The Endless - Capítulo 8
Ao abrir seus olhos, Kevyn percebeu que uma mão estava vindo em sua direção. Sem qualquer probabilidade de reação, ele recebeu um tapão na cara.
Nick, que ainda estava deitada ao lado dele, sorriu e disse: — Finalmente! Pensei até em jogar água gelada na sua cara!
Pondo as mãos sobre o rosto, lacrimejando, Kevyn se sentou e olhou para ela: — Isso não foi legal!
— Hehe… anda! Temos visitas! — Ficando de pé, ela cruzou os braços encarando-o.
Emburrado, ele respondeu baixinho, desviando o olhar: — Maldosa.
— Oi?! Ouvi alguma coisa?
Inquieto, Kevyn rapidamente se levantou. — Não, não!
Segurando o garoto pelo ombro, Nick saiu puxando ele do campo, dizendo: — Vamos trocar essa roupa sua!
Tentando fugir dela, gritou: — Ah! Améli, socorro!!
Saindo do local e chegando nos corredores, ela gritou: — Para de gritar!
— Night!!!!! — Erguendo a mão, uma espada enorme cruzou o corredor vindo em sua direção.
Soltando-o, Nick recuou e, girando, ela deu um chute no garoto, arremessando-o pelo corredor — Sossega!!!
Deitado no chão, Kevyn ficou lá, jogado. Night pela velocidade, cravou-se sobre o chão ao lado da cabeça do garoto.
Sorrindo, Nick caminhou em sua direção, mas antes de se aproximar totalmente, um homem de cabelo prateado, branco e magro. Se materializou através de cordas, bem na frente deles.
Marcações negras eram vistas à volta de seus olhos que demonstravam estrelas de cinco pontas vermelhas. Olhando para Nick e mantendo uma certa seriedade, o homem disse: — Nick… como vai?
— A-ah… bem. Fique à vontade. — Curvando-se levemente, ela se virou de costas e seguiu em frente no corredor.
Se apoiando em Night, Kevyn se levantou e observou o homem. O que mais chamou sua atenção foram os chifres invertidos dele. “Ele tem vários X nos chifres… brilhando em vermelho, tão… insano!”, pensou animado. Fechando os punhos, de maneira inquieta disse: — Nossa, que chifres legais!
Vendo a animação do garoto, ele fez uma pequena análise: “Heterocromia, cabelo branco, espada gigante”, colocando a mão sob queixo, perguntou: — Então… você quem é o meu sobrinho?
— Você é meu tio?
— Tio-avô, mas tio de certa forma.
Levantando seus braços ao alto, gritou: — Você tem uma presença forte!
— Ah… obrigado. Meu filho vai te dar um presente, ele deve estar chegando. — Um pouco curvado, bocejou.
— Uhum! Vem, vamos caminhar um pouco. — Kevyn foi à frente aguardando seu tio.
— Tudo bem. — com os olhos caidos, ele caminhou ao lado do garoto.
— Você é o lorde do noroeste, não é?! — disse com os dedos sinalizando chifres na cabeça.
Abrindo totalmente seus olhos, encarou-o dizendo: — Sim, eu sou. Tem… algum interesse?
Desviando o olhar, suando, de maneira tensa tentou mudar de assunto: — Como é o seu trabalho?
Voltando a deixar seus olhos semicerrados, bocejou dizendo: — Hm… cuido de assuntos comerciais e ambientais aqui no noroeste. Fora isso… tenho que ver as relações entre minha associação com os outros lordes.
— Nossa!
Sorrindo, pôs a mão sobre a cabeça do garoto e disse: — Você parece muito animado para assuntos tão chatos.
— Não é todo dia que eu tenho alguém pra conversar sobre assuntos variados assim — Retribui o sorriso.
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Após um tempinho caminhando, eles param na biblioteca. Pegando seu livro, Kevyn volta até o lorde que, sentado em uma das mesas, estava com a cabeça encostada na mesa.
— Esse aqui é meu livro favorito!
Erguendo sua cabeça, encarou-o dizendo: — Qual é?
Energético, ele colocou a capa do livro na frente do rosto do lorde. — O nome é: “O rei dos 200 anos”.
Recuando a cabeça, olhou para o livro mais atentamente e disse: — Diga-me mais.
— Ele é um ótimo conto, e se o que está escrito é verdade, com certeza é um dos melhores livros que eu já li!
— Você tem um ótimo gosto. Eu já li outra história do mesmo autor, é um romance, recomendo bastante. — Concordou com a cabeça.
