The Endless - Capítulo 12
Com a porta sendo aberta, Kevyn vê o professor: Um homem velho, enrugado, curvado e que usava óculos.
Ele arrumou seus óculos, tremendo um pouco, encarou o garoto, dizendo:
— O-oh! É bom vê-lo! Entre, entre.
Adentrando a sala, Kevyn congelou após ver tantas pessoas reunidas, cadeiras enfileiradas e tão pouco espaço. Colocando a mão em suas costas, sorrindo, o professor disse:
— Como já sabem, esse é nosso novo aluno, pode se apresentar?
Com todos os olhares se reunindo, nervoso, o garoto tentou ignorar, respirando fundo e erguendo a cabeça, dizendo: — Eu sou Kevyn Calamith, primogênito de Astéria e o mais novo de Klei. — Se curvando levemente, ergueu a mão direita até o peito esquerdo e fechou os olhos esperando uma resposta.
Segundos se passam e, erguendo sua cabeça e abrindo seus olhos, ele presenciou um silêncio ensurdecedor.
— Pode se sentar. — O professor bateu nas costas do garoto, tentando amenizar.
Indo até uma mesa isolada, Kevyn colocou as alças de sua mochila na cadeira e sentou-se. Tirando seu chapéu e pegando seu material, ele ouviu cochichos sobre si.
Ignorando-os, o garoto sentiu pequenas vibrações em seu sobretudo, entendendo ser Blade, respondeu por meio de toques em seu casaco: “O que você tá fazendo dentro do meu casaco?”.
Após entendê-lo, sua aranha o disse com toques em meio de suas vestes: “Meu favorável lorde, vim aqui em busca de sua proteção e aprovação. Este humilde casaco me trouxe a singela temperatura e um calor de derreter a alma”.
Colocando sua mão sobre a testa, Kevyn disfarçou, ao mesmo tempo que respondia, batendo seu lápis sobre a mesa: “Tudo bem, só não saia por aí para não causar problemas”.
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Até aquele momento, o garoto tinha apenas copiado o quadro. De repente, alguém bateu na porta e, com o professor abrindo-a, o diretor se dirigiu até o meio da sala, dizendo:
— Kevyn, gostaria de participar do torneio?
Erguendo seu olhar até o velho homem, ele confirmou com a cabeça.
Sorrindo e com suas mãos atrás das costas, o velho diretor, estando um pouco curvado, disse: — Quando bater o recreio, você irá lutar com nosso melhor aluno, esteja preparado!
Um pouco tímido, Kevyn sorriu de volta, dizendo: — Vai ser um prazer.
Acenando com a cabeça, o velho homem saiu da sala e o professor apenas continuou sua aula.
Com uma aproximação repentina, um garoto branco de cabelo negro que tampava um de seus olhos, encarou Kevyn com seu olhar prateado, dizendo quase sussurrando: — Ei… garoto novo.
Se virando para ele, o que mais chamou sua atenção era a fita negra envolta do pescoço do menino: — Oi… — respondeu baixinho.
— Prazer, meu nome é Rey. — Esticou a mão.
Após segundos em silêncio, Kevyn apertou a mão dele, dizendo: — É um prazer.
Soltando as mãos, os dois se viraram e um silêncio se formou. Após terminar de copiar, o menino se alongou, perguntando:
— Ei! Qual é teu sonho? É ser rei como seus pais querem?
Olhando para ele, respondeu: — Meu… sonho? Hm… eu sinceramente não sei.
— Não sabe? Você por acaso só faz o que eles mandam? — De forma pensativa, colocou os dedos sobre o queixo.
— Sim… você não faz o que seus pais te mandam fazer?
— Eu não! Aqueles velhos nunca sabem o que eu quero. Aliás, eu pretendo sair daqui e ir para a universidade de magia lá em ¹Twilight.
— Universidade? Eu também pretendo ir para lá — disse sorrindo, lembrando de Mind.
Sem eles perceberem, todos os alunos estavam de ouvidos bem atentos, esperando qualquer informação.
De forma confortável e desleixada, Rey esticou as pernas e jogou seu corpo para trás na cadeira: — Sérião? Nossa, espero te ver lá, então, majestade.
Levantando suas orelhas, ele perguntou sorridente: — Não precisa me chamar de majestade, mas por que você vai para a universidade.
— Eu quero trabalhar com a grande guilda de Black tail e, como você deve saber, lá você precisa pelo menos dominar algum aspecto, mas e você?
— A guilda, né? Já ouvi falar. Eu quero poder reencontrar minha mestra e talvez aprender um pouco mais a controlar minha mana.
