastar em novos.
— Prontos? — perguntou a Dama de Ferro.
— Claro que sim!!! — gritaram os sessenta homens já montados nos tanques e carros blindados.
— Estamos prontos para partir, pé no acelerador Robert, temos de chegar lá amanhã de tarde.
— Sim, madame.
Os quinze equipamentos motorizados moveram-se de New York até San António em doze horas, só de pensar que à pouco menos de duas décadas levava vinte e sete horas, como a ciência melhorou.
— Madame, acorda, chegamos e ao que parece estão a evacuar as pessoas da cidade, queres que pare no acampamento de refugiados?
— Para, tenho que perceber o que se passa na cidade.
— Olá quem são vocês? — perguntou um dos policiais que protegia o campo.
— Somos do exército da ONU, vimos resolver a situação na cidade.
— A cidade virou um caos, corpos por todos o lados, poucas saíram de lá com vida e as que sobreviveram estão refugiadas no hospital.
— Anotaste Robert, vamos para o hospital.
— Eu não anotei nada.
— Anotaste sim, sempre a fundo.