— Romance?
— Sim! É só você pedir pr-
Antes que terminasse, uma mão foi sentida em seu ombro. Tremendo um pouco, olhou para trás dizendo:
— A-Astéria?!
— Zeo, eu te avisei sobre isso.
— Hm? — confuso, Kevyn inclinou a cabeça.
Coçando atrás de sua cabeça, o lorde respondeu: — Nada, nada! Quando você crescer eu te mostro.
— Tá bom. — Sorriu balançando o corpo de um lado para o outro.
Suspirando, Astéria deu as costas e saiu da biblioteca. Sorrindo, Zeo levantou-se bagunçando o cabelo do garoto, dizendo:
— Carinha, eu vou ter que sair, tá bom?
Ficando cabisbaixo, Kevyn fechou os olhos dizendo: — Mas tava tão legal…
Soltando uma leve risada, o lorde começa a se desmaterializar em cordas, acenando e dizendo: — Não se preocupe, a gente vai se ver de novo.
Assim que ele sumiu, encarando Night, Kevyn reclamou: — Night… eu quero mais amigos, por que você não tem uma forma humana?! Quero conversar com você direito!
Ela brilhou uma vez. Triste, o garoto levantou-se, erguendo-a e saiu andando pela mansão emburrado.
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Tempo depois, um garoto barrou Kevyn, pouco maior que ele, parando em sua frente com uma katana na cintura.
Vendo marcas negras em seus olhos, percebeu ser filho de Zeo, que, franzindo sua testa, disse:
— Dragão de sangue maculado¹, eu vim aqui em nome de minha mãe para derrotá-lo e tomar seu posto.
— Que? Aliás… o que significa maculado?
Curvando seus lábios, seu nariz enrugou, suas sobrancelhas estavam baixas ao mesmo tempo que com um olhar frio, respondeu: — É desonroso, não sabe sequer isso?
— Ah… quantos anos você tem? Aposto que é muito inteligente! — Mostrando simpatia, Kevyn sorriu erguendo sua mão para comprimenta-lo.
Empurrando-o com sua mão, disse: — Meu nome é Gray e tenho 8² anos. Como pode ver, eu estou quase me tornando um adulto³ e tenho quase a idade de poder tomar o trono.
Segurando para não cair com o empurrão, disse: — Ah… trono, né? Sua mãe… não somos tão diferentes! — Sorriu.
Irritado, Gray deu-lhe um tapa na cara, dizendo: — Cale sua boca, raça impura! Não importa o que diga, somos totalmente diferentes! — Respirando profundamente, inspirou mostrando seus dentes. — Desejo ter um duelo pela posse de sua autoridade!
Com seu sorriso quebrado, um olhar morto e semicerrado. Kevyn disse: — Tudo bem.
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No campo, os dois se encaravam e, antes de começarem, os interrompendo, alguém com um guarda-chuva entrou no local sorrindo.
Ao olharem para ele, era Klei. Dirigindo até o meio entre os dois dizendo:
— Ok, ok! Deixem-me ser o jurado!
Acenando com a cabeça, Gray esperou.
Suspirando um ar gélido, Kevyn cravou Night sobre o chão e apenas falou: — Só vamos acabar logo com isso.
Aplaudindo, riu dizendo: — Ohoho! Então… comecem.
Com Klei entrando em sua própria sombra. Gray abaixou-se suavemente até dobrar os joelhos. Em seguida, pegou impulso e avançou, mantendo a mão sobre a bainha de sua katana.
Vendo seu adversário se aproximando, Kevyn procurou analisá-lo, pensando: “Améli disse para analisar a situação antes de qualquer ação, isso deve funcionar nesse caso”.
Com o olhar cercando-o. Ao se aproximar. Gray rapidamente desembainhou sua arma, procurando cortar o pescoço de seu oponente, com medo do que ele poderia fazer.
Tendo em vista a agilidade de seu oponente, antes mesmo dele avançar, Kevyn já havia preparado uma mão esquelética bem debaixo de seus pés.
Com o desembainhar da espada, a mão puxou um dos pés de Gray: “O quê?!”. A lâmina quase acertou o pescoço de seu adversário, mas o próprio precisou apenas de um passo para trás.
Com seu oponente desequilibrado. Estando recuado, Kevyn ergueu Night. No mesmo momento, segurou-a com as duas mãos e, como um taco de beisebol, voltou para frente e usou seu meio sem lâmina para arremessá-lo para longe.