Olhando para as orelhas de Kevyn, perguntou: — Mestra? Aliás, você não é um dragão? Qual é a das orelhas de gato?
— Ah… acho que nunca falaram pra você. Eu sou quatro raças — disse timidamente, ao mesmo tempo que as abaixava.
Quieto, Rey pensou: “então é por isso que eles estão chamando ele de…”. Balançou a cabeça. “Ele é um dragão, mas eu sei que ele é mais novo que todo mundo aqui”, pensou, suspirando: — Pode me contar um pouco? Nunca vi alguém com quatro raças.
— Be-
Um som estridente o interrompeu. Com o sinal tocando, uma grande parte dos alunos saiu correndo. Rey se levantou levemente, esticando a mão para seu novo amigo.
Aceitando a ajuda e se levantando, Kevyn se alongou, dizendo:
— Vai ser divertido lutar com alguém quase da mesma idade.
Coçando sua cabeça, Rey perguntou: — Quantos anos você tem?
— Eu tenho quatro anos, mas e você?
— Eu tenho sete, mas tipo, mesmo que você seja um dragão, acho difícil alguém saber sua idade… esse negócio é complicado.
Adentrando a sala, um homem disse: — Pelo visto, já fez um amigo. — Era o diretor.
— Sim! — Sorrindo, levantou o braço.
— Está preparado para a luta?!
— Sim!
Sorrindo, o velho homem foi até os garotos e bagunçou seus cabelos. — Esse é o espírito, venham — disse, caminhando na frente.
Rey pensou: “Como que ele virou mais amigo do diretor do que comigo? Isso foi repentino”, acompanhou-os.
Com eles acompanhando o diretor, entraram em uma arena: “Ela é menor que o campo lá de casa, o chão é de concreto e também tem uma arquibancada, mas muito maior que a lá de casa”, pensou, indo até o meio.
Subindo na arquibancada, Rey acenou para Kevyn que, chamando Night até sua mão, acenou de volta.
“Tá, porra! Aquela espada é dele?! É maior que ele!”, pensou, abaixando o braço e sorrindo de nervoso.
Todos os alunos da escola vinham para a arquibancada, alguns com pratos de comida, outros não. Eles se sentaram na arquibancada quando, de repente:
— Finalmente eu vou poder mostrar o quanto você não é nada além de um nome famoso.
Olhando para o garoto e seu olhar de girassol, Kevyn prestou atenção em seu sobretudo branco cobrindo seu pescoço e seu cabelo branco, pensando: “Aquele pêlo de animal em volta do pescoço e dos pulsos é muito legal!”.
Ajeitando suas luvas, se apresentou: — Sinto muito, não me apresentei. Meu nome é Henry Zenbrou.
Fincado Night ao chão, respondeu: — Kevyn Calamith, é um prazer poder lutar com você.
Franzindo sua testa e enrugando seu nariz, encarou-o, erguendo sua cabeça e desviando o olhar: — Não seja tão formal, todo esse tempo você só ficou em casa recebendo o bom da vida.
Com suas sobrancelhas baixas e olhos neutros, disse: — Eu não me importo com o que você acha, você não sabe nada sobre mim.
— Mimado.
— Tudo bem, vamos começar. — Puxando Night do chão, Kevyn se posicionou.
Colocando a mão em sua bainha, Henry avançou em Kevyn, pronto para desferir um corte. Mas ao tentar efetuá-lo, uma mão óssea saiu do chão e segurou sua espada, ao mesmo tempo que, usando Night como um taco de beisebol, arremessou-o para longe.
Dando um mortal e caindo de pé, sonso, colocou a mão sobre a cabeça, mas se recuperando, viu a figura de Kevyn, desarmado, bem em sua frente: “Como ele chegou aqui tão rápido? Merda! Eu não vou conseguir me defender assim”, pensou, arregalando seus olhos e se jogando para trás tentando defender sua barriga.
Segurando o rosto de seu oponente com a mão, Kevyn afundou sua cabeça no concreto, quebrando o chão da arena ao mesmo tempo, em que seus olhos brilhavam, soltando-o.
Com seus olhos quase se fechando, com o resto de consciência que tinha, Henry disse:
— Por isso que ninguém é seu amigo… você é um monstro, idêntico aos seus pais. — Desmaiou.
Virando-se de costas, Kevyn era aplaudido, mas, olhando para sua mão, pensou: “Você fala como se eu tivesse escolhido”.
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¹ — “Twilight”, é um país.