Caído ao longe. Gray quase foi morto por sua própria arma, que caiu ao lado de sua cabeça. Levantando-se, retirou a lâmina do chão e encarou Kevyn enquanto falava: — Se quer assim, eu também vou usar meus poderes.
— Pois use tudo o que tem.
Apoiando Night em seu ombro, o garoto andou em direção ao filho do lorde, que fez o mesmo, levando sua katana de volta à bainha.
Sabendo o quão pesada Night era. Gray logo avançou, retirando sua arma da bainha e desferindo uma estocada na altura do peito de seu oponente.
Visualizando o ataque, Kevyn se afastou e, em um estalar de dedos, um espinho ossificado acertou a lâmina que vinha em sua direção.
Com sua espada agora aos céus: “Você fez exatamente o que eu queria!”. Gray sorriu e desferiu um corte diagonal vindo de cima para baixo.
Tentando se defender, Kevyn criou uma barreira óssea, que: “Eu esqueci do poder”, foi quebrada pela lâmina de seu oponente.
Com o peito de seu oponente sendo cortado junto à barreira, aparentando estar mais leve. Gray rapidamente encaixou um chute ao centro do corte, arremessando Kevyn para longe.
Agora sendo o jogado ao chão, o garoto sentia seu peito arder: “Arh… eu não estava esperando por isso”.
Gray riu dizendo: — É tão decepcionante… logo o progenitor Astéria, caído no chão.
Erguendo seu braço, ossos saiam do chão, deixando-o de pé.
Kevyn pôs sua mão sobre o sangue dizendo: — Isso não vai me parar. Eu… não vou decepcionar quem põe tanta expectativa em mim.
— Ah… é deprimente vê-lo nesta situação, mas você é fraco. Haha
— Sim, eu reconheço isso… então… S̴̭̦̰̣͇̏̃̍̃u҈͔̱̓͛̀̈ḃ̴̪̱̍̎̆̂ḿ̷̘̱̰̝̚e҈̗̗̳̮̣̉͒̀̀t҈͓͇̦̑̐ǎ̶̬͓͖̌́͗-̴̪̜͓̫̒̈́̈̆s̵̖̫̎̑̎̚ẹ̴͕̫̦͕̏͂ !!
Ao ouvir a primeira palavra. Gray ajoelhou-se tão rápido que ralou os joelhos.
“Merda, Merda, Merda, Merda, Merda”, prensou arregalando seus olhos, esperando que fosse esse o gesto de negação.
“Isso não é bom…”, tentando criar um osso, Kevyn percebeu que sua mana foi bloqueada pela restrição.
“É isso? Sim! Sim! É agora!”, levantando-se. Gray sorriu ao mesmo tempo em que se aproximou lentamente, dizendo: — É isso, você está sem mana, debilitado e fraco. Acabou para o príncipe da Astéria!
Kevyn olhava para o chão desiludido, ele apenas esperou que acabasse logo, mas foi surpreendido com um soco em seu rosto, sendo derrubado no chão.
— Hahaha!!! Terei que lembrá-lo que em duelos, só acaba quando um ficar desacordado?!!!
Pegando o garoto pela blusa, Gray desferiu inúmeros socos em seu rosto: “Eu não consigo fazer nada…”.
Ouvindo-o gargalhando, de olhos fechados, Kevyn lembrou de seu braço, pensando: “Eu não consigo fazer nada, né? Realmente, sou um inútil igual ao que meu pai disse”.
Perdendo a consciência, ele ouviu a mesma voz de seu sonho passado: “Nós temos um sentimento mútuo, apenas me deixe tomar parte do controle”.
“Eu sabia que tinha alguém aí!”, erguendo sua mão para Night, ela vinha em sua direção. Assustado, Gray soltou ele e afastou-se: “Mas que porra é essa? Por que ele ainda tá tentando lutar?”.
Todo o sangue no campo começou a flutuar lentamente, enquanto Kevyn ergueu-se por meio de ossos.
Seu sangue retornou ao seu corpo e o corte em seu peito fechou-se. Incrédulo com tudo, Gray sem reação só conseguia pensar: “O que tá acontecendo? Por que… por que as pupilas dele estão roxas?”.
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¹Maculado — Desonrado, sujo, manchado.
²8 anos — Ele tem 16 anos, só relembrando que as idades são sempre o dobro por causa da translação de B2A.
³Quase adulto — Nessa sociedade, a idade adulta é 9/18 anos, assim como a nossa, mas tendo o fator das idades e etc.